I CONCEITOS PROCESSUAIS BÁSICOS 1) Pretensão: A pretensão é o desejo de uma pessoa de submeter ao seu o interesse de terceiro, de obter certo benefício, como o recebimento de alguma importância ou a imposição a terceiro de dado procedimento. Para que qualquer pessoa possa dirigir-se ao Estado pleiteando a solução de um conflito, contudo, não é necessário que realmente haja uma reivindicação insatisfeita; é suficiente que alegue que isso ocorre. 2) Conflito de interesses: As pessoas, físicas ou jurídicas, em inúmeras oportunidades da vida em sociedade, se entendem quanto à satisfação de suas pretensões ou interesses. Duas ou mais pessoas podem ter interesses opostos. O conflito de interesses nasce quando a pretensão de uma pessoa é resistida por outra. 3) Lide: quando tal conflito de interesses, qualificado por uma pretensão resistida, é levado ao pronunciamento estatal, ocorre a lide. Preenchidas as exigências legais, há o direito ao pronunciamento do Estado sobre o conflito. O Estado, mediante seus órgãos jurisdicionais, tem o dever de pronunciar-se sobre a lide que lhe é submetida, assim, exercendo sua função: a jurisdição. 4) Jurisdição: (dizer o direito) é a função soberania do Estado, atribuída ao Poder Judiciário, de dirimir litígios (solucionar a lide). A atividade em questão é desempenhada pelos juízes. (sentença = prestação jurisdicional) 5) Conceito de Ação: Ação é o direito subjetivo público de se invocar a tutela jurisdicional para solucionar um conflito de interesses. É o direito de pedir ao Estado a prestação de sua atividade jurisdicional num caso concreto. Ou, simplesmente, o direito de invocar o exercício da função jurisdicional (Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, Moacyr Amaral Santos, Editora Saraiva, 1 o volume, 14 a edição, página 155, in verbis).
6) Processo: é conceituado como o conjunto de atos tendentes a um fim que é a prestação jurisdicional. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO O Direito Processual do Trabalho é conceituado como o conjunto de princípios, regras e instituições destinadas a regular a atividade dos órgãos jurisdicionais na solução dos dissídios, individuais e coletivos, pertinentes a relação de trabalho. Importante considerar que estamos lidando com uma ciência autônoma, com estrutura diferenciada e específica, assim é natural que sejam utilizadas terminologias próprias para definir institutos bastante semelhantes ao já conhecido processo civil brasileiro. PRINCÍPIOS QUE NORTEIAM O PROCESSO DO TRABALHO: PRINCÍPIO DA CELERIDADE DO PROCESSO DO TRABALHO: célere significa rápido. Verbas trabalhistas tem caráter alimentício, portanto indispensáveis para a subsistência do empregado e de sua família, daí a necessidade de que o processo seja solucionado com máxima brevidade. Vale destacar que a EC 45/2004 acrescentou ao rol de direitos e garantias individuais do art. 5º da CF/88; o inciso LXXVIII, estendendo a todo o judiciário a obrigação de garantir ao jurisdicionado a razoável duração do processo. LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) CLT ART. 765 - Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas.
PRINCÍPIO DA INFORMALIDADE: para que ele seja célere, o processo trabalhista se pauta pela informalidade, abdicando do rigor característico do processo civil. Um exemplo neste sentido é a petição inicial trabalhista que, a princípio, não exige fundamentação jurídica (causa de pedir próxima), bastando uma breve exposição dos fatos (cauda de pedir remota). Compare os artigos 840, 1ºda CLT e o artigo 319 NCPC PRINCÍPIO DA ORALIDADE: o processo do trabalho dá preferência ao uso da palavra, as principais peças do processo podem ser verbais. Exemplos: Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. Art. 847 - Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão. PRINCÍPIO DO JUS POSTULANDI: direito da parte postular em juízo sem a presença do advogado. Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final. Limites aos Jus Postulandi : Considerando que no TST somente é possível a discussão sobre questões de direito, ou seja, assuntos de ordem técnica, que demandam conhecimento específico de um advogado, entendeu o TST por limitar o jus postulandi às instâncias ordinárias (COMUNS), ou seja, Vara do Trabalho (primeira instância) e TRT s (recursos em segunda instância). Súmula nº 425 do TST JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE. Res.
165/2010, DEJT divulgado em 30.04.2010 e 03 e 04.05.2010 O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho. PRINCÍPIO DACONCENTRAÇÃO: os principais atos do processo são concentrados em uma única audiência (UNA - artigo 849 CLT); a primeira tentativa de conciliação (art. 846 CLT); a contestação (art. 847 CLT), a instrução (artigos 848); razões finais (artigo 850) e sentença (artigo 852 CLT) Conforme conversamos, embora o princípio seja vigente, na prática a defesa é realizada e enviada ao processo eletrônico (PJE) antes mesmo da audiência, mas nada impede que seja feita durante a sessão. Também na prática verificamos ser comum a segmentação da audiência em três momentos: AUD INICIAL: Tentativa de conciliação e apresentação da defesa AUD INSTRUÇÃO: Produção de provas orais (depoimento das partes e testemunhas) UNA AUD DE JULGAMENTO : Esta audiência é pro forma, na prática não será realizada uma sessão onde é possível assistir o julgamento, mas sim uma data em que a sentença será realizada e divulgada no processo.
PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL: busca no processo do trabalho se obter o máximo de resultado na atuação da lei com o menor emprego possível de atividades processuais. PRINCÍPIO DA CONCILIAÇÃO: A Justiça do Trabalho dedica grande parte de seus esforços para solucionar conflitos trabalhistas pela via da conciliação (acordos). Em todas as ações o juiz deve obrigatoriamente, sob pena de nulidade, propor às partes a conciliação. Art. 764 - Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação. 1º - Para os efeitos deste artigo, os juízes e Tribunais do Trabalho empregarão sempre os seus bons ofícios e persuasão no sentido de uma solução conciliatória dos conflitos. [...] 3º - É lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo, ainda mesmo depois de encerrado o juízo conciliatório. Momento previstos na CLT para a conciliação, que na verdade pode ser realizada a qualquer tempo, inclusive na fase de execução. ANTES DA DEFESA: CLT - Art. 846 - Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação. 1º - Se houver acordo lavrar-se-á termo, assinado pelo presidente e pelos litigantes, consignando-se o prazo e demais condições para seu cumprimento. (Incluído pela Lei nº 9.022, de 5.4.1995) 2º - Entre as condições a que se refere o parágrafo anterior, poderá ser estabelecida a de ficar a parte que não cumprir o acordo obrigada a satisfazer
integralmente o pedido ou pagar uma indenização convencionada, sem prejuízo do cumprimento do acordo. (Incluído pela Lei nº 9.022, de 5.4.1995) DEPOIS DA DEFESA: Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão. PERGUNTA: O juiz é obrigado a homologar acordo celebrado entre as partes? NÃO. Súmula nº 418 do TST - MANDADO DE SEGURANÇA VISANDO À CONCESSÃO DE LIMINAR OU HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO. A concessão de liminar ou a homologação de acordo constituem faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do mandado de segurança. PRINCÍPIO DA APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CPC : Nos casos em que a CLT for omissa sobra a questão processual, aplicar-se-ão as regras do CPC, desde que compatíveis com as demais normas e princípios da Justiça do Trabalho. Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título.