MAR 2016 Regime Jurídico dos Empreendimentos Turísticos O Decreto Presidencial n.º 36/16, de 15.02.2016, estabelece o regime jurídico da instalação, exploração e funcionamento de empreendimentos turísticos. Este novo diploma revoga o Decreto n.º 66/75, de 25.01. Âmbito Este diploma aplica-se às actividades dos empreendimentos turísticos, do sector público e privado, dirigidas a turistas, a consumidores de produtos e serviços turísticos, bem como intervenientes na actividade destes empreendimentos. Este regime não se aplica às instalações ou estabelecimentos que sejam explorados sem intuito comercial ou para fins exclusivamente de solidariedade social e cuja frequência seja restrita a grupos limitados. Empreendimentos turísticos Consideram-se empreendimentos turísticos os estabelecimentos que se destinam a prestar alojamento ao público em geral, mediante pagamento, dispondo para o seu funcionamento de um conjunto de estruturas, equipamentos e serviços complementares de acordo com a sua tipologia e especificidade. Existem os seguintes tipos de empreendimentos turísticos: 1. Estabelecimentos Hoteleiros; 2. Conjuntos edificados para turismo; e
3. Meios complementares de alojamento turístico. A capacidade dos empreendimentos é determinada pelo número e tipo de camas fixas instaladas nas unidades de alojamento. Os Estabelecimentos Hoteleiros são destinados a proporcionar alojamento temporário e outros serviços acessórios ou de apoio, com ou sem o fornecimento de refeições, vocacionados para a locação diária. Os estabelecimentos hoteleiros têm as seguintes tipologias (com indicação de número mínimo de unidades): 1. Hotéis devem dispor de 26 unidades; 2. Aparthotéis devem dispor de 16 unidades; 3. Motéis devem dispor de 16 unidades; 4. Estalagens devem dispor de 16 unidades; 5. Pousadas devem dispor de 6 unidades; e 6. Pensões devem dispor de 10 unidades. No mesmo edifício podem ser instalados estabelecimentos hoteleiros de categorias distintas. Os conjuntos edificados para turismo podem ser classificados nos seguintes grupos: 1. Aldeamentos turísticos Conjuntos edificados para turismo, cujos edifícios não excedam três pisos, incluindo o rés-do-chão - devem dispor de, no mínimo, 15 unidades de alojamento; 2. Resorts Conjuntos edificados para turismo, sujeitos a uma administração comum de serviços partilhados e de equipamentos de utilização comum, que integrem pelo menos dois empreendimentos turístico, sendo obrigatoriamente um deles um estabelecimento hoteleiro, um equipamento de animação autónomo, um estabelecimento de restauração e de outros equipamentos comuns de desporto e lazer. 3. Lodge Conjuntos edificados para turismo instalados em áreas de protecção ambiental ou reserva de caça, cujos edifícios não excedam dos pisos, incluindo o rés-do-chão - devem dispor de, no mínimo, 15 unidades de alojamento. Os meios complementares de alojamento turístico podem ser classificados nos seguintes grupos: 1. Empreendimentos de turismo de habitação alojamentos turísticos de natureza familiar instalados em imóveis antigos particulares, podendo localizar-se em espaços rurais ou urbanos. Devem dispor, no máximo, de 15 unidades de alojamento; 2. Empreendimentos no espaço rural alojamentos turísticos que se destinam a prestar, em espaços rurais, serviços de alojamento a turistas dispondo para o seu funcionamento de um adequado conjunto de instalações, estruturas, equipamentos e serviços complementares, tendo em vista a oferta de um produto turístico completo e diversificado no espaço rural. Podem ser classificados nos seguintes grupos: a) Casas de campo; b) Agroturismo; e c) Hotéis rurais. Devem dispor, no máximo, de 15 unidades de alojamento; 3. Parques de campismo e caravanismo alojamentos turísticos instalados em terrenos devidamente delimitados e dotados de estruturas destinadas a permitir a instalação
de tendas, reboques, caravanas ou autocaravanas e demais materiais e equipamentos necessários para a prática do campismo e do caravanismo. Podem existir instalações de carácter complementar destinadas ao alojamento desde que não ultrapassem 25% da área total do parque destinada aos campistas. Não se consideram empreendimentos turísticos os estabelecimentos que, por não reunirem os requisitos para serem considerados como tal, se consideram alojamento local, mesmo que sejam destinados a proporcionar alojamento temporário com fins comerciais mediante pagamento. O Alojamento Local pode ter as seguintes tipologias: 1. Moradia Turística unidade de alojamento constituída por edifício autónomo de carácter familiar; 2. Apartamento turístico unidade de alojamento constituída por uma fracção autónoma de edifício; e 3. Hospedaria unidade de alojamento constituída por quartos. Quando reúnam os requisitos mencionados, os estabelecimentos de alojamento local devem também reunir as seguintes condições para abertura e regular funcionamento: 1. Parecer prévio Emitido pelo Órgão Local da Hotelaria e Turismo; 2. Auto de vistoria, com parecer favorável - Emitido pelo Órgão Local da Hotelaria e Turismo; 3. Registo e autorização de utilização efectuado mediante requerimento dirigido ao Órgão Local da Hotelaria e Turismo. Competências Cabe ao Departamento Ministerial responsável pela Hotelaria e Turismo exercer as competências relativamente aos empreendimentos turísticos, com excepção das pensões. Ao Departamento Ministerial responsável pela Hotelaria e Turismo são atribuídas as seguintes competências: 1. Organizar e dar tratamento ao processo inerente à construção e instalação dos empreendimentos turísticos da sua competência; 2. Intervir na elaboração dos instrumentos de gestão territorial; 3. Emitir parecer sobre as operações de loteamento que contemplem a instalação de empreendimentos turístico, limitado à área destes; 4. Emitir, com carácter definitivo, as licenças e alvarás para a instalação, abertura e funcionamento dos empreendimentos turísticos; 5. Definir a capacidade máxima e atribuir a classificação dos empreendimentos turísticos, com excepção das pensões; 6. Declarar de utilidade turística os empreendimentos turísticos. A instrução e tramitação de todos os processos de licenciamento relativo as pensões é da competência dos Órgãos Locais da Hotelaria e Turismo.
Aprovação da localização Quem pretenda instalar um empreendimento turístico deve, previamente, requerer junto do órgão competente a aprovação da respectiva localização, tratando-se de empreendimentos a construir ou edifícios já construídos. Aprovada a localização, o interessado deve apresentar o anteprojecto ou o projecto para aprovação no prazo que for fixado pelos órgãos competentes, salvo se a entrega tiver sido feita simultaneamente com o pedido de aprovação da localização, caso em que se seguirá automaticamente a apreciação daqueles. Caso o interessado tenha apresentado anteprojecto, deve após à sua aprovação apresentar o respectivo projecto. No âmbito da fixação do prazo devem ter em conta as características e a dimensão do empreendimento, não podendo este prazo ser inferior a três meses nem superior a um ano. O deferimento pelo Governo Provincial do pedido de licenciamento e a admissão da comunicação prévia ou aprovação de informação prévia no âmbito do regulamento de licenciamento de operações de loteamento, obras de urbanização e obras de construção para a realização de operações referentes aos empreendimentos turísticos carece de parecer favorável do órgão competente, quando o parecer do órgão competente for desfavorável tem carácter vinculativo, devendo justificar as razões da não aprovação da localização ou das alterações a introduzir no projecto arquitectónico. Licença e Alvará de utilização para fins turísticos O interessado deve requerer a concessão da licença de utilização para fins turísticos, nos termos do regulamento de licenciamento de operações de loteamento. Após a conclusão das obras de instalação do empreendimento turístico os interessados devem requerer vistoria para concessão de alvará, a qual é realizada no prazo de 15 dias úteis a contar da data de entrada do requerimento nos serviços do órgão competente, devendo a decisão dela resultante ser comunicada ao interessado. Concluída a vistoria, após ter sido lavrado e assinado o auto, tendo este sido favorável é atribuída a licença de natureza provisória. A licença provisória tem a validade de 180 dias. Findo este período é realizada vistoria, a requerimento do interessado, para atribuição da classificação e licença definitiva. A nova vistoria é realizada no prazo de 20 dias por representante do órgão competente e um representante da associação da classe, sendo o resultado comunicado no prazo de 30 dias a contar da data da última vistoria. Se nos prazos mencionados não se realizar a vistoria ou a comunicação, a classificação provisória considera-se definitiva. Nos 15 dias úteis subsequentes ao da recepção do Auto de Vistoria deve ser proferido despacho pelo Director da Unidade Orgânica competente do Departamento Ministerial responsável pela Hotelaria e Turismo ou pelo Órgão Local da Hotelaria e Turismo, não havendo nenhuma irregularidade nem reclamação o Alvará é emitido, contendo a seguinte informação:
1. A identificação da entidade exploradora; 2. O nome do estabelecimento; 3. A classificação provisória atribuída; 4. A capacidade máxima do empreendimento provisoriamente atribuída; e 5. No caso de parques de campismo, classificação e a capacidade máxima confirmadas pelo Governador Provincial respectivo. O Alvará tem a validade de 3 anos. A caducidade da licença verifica-se nas seguintes circunstâncias: 1. Se o empreendimento não iniciar o seu funcionamento no prazo de 180 dias a contar da data de emissão do alvará; 2. Se o empreendimento se mantiver encerrado por um período superior a um ano, salvo se for por motivos de obras; 3. Se findo o prazo de vigência da licença provisória o interessado não requerer a classificação definitiva do empreendimento; 4. Quando seja dado ao empreendimento fim diverso do previsto no respectivo alvará; 5. Quando, por qualquer motivo, o empreendimento não puder ser classificado ou não puder manter a classificação de empreendimento turístico. Classificação dos empreendimentos turísticos A classificação tem como finalidade atribuir, confirmar ou alterar a tipologia e a categoria dos empreendimentos turísticos. Os empreendimentos com excepção dos parques de campismo e caravanismo categorizamse atendendo a qualidade do serviço e das instalações de acordo com as tabelas constantes em Anexo ao presente Decreto Presidencial. O Departamento Ministerial responsável pela Hotelaria e Turismo pode determinar a realização de uma vistoria de classificação ao empreendimento turístico, sempre que houver qualquer reclamação registada, sobre as condições de instalação e prestação do serviço proporcionado e publicitado por este. Em todos os empreendimentos turísticos é obrigatória a afixação no exterior, junto da entrada principal, da placa identificativa da respectiva classificação. A classificação dos empreendimentos turísticos deve ser revista, obrigatoriamente, de 3 em 3 anos. Também pode ser revista a todo o tempo, a pedido do interessado, quando se verificar alteração dos pressupostos que determinaram a respectiva classificação, o que será efectivado pela realização de vistorias, autorizações e emissão de licenças efectuadas pelo Departamento Ministerial responsável pela Hotelaria e Turismo e pelo Órgão Local da Hotelaria e Turismos.
Registo Nacional de Empreendimentos Turísticos O Departamento Ministerial responsável pela Hotelaria e Turismo disponibiliza nos seus serviços centrais o Registo Nacional de Empreendimentos Turísticos ( RENETU ), constituído pela relação nominal actualizada dos empreendimentos turísticos e dos estabelecimentos de alojamento local, com título de abertura válido, do qual consta, nomeadamente o nome, classificação, capacidade e localização do empreendimento turístico, identificação da entidade exploradora e períodos de funcionamento. O registo dos estabelecimentos do alojamento locais é da competência do Órgão Local da Hotelaria e Turismos onde os mesmos se encontrem instalados. O registo dos estabelecimentos turístico é da competência do Departamento Ministerial responsável pela Hotelaria e Turismo. As empresas exploradoras dos estabelecimentos já abertos ao público à data da entrada em vigor do presente Diploma devem, no prazo de 60 dias, fornecer os elementos necessários para o registo. Exploração e Funcionamento Os empreendimentos turísticos não podem usar nomes ou denominações iguais a outras já existentes, ou de tal forma semelhantes que possam induzir em erro, salvo se estiverem integrados numa mesma organização ou pertencerem ao mesmo grupo. As denominações simples ou compostas que utilizem o termo Hotel só podem ser utilizadas pelos hotéis, aparthotéis e hotéis. Este Diploma entrará em vigor em 15 de Maio de 2016, ou seja, 90 dias após a publicação. MORE NEWS Reintegrações e Amortizações: Entidades Sujeitas ao Imposto Industrial O Decreto Presidencial n.º 207/15, de 05.11.2015, estabelece o regime de reintegrações e amortizações aplicáveis aos bens do activo imobilizado de todas as sociedades e entidades sujeitas ao imposto industrial. ver mais
ADCA Advogados Edifício Presidente, nº3, 2ª Piso, 253 Luanda - Angola T. 00244 92661 2525 E. adca.info@adca-angola.com 2016 ADCA Advogados Carvalho & Associados Esta newsletter é de distribuição individual, sendo vedada a sua cópia ou circulação. A informação disponibilizada é de carácter geral e não dispensa o recurso a aconselhamento jurídico na apreciação das situações em concreto. Caso pretenda deixar de receber a nossa newsletter, visite o link seguinte para remover a sua subscrição.