DISTRIBUIÇÃO VOLUMÉTRICA E ESPECTRO DE GOTAS DE PONTAS DE PULVERIZAÇÃO DE JATO CÔNICO VAZIO

Documentos relacionados
Palavras-chaves: uniformidade de distribuição, ângulo e espectro de gotas.

ESPAÇAMENTO ENTRE PONTAS TT NA BARRA DO PULVERIZADOR COM DIFERENTES PRESSÕES E ADJUVANTES NA CALDA 1

ESTUDO DA REDUÇÃO DE DERIVA EM PONTAS DE PULVERIZAÇÃO TIPO CONE VAZIO.

PALAVRAS-CHAVE: tecnologia de aplicação, agrotóxicos, pulverizadores.

TREINAMENTO EM TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO

CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS E ESTRATÉGIA PARA REDUÇÃO DE DERIVA EM PONTAS DE PULVERIZAÇÃO TIPO CONE VAZIO RESUMO

TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DE HERBICIDAS

Seleção de Pontas de Pulverização

DISTRIBUIÇÃO VOLUMÉTRICA E ESPECTRO DE GOTAS DE BICOS HIDRÁULICOS DE JATO PLANO DE FAIXA EXPANDIDA XR11003

PERFIS DE DISTRIBUIÇÃO VOLUMÉTRICA DE PONTAS XR E TXVK-4 EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE PULVERIZAÇÃO

PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO VOLUMÉTRICA DE PONTAS DE PULVERIZAÇÃO DE JATO PLANO 11002, COM E SEM INDUÇÃO DE AR, SOB DIFERENTES ESPAÇAMENTOS E ALTURAS

O QUE É UMA PULVERIZAÇÃO?

PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO DA CALDA PRODUZIDA PELA PONTA DE PULVERIZAÇÃO DO TIPO JATO PLANO (8002) EM FUNÇÃO DO ESPAÇAMENTO ENTRE BICOS 1

ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO VOLUMÉTRICA DE PONTAS DE PULVERIZAÇÃO HIDRÁULICAS DE JATO PLANO

DEPOSIÇÃO DE CALDA FUNGICIDA APLICADA NA CULTURA DA SOJA, EM FUNÇÃO DE PONTA DE PULVERIZAÇÃO E DE VOLUME DE CALDA

AVALIAÇÃO DE UMA PONTA DE PULVERIZAÇÃO HIDRÁULICA DE JATO CÔNICO VAZIO

UNIFORMIDADE DE DISTRIBUIÇÃO VOLUMÉTRICA DE PONTAS DE PULVERIZAÇÃO DE JATO PLANO DUPLO COM INDUÇÃO DE AR 1

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE PULVERIZAÇÃO EM DUAS CULTIVARES DE SOJA SEMEADAS EM QUATRO ESPAÇAMENTOS DE PLANTAS DE SOJA NO VOLUME DE 200 L.

ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO VOLUMÉTRICA DE BICOS DE PULVERIZAÇÃO TIPO LEQUE DE DISTRIBUIÇÃO UNIFORME 1

INSPEÇÃO PERIÓDICA DE PULVERIZADORES NA REGIÃO DO ALTO VALE DO ITAJAÍ

Avaliação da uniformidade de distribuição volumétrica de bicos hidráulicos em pulverizador com assistência de ar

AVALIAÇÃO DO ESPECTRO DE GOTAS DE PONTAS DE PULVERIZAÇÃO HIDRÁULICAS UTILIZANDO A TÉCNICA DA DIFRAÇÃO DO RAIO LASER

QUALIDADE DE APLICAÇÃO DE CALDA DE PULVERIZAÇÃO COM USO DE ADJUVANTE E DIFERENTES PONTAS EM CONDIÇÕES AMBIENTAIS DISTINTAS

Padrão médio de distribuição volumétrica das pontas de pulverização TVI e ATR 1.0 em função da altura, pressão e espaçamento entre bicos.

UNIFORMIDADE DE DISTRIBUIÇÃO VOLUMÉTRICA DE PONTAS DE PULVERIZAÇÃO

Revista Ciencias Técnicas Agropecuarias ISSN: Universidad Agraria de La Habana Fructuoso Rodríguez Pérez.

UNIFORMIDADE DE DISTRIBUIÇÃO VOLUMÉTRICA DE PONTAS DE PULVERIZAÇÃO EM FUNÇÃO DA PRESSÃO DE TRABALHO E ALTURA DA BARRA

Efeito de pontas de pulverização na deposição da calda no feijoeiro Effect of spray nozzles on bean plants deposition

DESENVOLVIMENTO DE UMA BARRA DE PULVERIZAÇÃO PARA APLICAÇÃO DE HERBICIDA EM DESSECAÇÃO DE SOQUEIRA CANA-DE-AÇÚCAR E PASTAGENS

INSPEÇÃO PERIÓDICA DE PULVERIZADORES NA REGIÃO DO ALTO VALE DO ITAJAÍ

Influências das Pontas de Pulverização, Pressão de Trabalho e Condições Climáticas nas Aplicações de Defensivos

DESEMPENHO DE UMA SEMEADORA-ADUBADORA UTILIZANDO UM SISTEMA DE DEPOSIÇÃO DE SEMENTES POR FITA.

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 82

DISTRIBUIÇÃO VOLUMÉTRICA DE CALDA PRODUZIDAS PELAS PONTAS PULVERIZAÇÃO XR, TP E TJ SOB DIFERENTES CONDIÇÕES OPERACIONAIS 1

EFEITO DE PONTAS DE PULVERIZAÇÃO NO DEPÓSITO DE FUNGICIDA NA CULTURA DA SOJA

CARACTERIZAÇÃO HIDRÁULICA DE DIFERENTE MICROASPERSORES

DESEMPENHO OPERACIONAL DE PONTAS HIDRÁULICAS NA DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS DA PULVERIZAÇÃO HIDROPNEUMÁTICA

Avaliação da vazão de pontas de pulverização hidráulica de jato plano

Deposição de pontas de pulverização AXI e JA-2 em diferentes condições operacionais

AVALIAÇÃO DE UMA PONTA DE PULVERIZAÇÃO HIDRÁULICA DE JATO PLANO TIPO LEQUE

ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DE TURBOPULVERIZADORES.

Tecnologia de Aplicação de Defensivos Agrícolas

CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DE PONTAS DE PULVERIZAÇÃO LA-1JC E SR-1 1

ATUALIZAÇÃO DAS PLANILHAS DO USDA-ARS PARA A PREVISÃO DA QUALIDADE DAS PULVERIZAÇÕES AÉREAS

APLICAÇÃO AÉREA X APLICAÇÃO TERRESTRE. Palavras-chave: Defensivos Agrícolas. Tecnologia de Aplicação. Controle Químico. Agricultura Brasileira.

RESISTÊNCIA DO SOLO À PENETRAÇÃO EM ÁREA CULTIVADA COM CANA-DE-AÇÚCAR SUBMETIDA A DIFERENTES MANEJOS DA CANA- SOCA RESUMO

Mecanização da Pulverização. Eng. Agr.Jairo da Costa Moro Máquinas Agrícolas Jacto S.A

Características técnicas de bicos de pulverização hidráulicos de jato plano

FUNDAÇÃO DE APOIO A PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO - FUNEP

INFLUÊNCIA DA ADIÇÃO DE UM ADJUVANTE À CALDA DE PULVERIZAÇÃO AÉREA SOBRE A FAIXA DE DEPOSIÇÃO TOTAL

PALAVRAS-CHAVE: tecnologia de aplicação, controle químico, Phakopsora pachyhizi.

DISTRIBUIÇÃO VOLUMÉTRICA E ESPECTRO DE GOTAS DE PONTAS DE PULVERIZAÇÃO DE BAIXA DERIVA 1

AVALIAÇÃO DA VAZÃO NA INTERAÇÃO DE DIFERENTES PRODUTOS E MODELOS DE PONTA DE PULVERIZAÇÃO. Juliana Costa e Silva Negri¹, Rogério Zanarde Barbosa²

Fazenda Sapucaia Jairo Gianoto Nova Mutum - MT

Revista Ceres ISSN: X Universidade Federal de Viçosa Brasil


CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL DE DEPOSIÇÃO E DO DIÂMETRO DE GOTAS E OTIMIZAÇÃO DO ESPAÇAMENTO ENTRE BICOS NA BARRA DE PULVERIZAÇÃO

TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DE HERBICIDAS

JOÃO PAULO ARANTES RODRIGUES DA CUNHA TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DO CHLOROTHALONIL NO CONTROLE DE DOENÇAS DO FEIJOEIRO

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 893

Bragantia ISSN: Instituto Agronômico de Campinas Brasil

SILOT Assis Chateaubriand - PR. Eficiência do uso de Adjuvantes Frankental atrelado à tecnologia de. aplicação

UNIFORMIDADE DE DISTRIBUIÇÃO DE LÍQUIDO E DE AR AO LONGO DA BARRA DE PULVERIZAÇÃO RESUMO

Controle químico da ferrugem asiática da soja em função de ponta de pulverização e de volume de calda

TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DE AGROTÓXICOS NA CITRICULTURA

TABELA 1. Descrição dos tratamentos avaliados

APLICAÇÃO DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS. Professor : Nailton Rodrigues de Castro Disciplina : Máquinas Agrícolas

SELETIVIDADE DE THIAMETHOXAM + PROFENOFÓS, EM TRÊS DOSES, AOS PRINCIPAIS PREDADORES DAS PRAGAS QUE OCORREM EM SOJA

Tecnologia de Aplicação Defensivos Agrícolas

ISSN Palavras-Chave: Tecnologia de aplicação, deriva, surfatante.

ESPECTRO DE GOTAS DE PONTAS DE PULVERIZAÇÃO DE JATO CÔNICO VAZIO

ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICAS DE DIFERENTES MISTURAS ENTRE ADJUVANTES E FUNGICIDA POSICIONADOS NA CULTURA DO CAFÉ

DISTRIBUIÇÃO VOLUMÉTRICA DE PONTAS DE PULVERIZAÇÃO TURBO TEEJET EM DIFERENTES CONDIÇÕES OPERACIONAIS 1

Acerte o Alvo! Elimine a Deriva nas Pulverizações de Agrotóxicos ASPECTOS PRÁTICOS NA TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DE AGROTÓXICOS

BOLETIM TÉCNICO SAFRA 2014/15

14 AVALIAÇÃO DE HERBICIDAS PRÉ-EMERGENTES NA

HAWKEYE BRASIL. Raven do Brasil

DOIS VOLUMES DE CALDA EM QUATRO ESPAÇAMENTOS DE PLANTAS DE SOJA

Programa Analítico de Disciplina ENG435 Aplicação de Defensivos Agrícolas

302 REVENG Engenharia na agricultura, viçosa - mg, V.20 N.4, JULHO / AGOSTO p.

PERDAS E DERIVA BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS. Soluções para um Mundo em Crescimento

DESEMPENHO DE PONTAS E VOLUMES DE PULVERIZAÇÃO NO CONTROLE DA FERRUGEM ASIÁTICA DA SOJA

EFEITO DA PRESSÃO DE TRABALHO E DE MODELOS DE PONTAS DE PULVERIZAÇÃO SOBRE A EFICIÊNCIA DE HERBICIDA DE CONTATO EM SOJA

AVALIAÇÃO DE HORÁRIOS ALTERNATIVOS PARA APLICAÇÃO DE FUNGICIDA PARA O CONTROLE DA FERRUGEM ASIATICA DA SOJA

IMPORTÂNCIA DO DIÂMETRO DAS GOTAS DE PULVERIZAÇÃO NA DERIVA DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS EM APLICAÇÃO AÉREA

ADENSAMENTO DE SEMEADURA EM TRIGO NO SUL DO BRASIL

Nebulizadores aplicam gotas menores que 50 mm.

AÇÃO DE INSETICIDAS SOBRE O PERCEVEJO CASTANHO Scaptocoris castanea Perty, 1833 (HEMIPTERA: CYDNIDAE) NA CULTURA DO ALGODOEIRO *

Grupo Hoepers Nova Mutum - MT

DEPOSIÇÃO DE GOTAS NO DOSSEL DA SOJA POR DIFERENTES PONTAS DE PULVERIZAÇÃO HIDRÁULICA E PRESSÕES DE TRABALHO 1

COBERTURA DA CULTURA DA SOJA PELA CALDA FUNGICIDA EM FUNÇÃO DE PONTAS DE PULVERIZAÇÃO E VOLUMES DE APLICAÇÃO 1

QUALIDADE PÓS-COLHEITA DE Citrus deliciosa Tenore SUBMETIDA A ARMAZENAMENTO REFRIGERADO.

Influence of the height and flow in the efficiency of deposition of drops in aerial sprayng

INFLUÊNCIA DA VELOCIDADE DE SEMEADURA NA CULTURA DO FEIJÃO

05 AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DOS PRINCIPAIS

Bicos Jato Leque. Filtros Base Cônica e Reta. Jato Cônico. Jato Sólido. Abertura de 80 e 90 Versão simples e de precisão Jato cônico vazio

VOLUME DE CALDA NA APLICAÇÃO

INTERAÇÃO ENTRE NICOSULFURON E ATRAZINE NO CONTROLE DE SOJA TIGUERA EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM BRAQUIÁRIA

Níveis de infestação e controle de Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) no município de Cassilândia/MS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS CURSO DE AGRONOMIA ARTHUR PEREIRA VICTOR

Transcrição:

DISTRIBUIÇÃO VOLUMÉTRICA E ESPECTRO DE GOTAS DE PONTAS DE PULVERIZAÇÃO DE JATO CÔNICO VAZIO Elivânia Maria Sousa NASCIMENTO (1); Francisco Alexandre de Lima SALES (2); Weberte Alan SOMBRA (3); Igor Martins CORDEIRO (4); Mariana Alexandre de Lima SALES (5) (1) Universidade Federal do Ceará UFC, Fortaleza/CE, e-mail: elivania_sousa@yahoo.com.br (2) Universidade Federal do Ceará UFC, Fortaleza/CE, e-mail: alexandreirr@hotmail.com (3) Universidade Federal do Ceará- UFC, Fortaleza/CE, e-mail: weberte_ufc@yahoo.com.br (4) Universidade Federal do Ceará- UFC, Fortaleza/CE, e-mail: igor_m_cordeiro@hotmail.com (5) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará- Sobral/CE, e-mail: mal_sales@hotmail.com RESUMO As pontas de pulverização são os componentes mais importantes numa pulverização agrícola, pois é ela que irá definir a quantidade de produto que atingirá o alvo. Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar a uniformidade de distribuição volumétrica e o espectro de gotas produzidas pelas pontas de pulverização hidráulicas de jato cônico vazio JA-2 e JA-5 submetidas às pressões de 420 e 1000 kpa. Os ensaios para avaliação da uniformidade de distribuição volumétrica e caracterização da população de gotas foram realizados em duas etapas: na primeira etapa para a obtenção do perfil de distribuição utilizou-se uma mesa de teste padronizada seguindo a norma 5682/1; na segunda etapa foi realizada a caracterização do espectro de gota a partir dos seguintes parâmetros: diâmetro médio volumétrico (DMV), diâmetro mediano nominal (DMN), densidade das gotas (Dgotas) e diâmetro médio da gota (Dmédio). As pontas apresentaram um perfil de distribuição irregular com uma depressão na zona central e dois picos nas extremidades. O diâmetro mediano volumétrico variou de 182,3 a 454,3 µm, sendo que a ponta JA-2 com uma pressão de 420 kpa apresentou a menor média (182,3 µm), entre os tratamentos analisados. A uniformidade de distribuição volumétrica das pontas avaliadas e o espectro de gotas foram influenciados pela pressão de trabalho. Palavras-chave: tecnologia de aplicação, defensivos, mesa de distribuição 1 INTRODUÇÃO Na maioria das vezes, durante a aplicação de defensivos dá-se muita importância ao produto químico e pouca atenção à técnica de aplicação. A conseqüência é a perda de eficácia, quando não o fracasso total do tratamento, com superdosagens ou subdosagens, que levam à perda de rentabilidade dos cultivos e a danos ao ambiente e à própria saúde humana (CUNHA e RUAS, 2006). O aumento do uso de defensivos agrícolas no custo da produção agrícola e as crescentes preocupações ambientais obrigam, cada vez mais, o aperfeiçoamento das técnicas utilizadas para sua aplicação, visando reduzir a quantidade de produto aplicado e os riscos de contaminação ambiental (MENEGHETTI, 2006). A tecnologia de aplicação é determinada pela colocação da quantidade certa do produto no alvo e a escolha da ponta de pulverização é fundamental para que se obtenham gotas de tamanho ideal no momento da aplicação (MADOLOSSO, 2007). Segundo Miller e Ellis (2000), as pontas de pulverização são os componentes principais em uma pulverização, por isso é importante definir a sua característica, uma vez que está vai influenciar diretamente na qualidade da aplicação. A eficiência na aplicação de agrotóxico só é possível quando se tem ponta que propiciem uma distribuição uniforme e espectro de gotas semelhante e de tamanho apropriado (CUNHA, 2003). Para Delmond e Reis (2007), a ponta de pulverização é que irá definir a quantidade de produto que atingirá o alvo devendo, portanto ser selecionadas de acordo com o tipo de aplicação.

Para Madolosso (2007), as pontas são componentes essenciais para atingir o sucesso na aplicação e todo o esforço na aplicação do agrotóxico não passa de um desperdício se as pontas não forem apropriadamente selecionadas, instaladas e conservadas. Segundo Sidahmed (1998), elas têm como funções: fragmentar o líquido em pequenas gotas, distribuir as gotas em uma determinada área e controlar a saída de líquido por unidade de área. A uniformidade de distribuição do jato produzido é importante para a adequada distribuição do produto sobre o alvo, aumentando assim a possibilidade de controle da praga. Para a realização desses estudos, é necessária mesa ou bancada de teste, na qual canaletas realizam a coleta do líquido a distâncias predeterminadas e depositam-no em recipientes individuais (CHAPPLE et al., 1993). A avaliação do espectro de gotas na aplicação de agrotóxicos é importante, pois, dependendo do alvo a ser controlado, exigirá gotas de maior ou menor diâmetro, no qual, o modelo da ponta irá interferir, à distância em relação ao alvo, a pressão de pulverização, o ângulo de pulverização da ponta, o tipo de produto utilizado na pulverização, entre outros fatores (CÂMARA et al., 2008). Conforme Antuniassi (2004), a definição de parâmetros como tamanho de gotas e volume de aplicação depende diretamente da relação entre o alvo a ser atingido e o produto utilizado. As pontas de jato cônico vazio, são geralmente submetidas a pressões de trabalho variando de 200 a 1000kPa, produzem ângulo de abertura entre 60 e 80 e gotas pequenas, favorecendo assim a deriva. São montadas na barra porta-bicos com uma distância entre 0,25 m e 0,50 m, para permitir alcançar o volume necessário de agrotóxicos por área tratada (CHRISTOFOLETTI, 1991). Tradicionalmente, as pontas de pulverização do tipo cone são utilizadas nas aplicações de fungicidas, inseticidas e dessecantes, em culturas com grande massa foliar, onde a penetração do jato e a cobertura são críticas. (SRIVASTAVA et al., 1993; MÁRQUEZ, 1997; WILKINSON et al., 1999 apud CUNHA et al, 2004). O presente trabalho teve o objetivo de avaliar o padrão de distribuição volumétrico e o espectro de gotas de pontas de pulverização hidráulica de jato cônico vazio da série JA em função da pressão de trabalho. 2 METODOLOGIA Os ensaios para avaliação da uniformidade de distribuição volumétrica, diâmetro mediano volumétrico, diâmetro mediano nominal, densidades de gotas, diâmetro médio das gotas foram realizados no Laboratório de Eletrônica e Máquinas Agrícolas (LEMA) e no Núcleo de Estudos de Máquinas Agrícolas no Semi-Árido (NEMASA) do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal do Ceará. Os ensaios foram realizados em duas etapas: Na primeira etapa foi avaliado, em laboratório, o perfil de distribuição volumétrica de duas pontas de pulverização hidráulicas de jato cônico vazio da série JA ( JA 2- preta e JA 5 - verde) submetidas às pressões de trabalho de 420 e 1000 kpa. As características das pontas avaliadas estão descritas na Tabela 1, de acordo com os dados obtidos com o fabricante (Jacto, 2009). Tabela 1 - Características das pontas avaliadas Ponta Tipo de Jato Pressão (kpa) Vazão nominal (L.min -1 ) JA-2 Cônico vazio 420 0,64 JA-2 Cônico vazio 1000 1,00 JA-5 Cônico vazio 420 1,60 JA-5 Cônico vazio 1000 2,42 Fonte: Jacto (2009) Na segunda etapa foi realizada, em campo, a análise de deposição de gotas geradas para a caracterização do espectro de gotas a partir dos seguintes parâmetros: diâmetro mediano volumétrico (DMV), diâmetro mediano nominal (DMN), densidade de gotas (DG) e diâmetro médio das gotas (Dmédio). Para a determinação da uniformidade de distribuição volumétrica das pontas foi utilizada uma mesa de prova padronizada, de acordo com a norma ISO 5682/1 (ISO 1986). A mesa possui uma área de 1m 2 com vinte

canaletas em forma de V com 5 cm de profundidade e largura, um travessão na parte superior onde é fixado à barra porta-bicos, podendo-se trabalhar com a barra desde 40 até 100 cm de altura em relação à superfície da mesa, no final das canaletas existem provetas graduada de 100 ml com precisão de 1mL. Quando a mesa se encontra na horizontal, o líquido é pulverizado, ficando retido nas canaletas. Colocando a mesa na posição vertical o líquido escorre para as provetas, obtendo-se as leituras de volume. A variação da pressão se deu através de um manômetro com capacidade nominal para 3449,3 kpa e resolução de 344,93 kpa. Cada ponta foi instalada individualmente no centro da mesa de modo que o jato fosse lançado na posição vertical a uma altura de 50 cm em relação a mesa. Durante 60 segundos, foi coletado o líquido em provetas graduadas, alinhadas com as canaletas, ao longo da faixa de deposição das pontas, quando, então, encerravase a coleta, momento em que se fazia a leitura dos volumes de cada proveta. Todos os ensaios foram realizados em ambiente protegido, empregando-se como líquido de pulverização a água da rede pública à temperatura ambiente de acordo com a prescrição da Organização Internacional de Normatização (ISO, 1981). O perfil de distribuição de cada ponta testada individualmente foi determinado por meio de gráficos plotados com o número da canaleta versus volume coletado utilizando a planilha eletrônica (Microsoft Excel ). As análises da deposição de gotas foram feitas a partir das impressões das gotas recolhidas em papéis hidrossensíveis, com dimensões de 2,5 cm por 7,5 cm, da marca Syngenta. Para a determinação da deposição de gotas no campo, foi utilizado um pulverizador de barra da marca Jacto condor (AM-14), acoplado ao sistema de levante hidráulico e acionado pela TDP do trator. A altura da barra em relação às etiquetas foi de 50 cm, utilizando as pressões de 420 e 1000kPa. Ao longo da faixa de aplicação foram posicionados quatro papéis hidrossensíveis, dispostos transversalmente à direção de avanço do pulverizador de barra a uma velocidade de deslocamento de 1,8m.s -1. No momento da aplicação a velocidade do vento era de 1,8m.s -1 e a temperatura de 31º C. Após a passagem do pulverizador, as etiquetas foram retiradas e colocadas em sacos de papel e em seguida foram levados para o laboratório para serem digitalizados em escâner de mesa, com resolução de 600 dpi para quantificação do espectro de gotas. Este experimento teve o objetivo de avaliar o diâmetro mediano volumétrico DMV (µm), o diâmetro mediano numérico DMN (µm), a densidade de gotas Dgotas (Ncm -2 ) e o diâmetro médio Dmédio (µm). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com arranjo fatorial 2 x 2, sendo duas pontas e duas pressões, com quatro repetições para cada tratamento. Os dados obtidos foram tabulados e submetidos à análise de variância e ao teste de comparação de médias de Tukey (p 0,05). As análises estatísticas foram realizadas empregando-se o programa estatístico ASSISTAT versão 7.5 (2010). 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES 3.1 Perfis de Distribuição Volumétrica Os perfis de distribuição volumétrica de cada ponta avaliada são apresentados nas Figuras 1 e 2. Todas as pontas estavam a uma altura de 50 cm e as pressões de trabalho foram de 420 e 1000 kpa. Na Figura 1 podemos observar que a ponta JA-2 apresentou um perfil de distribuição irregular com uma depressão na zona central e um aumento nas extremidades quando submetida à pressão de 1000 kpa houve uma depressão acentuada e um aumento de volume coletado nas extremidades e da faixa pulverizada. Prat et al. (2008) avaliando a uniformidade da distribuição da ponta JA-2 nas pressões de 400 e 1000 kpa encontraram resultados semelhantes.

Volume coletado (ml) Volume coletado (ml) 40 Ponta JA-2 35 30 25 20 15 10 420 kpa 1000 kpa 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Número de canaleta Figura 1- Perfil de Distribuição da ponta JA-2 submetidas às pressões de trabalho Na Figura 2 podemos observar o perfil de distribuição volumétrica da ponta JA-5 quando submetidas às pressões de trabalho, o aumento da pressão proporcionou a essa ponta apresentar um perfil de distribuição irregular com uma acentuada depressão na zona central e dois picos nas extremidades, o que dificulta a uniformidade de distribuição em área total. Ponta JA - 5 120 100 80 60 40 420 kpa 1000 kpa 20 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Numero da canaleta Figura 2 - Perfil de Distribuição da ponta JA-5 submetidas às pressões de trabalho 3.2 Análises de deposição de gotas Encontram- se na Tabela 2 os parâmetros relacionados à distribuição das gotas pulverizadas em papel hidrossensível, as quais foram analisadas e quantificadas através de recursos computacionais. Por este método foram constatadas diferenças significativas para alguns parâmetros analisados. Para o parâmetro diâmetro mediano volumétrico, que de acordo com Veliz (2007), é o tamanho da gota dentro do espectro da pulverização que divide o volume em duas partes iguais, uma metade do volume pulverizado com diâmetros maiores e a outra com diâmetros menores que o DMV. Verifica-se que a variação foi de 182,3 a 454,3 µm, sendo que a ponta JA-2 com uma pressão de 420 kpa apresentou a menor média (182,3 µm), entre os tratamentos analisados, médias de DMV inferiores a 250 µm indicam risco de deriva, que ocorre principalmente em virtude das gotas menores que 100 µm. A ponta JA-5 nas pressões de 420 e

1000 kpa apresentou as maiores médias e foi a única que diferiu significadamente entre os demais tratamentos através do teste de Tukey ao nível 5 % de significância. Nota-se que o incremento da pressão proporcionou um aumento no diâmetro das gotas. O diâmetro mediano numérico (DMN) que é a soma dos diâmetros dividido pelo número de gotas, para a ponta JA-2 submetidas às pressões de 420 e 1000 kpa apresentaram as menores medias (146,6) enquanto que para a ponta JA-5 trabalhando com a pressão de 1000 kpa apresentou a maior média (174,1) entre os tratamentos analisados e a pressão de 420 kpa apresentou médias intermediárias entre esses valores extremos. Para o parâmetro densidade de gotas (Dgotas) que significa a quantidade de gotas por unidade de superfície, a densidade de gotas variou de 257,8 a 291,7 e pode-se perceber que a ponta JA-5 apresentou a maior média (291,7) com pressão 1000 kpa em relação a pressão de 420 kpa, enquanto que a ponta JA-2 a pressão de 420 kpa apresentou a menor média ( 257,8) entre os tratamentos analisados, constatando que o aumento da pressão provocou um aumento do tamanho das gotas e um aumento da densidade de gotas. Para o parâmetro diâmetro médio (Dmédio) houve uma variação de 141,3 a 206,9 µm e foi verificado que a ponta JA-2 com a menor pressão obteve a menor média (141,3) entre os tratamentos avaliados e a ponta JA-5 com pressão de 1000 kpa apresentou a maior média ( 206,9) sendo a única que diferiu estatisticamente a 5% de probabilidade pelo teste de Turkey. Tabela 2- Tamanho e densidades das gotas nas pontas avaliadas. Ponta Pressão(kPa) DMV(µm) DMN(µm) Dgotas(Ncm -2 ) Dmédio(µm) JA-2 420 182,3 c 146,6 c 257,8 c 141,3 d JA-2 1000 236 b 146,6 c 279 ab 153,9 c JA-5 420 434,1 a 165,5 ab 262,6 bc 183,9 b JA-5 1000 454,3 a 174,1 a 291,7 a 206,9 a Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey As classificações de tamanho de gotas (Tabela 3) são baseadas em especificações de acordo com os padrões BCPC (Conselho Britânico de Proteção às Culturas) e ASAE (Associação dos Engenheiros Agrícolas Americanos). Estabeleceu-se, também, uma cor de referência para cada classe de gotas, a fim de se criar fácil referência visual nos catálogos técnicos. Tabela 3 - Classes de tamanho de gotas segundo normas ASAE S-572 e BCPC com características correspondentes de Diâmetro Mediano Volumétrico. Fonte: ASAE (2004). Na Tabela 4 encontram-se a classificação do tamanho da gota das pontas avaliadas de acordo com as especificações da ASAE S-472 (2004) e BCPD (1990). Segundo a classificação da ASAE a ponta JA-2 pôde ser enquadrada como gota média enquanto que a BCPD enquadrou essa ponta em gotas fina e média. A ponta JA-5 segundo a ASAE se enquadrou em gotas muito grossa, no entanto a BCPD enquadrou essa ponta em gotas média e grossa.

Tabela 4 - Classificação do tamanho da gota das pontas avaliadas, conforme a ASAE e BCPD Ponta Pressão (kpa) DMV (µm) ASAE BCPD JA-2 420 182 Média Fina JA-2 1000 236 Média Média JA-5 420 434,1 Muito grossa Média JA-5 1000 454 Muito grossa Grossa 4 CONCLUSÕES As pontas apresentaram um perfil de distribuição irregular com uma depressão na zona central e dois picos nas extremidades. A uniformidade de distribuição volumétrica das pontas avaliadas foi influenciada pela pressão de trabalho. O espectro de gotas foi influenciado pela pressão de trabalho, à medida que a pressão de operação aumentava o diâmetro e a densidade das gotas também aumentava. REFERÊNCIAS ANTUNIASSI, U. R.; CAMARGO, T.V.; BONELLI, A.P.O.; ROMAGNOLE, H.W.C. Avaliação da cobertura de folhas de soja em aplicações terrestres com diferentes tipos de pontas. In: Simpósio Internacional de Tecnologia de Aplicação de Agrotóxicos, 2004, Botucatu. Anais, Botucatu: RAETANO. 2004. p 48-51. ASAE - AMERICAN SOCIETY OF AGRICULTURAL ENGINEERING. Spray nozzle classification by droplet spectra. St. Joseph: ASAE, 2004. p.411-14. (ASAE Standard S572 FEB04). ASSISTAT Versão 7.5 beta. 2010. Disponível em: <http: www.assistat.com> Acessado em: 07/03/2010. B.C.P.C. - Nozzle selection handbook. Bulletin 611/TA1, 1990. 40p. In: CHRISTOFOLETTI, J. C. Considerações sobre a deriva nas pulverizações agrícolas e seu controle. Boletim Técnico. São Paulo: Teejet, 1999. 15 p. CAMARA, F.T. da; JOSÉ L. SANTOS, J.L.; SILVA, E. A; FERREIRA, M. C. Distribuição volumétrica e espectro de gotas de bicos hidráulicos de jato plano de faixa expandida xr11003. Revista Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v.28, n.4, p.740-749, out./dez. 2008. CHAPPLE, A.C.; HALL, F.R.; BISHOP, B.L. Assesment of single nozzle patternation and extrapolation to moving booms. Crop Protection, Guildford, v.12, n.1, p.207-13, 1993. CHRISTOFOLETTI, J.C. Bicos de pulverização: seleção e uso. Diadema: Spraying Systems, 1991. 9p. CHRISTOFOLETTI, J. C. Considerações sobre tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas. São Paulo: Teejet, 1999. 15p. CUNHA, J. P. A. R. Tecnologia de aplicação do chlorothalonil no controle de doenças do feijoeiro. 81 f. Tese (Doutorado em Mecanização Agrícola) Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2003. CUNHA, J.P.A.; TEIXEIRA, M.M.; VIEIRA, R.F.; FERNANDES, H.C.; COURY, J.R. Espectro de gotas de bicos de pulverização hidráulicos de jato plano e de jato cônico vazio. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.39, n.10, p.977-85, 2004. CUNHA, J. P.A. R.; RUAS, R. A. A. Uniformidade de distribuição volumétrica de pontas de pulverização. Pesquisa Agropecuária Tropical, 36 (1): 61-66, 2006.

DELMOND, J. G.; REIS E. F. dos. Características Técnicas de Pontas de Jato Plano com indução de ar. 2007. (Apresentação de Trabalho/Seminário). Universidade Estadual de Goiás, UNUCET/Anápolis GO. FELIPE T. DA CAMARA, JOSÉ L. SANTOS, ELIAS A. SILVA, MARCELO DA C. FERREIRA. Distribuição volumétrica e espectro de gotas de bicos hidráulicos de jato plano de faixa expandida XR11003. Revista Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v.28, n.4, p.740-749, out./dez. 2008. ISO. International Organization for Standardization. Equipment for crop protection. ISO Standards 5682/1/1981. Geneva.p.358-371.1986. MADALOSSO, M. G. Espaçamento entre linhas e pontas de pulverização no controle de phakopsora pachyrhizi sidow. 2007. 89 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria. 2007. MENEGHETTI, R. C. Tecnologia de aplicação de fungicidas na cultura do trigo. 2006. 58 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria. 2006. MILLER, P. C. H.; ELLIS, M. C. B. Efects of formulation on spray nozzle performance for applications from ground-based boom sprayers. Crop Protec., v. 19, p. 609-615, 2000. SIDAHMED, M.M. Analytical comparison of force and energy balance methods for characterizing sprays from hydraulic nozzles. Transactions of the ASAE, St. Joseph, Michigan, v. 41, n. 3, p. 531536, 1998. PRAT, M.I.H.; RODRIGUES, G.J. TEIXEIRA, M.M. Características operacionales de las boquillas de pulverización hidráulica de chorro plano y cónico hueco. Revista Ciencias Técnicas Agropecuárias. Vol. 17, No. 3, 2008. VELIZ, R. D. C. Avaliação de dois sistemas para aplicação de agrotóxicos em citros. 2007. 65 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia Máquinas agrícolas) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2007.