DIREITO PROCESSUAL CIVIL III TEORIA GERAL DOS RECURSOS Prof. ANA PAULA LEIKO SAKAUIE 1
ATOS DO JUIZ De acordo com o art. 203, NCPC, os atos do juiz consistem em: SENTENÇA: Encerra o processo em primeira instância, ultimando a fase de conhecimento ou de execução. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA: Não põem termo ao processo em primeira instância, mas decidem ponto controvertido do mesmo. DESPACHOS: Atos judiciais que apenas impulsionam a marcha processual. Prof. ANA PAULA LEIKO SAKAUIE 2
CONCEITO DE RECURSO É o remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração de decisão judicial que se impugna. (José Carlos Barbosa Moreira) Recurso é meio de impugnação de decisões judiciais inserido no mesmo processo em que aquelas tenham sido proferidas, mas não necessariamente nos mesmos autos. Para Araken de Assis, em posição solidamente fundamentada, o recurso constitui pretensão autônoma, porque diferente da primitiva, exercitada em simultaneo processu. (Eduardo Arruda Alvim) Prof. ANA PAULA LEIKO SAKAUIE 3
PRINCÍPIOS RECURSAIS 1. Duplo grau de jurisdição 2. Taxatividade 3. Singularidade 4. Fungibilidade 5. Proibição do reformatio in pejus Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos: I - apelação; II - agravo de instrumento; III - agravo interno; IV - embargos de declaração; V - recurso ordinário; VI - recurso especial; VII - recurso extraordinário; VIII - agravo em recurso especial ou 6. Voluntariedade extraordinário; IX - embargos de divergência. Prof. ANA PAULA LEIKO SAKAUIE 4
OBJETIVO DOS RECURSOS: 1. REFORMA: A REFORMA É REQUERIDA QUANDO HÁ ERROR IN JUDICANDO (ERRO NO JULGAMENTO), ISTO É, QUANDO O JULGADOR JULGA A PRETENSÃO RESISTIDA, MAS JULGA MAL OU QUANDO O APELANTE DESEJA UMA DECISÃO DE MÉRITO DISTINYA DAQUELA PROLATADA. 2. INVALIDAÇÃO OU ANULAÇÃO OU CASSAÇÃO: É REQUERIDA QUANDO HOUVER ERROR IN PROCEDENDO (ERRO NO PROCEDIMENTO), ISTO É, QUANDO O JUIZ VIOLA UMA DAS ETAPAS DO PROCESSO, TRATA-SE DE VIOLAÇÃO PROCEDIMENTAL E NÃO DE MÉRITO. 3. ESCLARECIMENTO: QUANDO A DECISÃO FOR CONTRADITÓRIA OU OBSCURA; 4. INTEGRAÇÃO, QUANDO A DECISÃO FOR OMISSA Prof. ANA PAULA LEIKO SAKAUIE 5
PRESSUPOSTOS RECURSAIS JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE: REQUISITOS PARA A ADMISSÃO DOS RECURSOS ( NO NCPC NÃO HÁVERÁ MAIS ANÁLISE DOS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL PELO JUÍZO A QUO, NOS TERMOS DO ART. 1.010, NCPC. (EXCEÇÃO PARA OS RECURSOS ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO, NOS TERMOS DA LEI Nº...) JUÍZO DE MÉRITO: REALIZA-SE DEPOIS DE SUPERADO O JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE, CUJA ANÁLISE ALCANÇARÁ O PEDIDO DE REFORMA OU ANULAÇÃO DA DECISÃO QUE SE ATACA a) Se positivo: DÁ-SE PROVIMENTO ou JULGO PROVIDO b) Se negativo: NEGA-SE PROVIMENTO ou JULGO IMPROVIDO Prof. ANA PAULA LEIKO SAKAUIE 6
REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL 1) LEGITIMIDADE PARA RECORRER: A legitimidade está prevista no art. 996, NCPC a) Parte vencida b) Terceiro prejudicado c) Ministério Público Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica. Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual. Prof. ANA PAULA LEIKO SAKAUIE 7
2) INTERESSE EM RECORRER: Segue a mesma metodologia do exame do interesse processual (condição da ação). Princípio da adequação Princípio da unirecorribilidade Princípio da fungibilidade: inexistência de erro grosseiro, necessidade de existência dúvida objetiva e inexistência de exaurimento do prazo do recurso correto 3) MOTIVAÇÃO OU EXIGÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO: O recurso interposto deve conter as razões do pedido de nova decisão. Dever que o recorrente tem de fundamentar bem o recurso. Prof. ANA PAULA LEIKO SAKAUIE 8
4) TEMPESTIVIDADE: O recurso deve ser interposto dentro do prazo fixado em lei, não sendo suscetível de dilação convencional por se tratar de prazo peremptório. ART. 1.003, 5º, NCPC EXCETUADOS OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, O PRAZO PARA INTERPOR OS RECURSOS E PARA RESPONDER-LHES É DE 15 DIAS. Exceções: 1. Art. 180, 183, 186, caput e 3º, NCPC Prazo em DOBRO para o MP, Fazendas Públicas, Defensoria Pública e escritório de prática jurídica das faculdades de Direito. 2. Art. 229, do NCPC Prazo em DOBRO para litisconsortes representados por diferentes patronos. Prof. ANA PAULA LEIKO SAKAUIE 9
5) PREPARO: É o pagamento das despesas processuais referentes ao processamento do recurso interposto, no ato da interposição, sob pena de não recebimento pela deserção. (Art. 1.007, NCPC) Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. 1 o São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. 2 o A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias. Prof. ANA PAULA LEIKO SAKAUIE 10
3 o É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos eletrônicos. 4 o O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção. 5 o É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma do 4 o. 6 o Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo. 7 o O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias. Prof. ANA PAULA LEIKO SAKAUIE 11
EFEITO DOS RECURSOS Efeito DEVOLUTIVO: permite a reapreciação da matéria pelo mesmo órgão que julgou (embargos de declaração) ou por um outro órgão diverso daquele que prolatou a decisão (apelação, agravo, recurso especial, recurso ordinário constitucional etc). Efeito SUSPENSIVO: aquele que impede que a decisão recorrida produza seus efeitos. Pelo NCPC, em regra, os recursos são recebidos no duplo efeito. (Art. 1.012, NCPC. A apelação terá efeito suspensivo). Prof. ANA PAULA LEIKO SAKAUIE 12
EFEITOS DOS RECURSOS Efeito ATIVO: é a possibilidade que o recorrente possui de pedir que o relator do recurso conceda, imediatamente, o provimento que se ataca. Exemplo: pedido de tutela antecipada e o juiz indeferiu. Interponho um Agravo de Instrumento e nesse recurso requeiro a concessão de efeito ativo, isto é, que o relator me dê o efeito ativo para que se viabilize a tutela antecipada. Prof. ANA PAULA LEIKO SAKAUIE 13
DESISTÊNCIA DORECURSO PELO RECORRENTE Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos. POSSIBILIDADE DE DESISTÊNCIA SEM ANUÊNCIA DA PARTE CONTRÁRIA DESISTÊNCIA x RECURSO AFETADO Prof. ANA PAULA LEIKO SAKAUIE 14
APROVEITAMENTO DO RECURSO INTERPOSTO APENAS POR UM DOS LITISCONSORTES Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses. Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns. APROVEITAR = BENEFICIAR APLICABILIDADE NO LITISCONSÓRCIO SIMPLES E UNITÁRIO (TERESA ARRUDA ALVIM WAMBIER), APENAS UNITÁRIO, CÂNDIDO RANGEL DINAMARCO. Prof. ANA PAULA LEIKO SAKAUIE 15
RECURSO ADESIVO Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das exigências legais. 1 o Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro. 2 o O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte: I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder; II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial; III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível. Prof. ANA PAULA LEIKO SAKAUIE 16
RECURSO ADESIVO FORMA DIFERENCIADA DE INTERPOSIÇÃO DE RECURSO PRESSUPÕE SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA HÁ RELAÇÃO DE DEPENDÊNCIA ENTRE O RECURSO ADESIVO E O PRINCIPAL, SALVO QUANTO À DECISÃO DE MÉRITO CABIMENTO: APELAÇÃO, RE e RESP. Prof. ANA PAULA LEIKO SAKAUIE 17
a) O pedido de reconsideração possui natureza recursal? Prof. ANA PAULA LEIKO SAKAUIE 18 b) Poderia o relator aplicar o princípio da fungibilidade recursal nesse caso? 1) João ingressou com uma ação de reintegração de posse em face de Valdomiro visando obter a retomada de seu imóvel como também a indenização por perdas e danos. A pretensão foi acolhida em parte pelo juízo tão somente para determinar a reintegração do autor na posse do imóvel. O autor interpõe recurso de apelação para o respectivo Tribunal de Justiça visando obter a indenização por perdas e danos, o que foi negado pela Câmara que apreciou o recurso. O recorrente, diante da omissão do colegiado acerca de pontos relevantes abordados no recurso, apresenta pedido de reconsideração no prazo de 15 dias, que foi rejeitado imediatamente pelo relator. Diante do caso indaga-se:
2) São princípios fundamentos dos recursos previstos no Código de Processo Civil (Promotor de Justiça/SP-2006): a) o duplo grau de jurisdição, a taxatividade, a singularidade, a infungibilidade e a garantia do reformatio in peius; b) o duplo grau de jurisdição, a taxatividade, a singularidade, a singularidade, a fungibilidade e a proibição do reformatio in peius; c) o duplo grau necessário de jurisdição, a taxatividade, a singularidade, a fungibilidade e a garantia do reformatio in peius; d) o duplo grau necessário de jurisdição, a ausência de taxatividade, a singularidade, a infungibilidade e a garantia do reformatio in peius; Prof. ANA PAULA LEIKO SAKAUIE 19 e) o duplo grau de jurisdição, a ausência de taxatividade, a singularidade, a
3) Considerando o que dispõe o CPC a respeito de recursos, assinale a opção correta (OAB Nacional 2009/1) a) Havendo sucumbência recíproca e sendo proposta apelação por uma parte, será cabível a interposição de recurso adesivo pela outra parte; b) A procuração geral para o foro, conferida por instrumento público, habilita o advogado a desistir do recurso; c) O MP tem legitimidade para recorrer somente no processo em que é parte; d) A desistência do recurso interposto pelo recorrente depende da concordância do recorrido. Prof. ANA PAULA LEIKO SAKAUIE 20