TRABALHOS TÉCNICOS Divisão Jurídica FÓRUM PERMANENTE DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE (MPE) O COMÉRCIO EXTERIOR E O DRAWBACK PARA AS MPEs INFORMAÇÕES TÉCNICAS Dagmar Maria de Sant Anna Advogada Um dos assuntos debatidos na reunião do Comitê Técnico de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), de dezembro de 2009, disse respeito às dificuldades encontradas pelas Micro e Pequenas Empresas Exportadoras; principalmente, no uso do Drawback instrumento que permite a suspensão de tributos federais sobre as importações vinculadas a um compromisso de exportação; em outras palavras, um regime especial aduaneiro que suspende os tributos federais Imposto de Importação (II), o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) incidentes nas importações, e nas compras internas dos insumos que são incorporados a mercadorias exportadas sob o amparo de atos concessórios de Drawback. A respeito, e buscando facilitar o desempenho do Setor de Exportação, por parte das MPEs, o Governo Federal ficou de simplificar a desoneração para esses pequenos exportadores, por meio de Portaria conjunta da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e da Receita Federal, de modo a facilitar a desoneração tributária para o percentual importado de manufaturados destinados ao mercado externo. A bem da verdade, o Drawback já se encontra regulado pela Portaria nº 9, de 6.MAI.2009 (DOU de 7.MAI.2009), da SECEX/MDIC (v. Anexo), que, por sua vez, a remete ao art. 17, da Medida Provisória (MP) nº 451, de 15.DEZ.2008, em conjunto com as disposições emanadas do 1º, do art. 59, da Lei nº 10.833, de 29.DEZ.2003. Uma nova Portaria, porém, está para ser publicada, também pela Secex, no correr deste ano (2010), atualizando-se, assim, as disposições ora vigentes. A respeito, e segundo informações obtidas, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior já iniciou tratativa com o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), para o aperfeiçoamento da inclusão do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nesse regime especial aduaneiro Drawback. Durante a primeira reunião do Confaz deste ano, em Brasília, ocorrida em 20 de janeiro (uma quarta-feira), o Secretário de Comércio Exterior do MDIC, Senhor Welber Março de 2010
26 Barral, falou da assinatura de um Convênio com o Órgão, para a capacitação de técnicos estaduais na utilização dos softwares geridos pela Secex, para o controle das exportações que utilizam o Drawback. A intenção do MDIC é iniciar as discussões com os Estados sobre a necessidade de garantir a desoneração do ICMS de insumos que sejam incorporados a mercadorias exportadas sob o amparo de atos concessórios de Drawback. Concomitantemente à assinatura do referido convênio, a Secex passará a integrar o Grupo de Trabalho 54, de Comércio Exterior, do Confaz, não só para verificar as necessidades dos Estados, como, também, para desenvolver novas funcionalidades nos sistemas geridos pela Secretaria, para facilitar a fiscalização estadual e da própria Secex, no que se refere às operações de Drawback. A título de ilustração, é válido ressaltar que, desde que foi criado, vêm-se aplicando o Drawback, indistintamente, a todas as empresas, independentemente do respectivo porte. Mas, as exigências burocráticas têm feito a desoneração tributária beneficiar, praticamente, apenas as grandes ou médias empresas com departamentos específicos para assuntos de Comércio Exterior. Mas, com as mudanças que estão para ser anunciadas pela nova e mencionada Portaria (como simplificação nos processos de comprovação dos insumos utilizados, por exemplo), esse sistema especial abrangerá, também, as Micro e Pequenas Empresas. A portaria prevista atualizará este assunto e regulamentará os artigos 12, 13 e 14 da Lei nº 11.945, sancionada pelo Governo Federal em junho de 2009. Tratar-se-á de uma nova regulamentação, a qual, segundo informações veiculadas pela Assessoria de Imprensa do MDIC, reduzirá as exigências em vigor. Os termos dessa Portaria, no entanto, e como dito antes, continuam em estudo pela Receita. Os artigos mencionados, por sua vez, estabelecem que as aquisições no mercado interno e/ou externo de bens empregados ou consumidos na fabricação de produtos exportáveis poderão ser realizadas com suspensão do Imposto de Importação, IPI, PIS e Cofins. Suspensão essa que se traduzirá, em resumo, em redução nos custos de produção de, em média, 30% o que representará um grande fator de competitividade externa para os produtos brasileiros. De acordo com o texto da Lei vigente, os benefícios do Drawback serão aplicados, também, sobre a aquisição no mercado interno e/ou externo, de maneira combinada, ou não, de bens empregados em reparos, criação, cultivo ou atividade extrativista de produtos exportáveis. O cumprimento dos atos concessórios de Drawback é comprovado com a exportação das mercadorias nos volumes e valores acordados. No entanto, considerada a variação Trabalhos Técnicos Março de 2010
27 cambial das moedas de negociação, o artigo 14 da Lei, diz que, em determinadas situações, a comprovação dos atos concessórios poderá ser feita com base no volume exportado (fluxo físico) e nos valores obtidos com a Exportação, desde que, porém, a Empresa não só informe as alterações ocorrida, como, da mesma forma, que haja agregação de valor. Finalizando, tão logo seja expedida a Portaria em foco, sobre o Drawback, voltaremos a este assunto, dando ciência, a respeito, aos nossos Diretores e demais Presidentes das Federações que integram a CNC. Anexo: Portaria SECEX nº 9/2009 PORTARIA SECRETARIA DE COMÉRCIO EXTERIOR, DO MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR SECEX Nº 9 DE 06.05.2009 D.O.U. de 07.05.2009 Dispõe sobre operações de drawback integrado. O SECRETÁRIO DE COMÉRCIO EXTERIOR DO MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR, no uso das atribuições que lhe foram conferidas pelo art. 15 do Anexo I ao Decreto nº 6.209, de 18 de setembro de 2007, e considerando o disposto no art. 6º da Portaria Conjunta RFB/SECEX nº 1, de 1º de abril de 2009, resolve: Art. 1º - Os artigos 50, 52, 54, 60-A, 73, 74, 78, 90, 94, 95, 96, 103-A, 103-B, 103-C, 103-D, 125, 134, 153 e 155 da Portaria SECEX nº 25, de 27 de novembro de 2008, passam a vigorar com a seguinte redação. Artigo 50 I - b) Esta modalidade poderá ser concedida para o regime especial do drawback integrado, de que trata o art. 17 da Medida Provisória nº 451, de 15 de dezembro de Março de 2010 Trabalhos Técnicos
28 2008, em conjunto com as disposições previstas no 1º do art. 59 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, respeitadas as regras específicas de cada regime. Artigo 52 VII - drawback integrado: concedido exclusivamente na modalidade suspensão. Caracteriza-se pela aquisição no mercado interno, ou a importação, de mercadoria para emprego ou consumo na industrialização ou elaboração de produto a ser exportado, com suspensão do IPI, da Contribuição para o PIS/PASEP, da contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS, da Contribuição para o PIS/PASEP- Importação e da COFINS-Importação. O regime poderá ser concedido em conjunto com aquele previsto no inciso II do art. 78 do Decreto-Lei nº 37, de 18 de novembro de 1966, e no 1º do art. 59 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, respeitadas as regras específicas de cada regime. Artigo 54 2º - Os incisos VIII e IX não se aplicam ao drawback verde-amarelo e integrado, de que trata os incisos VI e VII do artigo 52. Artigo 60-A - O ato concessório do drawback integrado será específico, ficando vedada a transferência para outros atos concessórios e para outros regimes aduaneiros especiais, bem como a conversão de outros atos concessórios concedidos em qualquer tempo para o integrado. Artigo 73 3º - Em se tratando de drawback verde-amarelo ou integrado, para efeito de análise e aprovação do ato concessório, será levado em conta o resultado da operação, incluindo a aquisição no mercado interno. Trabalhos Técnicos Março de 2010
29 Artigo 74 4º - O prazo de vigência do drawback verde-amarelo ou do integrado será contado a partir da data de deferimento do respectivo ato concessório. Artigo 78 3º - O prazo de validade, no caso de prorrogação, será contado a partir da data de registro da primeira Declaração de Importação (DI) vinculada ao ato concessório de drawback, salvo nas operações de drawback verde-amarelo ou integrado, quando será contado a partir do deferimento do referido ato concessório. Artigo 90 Parágrafo único. A operação de que trata este artigo não se aplica ao drawback integrado, na forma do parágrafo único do art. 1º da Portaria Conjunta RFB/SECEX nº 1, de 2009. Artigo 94 Parágrafo único. O regime de que trata o caput poderá ser concedido em conjunto com aquele previsto no art. 17 da Medida Provisória nº 451, de 15 de dezembro de 2008, e no 1º do art. 59 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, sob um mesmo ato concessório, respeitadas as regras específicas de cada regime. Artigo 95 - Após a inserção dos dados de importação e de exportação - e de aquisição no mercado doméstico, conforme o caso - no módulo correspondente de drawback do SISCOMEX, deverá ser apresentado ao DECEX laudo técnico emitido por órgão ou entidade especializada da Administração Pública Federal. Março de 2010 Trabalhos Técnicos
30 Artigo 96 - As matérias-primas e outros produtos a serem importados ou adquiridos no mercado interno, conforme o caso, deverão estar relacionados no campo descrição complementar do ato concessório de drawback. Artigo 103-A - Regime especial caracterizado pela aquisição no mercado interno, ou a importação, de mercadoria para emprego ou consumo na industrialização ou elaboração de produto a ser exportado, com suspensão do IPI, da Contribuição para o PIS/PASEP, da contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, da Contribuição para o PIS/PASEP Importação e da COFINS-Importação. Parágrafo Único. O disposto no caput aplica-se às aquisições no mercado interno de forma combinada, ou não, com as importações; não sendo obrigatória a importação de mercadoria no presente regime. Artigo 103-B - O regime poderá ser concedido em conjunto com aquele previsto no inciso II do art. 78 do Decreto-Lei nº 37, de 18 de novembro de 1966, e no 1º do art. 59 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, sob um mesmo ato concessório, respeitadas as regras específicas de cada regime. Artigo103-C - Não poderão ser titulares de atos concessórios de drawback as empresas optantes pelo Simples Nacional, as tributadas com base no lucro presumido ou arbitrado a as sociedades cooperativas - exceto de produção agropecuária. Artigo 103-D - Deverão ser observados, ainda, a Subseção I desta Seção e os Anexos T e U desta Portaria". Artigo 125 Parágrafo Único. Para eventual verificação do DECEX, as empresas deverão manter em seu poder, pelo prazo de 5 (cinco) anos, as declarações de Importação (DI), os Registros de Exportação (RE) averbados, as Notas Fiscais de venda no mercado interno e aquelas relacionadas com a aquisição no mercado interno, de que trata o drawback verde-amarelo e o integrado. Artigo 134 - As empresas beneficiárias de drawback verde-amarelo ou integrado, conforme o caso, deverão incluir a nota fiscal de compra no mercado interno na opção correspondente do SISCOMEX drawback. Trabalhos Técnicos Março de 2010
31 Parágrafo único. Artigo 153 5º - Fica vedada a transferência de mercadoria importada constante de drawback verde-amarelo ou integrado para qualquer outro ato concessório. Artigo 155 I - total: quando não houver nenhuma exportação que comprove a utilização da mercadoria importada ou adquirida no mercado interno, se no regime de drawback verde-amarelo ou integrado; II - parcial: se existir exportação efetiva que comprove a utilização de parte da mercadoria importada ou adquirida no mercado interno, se no regime de drawback verde-amarelo ou integrado. Art. 2º - Fica incluída a Subseção IX à Seção II do Capítulo II, após o art. 103, da Portaria SECEX nº 25, de 2008, como segue: Subseção IX - Drawback Integrado. Art. 3º - Os Anexos T e U à Portaria SECEX nº 25, de 27 de novembro de 2008, passam a vigorar na forma dos respectivos Anexos T e U a esta Portaria. Art. 4º - Esta Portaria entra em vigor no dia 18 de maio de 2009. WELBER BARRAL ANEXO T UTILIZAÇÃO DE NOTA FISCAL DE VENDA NO MERCADO INTERNO Drawback Verde-Amarelo e Integrado Artigo 1º - Para efeito de comprovação da aquisição no mercado interno de mercadoria incorporada, empregada ou consumida em produto a ser exportado, vinculada ao Março de 2010 Trabalhos Técnicos
32 Regime de drawback verde-amarelo, ou integrado (conforme o caso), na modalidade suspensão, a Nota Fiscal de venda no mercado interno deverá conter, obrigatoriamente, as seguintes características: I - II - III - IV - a cláusula Saída com suspensão do IPI, da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, para estabelecimento habilitado ao regime aduaneiro especial de drawback verde-amarelo (ou integrado, conforme o caso) - Ato Concessório nº, de (data do deferimento). V - VI - ". (NR) ANEXO U Drawback Integrado Artigo 1º - A aquisição no mercado interno, ou a importação, de mercadoria para emprego ou consumo na industrialização ou elaboração de produto a ser exportado poderá ser realizada com suspensão do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, da Contribuição para o PIS/PASEP, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS, da Contribuição para o PIS/PASEP Importação e da COFINS-Importação. Parágrafo único. O disposto no caput abrange, inclusive, os insumos empregados no cultivo de produtos agrícolas, ou na criação de animais, sem prejuízo das vedações de que tratam os 1º e 2º do art. 17 da Medida Provisória nº 451, de 15 de dezembro de 2008. Artigo 2º - O regime de que trata o art. 1º, denominado drawback integrado: I - terá ato concessório expedido pelo DECEX; II - poderá ser concedido em conjunto com aquele previsto no inciso II do art. 78 do Decreto-lei nº 37, de 18 de novembro de 1966, e no 1º do art. 59 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, sob um mesmo ato concessório, respeitadas as regras específicas de cada regime. III - aplica-se às aquisições no mercado interno de forma combinada, ou não, com as importações; não sendo obrigatória a importação de mercadoria no presente regime." IV - observará o disposto neste Anexo e no Capítulo II desta Portaria. Trabalhos Técnicos Março de 2010
33 Artigo 3º - O ato concessório deverá ser solicitado por meio de requerimento específico no Sistema Integrado de Comércio Exterior - SISCOMEX, módulo Drawback web, disponível na página eletrônica www.desenvolvimento.gov.br. Artigo 4º - A empresa deverá preencher os campos correspondentes às mercadorias a serem importadas, adquiridas no mercado interno e exportadas, de forma independente, conforme estabelecido no módulo correspondente de Drawback do SISCOMEX. Artigo 5º - Além das informações exigidas para o regime, a empresa deverá indicar os dados que se seguem: I - o valor, em dólares norte-americanos, previsto com as aquisições no mercado interno; II - a descrição da mercadoria; III - o código da mercadoria em termos da NCM/TEC; e IV - a quantidade na unidade de medida estatística de cada mercadoria. Artigo 6º - Para efeito de aprovação do ato concessório, será levado em conta o resultado da operação, incluída a aquisição no mercado interno. Parágrafo único. O resultado da operação será estabelecido pelo somatório de duas parcelas, a saber: I - o resultado calculado na forma do 1º do art. 73; e II - o resultado obtido pela comparação do valor da aquisição no mercado interno, com suspensão de impostos, informado no Sistema em dólares norte-americanos, com o mesmo valor líquido das exportações calculado no 1º do art. 73". Artigo 7º - A empresa deverá incluir a(s) nota(s) fiscal(is) de compra no mercado interno na ficha "Cadastrar NF de compra no mercado interno" do comando "Item de compra Mercado Interno" do respectivo ato concessório no módulo correspondente do SISCOMEX Drawback, com as seguintes informações: nº da nota fiscal, data de emissão, CNPJ do emissor, quantidade e valor em real (o sistema incumbir-se-á de efetuar a conversão para dólares). Artigo 8º - O prazo de validade do drawback integrado será contado a partir da data do deferimento do respectivo ato concessório. Artigo 9º - Não poderão ser titulares de ato concessório de drawback integrado as empresas optantes do Simples Nacional, as tributadas com base no lucro presumido ou arbitrado e as sociedades cooperativas. Março de 2010 Trabalhos Técnicos
34 Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica às sociedades cooperativas de produção agropecuária. Artigo 10 - As operações indicadas nos artigos 90, 98 e 100 do Capítulo II da Portaria não se aplicam ao drawback integrado. Artigo 11 - A observância do disposto nos 1º e 2º do art. 17 da Medida Provisória nº 451, de 2008, e do art. 9º acima, é de exclusiva responsabilidade do beneficiário do ato concessório de drawback integrado, sendo que o deferimento pela SECEX não implica presunção da referida observância. Artigo 12 - O ato concessório do drawback integrado será específico, ficando vedada a transferência para outros atos concessórios e para outros regimes aduaneiros especiais, bem como a conversão de atos concessórios concedidos em qualquer tempo para o integrado. Artigo 13 - A mercadoria admitida no regime não poderá ser destinada à complementação de processo industrial de produto já amparado por regime de drawback concedido anteriormente. Trabalhos Técnicos Março de 2010