PRECIPITAÇÃO PLUVIAL MÉDIA MENSAL E ANUAL NAS REGIÕES POLÍTICO-ADMINISTRATIVAS DO BRASIL RESUMO ABSTRACT

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Transcrição:

NOTA TÉCNICA: PRECIPITAÇÃO PLUVIAL MÉDIA MENSAL E ANUAL NAS REGIÕES POLÍTICO-ADMINISTRATIVAS DO BRASIL Rafael Alvarenga Almeida 1, Silvio Bueno Pereira 2, Clívia Dias Coelho 3, Damásio Alexandre Nunes de Souza 4 RESUMO Conhecer a distribuição das chuvas ao longo do tempo é fator determinante para quantificar a disponibilidade de água. Com este trabalho, objetivou-se realizar a análise do comportamento da precipitação pluvial mensal nas cinco regiões político-administrativas do Brasil, e também fazer a comparação anual e mensal do comportamento das precipitações médias considerando dados obtidos das normais climatológicas (1961 a 1990) e de séries históricas de estações pluviométricas (1990 a 2012) para as capitais brasileiras. A partir desses dados, foram gerados gráficos de distribuição da precipitação média mensal. Com relação às variações obtidas para diferentes séries históricas e diferentes quantidades de anos analisados, obteve-se um comportamento semelhante quanto à forma da distribuição do regime pluviométrico ao longo do ano. Observou-se também que existe um comportamento diferente com relação à precipitação média mensal nas regiões político-administrativas do Brasil, sendo uma distribuição homogênea constante, referente à região Sul; um comportamento simétrico e unimodal, referentes às regiões Sudeste, Norte e Centro-oeste; e um comportamento simétrico bimodal, referente à região Nordeste. Palavras-Chave: capitais brasileiras, comportamento pluvial, chuvas. ABSTRACT AVERAGE MONTHLY AND ANNUAL RAINFALL IN THE POLITICAL-ADMINISTRATIVE REGIONS OF BRAZIL Knowing the distribution of rainfall over time is crucial to quantify the availability of water. This work sought to analyze the behavior of monthly rainfall in five political-administrative regions of Brazil, and compare the annual and monthly behavior of the average rainfall data considering the climatological normal (1961-1990) and historical series of rainfall seasons (1990-2012) for Brazilian capitals. From these data, graphs of average monthly precipitation distributions were generated. With respect to variations obtained for different time series and different numbers of years analyzed, a similar behavior was found to that obtained for distribution of rainfall throughout the year. It was also observed that there is a different behavior with respect to the average monthly rainfall in political-administrative regions of Brazil, where there is a constant homogeneous distribution in the southern region, a symmetric and unimodal behavior for the Southeast, North and Midwest regions, and a symmetrical bimodal behavior in the Northeast region. Keywords: Brazilian capitals, rainfall behavior, rain. Recebido para publicação em 08/09/2014. Aprovado em 06/02/2015. 1 - Eng. Agrícola Prof. Assistente ICET/UFVJM Campus do Mucuri Teófilo Otoni, MG. rafael.almeida@ufvjm.edu.br 2 - Eng. Agrônomo Prof. Adjunto DEA/UFV. silviopereira@ufv.br 3 - Eng. Ambiental Mestranda em Engenharia Agrícola DEA/UFV. clivia.coelho@gmail.com 4 - Graduando em Eng. Agrícola e Ambiental DEA/UFV. damasiosouza@msn.com 169

ALMEIDA, R. A.et al. INTRODUÇÃO O conhecimento de precipitações mensais é de extrema importância para o planejamento e gestão de recursos hídricos, visto que sempre se deve ter uma otimização do uso desses recursos, seja no caráter qualitativo ou mesmo no quantitativo. No Brasil, a grande maioria dos projetos de irrigação visa suprir a total necessidade hídrica da cultura, sem que se faça uso da provável precipitação para o período e região. Para o adequado planejamento da agricultura, no que diz respeito à racionalização dos recursos, é necessário o conhecimento das condições médias, a quantificação da variabilidade e da frequência de ocorrência de determinados níveis práticos das variáveis climáticas de interesse agrícola com base em uma série histórica de longo período (BERLATO, 1992). O regime hidrológico de uma região é determinado por seu clima e por suas características físicas, geológicas e topográficas. Dentre os fatores climáticos, a precipitação é o principal dado de entrada do balanço hídrico de uma região, sendo importante a caracterização de sua distribuição e intensidade. Conhecer essas características é fator determinante para quantificar a disponibilidade de água para irrigação, abastecimento doméstico e industrial, bem como para o controle de inundações e erosão do solo (TUCCI, 2002). Uma avaliação quantitativa de precipitação pluvial em nível regional é sempre importante em vários contextos, como exemplo o planejamento das atividades agrícolas, produção das culturas, gestão e manejo dos recursos hídricos, avaliações ambientais, dentre outras. Normalmente, dados de precipitação pluvial estão disponíveis em diversas estações meteorológicas; entretanto, para que se possa ter uma estimativa precisa da distribuição espacial de precipitação, são necessárias informações provenientes de uma grande rede de instrumentos instalados, o que demanda altos custos de instalação e operação. A quantidade de chuva é expressa pela altura de água precipitada sobre uma superfície e as medidas desse fenômeno podem ser feitas em pontos de interesse previamente escolhidos por intermédio de pluviômetros ou pluviógrafos, sendo o primeiro apenas recipientes de armazenamento e o segundo aparelhos de registro das alturas precipitadas ao longo do tempo (VILLELA et al., 1975). Segundo Lanna (1997), o comportamento das chuvas, tido como uma importante variável hidrológica, apresenta-se de forma a variar de acordo com o tempo e o espaço, portanto é necessário que se façam análises distintas, para que estas tenham validade. De acordo com Meis et al. (1981), duas características importantes são ressaltadas em uma análise histórica de chuvas: a variabilidade e a recorrência. Desta maneira, esses dois elementos da análise configuram uma relação inversamente proporcional. Assim, uma nova tendência observada irá contribuir para aumentar a variação dos valores médios no decorrer do tempo, pois significaria caminhar para algo diferente do anterior, tornando as previsões mais difíceis. Os valores médios que caracterizam o clima de um dado local dependem do intervalo de tempo utilizado e não apresentam os mesmos resultados quando se compara um ano com um decênio, ou com um século. Por outro lado, é importante dispor de séries longas de dados para se estudar as variações e as tendências do clima. A Organização Meteorológica Mundial (OMM) define como normais climatológicas os apuramentos estatísticos em períodos de 30 anos, que começam no primeiro ano de cada década (1901-30, 1931-1960,..., 1961-1990...) e padrões climatológicos normais como médias de dados climatológicos calculadas para períodos consecutivos de 30 anos (IPMA, 2012). Desta forma, os objetivos deste trabalho, foram: i) a comparação, com relação ao comportamento da precipitação média mensal entre as regiões político administrativas para o período de 1940 a 2012; e ii) a comparação da variação da precipitação média mensal das capitais dos estados brasileiros, no período de 1990 a 2012, em relação as normais climatológicas, referentes ao período de 1961 a 1990. MATERIAL E MÉTODOS Para a análise do comportamento da precipitação nas regiões brasileiras, foram utilizados dados advindos de séries históricas completas (1940-2012) de precipitação total mensal para cada capital, obtidas do Sistema de Informações Hidrológicas da 170

PRECIPITAÇÃO PLUVIAL MÉDIA MENSAL E ANUAL NAS REGIÕES POLÍTICO-ADMINISTRATIVAS DO BRASIL Agência Nacional de Águas (ANA, 2012). Após a aquisição dos dados, foram calculadas a média das regiões políticos-administrativas brasileiras, por meio das médias de suas respectivas capitais. Todos dados de precipitação mensal foram organizados em uma planilha eletrônica para obtenção das médias mensais de precipitação. Visando a comparação da variação da precipitação média mensal nas capitais, foram adquiridos dados das normais climatológicas e das estações da ANA. Posteriormente, estes foram organizados em diferentes grupos: i) Normais climatológicas, ii) Estações da ANA (Período de 1940 a 2012), e iii) Estações da ANA (Período de 1990 a 2012). A partir dos dados obtidos e das Normais Climatológicas, foram apresentadas as distribuições da precipitação média mensal para cada capital do Brasil de acordo com os diferentes períodos. Foi determinado, também, a média das regiões político administrativas do Brasil, para a série completa. Para a análise da variação da precipitação das capitais brasileiras utilizou-se uma comparação das precipitações médias mensais observadas com as precipitações advindas das normais climatológicas, de acordo com a Equação 1. P em que, Po Pnc Pnc (1) VP = Variação da precipitação mensal (%); Po = Precipitação mensal média observada (mm) no período de 1990 a 2012; e Pnc = Precipitação mensal advinda das normais climatológicas (mm). RESULTADOS E DISCUSSÃO Pela análise das Figuras 1 e 2, observou-se um comportamento diferente associado a cada região, tal que a região Sul apresenta um comportamento de valores constantes, sem a definição de períodos secos e chuvosos ao longo dos meses, tendência essa que se é esperada, devido à proximidade às regiões de clima temperado. Figura 1. Precipitação pluvial média mensal em diferentes capitais do Brasil para a série completa (1940-2012). 171

ALMEIDA, R. A.et al. Figura 2. Precipitação média mensal nas regiões político administrativas, obtida das estações da ANA, considerando o período de 1940 a 2012. No Sudeste o comportamento pluvial apresenta uma distribuição simétrica unimodal, caracterizada por uma variação no regime pluvial ao longo do ano, sendo chuvosos no verão e seco no inverno. Na região Centro-Oeste, de modo geral, o comportamento foi semelhante ao da região Sudeste, porém com menor amplitude de variação dos valores. Logo, a diferença de precipitação média nos meses de verão e inverno foi menor. De modo semelhante, na região Norte, evidencia-se também uma distribuição simétrica e unimodal, com comportamento contrário ao da região Nordeste; ou seja, há uma diferenciação das precipitações médias mensais ao longo do ano, com maior precipitação no período de inverno e um verão mais seco. De forma contrária comporta-se a região Nordeste, que obteve uma menor amplitude de variação dos valores de precipitação média mensal ao longo do ano. Apresenta um inverno mais úmido do que o verão, porém, quando comparado ao inverno da região Norte, constata-se uma menor precipitação média mensal. Nas Figuras 3 e 4 apresentam a precipitação média mensal segundo as normais climatológicas (período de 1961 a 1990) e estações da ANA (período de 1990 a 2012). É possível constatar uma mesma tendência das precipitações médias, não identificando uma mudança gráfica evidente, fato que confirma uma estacionaridade das séries históricas. No Quadro 1 são apresentados os valores de variação da precipitação pluvial mensal (VP), considerando o período de 1990 a 2012 e das precipitações advindas das normais climatológicas, período de 1961 a 1990. Analisando os resultados obtidos da observação do comportamento anual da precipitação média mensal, observou-se que apenas Rio Grande do Norte apresentou uma variação anual superior a 30%, fato esse que pode estar associado a uma manutenção do comportamento. A capital do Rio de Janeiro apresentou uma variação negativa (-23,0%), caracterizando um menor índice pluviométrico para o período mais atual (1990 a 2012) em relação à normal climatológica (1961 a 1990). 172

PRECIPITAÇÃO PLUVIAL MÉDIA MENSAL E ANUAL NAS REGIÕES POLÍTICO-ADMINISTRATIVAS DO BRASIL Figura 3. Precipitação média mensal nas capitais do Brasil obtida pelas Normais Climatológicas (período de 1961 a 1990). Figura 4. Precipitação média mensal nas capitais brasileiras, obtida das estações da ANA, considerando o período de 1990 a 2012. 173

ALMEIDA, R. A.et al. Quadro 1. Variação percentual da precipitação total mensal e anual nas capitais brasileiras, representada pela sua UF, considerando os períodos de 1961 a 1990 (Normais Climatológicas) e de 1990 a 2012 (série histórica das estações pluviométricas da ANA) Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Anual BA -30,0-11,0-0,6-10,0-9,2-2,6-1,0-1,5-9,0-21,0-4,8-58,0-11,0 PI -18,0-9,7 2,0 0,2 23,3-37,8-9,6-19,0-26,0 60,1-23,0-21,0-5,9 MA -11,0-22,0 6,6-6,1-8,5 6,4-14,0-12,0-78,0-69,0-6,7-42,0-9,1 CE 33,6-19,0 3,5 23,8 13,8-5,8-26,0-17,0-28,0-33,0-20,0-37,0 3,5 RN 49,5-14,0 5,4 19,5 33,3 109,6 54,6 65,7-11,0 5,6 49,5-26,0 35,2 PB 3,1-21,0-22,0-14,0-9,2-13,3 2,3-23,0 81,1-44,0-44,0-16,0-12,0 PE 5,2-4,3-28,0-16,0-2,1 4,0-16,0 1,3-22,0-23,0-13,0-18,0-9,6 AL 23,6-28,0-44,0-33,0-17,0 13,7-18,0 12,7-15,0-13,0-2,1-49,0-15,0 SE -13,0-6,3-55,0-35,0-11,0-6,0-27,0 5,5-33,0-16,0-2,1-53,0-22,0 SP 8,4 6,0 30,3 1,0-23,0-17,0-16,0-14,0 6,8 14,0-18,0-6,9 1,8 MG 31,7 7,8 8,5 50,2 20,9-42,3-61,0 20,8 58,4-20,0 14,2 24,0 17,1 ES -1,1-4,1 34,3 48,6-9,9-5,8-18,0-8,6-11,0-6,3 29,2-2,2 5,9 RJ -49,0-15,0-30,0-29,0-20,0-60,0 1,1 46,5-46,0-71,0 37,1-14,0-23,0 MS -19,0 2,0 1,1-1,4-12,0 9,4-34,0-6,1 14,6 2,4 32,8-22,0-4,7 MT -3,2 12,4 13,6 3,7-17,0 90,0-6,1 60,0 4,9 4,1-2,6-2,8 4,2 GO -7,2 12,2 29,5 0,5-20,0 8,4-80,0-4,4 6,9-8,1 1,6 6,2 4,2 DF -17,0-16,0 13,2 14,0-37,0-61,3-86,0 64,4-22,0-11,0 3,3-0,7-5,2 RO -13,0 9,3-17,0 1,9-14,0-0,8 2,5-74,0 5,5-6,0-0,9-13,0-12,0 RR 50,4 77,6-28,0 44,8 30,8 7,0 31,8 18,9-19,0-15,0-3,0 87,9 18,1 AC -2,2 4,5 20,8 11,3-11,0-7,2-29,0 40,2-3,2-19,0-5,7-3,8 0,3 AP -4,4 3,3 0,0-7,4-14,0 16,2 0,2-6,1-44,0-9,2 5,5-0,5-2,7 AM 16,7-3,9-4,6 13,6-5,6-4,4-28,0 22,0-8,8-31,0-15,0-0,6-2,1 PA 0,9-3,7-0,6 18,3-7,2 9,3-14,0 7,1-34,0-5,2 38,5 1,1 0,7 TO 18,0-5,2 2,3 2,2 45,2-88,2-95,0-70,0 0,1-19,0 10,8 30,3 5,9 RS 14,7 3,5-6,8 21,4 21,6 0,8 26,4-11,0-3,4 18,6-1,1 9,4 6,8 SC 49,8-0,6-5,0 16,9 23,3-6,4 5,3 1,9 19,7 23,4 22,2 10,0 14,0 PR 37,7 20,6 21,9-12,0-11,0-17,2 26,2 5,0 31,8 9,1-3,7-4,2 10,3 174

PRECIPITAÇÃO PLUVIAL MÉDIA MENSAL E ANUAL NAS REGIÕES POLÍTICO-ADMINISTRATIVAS DO BRASIL Em uma análise mensal, setembro foi o mês que apresentou maior número de variações, superiores a 30% (identificado em oito capitais). O maior valor encontrado de variação percentual mensal foi da ordem de 110%, verificada em junho na capital do Estado do Rio Grande do Norte. Belém (PA) e Rio Branco (AC), embora apresentem uma variação anual inferior a 1%, em uma análise mensal, a variação atingiu valores da ordem de 40%, ocorrido em novembro e agosto, respectivamente. CONCLUSÕES Com relação às variações obtidas para diferentes séries históricas e diferentes quantidades de anos analisados, obteve-se um comportamento semelhante quanto à forma da distribuição do regime pluviométrico ao longo do ano; Observou-se que existe um comportamento diferente com relação à precipitação média mensal nas regiões político administrativas do Brasil; Não foram identificadas grandes variações da precipitação total anual em relação aos dois períodos analisados; Quanto à variação da precipitação pluvial total mensal, houve grande variação em algumas regiões. Sistema de informações hidrológicas. http:// hidroweb.ana.gov.br. 15 nov. 2012. BERLATO, M.A. As condições de precipitação pluvial no Estado do Rio Grande do Sul e os impactos das estiagens na produção agrícola. In: Bergamaschi, H. Agrometeorologia aplicada à irrigação. Porto Alegre: Ed. Universitária UFRGS, 1992. cap.1, p.11-24. ISTITUTO PORTUGUÊS DO MAR E DA ATMOSFERA (IPMA). Normais Climatológicas. Instituto Português do Mar e da Atmosfera, 2012. Disponível em: <https://www.ipma.pt/pt/oclima/ normais.clima/>. Acesso em: 21 Maio 2013. LANNA, A.E. Elementos de Estatística e Probabilidades. In: TUCCI, C.E.M. Hidrologia: ciência e aplicação. Porto Alegre: Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, p.79-176. 1997. MEIS, M.R.M.; COELHO NETTO, A.L.; OLIVEIRA, P.T.T.M. Ritmo e variabilidade das precipitações no vale do rio Paraíba do Sul: o caso de Resende. R. Hidrol. Rec. Hídricos,v.3, n.1,, p.43-51, 1981. TUCCI, C.E.M. Hidrologia: Ciência e Aplicação. 3. ed., Porto Alegre: Editora da UFRGS, v.4, 2002. 943p. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANA Agência Nacional das Águas. Hidroweb: VILLELA, S.M.; MATTOS, A. Hidrologia Aplicada. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1975. 245p. 175