UBERLÂNDIA: o impacto das trocas migratórias com as demais microrregiões de Minas Gerais sobre o tamanho da população residente

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Transcrição:

BERTOLUCCI JR, Luiz. Uberlândia: O impacto das trocas migratórias com as demais microrregiões de Minas Gerais sobre o tamanho da população residente. Anais do V Congresso de Ciências Humanas, Letras e Artes e V Mostra de Artes das Universidades Federais de Minas Gerais. Ouro Preto, agosto de 2001. UBERLÂNDIA: o impacto das trocas migratórias com as demais microrregiões de Minas Gerais sobre o tamanho da população residente Luiz Bertolucci Júnior ** A mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (MTMAP), região definida por 61 municípios e sete microrregiões (IBGE,1991), tem sido lembrada pelo importante papel que cumpre no desenvolvimento econômico e social de Minas Gerais, estado em que está inserida, e do País como um todo. Indicadores sócio-econômicos mostram que a MTMAP tem apresentado bom desempenho: Produto Interno Bruto (PIB) com taxas de crescimento acima da média do estado; Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e de Condições de Vida (ICV) comparados aos do estado de São Paulo (melhores índices no Brasil); Crescimento populacional com taxas acima do crescimento estadual e do País como um todo, entre outros (FJP,1997 e Bertolucci,2001). No interior da MTMAP, destaca-se a microrregião de Uberlândia (MCUdi), a mais populosa da região, composta por nove municípios (Tabela 1), e que conta com o dinâmico município de Uberlândia, tanto em termos econômicos quanto demográficos, que mantêm expressiva área de influência regional para além dos espaços definidos para a MCUdi e para a MTMAP, como um todo, irradiando-se para municípios ao sul de Goiás e Mato Grosso (IPEA/IBGE/NESUR (1999) e Bertolucci et al, 2001). Portanto, a dinâmica sócio-econômica vivida pela MTMAP, como um todo, e pela MCUdi, nas décadas de 70 e 80, gerou estudos que tentam explicar o processo de mudança sócio-econômica regional (Sampaio, 1985 e Brandão, 1989). No entanto, na perspectiva demográfica, justifica-se destacar como se deu a distribuição espacial da população migrante vinda de outras regiões mineiras, no interior da MTMAP, ao nível mais desagregado de microrregião, assim como o volume da imigração e emigração. A maioria dos estudos recentes considera a migração interna a partir da unidade de análise mais agregada, a unidade da Federação, enquanto outros se detêm nos limites das mesorregiões (MS), sem buscar maior nível de desagregação, as MC, por exemplo, deixando de explicitar o volume e a direção dos fluxos migratórios inter e intra-regionais. Além disso, sabe-se pouco sobre o impacto da migração intramesorregional e dos movimentos intermesorregionais, no interior de Minas, sobre a população residente da MCUdi e da MTMAP, como um todo, motivando através deste estudo, a busca do conhecimento desta dinâmica migratória, nos quinqüênios 75/80 e 86/91. ** Economista do Cepes/IE/UFU e mestre em Demografia pelo Cedeplar/Face/UFMG. 1

BREVE CARACTERIZAÇÃO A Mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba - MTMAP, pertencente ao Estado de Minas Gerais, conta com excelente localização geográfica, no interior do Brasil. Centralizada em relação à área de maior expansão econômico-financeira do País, o Estado de São Paulo, e os Estados de Goiás e Mato Grosso do Sul, com economias agro-industriais em expansão, bem como em relação ao centro político, o Distrito Federal, sua localização representa importante fator logístico de desenvolvimento. A performance econômica de cada uma das microrregiões (MC) componentes da MTMAP é bastante diferenciada. Destaca-se, entre elas, o melhor desempenho da MCUdi(18) que historicamente baseou-se na pecuária, considerada como importante área agropastoril do estado, a economia diversificou-se em direção à agroindústria, ao intenso comércio inter-regional atacadista, principalmente do principal centro urbano, a cidade de Uberlândia, mostrando forte integração com Goiás e São Paulo. Por sua dinâmica de crescimento, a MCUdia foi considerada como Aglomeração Industrial Relevante, principalmente pelo forte peso dos ramos do fumo e alimentício no setor industrial (IPEA/IBGE/NESUR, 1999) Figueiredo (1998) mostrou que as principais cidades do Triângulo Mineiro, que polarizam o desenvolvimento regional, estão inseridas em MC de crescimento acelerado do ponto de vista industrial. Para a autora, municípios como Uberlândia, Uberaba e Araguari, possuidores de diversos setores com vantagem competitiva, significam alternativas locacionais à região de Belo Horizonte. Importante destacar o papel da farta malha viária da região que aproximou os mercados consumidores e configurou a MCUdi como uma das áreas mais promissoras de Minas Gerais. Pelo lado demográfico, a MTMAP tem experimentado intensos movimentos migratórios, com trocas populacionais entre os seus municípios e outras regiões, intercâmbios estes gerados por sua dinâmica sócio-econômica e pelo padrão migratório nacional mais recente, caracterizado pelos significativos contingentes de migrantes que se dirigem para as cidades de médio porte e pelo intenso movimento migratório de retorno para Minas Gerais (Carvalho et al, 1998). Neste sentido, o padrão de crescimento populacional, experimentado pelo Brasil, a partir da década de 80 (Brito, 1997), quando os fluxos migratórios se direcionaram, com certa intensidade, para as cidades médias, certamente permeou as trocas migratórias entre as MC da MTMAP, e destas para com o restante de MG. Com taxas superiores às experimentadas pelo Estado de Minas Gerais e inferiores às taxas de crescimento da população total do Brasil (Tabela 1), a MS apresenta grande disparidade quando analisada ao nível mais desagregado: MC e municípios. A população residente 1 de cada uma das MC, componentes da MTMAP, apresentou taxas de crescimento bastante diferenciadas, refletindo a dinâmica gerada por seus municípios pólos. A MCUdi foi a que mais cresceu, entre 70 e 96, ainda que com taxas declinantes, saindo de cerca de 4%aa, nos anos 70, para um crescimento médio anual, em torno de 2%aa, no período 1991/96, seguida pelas MC de Uberaba, Patrocínio e Patos de Minas. O crescimento diferenciado da população de cada MC mostrou, desde os anos 70, intensa concentração dos residentes no meio urbano. O processo de urbanização que ocorreu 1 População constituída por moradores habituais do domicílio, ou seja, pessoas que tinham o domicílio como local de residência habitual, quer estivessem presentes ou ausentes na data de referência do Censo e que a ausência não fosse superior a 12 meses (ver Sinopse do Censo Demográfico, IBGE, 1991). 2

no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba refletiu o que ocorreu no Brasil como um todo. Nos anos 70, em torno de 60% da população da MTMAP estavam no meio urbano, percentual bastante diferente quando se olha por MC: Frutal, por exemplo, mais de 60% da população estavam no meio rural, seguida por percentuais entre 40 e 50% de urbanização das MC de Patos de Minas e Patrocínio. A MCUdi já apresentava um grau de urbanização bastante acentuado, superando a casa dos 70% de população nas cidades, desde os 70 (Bertolucci, 2001). TABELA 1 População Residente e Taxa Média Geométrica de Crescimento Anual (%) por Microrregiões, municípios da MCUdi e Total - 1970 / 1996 MICRO MUNICÍPIO População População População População T.C. % T.C. % T.C. % REGIÃO 1970 1980 1991 1996 70 / 80 80 / 91 91 / 96 17 MICRO DE ITUIUTABA 127.018 120.313 130.266 132.966-0,54 0,73 0,41 18 Araguari 64.190 83.519 91.283 95.311 2,67 0,81 0,87 18 Canápolis 9.858 7.084 16.278 10.509-3,25 7,86-8,38 18 Cascalho Rico 3.413 2.447 2.629 2.261-3,27 0,65-2,97 18 Centralina 8.354 11.229 13.820 10.303 3,00 1,91-5,70 18 Indianópolis 3.919 3.678 4.861 5.525-0,63 2,57 2,59 18 Monte Alegre de Minas 14.859 15.110 17.919 18.347 0,17 1,56 0,47 18 Prata 18.700 19.559 24.638 20.783 0,45 2,12-3,35 18 Tupaciguara 25.887 25.241 26.527 26.290-0,25 0,45-0,18 18 Uberlândia 126.112 240.967 367.062 438.540 6,69 3,90 3,62 18 MICRO DE UBERLÂNDIA 275.292 408.834 565.017 627.869 4,03 2,99 2,13 19 MICRO DE PATROCÌNIO 116.286 126.293 155.905 172.510 0,83 1,93 2,04 20 MICRO DE PATOS DE MINAS 182.043 182.865 199.527 215.673 0,05 0,80 1,57 21 MICRO DE FRUTAL 136.507 140.331 144.634 149.280 0,28 0,27 0,63 22 MICRO DE UBERABA 159.343 230.343 242.194 269.019 3,75 0,46 2,12 23 MICRO DE ARAXÀ 117.438 128.316 158.275 166.397 0,89 1,93 1,01 MTMAP Minas Gerais Brasil 1.113.927 1.337.295 1.595.817 1.733.714 1,84 1,62 1,67 11.487.415 13.378.553 15.743.152 16.672.613 1,54 1,49 1,15 93.139.037 119.002.706 146.825.475 157.070.163 2,48 1,93 1,36 Fonte: IBGE - Censos Demográficos de 1970, 1980 e 1991 e Contagem da População de 1996 (microdados) IBGE - Anuário Estatístico do Brasil - 1998 Obs: A População do Município de Tupaciguara inclui a população do Município de Araporã, criado a partir de 1992 Em 1991, confirmando-se em seguida com a Contagem Populacional de 1996, o grau de urbanização da MTMAP acentua-se quase 90%, sendo que todas as MC concentraram acima de 70% de população no meio Urbano, enquanto a MCUdi superou os 90%. Essa acentuada urbanização foi gerada a partir de três fatores básicos: o crescimento vegetativo nas áreas urbanas, a migração intra-regional e a migração inter-regional de sentido predominantemente urbano, qualquer que tenha sido a origem (rural ou urbana). Além disso, ocorreu forte aumento da capacidade de absorção migratória do Triângulo Mineiro, desde a década de 70, principalmente de sua MC mais dinâmica (Carvalho et al, 1998). Emergem, portanto, algumas questões sobre a participação dos movimentos migratórios no tamanho da população da MCUdi: Sendo a MC mais dinâmica, em termos sócio-econômicos, estaria atraindo expressivos contingentes populacionais de outras MC componentes da MTMAP ou o volume maior de migrantes teria origem nas demais MC de Minas Gerais? Quais seriam as MC mineiras com maior interação migratória em relação à MCUdi? As diferenças migratórias representariam importantes proporções da população residente da MCUdi por ocasião das pesquisas censitárias? 3

MIGRAÇÃO: ASPECTOS CONCEITUAIS E METODOLÓGICOS Os conceitos desenvolvidos no Manual VI das Nações Unidas (United Nations, 1970) são apropriados para este trabalho, voltado à análise da migração interna, ou seja, os movimentos migratórios de outras regiões mineiras para a Mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba MTMAP de maneira geral, e vice-versa, assim como aqueles entre subáreas da MTMAP, com foco na MCUdi. O conceito de migração refere-se às mudanças permanentes de residência entre as unidades espaciais predefinidas, excluindo-se os movimentos sazonais e temporários. A migração inter-regional considera as mudanças de residência entre a MCUdi e o restante do Estado de Minas Gerais. Já o migrante é a pessoa que mudou de local de residência habitual de uma área definidora da migração para uma outra, pelo menos uma vez durante o intervalo de migração considerado, sendo recenseada nesta nova área. Definido um intervalo de tempo, neste trabalho, os quinqüênios 1975/80 e 1986/91, migrante de última etapa (ue) é aquele que, dentro do período analisado, residiu em outra região, independentemente do local de residência no início do período, que pode ter sido, inclusive, o mesmo de residência ao final do período. Portanto, a origem do migrante de última etapa é o local de residência imediatamente anterior ao local de destino onde foi recenseado. Usualmente, a informação de última etapa migratória está associada à informação do tempo de residência no município de residência atual (Carvalho 1985, Carvalho e Rigotti, 1998). A diferença migratória (DM) de um período é obtida através do número de imigrantes e o número de emigrantes de última etapa, ou seja, os migrantes do período que residem na unidade geográfica de análise (imigrantes) menos aqueles que tinham esta mesma unidade, dentro do período, como local de residência imediatamente anterior (emigrantes). Como aqui se trabalhou com migrantes de última etapa, tomam-se as diferenças entre imigrantes e emigrantes como proxy dos saldos migratórios 2 (SM), supondo-se ser o SM com o exterior nulo. Por outro lado, pode-se considerar o quociente entre a DM e a população observada (PO) no final do período, como proxy da taxa líquida de migração relacionada à essa população (TLM o ). Ou seja: TLM O = SM DM PO PO Neste estudo, tanto nas DM, quanto na análise do impacto demográfico da migração, não se está levando em conta o efeito indireto, que se refere às crianças que nasceram, no destino, após a migração dos pais. As fontes de dados utilizadas na mensuração direta do número de migrantes foram os Censos Demográficos de 1980 e 1991 (IBGE, 1980 e 1991). Para as medidas diretas, geraram-se tabulações especiais a partir dos microdados censitários integrantes do banco de 2 O saldo migratório difere-se conceitualmente da diferença migratória, visto que aquele é dado pela diferença entre os que não residiam na região em estudo no início do período, porém lá residiam no final do período (imigrantes data fixa), e os lá estavam residindo, no início do período, porém não no final do período (emigrantes data fixa), gerando o resultado líquido entre as trocas migratórias de data fixa (Carvalho e Rigotti, 1998). 4

dados do Cedeplar/UFMG, utilizando-se dos recursos computacionais disponíveis na rede desse centro, quando da realização da dissertação de Mestrado (Bertolucci, 2001). Em tese, se poderia, também, incluir na análise os quinqüênios 70/75 e 81/86. No entanto, como a informação é obtida nos censos, no caso, em 1980 e 1991, os migrantes daqueles quinqüênios teriam tempo de residência de 5 a 9 anos, o que levaria a forte subestimação de seu quantitativo, devido a mortalidade e à reemigração. Idealmente, para se analisar o impacto dos fluxos migratórios sobre o crescimento populacional de uma região, se deveria trabalhar com migrantes dentro do conceito de data fixa, e não de última etapa, pois, neste último caso, a diferença entre imigrantes e emigrantes (DM) não corresponderia exatamente ao saldo migratório (SM). No entanto, como no Censo de 1980 só há quesitos referentes à última etapa migratória, para se poder comparar os quinqüênios 75/80 e 86/91 teve-se que adotar as DM como proxy dos SM. Felizmente, no caso da MTMAP, como um todo, pelo menos no quinqüênio 86/91, houve grande aproximação entre os valores de DM e SM (Rigotti, 1999 e Bertolucci, 2001). TROCAS MIGRATÓRIAS INTRAMESORREGIONAIS Os dados censitários referentes ao tempo de residência no município (u.e.), dos censos de 1980 e 1991, indicam que cerca de 54.351 pessoas fizeram movimento intramesorregional, no q.75/80, deslocando-se entre as MC, enquanto, no q.86/91, esse número foi menor, cerca de 42.173 pessoas mudaram de MC, dentro da MTMAP. Essa queda de 22% no número total de migrantes intramesorregionais refletiu-se de maneira diferente no total de migrantes para cada MC (Tabelas 2 e 3). Ocorreu expressivo fluxo de migrantes em direção a MCUdi que, no q.75/80, recebeu sozinha aproximadamente 50% (26 mil) dos migrantes intramesorregionais contra 12% (6,7 mil) que saíram de seus municípios em direção às demais MC. Os demais migrantes se distribuíram entre as outras seis MC. Nota-se, também, que o grande movimento foi no sentido urbano-urbano, seguido pelo movimento rural-urbano. A partir das MC Uberlândia e Uberaba ocorreram a maioria dos movimentos no sentido urbano-rural, movimento este resultante do elevado grau de urbanização dessas MC, principalmente dos municípios-pólos, Uberlândia e Uberaba. O impacto das trocas migratórias intramesorregionais, na população residente de cada MC, por ocasião dos censos, pode ser avaliado nas Tabelas 2 e 3, para os quinqüênios em estudo, a partir da proporção de imigrantes ou emigrantes sobre a população residente. Quanto à proporção de migrantes, do q.75/80, nota-se, na Tabela 2, que a MCUdi teria sido beneficiada, no seu crescimento populacional, pelas trocas intramesorregionais. Cerca de 6,4% de sua população, em 1980, seriam explicados pela imigração interna à MTMAP, no q. 75/80. Pelo lado da emigração, essa MC contou com a menor proporção emigrantes/população residente em 1980, com relação ao quinqüênio 1975/80. A população da MCUdi, em 1980, seria em torno de 1,6% maior, não fossem os movimentos migratórios, no interior da MTMAP, no q. 75/80, enquanto a população da MC de Uberaba seria 2,4% maior. As demais MC, da MTMAP, contaram com proporções de emigrantes/população residente bem superiores à experimentada pela MCUdi. Levando-se em conta os setores domiciliares, rural e urbano, nota-se que a proporção de migrantes sobre a população residente, pelo lado da imigração, foi maior para o setor urbano da MCUdi. A população urbana, recenseada em 1980, seria aproximadamente 6,6% 5

menor, não fosse a imigração intramesorregional, no q.75/80, enquanto a rural, teve um crescimento justificado em 5,4%. Para a MTMAP, como um todo, as contribuições foram de 4,5%, no meio urbano e 2,7% no rural. Já a Tabela 3 mostra que a proporção de migrantes intramesorregionais, q. 86/91, em relação à população residente, em 1991, para a MTMAP como um todo, ficou em cerca de 2,6%, bem abaixo dos 4,1% proporcionais, de 1980, referente aos migrantes do q. 75/80 (Tabela 2). TABELA 2 Trocas migratórias entre as Microrregiões, por situação de domicílio na origem e destino - 1975/1980 Microrregião e situação de domicílio anterior Microrregião e situação de domicílio atual Demais microrregiões da MTMAP Rural Urbana Total Rural Uberlândia Urbana Migrantes intramesorregionais Proporção de emigrantes sobre população residente da MC em 1980 (%) Ituiutaba Rural 528 277 805 688 2.164 2.852 1.216 2.441 3.657 13,3 Urbana 279 1.457 1.736 414 6.962 7.376 693 8.419 9.112 9,8 Total 807 1.734 2.541 1.102 9.126 10.228 1.909 10.860 12.769 10,6 Uberlândia Rural 977 1.247 2.224 - - - 977 1.247 2.224 4,2 Urbana 392 4.050 4.442 - - - 392 4.050 4.442 1,2 Total 1.369 5.297 6.666 - - - 1.369 5.297 6.666 1,6 Patrocínio Rural 456 736 1.192 312 1.924 2.236 768 2.660 3.428 7,6 Urbana 55 1.008 1.063 92 3.586 3.678 147 4.594 4.741 5,8 Total 511 1.744 2.255 404 5.510 5.914 915 7.254 8.169 6,5 Patos de Minas Rural 841 1.702 2.543 119 854 973 960 2.556 3.516 5,1 Urbana 206 2.038 2.244 37 1.658 1.695 243 3.696 3.939 3,5 Total 1.047 3.740 4.787 156 2.512 2.668 1.203 6.252 7.455 4,1 Frutal Rural 469 1.545 2.014 139 494 633 608 2.039 2.647 4,3 Urbana 173 1.690 1.863 590 1.840 2.430 763 3.530 4.293 5,5 Total 642 3.235 3.877 729 2.334 3.063 1.371 5.569 6.940 4,9 Uberaba Rural 378 429 807 119 240 359 497 669 1.166 3,8 Urbana 398 1.953 2.351 78 1.827 1.905 476 3.780 4.256 2,1 Total 776 2.382 3.158 197 2.067 2.264 973 4.449 5.422 2,4 Araxá Rural 583 1.915 2.498 234 504 738 817 2.419 3.236 9,9 Urbana 96 2.260 2.356 71 1.267 1.338 167 3.527 3.694 3,9 Total 679 4.175 4.854 305 1.771 2.076 984 5.946 6.930 5,4 Total Migrantes Rural 4.232 7.851 12.083 1.611 6.180 7.791 5.843 14.031 19.874 6,2 Intramesorregionais Urbana 1.599 14.456 16.055 1.282 17.140 18.422 2.881 31.596 34.477 3,4 Total 5.831 22.307 28.138 2.893 23.320 26.213 8.724 45.627 54.351 Proporção de Imigrantes sobre população residente da MC em 1980 (%) Fonte: IBGE - Censo Demográfico de 1980 (microdados) 5,4 6,6 6,4 2,7 4,5 4,1 6

TABELA 3 Trocas migratórias entre as Microrregiões, por situação de domicílio na origem e destino - 1986/1991 Microrregião e situação de domicílio anterior Microrregião e situação de domicílio atual Demais microrregiões da MTMAP Rural Urbana Total Rural Uberlândia Urbana Migrantes intramesorregionais Proporção de emigrantes sobre população residente da MC em 1991 (%) Ituiutaba Rural 251 144 394 570 447 1.017 821 591 1.411 7,5 Urbana 304 1.071 1.375 440 4.627 5.068 744 5.699 6.443 5,8 Total 555 1.215 1.770 1.010 5.074 6.084 1.565 6.289 7.854 6,0 Uberlândia Rural 584 601 1.185 - - - 584 601 1.185 2,2 Urbana 1.310 6.447 7.757 - - - 1.310 6.447 7.757 1,5 Total 1.894 7.048 8.942 - - - 1.894 7.048 8.942 1,6 Patrocínio Rural 343 385 728 154 396 550 497 781 1.278 3,1 Urbana 272 1.011 1.283 125 1.958 2.083 398 2.969 3.366 2,9 Total 616 1.396 2.011 279 2.354 2.633 895 3.750 4.645 3,0 Patos de Minas Rural 553 821 1.374 218 454 672 771 1.275 2.046 4,2 Urbana 290 2.063 2.354 57 2.112 2.169 347 4.175 4.522 3,0 Total 843 2.885 3.728 275 2.566 2.841 1.118 5.451 6.569 3,3 Frutal Rural 255 600 855 165 164 328 420 763 1.183 2,8 Urbana 189 1.253 1.442 90 850 940 280 2.102 2.382 2,3 Total 445 1.852 2.297 255 1.013 1.268 700 2.866 3.565 2,5 Uberaba Rural 260 428 688 132 215 348 392 644 1.036 5,0 Urbana 349 2.690 3.038 138 1.453 1.591 487 4.143 4.629 2,1 Total 608 3.118 3.726 270 1.668 1.939 879 4.786 5.665 2,3 Araxá Rural 270 714 985 92 137 229 362 852 1.214 3,9 Urbana 175 1.848 2.023 52 1.645 1.697 227 3.493 3.720 2,9 Total 445 2.562 3.008 144 1.782 1.926 589 4.345 4.934 3,1 Total Migrantes Rural 2.517 3.693 6.210 1.330 1.814 3.144 3.847 5.507 9.354 3,6 Intramesorregionais Urbana 2.889 16.383 19.272 903 12.645 13.548 3.792 29.028 32.820 2,5 Total 5.406 20.076 25.482 2.233 14.458 16.692 7.639 34.535 42.173 Proporção de Imigrantes sobre população residente da MC em 1991 (%) Fonte: IBGE - Censo Demográfico de 1991 (microdados) 4,1 2,8 3,0 3,0 2,6 2,6 Esta diminuição no número de migrantes intramesorregionais, no q. 86/91, em relação ao q. 75/80, refletiu, em menores proporções, entre migrantes e população residente, de cada MC. No caso da MCUdi, a população residente total seria 3% menor não fossem os imigrantes intramesorregionais, do q.86/91, e 1,6% maior não fossem os emigrantes intramesorregionais. A proporção de imigrantes e emigrantes quinqüenais foi maior para o setor rural, em boa parte explicada pelo acentuado grau de urbanização. TROCAS MIGRATÓRIAS INTERMESORREGIONAIS As Tabelas 4 e 5 apresentam o número de imigrantes intra-estaduais da MTMAP (ou intermesorregionais), de última etapa, por MC de origem e destino, q.75/80 e q.86/91, respectivamente. Mostram que das 61 MC mineiras não pertencentes à MTMAP, apenas 12 foram responsáveis, nos dois quinquênios, por 55% do total de imigrantes. Capitaneadas pela MC de São João Del Rei (9%), apresentam-se, em seguida, as MC de Belo Horizonte (6%), Viçosa (6%), Conselheiro Lafaiete (6%) e Paracatu (5%) como as mais expressivas. As MC de Montes Claros, Bom Despacho, Aimorés, Piuí, Pouso Alegre, Itajubá e de Juiz de Fora completam o quadro das 12 maiores fornecedoras de imigrantes para a MTMAP, no q.75/80. No q.86/91, não houve alteração relevante quanto às regiões de origem dos migrantes que entram na MTMAP. No entanto, a participação da MC de São João Del Rei cresceu de 9% (q.75/80) para 11%, seguida pela MC de Belo Horizonte de 6% para 9%, e de Paracatu, de 5% (q.75/80) para 6%, no q.86/91. As demais MC citadas perderam participação. 7

Do total de imigrantes originários das demais MC mineiras, no q.75/80, em torno de 58% se dirigiram para as MCUdi (42%) e MC de Uberaba (16%), sendo que, desse total, 89% tiveram como destino as cidades (setor urbano) das duas MC. Esse comportamento migratório se repete no quinquênio seguinte (86/91), quando a MCUdi continua a absorver cerca de 40% do total de imigrantes que fixaram residência na MTMAP. A MCUdi, maior receptora de imigrantes intermesorregionais, no interior da MTMAP, captou-os principalmente das MC de Conselheiro Lafaiete, Viçosa e São João Del Rei, seguidas pelas MC de Belo Horizonte, Itajubá, Piuí, Pouso Alegre e Montes Claros, as mais expressivas, no q.75/80. No q.86/91, permaneceu a contribuição importante do número de imigrantes com origem nas MC assinaladas, com queda na participação da MC de Conselheiro Lafaiete e crescimento do número de imigrantes vindos das MC de Paracatu e Unaí, pertencentes à MS Noroeste de Minas. Quanto ao movimento emigratório de última etapa, das MC da MTMAP em direção às demais MC mineiras, ou seja, aquelas pessoas que tiveram como município de residência anterior qualquer município pertencente às MC da MTMAP e que, por ocasião do Censo, residiam em alguma outra MC mineira, fora da MTMAP, com menos de cinco anos de residência no município atual, apenas sete MC receberam em torno de 70% do contingente de emigrantes que saíram da MTMAP, nos quinqüênios estudados (Tabelas 6 e 7). TABELA 4 Imigrantes de última etapa, com origem nas demais Microrregiões de Minas Gerais*, Segundo as Microrregiões de origem com maior contribuição e Microrregiões de destino com a situação de domicílio no destino - 1975/1980 Microrregião de destino e situação de domicílio Microrregião de origem Uberlândia São João Del Rei 77 2.769 2.846 567 3.982 4.549 644 6.751 7.395 0,2 0,7 0,6 Belo Horizonte 114 1.758 1.872 241 3.370 3.611 355 5.128 5.483 0,1 0,5 0,4 Viçosa 192 3.136 3.328 208 1.869 2.077 400 5.005 5.405 0,1 0,5 0,4 Conselheiro Lafaiete 14 3.095 3.109 513 1.404 1.917 527 4.499 5.026 0,2 0,4 0,4 Paracatu 98 690 788 818 2.986 3.804 916 3.676 4.592 0,3 0,4 0,3 Piuí 73 1.511 1.584 542 1.662 2.204 615 3.173 3.788 0,2 0,3 0,3 Itajubá 74 1.727 1.801 287 1.056 1.343 361 2.783 3.144 0,1 0,3 0,2 Juiz de Fora 73 736 809 571 1.213 1.784 644 1.949 2.593 0,2 0,2 0,2 Pouso Alegre 195 1.378 1.573 254 663 917 449 2.041 2.490 0,1 0,2 0,2 Bom Despacho 394 624 1.018 528 903 1.431 922 1.527 2.449 0,3 0,2 0,2 Aimorés 77 927 1.004 232 931 1.163 309 1.858 2.167 0,1 0,2 0,2 Poços de Caldas 96 928 1.024 158 980 1.138 254 1.908 2.162 0,1 0,2 0,2 Montes Claros 146 1.124 1.270 147 658 805 293 1.782 2.075 0,1 0,2 0,2 Muriaé 32 622 654 557 762 1.319 589 1.384 1.973 0,2 0,1 0,1 Passos 87 632 719 441 737 1.178 528 1.369 1.897 0,2 0,1 0,1 Unaí 51 391 442 205 1.011 1.216 256 1.402 1.658 0,1 0,1 0,1 São Lourenço 49 393 442 605 559 1.164 654 952 1.606 0,2 0,1 0,1 Alfenas 127 372 499 322 730 1.052 449 1.102 1.551 0,1 0,1 0,1 Barbacena 45 792 837 379 313 692 424 1.105 1.529 0,1 0,1 0,1 Campo Belo 45 747 792 173 543 716 218 1.290 1.508 0,1 0,1 0,1 São Sebastião do Paraiso 52 602 654 36 692 728 88 1.294 1.382 0,0 0,1 0,1 Demais MC de Minas Gerais 1.232 7.612 8.844 4.261 10.065 14.326 5.493 17.677 23.170 1,7 1,7 1,7 TOTAL 3.343 32.566 35.909 12.045 37.089 49.134 15.388 69.655 85.043 4,8 6,8 6,4 Proporção de Imigrantes sobre população residente da MC em 1980 (%) 6,3 9,2 8,8 Fonte: IBGE - Censo Demográfico de 1980 (microdados) * Microrregiões de Minas Gerais, excluídas as pertencentes à MTMAP Demais Microrregiões da MTMAP Total da MTMAP Rural Urbana Total Proporção de Imigrantes sobre população residente da MS em 1980 (%) 8

TABELA 5 Imigrantes de última etapa, com origem nas demais Microrregiões de Minas Gerais*, Segundo as Microrregiões de origem com maior contribuição e Microrregiões de destino com a situação de domicílio no destino - 1986/1991 Microrregião de destino e situação de domicílio Microrregião de origem Uberlândia São João Del Rei 106 3.129 3.235 400 5.697 6.097 506 8.825 9.331 0,2 0,7 0,6 Belo Horizonte 32 2.105 2.136 754 4.891 5.645 786 6.996 7.782 0,3 0,5 0,5 Paracatu 15 1.509 1.523 681 3.141 3.822 696 4.650 5.346 0,3 0,3 0,3 Viçosa 78 2.651 2.729 229 2.171 2.400 307 4.822 5.129 0,1 0,4 0,3 Poços de Caldas - 1.590 1.590 413 1.290 1.703 413 2.880 3.293 0,2 0,2 0,2 Montes Claros 85 1.122 1.207 340 1.187 1.526 425 2.309 2.733 0,2 0,2 0,2 Pouso Alegre 133 1.501 1.634 139 910 1.049 272 2.411 2.683 0,1 0,2 0,2 Piuí 12 974 986 305 1.361 1.665 317 2.334 2.651 0,1 0,2 0,2 Bom Despacho 9 1.218 1.226 542 500 1.042 551 1.717 2.268 0,2 0,1 0,1 Conselheiro Lafaiete 14 888 902 355 965 1.321 369 1.853 2.223 0,1 0,1 0,1 Unaí 26 739 765 86 1.359 1.445 112 2.098 2.211 0,0 0,2 0,1 Juiz de Fora 33 707 740 424 1.034 1.457 456 1.741 2.197 0,2 0,1 0,1 Muriaé 129 639 768 218 1.093 1.311 346 1.732 2.078 0,1 0,1 0,1 Aimorés 54 803 857 167 1.012 1.179 221 1.815 2.036 0,1 0,1 0,1 Alfenas 310 591 900 306 557 862 615 1.147 1.763 0,2 0,1 0,1 São Sebastião do Paraiso - 571 571 195 939 1.134 195 1.510 1.706 0,1 0,1 0,1 Passos 163 450 613 145 835 980 308 1.285 1.593 0,1 0,1 0,1 Itajubá 34 883 917 133 507 640 167 1.390 1.557 0,1 0,1 0,1 Sete Lagoas 48 589 637 152 586 738 200 1.175 1.375 0,1 0,1 0,1 Varginha 217 462 679 77 572 649 294 1.034 1.328 0,1 0,1 0,1 Ipatinga 105 198 304 96 855 951 201 1.053 1.255 0,1 0,1 0,1 Demais MC de Minas Gerais 1.372 8.877 10.249 3.179 10.726 13.905 4.551 19.603 24.154 1,8 1,5 1,5 TOTAL 2.973 32.195 35.169 9.336 42.186 51.523 12.309 74.382 86.691 4,8 5,6 5,4 Proporção de Imigrantes sobre população residente da MC em 1991 (%) 5,4 6,3 6,2 Fonte: IBGE - Censo Demográfico de 1991 (microdados) * Microrregiões de Minas Gerais, excluídas as pertencentes à MTMAP Demais Microrregiões da MTMAP Total da MTMAP Rural Urbana Total Proporção de Imigrantes sobre população residente da MS em 1991 (%) TABELA 6 Emigrantes de última etapa, com destino às demais Microrregiões de Minas Gerais, Segundo as Microrregiões de destino com maior participação e Microrregiões de origem com a situação de domicílio na origem - 1975/1980 Microrregião de origem e situação de domicílio Microrregião de destino Uberlândia Demais Microrregiões Total da MTMAP Proporção de Emigrantes sobre população residente da MS em 1980 (%) Belo Horizonte 110 1.394 1.504 1.255 5.360 6.615 1.365 6.754 8.119 0,4 0,7 0,6 Paracatu 43 143 186 1.945 1.974 3.919 1.988 2.117 4.105 0,6 0,2 0,3 Unaí 16 98 114 1.332 554 1.886 1.348 652 2.000 0,4 0,1 0,1 Conselheiro Lafaiete 3 78 81 24 826 850 27 904 931 0,0 0,1 0,1 Divinópolis 42 200 242 166 478 644 208 678 886 0,1 0,1 0,1 Bom Despacho 46 27 73 331 269 600 377 296 673 0,1 0,0 0,1 Passos - 185 185 105 252 357 105 437 542 0,0 0,0 0,0 Três Marias - 4 4 363 126 489 363 130 493 0,1 0,0 0,0 Pirapora 10 55 65 232 140 372 242 195 437 0,1 0,0 0,0 Ipatinga - 19 19 62 323 385 62 342 404 0,0 0,0 0,0 Juiz de Fora 20 170 190 107 88 195 127 258 385 0,0 0,0 0,0 Sete Lagoas - 9 9 217 156 373 217 165 382 0,1 0,0 0,0 Piuí 16 30 46 181 132 313 197 162 359 0,1 0,0 0,0 Itabira 7 59 66 11 260 271 18 319 337 0,0 0,0 0,0 Varginha - 124 124 72 125 197 72 249 321 0,0 0,0 0,0 Poços de Caldas 41 95 136 11 167 178 52 262 314 0,0 0,0 0,0 Formiga - 53 53 20 225 245 20 278 298 0,0 0,0 0,0 Montes Claros 32 56 88 53 115 168 85 171 256 0,0 0,0 0,0 Andrelândia 15 164 179 6 41 47 21 205 226 0,0 0,0 0,0 Pará de Minas - 19 19 86 97 183 86 116 202 0,0 0,0 0,0 Ouro Preto 4 42 46 24 132 156 28 174 202 0,0 0,0 0,0 Demais MC de Minas Gerais 96 609 705 412 1.100 1.512 508 1.709 2.217 0,2 0,2 0,2 TOTAL 501 3.633 4.134 7.015 12.940 19.955 7.516 16.573 24.089 2,4 1,6 1,8 Proporção de Emigrantes sobre população residente da MC em 1980 0,9 1,0 1,0 Fonte: IBGE - Censo Demográfico de 1980 (microdados) * Microrregiões de Minas Gerais, excluídas as pertencentes à MTMAP 9

TABELA 7 Emigrantes de última etapa, com destino às demais Microrregiões de Minas Gerais, Segundo as Microrregiões de destino com maior participação e Microrregiões de origem com a situação de domicílio na origem - 1986/1991 Microrregião de origem e situação de domicílio Microrregião de destino Uberlândia Demais Microrregiões Total da MTMAP Proporção de Emigrantes sobre população residente da MS em 1991 (%) Belo Horizonte 58 1.176 1.234 464 3.124 3.588 522 4.300 4.821 0,2 0,3 0,3 Paracatu 7 205 211 546 2.153 2.699 552 2.358 2.910 0,2 0,2 0,2 Unaí 5 94 100 321 362 684 326 457 783 0,1 0,0 0,0 Bom Despacho 55 244 298 76 361 437 131 604 735 0,1 0,0 0,0 Três Marias 163 49 212 152 171 323 315 219 534 0,1 0,0 0,0 Divinópolis 6 229 235 24 216 240 31 445 475 0,0 0,0 0,0 Piuí - 6 6 88 351 438 88 357 444 0,0 0,0 0,0 Montes Claros - 128 128 35 251 286 35 379 415 0,0 0,0 0,0 Passos 3 72 76 26 224 250 29 296 325 0,0 0,0 0,0 Sete Lagoas - - - 100 147 247 100 147 247 0,0 0,0 0,0 Pirapora - 26 26 31 185 216 31 211 242 0,0 0,0 0,0 Itabira - 5 5-225 225-229 229 0,0 0,0 0,0 Poços de Caldas - 82 82-140 140-222 222 0,0 0,0 0,0 Juiz de Fora - 145 145-41 41-185 185 0,0 0,0 0,0 Governador Valadares 14 77 91-80 80 14 158 171 0,0 0,0 0,0 Ipatinga - 14 14 20 113 133 20 127 147 0,0 0,0 0,0 Lavras - 11 11-135 135-146 146 0,0 0,0 0,0 Varginha - 40 40 18 86 104 18 126 144 0,0 0,0 0,0 São Sebastião do Paraiso - 56 56 37 50 87 37 106 143 0,0 0,0 0,0 Conselheiro Lafaiete - 30 30-109 109-139 139 0,0 0,0 0,0 Pará de Minas - - - 20 114 134 20 114 134 0,0 0,0 0,0 Demais MC de Minas Gerais 7 483 490 267 923 1.190 273 1.407 1.680 0,1 0,1 0,1 TOTAL 318 3.172 3.490 2.224 9.560 11.784 2.541 12.732 15.274 1,0 1,0 1,0 Proporção de Emigrantes sobre população residente da MC em 1991 0,6 0,6 0,6 Fonte: IBGE - Censo Demográfico de 1991 (microdados) * Microrregiões de Minas Gerais, excluídas as pertencentes à MTMAP A maioria dos emigrantes da MTMAP se dirigiu, em ambos os períodos, para as MC de Belo Horizonte (cerca de 32%), Paracatu (entre 17 e 19%), Unaí, Conselheiro Lafaiete, Bom Despacho, Divinópolis, Passos, Três Marias, Montes Claros, e Piuí. De maneira geral, as MC da MTMAP se interagiram pelo lado da emigração, principalmente com as MC de Belo Horizonte, Divinópolis, Três Marias e Piuí, e, também, com as áreas que funcionaram como fronteira agrícola, a região noroeste do estado, as MC de Unaí e Paracatu. A MCUdi, contou com significativa participação no total de migrantes para as demais MC de Minas Gerais, em ambos os quinqüênios, 17% e 22%, respectivamente, ainda que em termos relativos, e mesmo absolutos, bem menores que a participação no número de imigrantes. Na análise por setor domiciliar, nota-se que, para ambos os quinqüênios em estudo, os imigrantes do restante de Minas fixaram-se, na maioria, no setor urbano das MC pertencentes à MTMAP. Quanto aos imigrantes do restante de MG, no rural da MTMAP, a maior parte se dirigiu para a MCUdi. No que se refere à origem dos emigrantes, por setor domiciliar, as Tabelas 6 e 7 mostram que a maior parte daqueles que se mudaram para as demais MC de Minas, com exclusão das pertencentes à MTMAP, saíram do meio urbano. No entanto, chama atenção a expressiva participação relativa de emigrantes, com origem no setor rural, em relação ao total de emigrantes da MTMAP, saídos das demais MC, cerca de 29%, no q.75/80. No q.86/91, as demais MC da MTMAP continuaram como fornecedoras de emigrantes, com origem rural, 10

para o restante de Minas, ainda que em percentuais menores em relação ao total, aproximadamente 15%. AS DIFERENÇAS MIGRATÓRIAS Na tentativa de explicitar a interação migratória entre as MC da MTMAP e as demais MC do Estado de Minas Gerais, por meio da diferença entre imigrantes e emigrantes (Diferença = I E), por setor de domicílio, apresenta-se a seguir as Tabelas 8 (q.75/80) e 9 (q.86/91). Nessas tabelas, o aparecimento de nulo como resultado, não indica a inexistência de movimentos migratórios entre as MC em questão, mas que no cálculo da diferença entre imigrantes e emigrantes o resultado final ficou próximo de zero, ou que, a partir das informações censitárias obtidas no questionário da amostra, não foi possível captar tais movimentos. Na análise das Tabelas 8 e 9, deve-se levar em conta, conforme já exposto anteriormente, que a maioria dos fluxos migratórios se deram no sentido urbano-urbano ou rural-urbano, em ambos os quinqüênios em estudo. Assim, observou-se que todas as MC componentes da MTMAP apresentaram diferenças positivas nas trocas migratórias de última etapa, em seus setores urbanos, com expressiva maioria das outras MC mineiras, em ambos os quinqüênios. A MCUdi foi a que apresentou as maiores diferenças positivas em relação às demais MC. As trocas migratórias líquidas, detalhadas por MC mineiras, certamente mostrariam diferenças para cada MC da MTMAP e por setor domiciliar destas. Para a MCUdi, no q.75/80, as trocas migratórias líquidas totais (rural mais urbano) ocorreram, mais intensamente, em relação às MC de Viçosa (3.308 migrantes), Conselheiro Lafaiete (3.028), Belo Horizonte (2.825), Itajubá (1.793), Pouso Alegre (1.546) e Piuí (1.538). Cabe destacar a também significativa DM entre a MCUdi e a MC de Montes Claros, cerca de 1.182 migrantes, localizada mais ao norte do estado. 11

TABELA 8 Diferença entre Imigrantes e Emigrantes de última etapa, segundo situação de domicílio nas microrregiões da MTMAP*, Por Microrregiões de Minas Gerais com maior participação - 1975/1980 ** Microrregião da MTMAP e situação de domicílio Uberlândia Demais Microrregiões Total da MTMAP Microrregião de Minas Gerais Rural Urbana Total Rural Urbana São João Del Rei 73 2.752 2.825 558 3.902 4.460 631 6.654 7.285 0,2 0,7 0,5 Viçosa 192 3.116 3.308 205 1.830 2.035 397 4.946 5.343 0,1 0,5 0,4 Conselheiro Lafaiete 11 3.017 3.028 489 578 1.067 500 3.595 4.095 0,2 0,4 0,3 Piuí 57 1.481 1.538 361 1.530 1.891 418 3.011 3.429 0,1 0,3 0,3 Itajubá 74 1.719 1.793 287 1.047 1.334 361 2.766 3.127 0,1 0,3 0,2 Pouso Alegre 182 1.364 1.546 251 628 879 433 1.992 2.425 0,1 0,2 0,2 Juiz de Fora 53 566 619 464 1.125 1.589 517 1.691 2.208 0,2 0,2 0,2 Aimorés 77 927 1.004 217 931 1.148 294 1.858 2.152 0,1 0,2 0,2 Muriaé 32 618 650 550 748 1.298 582 1.366 1.948 0,2 0,1 0,1 Poços de Caldas 55 833 888 147 813 960 202 1.646 1.848 0,1 0,2 0,1 Montes Claros 114 1.068 1.182 94 543 637 208 1.611 1.819 0,1 0,2 0,1 Bom Despacho 348 597 945 197 634 831 545 1.231 1.776 0,2 0,1 0,1 São Lourenço 49 327 376 605 559 1.164 654 886 1.540 0,2 0,1 0,1 Alfenas 123 332 455 314 679 993 437 1.011 1.448 0,1 0,1 0,1 Barbacena 45 773 818 354 274 628 399 1.047 1.446 0,1 0,1 0,1 Passos 87 447 534 336 485 821 423 932 1.355 0,1 0,1 0,1 Campo Belo 42 700 742 131 474 605 173 1.174 1.347 0,1 0,1 0,1 São Sebastião do Paraiso 52 567 619 32 625 657 84 1.192 1.276 0,0 0,1 0,1 Diamantina 42 265 307 265 584 849 307 849 1.156 0,1 0,1 0,1 Unaí 35 293 328 (1.127) 457 (670) (1.092) 750 (342) -0,3 0,1 0,0 Belo Horizonte 4 364 368 (1.014) (1.990) (3.004) (1.010) (1.626) (2.636) -0,3-0,2-0,2 Demais MC de Minas Gerais 1.095 6.807 7.902 1.314 7.693 9.007 2.409 14.500 16.909 0,8 1,4 1,3 TOTAL 2.842 28.933 31.775 5.030 24.149 29.179 7.872 53.082 60.954 2,5 5,2 4,6 Proporção da população observada da MC em 1980 (%) 5,3 8,1 7,8 Fonte: IBGE - Censo Demográfico de 1980 (microdados) * Situação domiciliar no destino, para os imigrantes, e na origem, para os emigrantes. ** Corresponde à diferença das trocas de u.e., do quinquênio, entre o setor domiciliar da MC de destino em questão e cada outra, como um todo. *** Microrregiões de Minas Gerais, excluídas as pertencentes à MTMAP Total Proporção da população observada da MS em 1980 (%) TABELA 9 Diferença entre Imigrantes e Emigrantes de última etapa, segundo situação de domicílio nas microrregiões da MTMAP*, Por Microrregiões de Minas Gerais com maior participação - 1986/1991 ** Microrregião da MTMAP e situação de domicílio Uberlândia Demais Microrregiões Total da MTMAP Proporção da população observada da MS em 1991 (%) Microrregião de Minas Gerais São João Del Rei 105 3.094 3.199 385 5.680 6.065 489 8.774 9.264 0,2 0,7 0,6 Viçosa 78 2.621 2.699 229 2.121 2.350 307 4.742 5.049 0,1 0,4 0,3 Poços de Caldas - 1.508 1.508 413 1.150 1.563 413 2.658 3.071 0,2 0,2 0,2 Belo Horizonte (26) 929 903 291 1.767 2.058 264 2.696 2.960 0,1 0,2 0,2 Pouso Alegre 133 1.466 1.599 124 896 1.020 257 2.362 2.619 0,1 0,2 0,2 Paracatu 8 1.304 1.312 136 988 1.124 143 2.292 2.436 0,1 0,2 0,2 Montes Claros 85 993 1.079 304 936 1.240 390 1.929 2.319 0,2 0,1 0,1 Piuí 12 968 980 217 1.010 1.227 229 1.978 2.207 0,1 0,1 0,1 Conselheiro Lafaiete 14 858 872 355 856 1.212 369 1.714 2.084 0,1 0,1 0,1 Muriaé 129 615 743 218 1.093 1.311 346 1.708 2.054 0,1 0,1 0,1 Aimorés 54 803 857 167 994 1.161 221 1.797 2.018 0,1 0,1 0,1 Juiz de Fora 33 562 595 424 993 1.417 456 1.555 2.011 0,2 0,1 0,1 Alfenas 310 566 875 306 499 804 615 1.064 1.680 0,2 0,1 0,1 São Sebastião do Paraiso - 515 515 158 889 1.047 158 1.404 1.562 0,1 0,1 0,1 Bom Despacho (46) 974 928 466 139 605 420 1.113 1.533 0,2 0,1 0,1 Itajubá 34 844 878 86 496 582 120 1.340 1.460 0,0 0,1 0,1 Unaí 21 645 666 (235) 997 762 (214) 1.641 1.427-0,1 0,1 0,1 Passos 159 378 537 119 611 730 278 989 1.267 0,1 0,1 0,1 Varginha 217 422 639 59 486 545 276 908 1.184 0,1 0,1 0,1 Teófilo Otoni - 429 429 172 531 702 172 960 1.131 0,1 0,1 0,1 Sete Lagoas 48 589 637 53 439 492 100 1.028 1.128 0,0 0,1 0,1 Demais MC de Minas Gerais 1.289 7.940 9.229 2.668 9.056 11.724 3.957 16.996 20.953 1,5 1,3 1,3 TOTAL 2.656 29.023 31.679 7.112 32.626 39.739 9.768 61.649 71.417 3,8 4,6 4,5 Proporção da população observada da MC em 1991 (%) 4,8 5,7 5,6 Fonte: IBGE - Censo Demográfico de 1991 (microdados) * Situação domiciliar no destino, para os imigrantes, e na origem, para os emigrantes. ** Corresponde à diferença das trocas de u.e., do quinquênio, entre o setor domiciliar da MC de destino em questão e cada outra, como um todo. *** Microrregiões de Minas Gerais, excluídas as pertencentes à MTMAP 12

O quadro das trocas migratórias líquidas da MCUdi e as demais MC mineiras, para o q.86/91, apresentou mudanças em relação ao q.75/80. Os resultados mais expressivos ocorreram em relação às MC de São João Del Rei (3.199 migrantes), superando a MC de Viçosa (2.699), vindo a seguir as MC de Pouso Alegre (1.599), Poços de Caldas (1.508), Montes Claros (1.079) e Belo Horizonte (903). Em ambos os quinqüênios, as diferenças migratórias positivas da MCUdi em relação às demais do Estado de Minas Gerais refletem o maior número de imigrantes que se fixaram, principalmente no meio urbano, daquela MC, do que o número de emigrantes que saiu do meio urbano da MCUdi, e da MTMAP como um todo, para o restante de Minas Gerais. Entre 86/91, as trocas migratórias líquidas positivas foram favoráveis à maioria das MC da MTMAP em relação às demais do estado mineiro, potencializadas que foram pelos ganhos líquidos de população, no setor urbano, das respectivas MC. Nesse quinqüênio, não são expressivas as perdas líquidas do setor rural, das MC da MTMAP, em relação às demais MC de Minas Gerais, como um todo. Considerando a proporção das trocas migratórias líquidas sobre as populações observadas, das MC da MTMAP, tem-se que, em 1980, com exceção da MC de Patos de Minas, todas as outras contaram com acréscimos de suas populações, devido às trocas migratórias com as demais MC de Minas, no q. 75/80 (Tabela 10). A MCUdi, por exemplo, contou com 7,8% de acréscimo de sua população observada, em 1980, em decorrência das trocas migratórias com o restante de Minas, fora a MTMAP, no q. 75/80. Para o setor urbano, o acréscimo pela mesma razão anterior foi de 8,1% e, para o setor rural, 5,3%. Em 1991, todas as MC da MTMAP contaram com acréscimos populacionais, por conta das trocas migratórias líquidas, no q.86/91, com as demais MC mineiras, conforme pode ser avaliado na Tabela 11. A MCUdi, por exemplo, contou com 5,6% de sua população total justificada pelos movimentos migratórios, sendo que o meio urbano contou com 5,7% e o meio rural com 4,8% de acréscimos populacionais devidos as trocas migratórias líquidas com as demais MC mineiras, excluídas as pertencentes à MTMAP. Já nas trocas migratórias entre as MC da MTMAP, a única MC que contou com diferença migratória positiva no setor rural foi a de Uberlândia, nos dois quinquênios (75/80 e 86/91), conforme destacado nas Tabelas 10 e 11. No segundo quinquênio, a MC de Araxá também apresentou ganho líquido de migrantes no rural. Todas as demais MC tiveram diferenças negativas no setor rural, em ambos os quinquênios, porém com perdas menores no quinqüênio 86/91. Devido ao alto grau de urbanização alcançado pela maioria dos municípios da MTMAP, que passaram a contar com reduzido contingente populacional no meio rural, diminuíram as trocas migratórias deste setor residencial com o meio urbano. Adotando o conceito de migrantes de última etapa, verificou-se que o número dos migrantes que se movimentaram entre as MC da MTMAP apresentou queda no q.86/91, quando comparado ao q.75/80. A MCUdi continuou como região preferencial de destino dos migrantes internos à MTMAP. No entanto, perdeu participação relativa para as outras MC, como receptoras de migrantes intramesorregionais. Todas as demais MC da MTMAP, que, no q.75/80, apresentaram diferença negativa entre imigrantes e emigrantes intramesorregionais, tiveram, no q.86/91, a sua diferença negativa diminuída (Ituiutaba e Patos de Minas), ou transformada em positiva (Patrocínio e Araxá) ou praticamente nula (Frutal). Já a MCUdi teve a sua diferença intramesorregional substancialmente reduzida (de mais de 19,5 mil, para 7,8 mil), enquanto a de Uberaba passou a ter diferença negativa (de +5,3mil para 300). 13

TABELA 10 Diferença entre imigrantes e emigrantes de última etapa, por setor rural e setor urbano de cada microrregião*, segundo local de residência anterior - 1975/80 Local de residência anterior Restante de Minas Gerais** Microrregião e setor domiciliar Ituiutaba Rural (2.728) 759 (1.969) -7,2 Urbano (5.833) 3.591 (2.242) -2,4 Total (8.561) 4.350 (4.211) -3,5 Uberlândia Rural 669 2.842 3.511 6,6 Urbano 18.878 28.933 47.811 13,4 Total 19.547 31.775 51.322 12,6 Patrocínio Rural (2.681) 915 (1.766) -3,9 Urbano (2.059) 2.046 (13) 0,0 Total (4.740) 2.961 (1.779) -1,4 Patos de Minas Rural (2.995) (3.144) (6.139) -8,9 Urbano (2.061) 1.536 (525) -0,5 Total (5.056) (1.608) (6.664) -3,6 Frutal Rural (970) 4.635 3.665 5,9 Urbano (2.434) 4.737 2.303 2,9 Total (3.404) 9.372 5.968 4,3 Uberaba Rural (129) 1.755 1.626 5,3 Urbano 5.419 9.634 15.053 7,5 Total 5.290 11.389 16.679 7,2 Araxá Rural (2.316) 110 (2.206) -6,8 Urbano (760) 2.605 1.845 1,9 Total (3.076) 2.715 (361) -0,3 MTMAP Rural (11.150) 7.872 (3.278) Urbano 11.150 53.082 64.232 Total - 60.954 60.954 Proporção da População da MS (%) Restante da MTMAP Restante de Minas Gerais (excluída a MTMAP) Rural -3,5 2,5-1,0 Urbano 1,1 5,2 6,3 Total 0,0 4,6 4,6 FONTE: IBGE - Censo Demográfico de 1980 (microdados) * Situação domiciliar no destino, para os imigrantes, e na origem, para os emigrantes. * Restante de Minas Gerais, excluída a microrregião. Proporção da população observada da MC (%) TABELA 11 Diferença entre imigrantes e emigrantes de última etapa, por setor rural e setor urbano de cada microrregião*, segundo local de residência anterior - 1986/91 Local de residência anterior Microrregião e setor domiciliar Ituiutaba Rural (801) 578 (223) -1,2 Urbano (3.368) 4.269 901 0,8 Total (4.169) 4.847 678 0,5 Uberlândia Rural 1.048 2.656 3.704 6,7 Urbano 6.702 29.023 35.725 7,0 Total 7.750 31.679 39.429 7,0 Patrocínio Rural (125) 1.597 1.472 3,6 Urbano 626 4.781 5.407 4,7 Total 501 6.378 6.879 4,4 Patos de Minas Rural (1.568) 230 (1.338) -2,8 Urbano (2.376) 5.002 2.626 1,7 Total (3.944) 5.232 1.288 0,6 Frutal Rural (270) 1.537 1.267 3,0 Urbano 288 5.218 5.506 5,3 Total 18 6.755 6.773 4,7 Uberaba Rural (570) 750 180 0,9 Urbano 267 9.853 10.120 4,6 Total (303) 10.603 10.300 4,3 Araxá Rural 570 2.420 2.990 9,5 Urbano (423) 3.503 3.080 2,4 Total 147 5.923 6.070 3,8 MTMAP Rural (1.716) 9.768 8.052 Urbano 1.716 61.649 63.365 Total - 71.417 71.417 Proporção da População da MS (%) Restante da MTMAP Restante de Minas Gerais (excluída a MTMAP) Restante de Minas Gerais** Rural -0,7 3,8 3,1 Urbano 0,1 4,6 4,7 Total 0,0 4,5 4,5 FONTE: IBGE - Censo Demográfico de 1991 (microdados) * Situação domiciliar no destino, para os imigrantes, e na origem, para os emigrantes. * Restante de Minas Gerais, excluída a microrregião. Proporção da população observada da MC (%) 14

As diferenças entre o número total de imigrantes e de emigrantes de última etapa, das MC da MTMAP, em relação à população total observada, de cada uma das MC, correspondem a proporções bastante diferenciadas. De maneira geral, as Tabelas 10 e 11 mostram que as proporções negativas, de até 3,6%, de perda populacional total, no quinqüênio 1975/80, apresentadas por algumas das MC da MTMAP, passam a ser positivas para todas as MC, indicando ganhos de população, no quinquênio 1986/91. As MC de Ituiutaba e Patos de Minas, que apresentaram proporções negativas de 3,5% e 3,6%, respectivamente, no primeiro quinqüênio da análise, indicando perdas populacionais em ambos os setores de residência, tiveram melhor performance migratória, no quinquênio seguinte, quando passam a contar com ganhos, ainda que insignificantes, de população, mantendo, no entanto, perdas líquidas no setor rural. Uberlândia, Frutal e Uberaba foram as MC que apresentaram ganhos líquidos, em ambos os períodos. No entanto, enquanto a MC de Frutal passa de um ganho líquido de 4% para 4,7%, as MCUdi e Uberaba apresentam diminuição em seus ganhos de população, via migração, nos quinquênios analisados. A MCUdi sai de um ganho em torno de 12,6% de população, no quinqüênio 1975/80, para 7%, no quinquênio 1986/91. CONSIDERAÇÕES FINAIS A mensuração direta do número de migrantes, a partir dos dados censitários de 1980 e 1991, da Mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba MTMAP e suas microrregiões - MC, nos quinquênios 1975/80 e 1986/91, possibilitou o mapeamento, com certo detalhe, dos movimentos populacionais dentro, de e para a Mesorregião MS, e para a Microrregião de Uberlândia - MCUdi, com relação ao restante de MG. Detalhando a origem dos imigrantes e o destino dos emigrantes da MTMAP, por MC, destacou-se que o maior número de imigrantes, nos dois quinqüênios em análise, teve como origem as MC localizadas ao sul e sudoeste da MC de Belo Horizonte, incluindo esta, que ocupou a segunda posição como fornecedora de migrantes, superada apenas pela MC de São João Del Rei. As MC de Paracatu, Unaí e Montes Claros, localizadas a noroeste e ao norte do estado, também contribuíram com significativos contingentes de migrantes para as MC da MTMAP. Quanto ao destino desses imigrantes, verificou-se que, majoritariamente, se dirigiram para a MCUdi, de longe a maior absorvedora de migrantes de outras MC mineiras. Os emigrantes da MTMAP, que se fixaram nas demais MC mineiras, tiveram como destino preferencial a MC de Belo Horizonte e as MC de Paracatu e Unaí, vizinhas geográficas da MTMAP e áreas de expansão agrícola. De maneira geral, observou-se, também, que as trocas migratórias, no conceito de última etapa, dentro da MTMAP e entre esta e as demais regiões mineiras, ocorreram principalmente entre setores urbanos, ou seja, os migrantes se deslocaram, em sua maioria, entre as cidades ou espaços municipais definidos como meio urbano, em ambos os quinquênios. Numa segunda posição, apareceu o clássico movimento rural-urbano, indicando que, mesmo contando com base populacional escassa em relação ao meio urbano, o setor de residência rural continuou perdendo população para o meio urbano. Outra constatação, quando se analisa os resultados para o q.86/91, é de que o padrão migratório, experimentado no primeiro quinquênio de análise (q.75/80) se alterou. No quinqüênio mais recente, as MC com mais acanhado desenvolvimento econômico (e menor contingente populacional (Ituiutaba, Patrocínio, Patos de Minas, entre outras quando comparadas com a MCUdi) passam a contar com TLMo positivas, ou proporcionalmente maiores que aquelas que experimentaram no quinqüênio anterior. 15