Obra: A terra das crianças da caverna Autor: J. J. Dacosta LIVRO 36 - A TERRA DAS CRIANÇAS DA CAVERNA

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Transcrição:

1 LIVRO 36 - A TERRA DAS CRIANÇAS DA CAVERNA 1

2 Conto infanto-juvenil que se integra à fantasia natural e criatividade das crianças e dos jovens, divertindo, educando e somando para o desenvolvimento do caráter, valores morais, cidadania, consciência ecológica, valores de família, cultura, conhecimento, espiritualidade, respeito aos educadores, incentivo ao estudo, ordem e disciplina. Livro destinado a crianças e jovens que apreciam leituras inteligentes, sensíveis, culturais, educativas e temas da realidade social brasileira. CONTO COM MAIOR CONTEÚDO LITERÁRIO, UM MELHOR EXERCÍCIO DE LEITURA. Sinopse: O livro conta a história das crianças que viviam na Terra das Crianças da Caverna. Mostra as condições primitivas em que viviam estas crianças na selva, parecendo mais bichos do que os próprios bichos da selva. Até os animais da selva, que cuidavam muito bem de seus filhotes e os ensinavam a viver, tinham pena destas crianças. Como estas crianças foram parar lá era um mistério. Alguns duendes acreditavam que eram crianças que não obedeciam seus pais. Assim, foram adquirindo maus hábitos e comportamentos, transformando-se em seres primitivos. E voltaram no tempo das cavernas. O mesmo teria acontecido com crianças que não respeitavam e não aceitavam o carinho de seus avôs. Mas, uma boa parte delas, seria de crianças que não respeitavam, não reconheciam e não davam valor ao esforço de suas professoras na formação de seu caráter, personalidade e educação. Mas, todas teriam algo em comum recusaram-se a ser crianças educadas e civilizadas. Assim, teriam passado por um processo de retrocesso e voltado ao passado selvagem dos seres humanos. Um dia, algo maravilhoso aconteceu. Um anjo, enviado por Deus para proteger as crianças, descobriu a Terra das Crianças da Caverna. Triste com o que viu, o anjo levou o problema a Deus que ordenou ao anjo que levasse a cada uma das crianças as três mães que elas precisavam a mãe, a avó e a professora. E a vida na Terra das Crianças da Caverna passou por grandes transformações. As crianças saíram do estado de Criança da Caverna e voltaram para a Civilização. J. J. Dacosta Direitos autorais reservados. FBN-MEC Registro 545.553 Livro 1038 Folha 329 2

3 Dedicatória Dedico este trabalho a todos que dedicam parte de suas vidas para educar, de alguma forma, as crianças, com a missão e a crença de que nelas está a esperança de um mundo melhor. Em especial, aos pais, professores e avós, triângulo básico da educação infantil. Agradeço a Deus pela criança que Ele, ainda, permite existir em mim. J. J. Dacosta 3

4 O dia amanhecia lindo na imensa selva primitiva. O sol despontava no horizonte, pintando de amarelo ouro todo o céu. O orvalho na noite deixava as folhas das plantas molhadas e frescas, aliviando o calor das lavas dos vulcões. Os animais iniciavam a busca pelo alimento do dia. Era primavera e quase todos os animais estavam com filhotes. Os pássaros se apressavam em levar sementes, frutas, insetos, minhocas para os seus famintos filhotes, que esperavam nos ninhos. Outros, como a macaca e a coelha, davam de mamar aos seus preguiçosos filhotes. Após as refeições, as mamães pássaros ensinavam seus filhotes a cantar e voar. Logo, eles teriam que sair do ninho e seguir suas vidas por conta própria. A macaca e a coelha mostravam aos seus filhotes onde procurar alimentos na imensa selva. Mostravam os frutos, sementes, raízes, flores e plantas que os filhotes podiam comer e as que deviam evitar. Logo, eles deixariam de mamar e seguir suas vidas por conta própria. Mas, todos os animais da selva se assustavam com os gritos e choros que vinham de um lugar conhecido como Terra das Crianças da Caverna. Neste estranho lugar viviam somente crianças. Eram muitas crianças de idades e tamanhos diferentes. À noite, elas se abrigavam em uma grande caverna. Por isso, eram chamadas de Crianças da Caverna. Como estas crianças foram parar lá era um mistério. Alguns duendes acreditavam que eram crianças que não obedeciam seus pais. Assim, foram adquirindo maus hábitos e comportamentos, transformando-se em seres primitivos. E voltaram ao tempo das cavernas. O mesmo teria acontecido com crianças que não respeitavam e não aceitavam o carinho de seus avôs. Mas, uma boa parte delas, seria de crianças que não respeitavam, não reconheciam e não davam valor ao esforço de suas professoras na formação de seu caráter, personalidade e educação. 4

5 Mas, quem acredita em duendes? Todas as crianças da caverna tinham algo em comum recusaram-se ser crianças educadas e civilizadas. Assim, teriam passado por um processo de retrocesso e voltado ao passado selvagem dos seres humanos. As crianças da caverna tinham que procurar alimentos por conta própria. Elas deviam encontrar abrigo quando estava frio ou chovia, quando estavam longe da caverna. E cada uma tentava se defender como podia contra os perigos da selva. Elas não sabiam falar, não sabiam ler e escrever e não sabiam cuidar da higiene do corpo. E não sabiam de tantas outras coisas que outras crianças civilizadas sabiam. Assim, elas se comunicavam somente através de gritos, gestos e caretas. A cada manhã, como faziam os pássaros e os animais da selva, estas crianças saiam em busca de comida. Elas comiam de tudo o que encontravam pela frente minhocas, sapos, insetos, frutas, flores, folhas das plantas. Algumas passavam mal e até ficavam doentes, quando comiam coisas que não deviam. Isto acontecia, principalmente, com as de uma idade menor. Nunca elas aprenderam o que era bom comer e o que não era. A aparência destas crianças era muito feia. Elas viviam sujas, seminuas, sem sapatos, não escovavam os dentes, não tomavam banho. Nunca elas aprenderam como era importante tomar banho, escovar os dentes, usar uma roupa limpa, usar um calçado. Quando encontravam alguma coisa gostosa, como uma saborosa fruta, elas brigavam e se arranhavam. A melhor parte da fruta ficava com as crianças mais fortes ou com mais idade. As pequenas e mais fracas choravam e se machucavam. Esta era a lei da selva. O melhor alimento era para os mais fortes. Nunca elas aprenderam como se comportar e ter disciplina para viver em sociedade. Não aprenderem dividir as coisas boas com as outras crianças. Ficaram egoístas. 5

6 Os pássaros e os animais da selva ficavam com muita pena de ver aquelas crianças sujas, catando coisas para comer no chão, vivendo sozinhas. Eles não queriam isto para os seus filhotes. Um dia, a macaca e seu filhote foram ver de perto as crianças da caverna. E o filhote Kikiki exclamou: - Veja, mãe! Elas se parecem muito com a gente! Elas só não têm o rabo! E a mamãe macaco respondeu: - É verdade, elas devem ser um parente nosso. Elas devem ser primatas! Ou melhor, nossos primos distantes! Estas crianças da caverna passavam os dias, as semanas, os meses e os anos assim. Não sabiam o que era brincar, se isolavam uma das outras. Todas tinham um olhar triste. Algumas conseguiam até sorrir de vez em quando, mostrando seus dentinhos cariados. Na verdade, elas pareciam mais bichos dos que os próprios animais que viviam na selva. Os cabelos cresciam e não eram cortados. Eles estavam sempre sujos de terra e ficavam espetados. Algumas crianças prestavam atenção nos filhotes dos animais da selva. E observavam, curiosas, como a macaca protegia e ensinava o seu filhote macaquinho a pular de galho em galho, a escolher as frutas para comer. Da mesma forma, elas viam os pássaros mostrar para os filhotes como voar pela primeira vez e onde encontrar a melhor comida. Mas, as crianças não entendiam isto. Nem sabiam quem eram aqueles animais maiores que cuidavam dos filhotes e que estavam sempre com eles. Quando chovia forte com raios e trovões ou o frio era muito intenso, as crianças buscavam abrigo na caverna e ficavam juntas. Era uma forma de se sentirem seguras e mais aquecidas. Elas eram as verdadeiras crianças das cavernas! 6

7 Na época de seca e no inverno, as crianças não conseguiam encontrar todo o alimento que precisavam. Assim, elas ficavam muito magrinhas e fracas. Quando conseguiam beber a água e comer a comida que precisavam, elas começavam a rir sem parar uma com as outras. Era uma forma de mostrar que estavam contentes. A risada demorava muitos minutos e ecoava em toda a selva, assustando os animais. Mas, muitas vezes, a risada dava lugar a um choro coletivo quando elas se desentendiam. Nestas horas, aconteciam empurrões, mordidas, arranhadas. Não havia ninguém para separar as brigas. Um dia, algo maravilhoso aconteceu na Terra das Crianças da Caverna. Um dos anjos da guarda mandado por Deus para proteger as crianças, na Terra entrou na selva e por acaso encontrou a Terra das Crianças da Caverna. Ele ficou muito triste com o que viu e foi contar a Deus. Deus ficou também muito triste com a situação das crianças e imediatamente ordenou ao anjo: - Anjo, providencie para cada uma destas crianças uma mãe! E o anjo obedeceu a Deus. No dia seguinte, a Terra das Crianças da Caverna foi invadida por muitas mamães, uma para cada criança. E elas tiveram muito trabalho. As mamães começaram a ensinar seus filhos a falar. Eles não poderiam continuar se comunicando com gritos, gestos e caretas. E as primeiras palavras que elas aprenderam foram: mamã e depois papá. As mamães ensinaram seus filhos a andar para não se arrastarem pelo chão. E corrigiram a forma de andar dos que já tinham ficado em pé, mas andavam curvados como os macacos. Todos os dias, as mamães levavam seus filhos no riacho de água limpa e cristalina para tomar banho. Eles gostaram muito desta nova experiência. Sentiam-se bem limpinhos e dormiam bem melhor. 7

8 As mamães fizeram roupas e agasalhos. Assim, as crianças não passavam mais frio. Após as refeições, as crianças aprenderam com suas mamães a escovar os dentes. Elas não gostavam muito de fazer isto. A espuma da pasta de dente incomodava. Mas, as mamães explicavam que isto era necessário para que os dentes não ficassem cariados e para elas não sentirem dor de dente. Os cabelos que antes eram grandes, sujos e espetados, foram cortados, limpos e penteados. As crianças da caverna gostavam de ver como estavam bonitas, olhando-se no espelho formado pelas águas do lago. As mamães das crianças doentes ou com os dentes cariados procuraram por atendimento médico e dentário, nas terras vizinhas. As mamães tinham levado vários pares de tênis e sapatos. As crianças adoraram os calçados. Assim, elas podiam correr e brincar sem espetar os pés nos espinhos, machucar os pés nas pedras pontiagudas ou pegar doenças. As mamães ensinaram as crianças da caverna a brincar juntas, a ter disciplina, a se entender e não brigar, a ter amizade uma com as outras. E o que as mamães mais fizeram de importante foi demonstrar amor e carinho com seus filhos. Assim, elas se tornaram melhores pessoas aprendendo o que era o amor e o carinho. A hora que as crianças mais gostavam era quando as mamães providenciavam comidas gostosas e sucos deliciosos para elas. Elas não precisariam mais se alimentar de tudo o que viam pela frente e comer coisas que não deviam. À noite, quando iam dormir na caverna, um cobertor quentinho era jogado pelas mamães em cima de seus filhos. Em seguida, elas davam um beijo de boa noite. As crianças da caverna nunca tinham experimentado esta sensação gostosa de segurança de receber um beijo de boa noite de suas mamães. As crianças da caverna gostaram muito de receber este presente de Deus suas mamães! A Terra das Crianças da Caverna passou por uma grande transformação. Os próprios animais da selva não acreditavam no que viam. 8

9 As crianças andavam vestidas, limpinhas, com o cabelo cortado, lavavam as mãos antes de comer, comiam em mesas limpas, com pratos e talheres, bebiam água em copos. As brigas eram raras. As mordidas, os empurrões e os arranhões foram acabando. Mas, o anjo ainda não estava satisfeito com o que via. De vez em quando, as mamães tinham que se ausentar e as crianças voltavam a ficar sozinhas. E, nestas horas, muitas delas voltavam aos antigos hábitos e comportamentos. Além disto, elas não tinham com quem buscar conforto, orientação e carinho. Quando o anjo conversou com Deus sobre este problema, Deus ordenou: - Anjo, providencie para cada uma delas uma segunda mãe! E o anjo perguntou, surpreso: - Uma segunda mãe, Senhor? E Deus respondeu, com um sorriso: - Sim! Leve para cada uma delas uma avó! E o anjo obedeceu a Deus. No dia seguinte, a Terra das Crianças da Caverna foi invadida por muitas vovós. E o anjo levou duas vovós para cada criança. Ele pensava, assim, melhor atender à ordem de Deus. E as vovós ficaram muito contentes em ganhar netos. Elas já tinham criado seus filhos e sentiam saudades de ter crianças pequenas para cuidar. E as vovós tiveram muito trabalho com seus netos. Elas ajudavam as mamães na tarefa de ensinar seus filhos falar, andar direito, tomar banho, escovar os dentes, cortar e pentear os cabelos, usar roupas e calçados, brincar, ter disciplina, não brigar, demonstrar amor e carinho, ter amizade com as outras crianças. As vovós também providenciavam comidas gostosas e sucos deliciosos para seus novos filhos. Elas faziam bolos, ensinavam brincadeiras. 9

10 De vez em quando, elas ofereciam o colo para consolar e orientar seus netos para melhor entender uma orientação ou um castigo de suas mamães. À noite, elas contavam histórias de fadas, castelos, princesas, animais que falavam. Assim, os netos adormeciam com este mundo encantado em seus sonhos. Elas levavam os netos para tomar sol, caminhar na selva com segurança. Elas explicavam os comportamentos dos animais, mostravam a beleza da flor. As crianças da caverna gostaram muito de receber mais este presente de Deus suas vovós! E mais uma grande transformação aconteceu na Terra das Crianças da Caverna. As crianças estavam mais felizes e sadias e se sentiam muito contentes em ter uma segunda mãe, suas vovós. Os animais da selva começaram a chamar o lugar de Terra das Crianças com Duas Mães. Mas, o anjo ainda não estava satisfeito com algumas coisas que via. As crianças não sabiam ler e escrever. Assim, não podiam ler os livros de histórias, que seriam tão importantes para o desenvolvimento delas como pessoas. E as crianças ainda não sabiam bem se comportar em grupo, a ter disciplina em sociedade, longe de sua primeira e segunda mãe. Quando o anjo conversou com Deus sobre este problema, Deus ordenou: - Anjo, providencie para cada uma delas uma terceira mãe! E o anjo perguntou, mais surpreso ainda. Ele conhecia a mãe, a segunda mãe que era a avó. Mas, a terceira mãe ele não fazia ideia: - Uma terceira mãe, Senhor? E Deus respondeu, com um sorriso maior ainda: - Sim! Leve para cada uma delas uma professora! E o anjo obedeceu a Deus. No dia seguinte, a Terra das Crianças da Caverna foi invadida por muitas professoras. 10

11 E as professoras tiveram muito trabalho com seus novos alunos. Por muitos anos seguidos, as crianças da caverna teriam esta amiga e companheira sempre ao seu lado. Elas teriam suas professoras até se tornarem adultos e estarem preparadas para viver por conta própria. Elas seriam como os pássaros que aprenderam a voar e os filhotes da macaca e da coelha, que passaram a procurar seus próprios alimentos. Nos próximos anos, as professoras tinham a missão de ensinar disciplina para seus alunos e repassar os conhecimentos da humanidade. As crianças da caverna aprenderam a respeitar as outras pessoas, como se comportar em grupo. Elas aprenderam ler, escrever, fazer cálculo, conhecer história, geografia, ciências e muitas outras matérias. Assim, todas as crianças estavam em condições de ler livros, jornais, revistas, prosseguir em seus estudos para ter sucesso na vida. Poderiam se tornar médicos, engenheiros, dentistas, professores e muitas outras profissões. Agora, o anjo estava plenamente satisfeito! E disse a Deus: - Deus, agora sua obra está concluída! As crianças da caverna estão completamente mudadas graças às suas três mães! Deus sorriu de satisfação e foi em busca de outras crianças que precisavam Dele. Assim, um dia, todas as crianças deixaram a Terra das Crianças da Caverna na imensa selva e voltaram para a civilização. Elas aprenderam que deviam obedecer seus pais, respeitar e aceitar e retribuir o carinho de seus avós e respeitar, reconhecer e dar valor aos esforços de sua professora. Elas aprenderam que somente assim não voltariam ser seres primitivos, voltar no tempo e se tornar, novamente, crianças da caverna. As crianças passaram a ter um grande amor, carinho, admiração e gratidão às suas três mamães. 11

12 Elas sabiam que nunca conseguiriam sair da Terra das Crianças da Caverna, sem o amor, o carinho e a dedicação de suas mamães, suas avós e suas professoras. E todos ficaram muito contentes e felizes as crianças, as mamães, as avós, as professoras, o anjo da guarda e Deus! Na imensa selva primitiva, o dia amanhecia lindo mais uma vez. O sol despontava no horizonte, pintando de amarelo ouro todo o céu. O orvalho na noite deixava as folhas das plantas molhadas e frescas, aliviando o calor das lavas dos vulcões. Os animais iniciavam a busca pelo alimento do dia. Era novamente primavera e quase todos os animais estavam com filhotes. Os pássaros se apressavam em levar sementes, frutas, insetos, minhocas para os seus famintos filhotes, que esperavam nos ninhos. Outros, como a macaca e a coelha, davam de mamar aos seus preguiçosos filhotes. Tudo estava igual. Mas, na imensa selva primitiva não existia mais a Terra das Crianças da Caverna. A caverna ficou vazia. Entretanto, a caverna continuava lá... As bruxas diziam que a caverna estava esperando por crianças que... Não querem obedecer seus pais... Não querem respeitar e aceitar e retribuir o carinho de seus avós e... Não querem respeitar, reconhecer e dar valor aos esforços de sua professora, respeitando-a como se fosse sua terceira mãe! Mas, quem acredita em bruxas? FIM 12