Germinação algodão do campo em diferentes substratos nas condições de Laboratório e de Viveiro. Maria de Fátima B. Coelho 1 ; Débora Márcia Sales 2 ; Maria Cristina de F. e Albuquerque 3. 1, 2,3 UFMT- Universidade Federal de Mato Grosso. Departamento de Fitotecnia. Av. Fernando Correa da Costa s/n. Cuiabá-MT CEP: 78060-900 E-mail: coelhomf@terra.com.br RESUMO O objetivo deste trabalho foi verificar o efeito de diferentes substratos, na germinação e emergência de sementes de C. regium, em condições de laboratório e viveiro. No laboratório, os tratamentos foram: papel toalha, papel mata-borrão, areia lavada, vermiculita, terra preta, terra de cerrado, palha de arroz carbonizada e a mistura desses na proporção de 1:1:1:1:1. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com quatro repetições de 25 sementes. Em viveiro, os tratamentos foram: areia, vermiculita, terra preta, terra de cerrado, carvão e mistura desses na proporção de 1:1:1:1:1, dispostos no delineamento experimental inteiramente casualizado, com quatro repetições de 20 sementes. Em condições de laboratório poderá ser utilizado qualquer substrato. No viveiro, os substratos tipo vermiculita, terra do cerrado e areia apresentaram maior percentagem de emergência (65,3%; 53,3% e 52,0%), respectivamente. O melhor substrato para o desenvolvimento das plantas foi a mistura de substratos e a terra de cerrado. Palavras chave: Cochlospermum regium, cerrado, planta medicinal. ABSTRACT Seed germination of algodão do campo under different substrates, in laboratory and nursery conditions.. This study had the objective of verifying the effect of different substrate in C. regium seed germination and emergency in laboratory and nursery conditions. In the laboratory the test included: paper towel, blotting paper, sand, vermiculite, black soil, savana soil, carbonized rice straw and a mixture of substrate in the proportion 1:1:1:1:1. The experimental design was completely randomized with four replications of 25 seeds. At nursery conditions, six treatments were analyzed: sand, vermiculite, black soil, savana soil, carbonized rice straw and the mixture 1:1:1:1:1, distributed in the experimental 1
design, entirely casualized, with four repetitions of 20 seeds. At laboratory conditions, any one of the substrate can be used. At nursery conditions, the vermiculite, savana soil and sand substrate presented a larger emergency percentage: 65.3%, 53.3% and 52.0%, respectively.the best substrate for plant development was mixture and savana soil. Keywords: Cochlospermum regium, savana, medicinal plant O substrato tem a função de proporcionar o ambiente, no qual, a semente pode germinar e se desenvolver. Os diferentes substratos usados para os testes de germinação podem apresentar variações em suas composições, fazendo com que haja grande influência sobre as sementes como toxicidade, estrutura, aeração, capacidade de retenção de água e grau de infestação por patógenos (Albuquerque et al., 1998). Na família Cochlospermaceae, encontra-se C. regium, planta típica do cerrado, cujos xilopódios e cascas são utilizados na medicina popular, no preparo de chás para tratar de inflamações e para a limpeza do sangue (Somavilla, 1998). O objetivo deste trabalho foi verificar a influência de diferentes substratos na germinação e emergência de sementes de Cochlospermum regium, em condições de laboratório e viveiro. MATERIAL E MÉTODO Os frutos maduros de C. regium foram coletados em Nossa Senhora do Livramento - Mato Grosso, nos meses de agosto e setembro de 1999. No Laboratório de Sementes FAMEV-UFMT, as sementes foram esfregadas dentro de um saco de tule para retirar as fibras e cascas, determinou-se sua umidade e armazenou-se em sacola de polietileno em câmara fria a 18 C. Em Laboratório, em B.O.D. sob luz constante e a 25 C, os tratamentos foram: papel toalha em forma de rolo de papel ; papel mata borrão; areia lavada; vermiculita; terra preta; terra de cerrado; palha de arroz carbonizada e misturas dos substratos areia, vermiculita, terra preta, terra do cerrado e palha de arroz carbonizada na proporção de 1:1:1:1:1. As características avaliadas foram: percentagem total e a velocidade de germinação (VG) aos dezessete dias, calculados pela fórmula de Edmond e Drapala, citados por Nakagawa (1999): TM= G1T1+G2T2 +GiTi G1+G2 +Gi onde: TM = o tempo médio necessário para atingir a germinação máxima;
G1 até Gi = as percentagens de germinação diárias desde a semeadura; T1 até Ti = o tempo (dias). No Viveiro, sob sombrite de 50%, os substratos usados foram areia, vermiculita, palha de arroz carbonizada, terra do cerrado, terra preta e mistura dos substratos na proporção de 1:1:1:1:1. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado com seis tratamentos de quatro repetições de 20 sementes. As plantas permaneceram no viveiro durante quatro meses, quando o experimento foi concluído com a avaliação das seguintes características: diâmetro basal (mm), altura (cm), número de folhas, matéria seca da parte aérea e subterrânea (g), análise física e química dos substratos. RESULTADOS E DISCUSSÃO O peso de mil sementes e o teor de água foram respectivamente 4,3g e 5,9%. Nas condições de Laboratório, a percentagem de sementes de C. regium germinadas não diferiu entre os substratos testados (Tabela 1). Resultado semelhante também foi verificado em sementes de Ricinus communis (Carneiro e Pires,1983); Hevea brasiliensis (Macedo, 1985) e Hymenaea stignocarpa (Dignart 1998). Embora sem diferença significativa, observou-se nos substratos papel toalha e vermiculita valores absolutos acima de 50% de germinação (61,3% e 56% respectivamente), e apenas 25,3%, no papel mata-borrão. Quanto utilizou-se a mistura de substratos, a velocidade de germinação foi maior, enquanto no papel mata-borrão e palha de arroz carbonizada menor. Tabela 1. Percentagem total e velocidade de germinação (VG) das sementes de Cochlospermum regium em diferentes substratos. UFMT, Cuiabá-MT, 2000. Tipos de substratos Germinação VG Papel toalha 61,3 8,6 ab Papel mata borrão 25,3 10,6 a Vermiculita 56,0 9,0 ab Palha de arroz carbonizada 46,7 10,6 a Terra preta 38,7 8,7 ab Areia 35,0 9 ab Terra do cerrado 36,0 10,1 ab Mistura 38,7 8,4 b C.V. (%) 38,6 5,2 Nas condições de Viveiro as sementes colocadas para germinar nos substratos tipo vermiculita, terra do cerrado e areia apresentaram maior percentagem de emergência 65,3; 53,3 e 52% respectivamente. (Tabela 2).
Tabela 2. Percentagem total e velocidade de emergência (VE) das sementes de Cochlospermum regium em diferentes substratos. UFMT, Cuiabá-MT, 2000. Tipos de substratos Emergência VE Vermiculita 65,3 a 11,6 cd Palha de arroz carbonizada 33,0 cd 10,8 d Terra preta 48,0 bc 14,1 ab Areia 52,0 ab 13,0 abc Terra do cerrado 53,3 ab 14,8 a Mistura 22,7 d 12,7 bcd C.V. (%) 14,0 6,3 Médias seguidas das mesmas letras minúsculas na coluna não diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Na condição de Viveiro, a mistura de substratos apresentou a menor percentagem de emergência. Segundo Gonçalves e Poggiani (1996), mistura de substrato com um ou mais componentes de partículas de diâmetro menor ou igual ao diâmetro médio dos macroporos, pode causar bloqueio de grande parte da macroporosidade incapacitando a aeração e a drenagem, comum em misturas de compostos orgânicos, que recebem grandes quantidades de terra de subsolo rico em areia fina e argila. A palha de arroz e terra preta podem ter contribuído para este efeito, pois também proporcionaram menor percentagem de emergência que a areia e terra do cerrado. Na Tabela 3 encontram-se as características das plântulas aos cinco meses após a semeadura. O substrato palha de arroz carbonizada foi excluído da análise, pois apresentou alto índice de mortalidade de plântulas, logo no primeiro mês de observação. A mistura de substratos proporcionou as melhores condições para o desenvolvimento das plantas, e a terra de cerrado esteve em seguida, com valores próximos. Assim poderá ser mais econômico e viável utilizar a terra de cerrado como substrato para a formação de mudas de C. regium. Tabela 3. Médias das características das plantas de C. regium, em diferentes substratos, avaliadas aos cinco meses após a semeadura. Características avaliadas Tratamentos Diâmetro basal (mm) Altura da parte aérea (cm) Número de folhas Peso seco da parte aérea (g) Peso seco da raiz (g) Terra preta 1,6 B 5,9 BC 3,7 B 0,1 B 0,9 AB Terra cerrado 1,7 AB 6,2 B 4,5 AB 0,2 B 0,7 BC Areia 1,5 BC 5,3 BC 3,1 B 0,0 C 0,5 CD Vermiculita 1,3 C 4,9 C 2,5 B 0,0 C 0,3 D Mistura 1,9 A 8,0 A 7,5 A 0, 6 A 1,2 A Valor de F 19,5** 17,9** 6,6** 91,1** 24,9** CV% 6,4 8,4 30,7 16,5 16,6 Médias seguidas de mesma letra maiúsculas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Valores de F significativos a 1% de probabilidade.
LITERTURAS CITADAS ALBUQUERQUE, M. C. F. E.; RODRIGUES, T. J. D.; MINOHARA, L.; TEBALDI, N. D.; SILVA, L. M. M. Influência da temperatura e do substrato na germinação de sementes de saguaraji ( Colubrina glandulosa PERK. Rhamnaceae). Revista brasileira de sementes, vol.20, n 2, p. 246 349 1998. CARNEIRO, J. W. P.; PIRES, J.C. Influência da temperatura e do substrato na germinação de sementes de mamona. Rev, Brás. Sem. Brasília, 5 (3), 1983. DIGNART, S. Análise de sementes de jatobá do Cerrado [Hymeneae stigonocarpa (Hayne) Mart.] e barbatimão [Stryphnodendron adstringens (Mart.) Cov.]. Cuiabá, FAMEV, 1998. 58p (Dissertação de Mestrado). GONÇALVES, J. L. M.; POGGIANI, F. Substrato para produção de mudas florestais. In: SOLO-SUELO CONGRESSO LATINO AMERICANO DE CIÊNCIA DO SOLO, 13, 1996. Água de Lindóia SP. Resumos expandidos... Água de Lindóia-SP: SLCS SBCS ESALQ/USP CEA-ESALQ/USP SBM, 1996. MACEDO, R. L. G. Influência da temperatura, substrato e luminosidade na germinação e avaliação da qualidade fisiológica das sementes de seringueira (Hevea brasiliensis Muell Arg.). Lavras, ESAL: 1985, 67p. Dissertação (Dissertação de Mestrado). NAKAGAWA, J. Testes de vigor baseados no desempenho das plântulas. In: Krzyzanowsk: et al. (ed.). vigor de sementes: Conceitos e testes. Londrina-PR: ABRATES, v.2, p1-24, 1999. SOMAVILLA, N. S. Utilização de plantas medicinais por uma comunidade garimpeira do sudeste matogrossense, Alto Coité, Poxoréu MT. Cuiabá-MT, ISC/UFMT, 1998. 104p. Dissertação (Dissertação de Mestrado).