Como funcionam as bacias hidrográficas... 156 O ciclo da água... 156 Como é que as bacias hidrográficas protegem a água e o solo...



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Transcrição:

Como funcionam as bacias hidrográficas............................... 156 O ciclo da água.......................................................... 156 Como é que as bacias hidrográficas protegem a água e o solo.......... 157 Actividade: Fazer uma bacia hidrográfica........................... 158 História: Danificação da bacia hidrográfica no Vale do Rio Aguan. 159 Efeitos na saúde causados por bacias hidrográficas danificadas........ 160 Proteger e restaurar bacias hidrográficas............................... 161 O desenvolvimento sustentável protege as bacias hidrográficas......... 161 Benefícios da protecção das bacias hidrográficas....................... 162 História: Melhorar a saúde no Vale do Rio Aguan................... 163 Actividade: Planear um projecto comunitário de uma bacia hidrográfica.......................................................... 164 Gerir a forma como a água flui.......................................... 167 Bacias hidrográficas nas vilas e cidades................................. 168 As grandes barragens prejudicam a saúde.............................. 169 História: Como é que uma grande barragem levou o povo Yaqui a ficar doente.................................................. 169 As barragens causam problemas rio acima e rio abaixo................ 170 Alternativas às grandes barragens...................................... 172 História: Parceria entre tribos protege o Rio Yukon.................. 173

Nossa bacia hidográfica Independentemente do lugar onde você está, numa zona rural ou numa zona urbana, você está numa. Uma bacia hidrográfica é uma área de terra através da qual se escoa toda a água da chuva e da neve em direcção a um único corpo de água, como por exemplo um ribeiro, um rio, um lago ou um pântano. Uma bacia hidrográfica também se chama, porque a terra, encosta acima e corrente acima, capta toda a água e depois a água corre encosta abaixo e corrente abaixo. Uma bacia hidrográfica pode ser muito grande, cobrindo milhares de quilómetros, ou pode ser tão pequena como um vale. Dentro de cada bacia hidrográfica grande, onde a água flui dos montes altos para os vales baixos (como acontece com uma cadeia de montanhas), há muitas bacias hidrográficas mais pequenas (como pequenos ribeiros e outros cursos de água que correm para os rios e para o mar). Ver a página a seguir para ver ilustrações de bacias hidrográficas. Uma bacia hidrográfica saudável protege os abastecimentos de água, alimenta as florestas, plantas e animais selvagens, mantém o solo fértil e dá apoio a comunidades autoconfiantes. Mudanças grandes e repentinas numa bacia hidrográfica, como por exemplo abater árvores e silvados, deitar fora lixo ou construir estradas, casas e barragens, pode danificar a bacia hidrográfica e os seus recursos de água. Isto pode afectar a capacidade da terra de dar sustento a comunidades saudáveis e pode levar a problemas de saúde, fome e migrações. Planear mudanças na maneira como a água corre através das bacias hidrográficas e como a água e a terra vão ser desenvolvidas e usadas pode prevenir problemas futuros.

A saúde de todas as pessoas é afectada se a bacia hidrográfica for danificada. Para compreender a importância das bacias hidrográficas para o ambiente, podemos pensar nos rios e ribeiros como as veias da terra. Elas transportam e deslocam água através do solo, da mesma maneira que as veias transportam o sangue através dos nossos corpos. Tal como nós dependemos do sangue para a vida, o ambiente depende da água para a vida. A água está sempre em movimento. Às vezes, movimenta-se correndo como um rio. Às vezes movimenta-se mudando do estado líquido (água) para o estado gasoso (vapor) ou para o estado sólido (gelo ou neve). Mas a quantidade total de água no mundo nunca muda. Toda a água que existe desloca-se do céu para a terra, infiltrando-se no solo, correndo nos rios, lagos e oceanos, e depois evaporando-se de volta para o céu. Este movimento da água é chamado o ciclo da água.

A maior parte da água numa bacia hidrográfica não está nos rios e lagos, mas sim no próprio solo. Uma bacia hidrográfica saudável tem um abastecimento de água limpa e um solo rico. As árvores e as plantas, sobretudo as ervas, nas partes mais altas da bacia hidrográfica e ao longo das margens dos rios e ribeiros, melhoram a qualidade e quantidade de água subterrânea. Ao proteger e conservar a água, as plantas e o solo, protegemos a bacia hidrográfica.

Há 40 anos atrás, os montes acima do Rio Aguan eram florestados. O vale era uma das regiões mais férteis em todas as Honduras e criava um bom ambiente para a vida das pessoas de muitas aldeias e quintas. Muitos ribeiros pequenos e transparentes corriam monte abaixo em direcção ao Rio Aguan azul. O rio fluía através do coração do vale e em direcção ao Mar das Caraíbas. Depois, as pessoas começaram a cortar árvores para usarem mais terra para a agricultura e para alimento do gado. Grandes empresas de frutas vieram e abateram mais árvores para fazerem plantações de banana. As famílias começaram a deslocar-se para os montes, porque a melhor terra do vale tinha sido tomada por proprietários rurais ricos. Finalmente, a maior parte das árvores foi abatida e havia muitas pessoas a viverem nas encostas dos montes. Havia menos água no rio e nos ribeiros, e a água já não era transparente. As pessoas do Vale do Aguan sabiam que as coisas tinham mudado, mas foi preciso um furacão para as levar a perceber a dimensão dos danos causados à sua bacia hidrográfica. Chuvas fortes causaram desabamentos de terras nos montes. Muitas casas e aldeias inteiras foram arrastadas pelas terras. Muitas pessoas morreram e muitas outras adoeceram. À medida que trabalhavam em conjunto para recuperarem da tempestade, as pessoas começaram a ver que a perda de árvores nas encostas, os desabamentos de terras e os seus problemas de saúde estavam relacionados. O gado poluiu a sua água de beber, causando diarreia e outras doenças às suas crianças. As colheitas pioraram. Como o solo já não retinha a água da época das chuvas, os campos secavam rapidamente. Depois, quando veio a chuva de Inverno, levou consigo o solo. As colheitas eram tão fracas que as pessoas estavam sempre com fome e a fome piorava os seus problemas de saúde. Os aldeãos começaram a compreender que, para melhorarem a sua saúde, tinham que proteger a sua bacia hidrográfica.

Quando a terra fica limpa de árvores e plantas (desflorestação), o solo retém menos água, secando poços e nascentes. Os períodos secos podem tornar-se mais longos ou mais frequentes, causando todos os problemas de saúde por não haver água suficiente (ver Capítulo 5). A desflorestação também causa perda de solo (erosão, ver página 200), o que faz com que produzir alimentos seja mais difícil, levando à fome e às migrações. Quando as zonas pantanosas são destruídas, elas não podem filtrar a poluição tóxica para fora da água, levando a maior contaminação. A desflorestação e os danos causados às zonas pantanosas provocam inundações, o que causa ferimentos e morte e aumenta os casos de diarreia. Os mosquitos reproduzem-se na água parada e com pouco movimento. Quando são feitas mudanças grandes ou repentinas na forma como a terra é usada e na forma como a água flui através da bacia hidrográfica, essas mudanças criam muitas vezes condições para que os mosquitos se reproduzam. As mudanças podem ser causadas por: Escavações nos leitos dos rios para retirar materiais de construção como saibro e areia, e minerais preciosos como ouro, que deixam muitas vezes as lagoas estagnadas. A construção de barragens em rios cria águas paradas e muda a maneira como a água flui (ver página 170). A construção de estradas pode bloquear o fluxo de água e criar lagoas estagnadas. Se você conseguir manter a água em movimento, as mudanças à bacia hidrográfica não têm que trazer necessariamente mais doenças causadas por mosquitos, como a dengue, a malária e a febreamarela. Para mais informações sobre a prevenção de problemas causados por mosquitos, ver Capítulo 8.

A terra numa bacia hidrográfica é habitualmente propriedade de muitas pessoas diferentes. Pode ser difícil conseguir a colaboração de todos para melhorar e restaurar a bacia hidrográfica. Mas, como a bacia hidrográfica é uma questão de todos, é importante que o maior número de pessoas possível apoiem e participem nos esforços para proteger a bacia hidrográfica. Algumas mudanças nas bacias hidrográficas como a construção de estradas, a colocação de barragens num rio para irrigação ou produção de electricidade, ou a secagem de pântanos para reduzir os locais de reprodução dos insectos são feitas na esperança de melhorar as vidas das pessoas. Mas, se estas mudanças forem feitas sem ter em consideração a maneira como a água se desloca naturalmente através da bacia hidrográfica, elas podem provocar mais danos do que fazer bem.

Há muitas maneiras de melhorar as condições de vida que não vão prejudicar a bacia hidrográfica, ajudando-a a manter-se saudável para as pessoas no presente e no futuro. Garantir que o abastecimento de água e os projectos de saneamento são bem geridos, para benefício das comunidades locais e do ambiente (ver Capítulos 6 e 7). Trabalhar para manter as florestas saudáveis (ver Capítulo 10). Plantar culturas usando métodos sustentáveis, para manter a terra agrícola rica e fértil (ver Capítulo 15). Eliminar os lixos de forma segura e criar menos lixo (ver Capítulos 18 e 19). Construir casas, estradas e povoações de maneira que não mude o fluxo natural da água através da bacia hidrográfica ou cause erosão e de maneira que eles estejam protegidos das cheias sazonais. Proteger uma bacia hidrográfica envolve muitas vezes resolver disputas sobre as terras, marcar fronteiras claras, desenvolver planos para o fluxo da água, fazer acordos entre vizinhos sobre o uso da terra e da água, e reunir e partilhar os recursos necessários para fazer o trabalho. Em muitas comunidades, estes não são projectos fáceis. Os governos locais e regionais podem envolver-se na resolução das disputas às vezes para melhor, às vezes para pior. Mas, se as pessoas puderem trabalhar em conjunto para proteger a bacia hidrográfica, isso vai significar que se vai ter mais água. Uma vez que a falta de água causa ou piora os conflitos, ter mais água vai melhorar as relações entre as pessoas, além de proteger a saúde comunitária. Alguns benefícios da protecção das bacias hidrográficas são: Mais água e água mais limpa em poços e nascentes; Melhor produção das culturas, mesmo durante o tempo seco; Gado mais saudável. Com mais água, são produzidas mais culturas. Isto aumenta o rendimento das pessoas, tornando menos provável que elas deixem as suas casas para irem à procura de trabalho.

O furacão que atingiu as Honduras afectou todas as pessoas da bacia hidrográfica do Rio Aguan, por isso, todos estavam dispostos a trabalhar em conjunto para recuperar da tragédia. As pessoas das vilas e aldeias em todo o vale começaram a fazer encontros. Tinha havido deslizamentos de terras em todo o lado e muitas pessoas ficaram sem casa. Com a ajuda da Igreja Católica, eles começaram a falar sobre como resolver os seus problemas de maneira duradoura. À medida que reconstruíam as suas comunidades, aprenderam que a maneira como eles praticavam agricultura poderia danificar ou ajudar a proteger a terra. Os camponeses podiam melhorar o solo e prevenir a erosão plantando os canteiros em filas ao longo das encostas, em vez de para cima e para baixo. E as valas para escoamento, as paredes de pedras e outras barreiras que eles faziam podiam proteger as suas encostas. Os camponeses ficaram contentes de aprender novas maneiras de proteger as suas terras. Mas também sabiam que as pessoas que causavam mais danos eram os proprietários de gado e os donos de plantações. Os aldeãos e os camponeses começaram a visitar as famílias que tinham grandes plantações de bananas ou quintas com muito gado. Os aldeãos falaram com os grandes proprietários de terra sobre a importância de proteger a água para todos. Não são apenas os pobres que sofrem os efeitos das terras danificadas e da água contaminada, disseram eles. Somos todos nós. Com o passar do tempo, até os proprietários de terras mais ricos do vale começaram a ajudar no esforço de recuperação. Alguns concordaram em vedar as enseadas e nascentes, para manter o gado afastado. Outros, que possuíam terras nas encostas, deixaram que os aldeãos que tinham terras abaixo das suas plantassem árvores nas suas encostas. Os camponeses do vale falaram com os proprietários das terras no cimo dos montes e ofereceram-se para trocar alguma da sua terra para terem permissão para vedar e proteger as terras acima. Era melhor para os proprietários de gado terem as terras do vale para o seu gado, e era melhor para toda a comunidade manter o gado longe dos cumes dos montes, para que o plano ajudasse todos. Depois do furacão, os aldeãos do Vale do Rio Aguan começaram a ter boas relações mesmo entre as pessoas que antigamente raramente falavam umas com as outras. Eles aprenderam que, ao proteger a sua bacia hidrográfica, eles e os seus filhos teriam água mais limpa e casas mais seguras. E que isto era bom tanto para a bacia hidrográfica como para a comunidade.

A equipa da bacia hidrográfica do Vale do Rio Aguan seguiu estes passos para começar a proteger a sua bacia hidrográfica: Em grupo, com os líderes comunitários, professores e outras pessoas, visite lugares importantes para a saúde da bacia hidrográfica. Conforme o tamanho da bacia hidrográfica, isto pode levar 1 dia ou várias semanas. Visite os principais cursos de água e tome nota de onde é que eles se ligam uns aos outros. Tome notas sobre quem vive em que partes da bacia hidrográfica e como é que a terra e os recursos são usados em diferentes áreas. Visite os lugares onde as pessoas vão buscar água, os lugares onde a água pode tornar-se contaminada (perto de fábricas, pastagens e lugares onde o lixo se acumula) e outras áreas de preocupação. Porque é que acha que o rio está tão contaminado? Fale com as pessoas sobre as mudanças que elas repararam ao longo do tempo. Os caçadores e as pessoas que pescam, sabem onde é que estão os animais, e onde é que eles costumavam estar em diferentes alturas do ano. A sua comunidade está cheia de especialistas sobre a sua bacia hidrográfica. A água rio abaixo, perto da fábrica, é mais quente do que dantes. As rochas onde o meu marido costumava pescar estão cobertas de limos. Depois destas visitas, converse sobre A NOSSA BACIA HIDROGRÁFICA o que é que você aprendeu e como é que pode partilhar a informação da melhor forma com toda a comunidade. Converse sobre quais as coisas que podem causar danos à terra e à água. Pode ser uma ajuda fazer um mapa da bacia hidrográfica e marcar os lugares que podem causar preocupação dentro da comunidade. Os mais velhos podem ajudar a fazer mapas de como as coisas costumavam ser e como é que mudaram (para mais informações sobre mapeamento, ver página 15).

Organize uma reunião com pessoas de todas as comunidades que fazem parte da bacia hidrográfica. É especialmente importante convidar trabalhadores de saúde, pessoas responsáveis pela água e saneamento, proprietários de terras, donos de negócios e pessoas que recolhem água. Use o seu mapa ou desenho para explicar os problemas que encontrou. Encoraje as pessoas a partilharem as suas preocupações sobre saúde e a conversarem sobre como é que os problemas podem ser causados pela contaminação da água, desflorestação, erosão do solo e outras questões relativas à bacia hidrográfica. Lembre-se de falar da água da superfície e da água subterrânea. O objectivo desta conversa é começar, pouco a pouco, a sair da identificação dos problemas para o processo para os resolver. À medida que cada assunto é levantado, perguntar: Como é que podemos começar a resolver este problema agora? Vamos precisar de apoio técnico, dinheiro ou outros recursos? Quem precisa de estar envolvido? Encontros e caminhadas ao longo da bacia hidrográfica são formas de construir parcerias entre as pessoas numa bacia hidrográfica. Organize encontros com pessoas que vivem nas zonas a jusante dos cursos de água e outros encontros com pessoas que vivem a montante dos cursos de água na bacia hidrográfica. Depois, organize encontros com representantes de diferentes grupos. Identifique objectivos comuns e encontre formas de trabalhar no sentido de alcançar esses objectivos, para que todos beneficiem. Por vezes, pode ser difícil construir parcerias, sobretudo numa bacia hidrográfica grande. Pode ter de coordenar entre grupos diferentes locais e também com comités legais ou da cidade. Muitas vezes, diferentes grupos ou comunidades vão ter as suas próprias ideias sobre o que deve acontecer à bacia hidrográfica e podem ter dificuldade em compreender ou aceitar as necessidades e ideias dos outros. Diferenças de poder, recursos e influência podem causar conflitos graves. Mas quando são respeitadas as necessidades e contribuições de todos, e não apenas das pessoas com riqueza ou estatuto, podem desenvolverse parcerias fortes. A abertura e a honestidade nas relações de trabalho vão ajudar a criar um ambiente de confiança. E uma vez que se espera que todos os parceiros contribuam para a parceria, eles também devem beneficiar com ela de alguma forma.

Pense nalguns dos acordos feitos no Vale do Rio Aguan. Um grupo plantou árvores na terra de outras pessoas. Proprietários de gado ricos concordaram em vedar as enseadas e nascentes. Algumas pessoas até trocaram de terras. Determinação, paciência e benefícios de mais água e água mais limpa permitiram que as parcerias crescessem e fossem bem-sucedidas. Defina objectivos claros e faça um plano de acção. Um objectivo pode ser ter árvores a crescer perto de todos os pontos de água em 5 anos. Outro objectivo pode ser proteger o rio, para que daqui a 50 anos ainda seja seguro beber da sua água. O plano de acção pode incluir a protecção de alguma terra através da sua não utilização, sobretudo perto de ribeiros ou no cimo dos montes. Coloque sinais ou marque as árvores com tinta com a mensagem Reserva da Bacia Hidrográfica: Não Usar. Os primeiros a beneficiarem com a protecção da bacia hidrográfica são habitualmente as pessoas na base da bacia hidrográfica (ao terem mais água e solo melhorado). Faça um plano de acção que inclua as necessidades daqueles que estão na parte de cima da bacia hidrográfica e que só vão beneficiar mais tarde. Quando toda a comunidade trabalha em conjunto, é mais provável que o plano seja bem-sucedido. PLANO DE ACÇÃO 1. Não cortar vegetação perto dos recursos de água. 2. Ajudar as árvores jovens a crescerem e reflorestar áreas que têm poucas árvores, sobretudo perto dos pontos de água. 3. Iniciar viveiros comunitários para produzir plantas para reflorestação. 4. Organizar grupos para prevenir e combater os fogos florestais. Educar os camponeses locais para não queimarem os seus campos ou para fazerem queimadas seguras e controladas. 5. Vedar a área à volta dos pontos de água e colocar avisos de Área Protegida. 6. Encorajar os camponeses a conservarem o solo usando adubos ecológicos, reciclando os restos das culturas, construindo paredes de retenção e plantando linhas de contorno. 7. Desencorajar o uso de pesticidas e adubos químicos. 8. Trabalhar com o governo local e os comités de água para deslocar casas de banho, sistemas de esgotos e áreas de lavagens para longe dos pontos de água. 9. Organizar recolhas comunitárias do lixo e impedir que o lixo vá parar aos rios e ribeiros. 10. Afastar o gado dos pontos de água e marcar áreas onde o gado não deve pastar. 11. Garantir que as pessoas que acabaram de chegar à comunidade e os novos negócios têm conhecimentos sobre a bacia hidrográfica e sobre como é que podem ajudar a cuidar dela.

Estes passos podem ser um modelo para um projecto comunitário de protecção de qualquer bacia hidrográfica. A parte mais importante do projecto é envolver tantas pessoas quanto possível em acordos que vão beneficiar todos a longo prazo. Quando a água flui para o solo ou para os cursos de água, chama-se a isso. Um bom escoamento reduz os perigos de cheias e de erosão e ajuda à infiltração de mais água no solo. Um mau escoamento causa erosão do solo e água estagnada. A melhor maneira de melhorar o escoamento é fazer com que a depois de uma chuvada (chamada água de escoamento) possa caminhar para fora em vez de correr para fora, para que reduza a sua velocidade, se disperse e se infiltre no solo. Para fazer isto: Evite cortar plantas e árvores, sobretudo em encostas e ao longo de rios e ribeiros. Desvie a água da superfície para regar as plantas, para valas de irrigação e para zonas baixas. Podem ser criadas hortas ou tanques para peixes nos lugares onde a água se acumula (ver página 309). Construa barreiras vivas, paredes baixas ou estruturas para controlo da erosão, para reter e desviar a água da superfície (ver página 293). Melhore o solo usando métodos agrícolas sustentáveis, para que a água se infiltre no chão (ver páginas 282 a 289). Desvie as águas residuais para longe das torneiras e poços, orientando-as para valas de escoamento ou fossas (ver página 82). Armazene a água de escoamento dos telhados em cisternas e recipientes para água de beber (ver página 86) ou desvie-a para lagos, campos e hortas. Mantenha plantas à beira da estrada ou construa canais de escoamento ao longo das estradas e mantenha-os sem bloqueios.

Quando uma vila ou cidade é construída, ela vai alterar a forma como a água flui através da bacia hidrográfica. O desenvolvimento urbano traz mais superfícies duras, como estradas, pavimentos e telhados, que podem levar a água da chuva a fluir com rapidez em vez de se infiltrar no solo. Isto pode levar a água a acumular-se e estagnar, criando locais onde os mosquitos se podem reproduzir. Além disso, também pode levar ao aparecimento de cheias. Nos lugares onde as pessoas se reúnem em grande número e a indústria se desenvolve, mais poluição contamina a água. Pode ser difícil manter saudáveis os pântanos e as margens dos rios, mas é especialmente importante, porque os pântanos previnem a água poluída de se acumular, contaminando plantas e animais e prejudicando a saúde humana. Para proteger a sua parte da bacia hidrográfica, as pessoas nas vilas e cidades podem fazer o seguinte: Eliminar com segurança os dejectos humanos e os produtos químicos tóxicos para os impedirem de poluir as fontes de água e de bloquear o fluxo da água (ver Capítulos 7, 16 e 20). Restaurar as margens dos rios, ribeiros e pântanos, transformando-os em parques dentro da cidade. Algumas comunidades plantam hortas ou jardins ao longo das estradas, para ajudarem a água a infiltrar-se no solo, em vez de se escoar para os esgotos. Fazer campanhas para que os governos das cidades disponibilizem casas seguras para as pessoas viverem em áreas onde há perigo de cheia. Fazer pressão sobre os negócios e indústrias para que assumam a responsabilidade sobre os seus lixos. Envolver-se, através do governo da cidade e de organizações cívicas, nos esforços de planeamento regional e desenvolvimento sustentável.

Uma barragem é uma parede construída através de um rio. As barragens são construídas para bloquear o fluxo de um rio e formar um lago artificial chamado reservatório. A água armazenada nos reservatórios pode ser usada para controlar as cheias, para disponibilizar água para irrigação e para beber, para produzir electricidade ou para recreação. As barragens contribuíram para construir cidades modernas e melhorar muitas vidas. Mas as grandes barragens, com mais de 15 metros de altura e às vezes chegando a atingir 250 metros, também prejudicam as pessoas e a terra de muitas maneiras. Há muitos anos atrás, o povo Yaqui vivia da agricultura no clima quente e seco do norte do México. Graças ao seu rio, o Rio Yaqui, eles tinham água para a agricultura, para beber e para satisfazer as suas necessidades ao longo de todo o ano. Tudo isto mudou quando uma barragem foi construída no seu rio. O governo mexicano concordou que metade da água da barragem pertencia aos Yaquis. Mas os Yaquis cedo descobriram que nenhuma água chegava às suas aldeias. Todo o rio tinha sido canalizado para um canal gigante para irrigar muitas grandes quintas industriais que produziam trigo e algodão. Estas grandes quintas cedo cercaram as aldeias Yaqui e o povo Yaqui ficou sem nenhuma água para as suas próprias culturas. Para produzir trigo e algodão num solo desértico seco é preciso muita água, adubos químicos e pesticidas. Os pesticidas são pulverizados mais de 45 vezes nos meses entre o plantio e a colheita. Todo este veneno acaba por ir parar aos canais de irrigação. Com os rios desviados e sem outras fontes de água, os Yaquis bebiam a água dos canais. Com o passar dos anos, a água poluída levou -os a ficarem doentes. Depois de anos a beberem água contaminada, as crianças Yaqui começaram a ter problemas em aprender, pensar, crescer e brincar. Muitas crianças também sofriam de problemas de saúde graves, como cancro do sangue e defeitos de nascença, como membros atrofiados e ossos fracos. O mais provável é que estes problemas de saúde fossem causados por beberem água e respirarem ar envenenados com pesticidas. Os problemas de saúde do povo Yaqui começaram quando se construiu a barragem no seu rio.

Primeiro, as barragens criam problemas para as pessoas que vivem rio acima em relação ao lugar onde o rio está ou vai ser bloqueado. As pessoas são deslocadas pelas barragens e forçadas a emigrar. Muitas acabam por viver em terras pobres ou em bairros de lata urbanos. Às pessoas que são deslocadas pode ser prometido dinheiro ou terras. Mas, muitas vezes, este dinheiro não lhes é dado pelos responsáveis locais. Com frequência, apenas as pessoas com títulos de propriedade válidos sobre a terra que vai ser alagada pela barragem recebem dinheiro ou outro terreno em troca. Outras vezes, a terra de substituição é demasiado pobre para a agricultura. As vilas que vão ser alagadas pela barragem não recebem fundos do governo para manutenção e desenvolvimento, por isso, as escolas, as estradas e os serviços de saúde são negligenciados. Algumas vilas permanecem assim durante muitos anos antes de serem alagadas.

As barragens destroem o fluxo natural do rio. Elas causam um aumento ou uma diminuição do fluxo de água, conforme o tipo de barragem. O ciclo natural de inundação e seca pode ser perturbado, afectando todo o rio e prejudicando largas áreas de terra. Os mosquitos reproduzem-se nas águas pouco profundas e ensolaradas dos canais de irrigação e nas margens dos reservatórios. Elevar e baixar regularmente o nível do reservatório pode matar os jovens mosquitos. Mas, habitualmente, as pessoas que gerem as barragens não consideram que isto seja importante. As moscas pretas que propagam a cegueira dos rios põem os seus ovos em água que corre rapidamente, como a água que sai de uma barragem. As águas paradas numa barragem e em projectos de irrigação são locais bons para a reprodução dos caracóis que transportam a bilharziose (ver página 56). Quando uma barragem bloqueia um rio, bocados de solo e pedras são transportados pela água e assentam no fundo do rio e no reservatório, em vez de assentarem nas margens dos rios. Quando a água é esvaziada do reservatório, essa água não tem sedimentos. Como os sedimentos fazem parte do que torna a terra rica para a agricultura, as terras junto ao rio das zonas baixas tornam-se pobres. E como a água libertada da barragem transporta sedimentos consigo à medida que se desloca, ela causa erosão na terra e cava cada vez mais fundo no leito do rio.

Mas onde é que está a minha água? Quando há planos para construir uma barragem, a primeira questão a pôr é: A barragem é IRRIGAÇÃO necessária? As barragens são construídas para controlo das cheias, electricidade, irrigação e para fornecerem água às cidades em crescimento. Estes serviços podem ser fornecidos de maneiras menos danosas. A segunda questão a pôr é: Quem é que vai beneficiar? Em todo o mundo, as comunidades que seriam prejudicadas resistiram à construção de grandes barragens e propuseram alternativas. Em muitos casos, eles estão a conseguir. Se possível, evite construir em planícies naturais de cheia e em pântanos. Melhore os sistemas de aviso, para ajudar as pessoas a prepararem-se para as cheias. Preservar o fluxo natural dos rios pode prevenir as cheias mais eficazmente do que construir barragens nos rios.. Encoraje os governos e os empreendedores a promoverem energia eólica, solar ou aquática de pequena escala que gera electricidade perto dos locais onde ela vai ser usada. A energia localmente gerida e controlada é mais sustentável para pessoas em cidades e vilas, bem como nas áreas rurais (ver Capítulo 23).. O desenvolvimento local dá mais segurança à água do que as grandes barragens. No estado de Gujarat, na Índia, milhares de pequenas barragens de controlo (ver página 293) foram construídas para recolher água da chuva para uso na época seca e para voltar a encher as zonas de água subterrânea. O governo e os aldeãos partilham o custo destas barragens. Muitas aldeias que em tempos tinham água para irrigar os campos apenas durante metade do ano, agora têm água ao longo de todo o ano. Água para as pessoas, não para obter lucro CONTROLO ALIMENTAR ELECTRICIDADE Não vamos sair daqui! É a nossa terra As comunidades em todo o mundo têm estado a resistir a novas barragens, trabalhando para que as velhas sejam deitadas abaixo, e exigindo compensação em dinheiro e em terra pelos danos que sofreram com as barragens. Algumas comunidades também exigem mudanças na maneira como as barragens são controladas, para ajudar os rios a fluírem mais naturalmente e reduzir os danos que as barragens causaram (para mais informações, ver secção de Recursos). para mais alguém. para mais alguém. para mais alguém. Não às barragens!

No Alasca e no território Yukon na fronteira entre os Estados Unidos e o Canadá, o poderoso Rio Yukon corre ao longo de 3.700 quilómetros através de muitas vilas e aldeias. Como o rio está ameaçado pela contaminação, 60 comunidades indígenas assinaram um tratado em que concordaram em trabalhar como parceiros para manter o rio limpo para as gerações futuras. Eles formaram uma aliança chamada Conselho Intertribal da Bacia Hidrográfica do Rio Yukon. O Concelho da Bacia Hidrográfica não começou por tentar limpar todo o rio. Eles começaram com pequenos projectos e objectivos claros. Um dos seus primeiros programas foi proibir o uso de sacos de plástico nas vilas ao longo do rio. Ao proibir os sacos de plástico, as pessoas ao longo do rio aprenderam que assumir responsabilidade pessoal podia fazer uma grande diferença na protecção da bacia hidrográfica. Depois de a proibição do uso de sacos de plástico ser bem-sucedida, as comunidades fizeram o mesmo em relação às pilhas usadas, combustível e carros avariados. Cada comunidade da bacia hidrográfica construiu um aterro e criou um recipiente para recolher pilhas, evitando que os venenos fossem para o solo e para a água. Depois, eles trabalharam para convencer as pequenas empresas de aviação, as empresas de navegação e as bases militares na área a eliminarem com segurança as pilhas velhas, os automóveis e o combustível. Agora, os governos tribais do Yukon estão a melhorar os seus sistemas de esgotos e aterros e a criar programas para reciclar e reutilizar o lixo. Eles ensinam os jovens a testarem a água para ver se está poluída e a reconhecer os sinais de contaminação, de modo a preveni-la. O Conselho Intertribal da Bacia Hidrográfica do Rio Yukon criou parcerias com os governos tribais, estatais, locais e nacionais no Canadá e nos Estados Unidos e com grupos ambientais e de protecção de bacias hidrográficas, agências financiadoras e conselheiros externos. Ao juntar muitos grupos, o Conselho da Bacia Hidrográfica foi capaz de fazer um plano que incluiu todas as comunidades da bacia hidrográfica e foi capaz de reunir suficientes recursos para fazer o trabalho. Ao dar pequenos passos primeiro e grandes passos depois, o Conselho da Bacia Hidrográfica incentivou uma mudança lenta mas eficaz. Um membro do Conselho disse: Quando eu era pequeno, bebia a água directamente do rio. Daqui a 50 anos, também vamos ser capazes de beber a água do rio novamente.