ENTRADA DE PORTUGAL NA 1ª GUERRA MUNDIAL INTRODUÇÃO Vamos elaborar um texto que reflete a nossa investigação sobre a entrada de Portugal na 1ª Guerra Mundial. O trabalho apresenta a seguinte organização. Iniciamos por fazer o enquadramento político internacional que se vivia antes da guerra, com destaque para o quadro de alianças existente. Segue-se uma referência ao enquadramento político nacional, merecendo relevo a relação de forças existentes entre os partidos políticos. Posteriormente, apresentaremos as razões que levaram Portugal a colocar de lado a neutralidade face ao conflito e a participar na guerra. Abordaremos igualmente a conduta dos militares portugueses no decorrer da guerra nas diversas frentes em que participámos. Por fim, apresentaremos as consequências da participação na guerra para Portugal e as respetivas conclusões do trabalho. 1. ENQUADRAMENTO POLÍTICO E INTERNACIONAL As relações internacionais na Europa no início do século XX eram bastante tensas devido ao facto de existirem grandes divergências entre os principais impérios europeus. Estas divergências eram essencialmente de ordem económica, uma vez que havia uma procura significativa de regiões ricas em matérias-primas, que permitissem aumentar a produção das suas indústrias e consequentemente o seu crescimento económico. Associado a este clima, existiam rivalidades históricas que não contribuíam para serenar os ânimos entre as principais potências europeias. A insegurança provocada pelo clima de hostilidade existente, levou a que os países aumentassem o seu poder militar e a prepararem-se para uma eventual guerra contra os seus inimigos. O facto de haver nações com interesses opostos, levou à criação de alianças militares. O quadro de alianças que existia antes da 1ª Guerra Mundial do ponto de vista internacional era o seguinte: - Tríplice Aliança: a Alemanha e o Império Austro-Húngaro assinaram um acordo em 1879, de ajuda mútua. Posteriormente a Itália aderiu à Tríplice Aliança em 1882, ainda que a sua adesão não tenha sido acompanhada por uma posição de claro apoio à 1
Tríplice Aliança. Julga-se que a Itália assinou igualmente um acordo secreto com o bloco rival, de modo a ser recompensada com colónias em África, numa situação de pós conflito; - Tríplice Entente: existia um acordo entre França e Inglaterra, no qual a França reconhecia as pretensões colonialistas da Inglaterra e esta se comprometia a ajudar França, no caso de uma agressão alemã. Mais tarde, em 1907 a Rússia aderiu a este bloco. 2. ENQUADRAMENTO POLÍTICO NACIONAL Portugal caracterizava-se à data, por ser uma jovem república, liderada pelo Partido Democrático e que mantinha relações de grande proximidade com Inglaterra. A neutralidade de Portugal não era apoiada pela Inglaterra, tendo a mesma solicitado a Portugal que não a mantivesse, mas que também não participasse na guerra. Os intervencionistas, então dirigidos pelo Partido Democrático, chefiado por Afonso Costa, queriam que Portugal participasse na guerra. Ao contrário, os unionistas liderados por Brito Camacho, defendiam a necessidade de respeitar a vontade de Inglaterra: não ser neutro, mas não entrar na guerra. Assumindo uma posição mais moderada, o Partido Republicano Evolucionista, chefiado por António José Almeida, nunca hesitou em colocar-se ao lado do governo britânico, dando-lhe assim o seu apoio, defendendo no entanto a participação no conflito armado. Mais tarde, Democráticos e Evolucionistas juntaram-se e constituíram o Governo de União Sagrada, que defendia a participação de Portugal na guerra então em curso. 3. RAZÕES QUE LEVARAM PORTUGAL A ENTRAR NA GUERRA A jovem república já tinha tomado a decisão de apoiar a Inglaterra e a França, caso se associasse ao conflito armado. A decisão de Portugal se envolver de forma ativa no conflito está assente em razões de ordem externa e interna, nomeadamente: - Razões de ordem externa: 2
Preservar o compromisso com Inglaterra, afirmando-se assim como um parceiro privilegiado desta; Distanciar-se da neutralidade espanhola, enfraquecendo as relações entre Espanha e Inglaterra e por outro lado, reforçando as relações entre Portugal e a Inglaterra; Impedir que a influência alemã ganhasse importância nas colónias portuguesas de Angola e Moçambique; Proteger as colónias portuguesas de Angola e Moçambique de um possível ataque por parte da Alemanha ao norte de Moçambique e sul de Angola; Garantir a manutenção das colónias no final da guerra, na Conferência de Paz; Afirmar o prestígio e a influência diplomática do Estado republicano bem como a sua legitimação no seio das potências europeias, maioritariamente monárquicas. - Razões de ordem interna: Acreditar que a entrada na guerra ao lado das democracias europeias iria aumentar o progresso e o desenvolvimento nacional; A necessidade por parte do Partido Democrático de afirmar o seu poder político, tanto em relação à oposição republicana, como em relação às influências monárquicas ainda existentes. 4. A CONDUTA DOS MILITARES PORTUGUESES DURANTE O CONFLITO Para descrever a conduta dos militares portugueses durante o conflito armado, julgamos oportuno apresentar as três frentes de combate de forma individualizada, indicando para cada uma delas a informação mais relevante e que marcou a passagem dos militares portugueses por Moçambique, Angola e França. - MOÇAMBIQUE Face à ameaça alemã, o governo português decidiu enviar uma força militar para Moçambique em Outubro de 1914. Esta força caracterizou-se por estar mal preparada e muito desorganizada. Foi ainda sujeita a um elevado número de doenças, 3
dando origem à perda de parte significativa do seu efetivo. Estes fatores foram determinantes para que Portugal sofresse pesadas derrotas militares nos combates travados com as forças alemãs. É de mencionar ainda que as forças portuguesas tiveram igualmente que lidar com a revolta das populações locais contra a falta de segurança no seu território. - ANGOLA De modo a minimizar a influência das forças alemãs no sul de Angola, Portugal enviou forças para Angola. O envio de tropas materializou-se em Outubro de 1914. Tal como em Moçambique, Portugal não foi capaz de se impor às tropas alemãs, tendo sofrido derrotas significativas. A sua soberania foi ainda posta em causa pelas populações locais que sofreram igualmente com a guerra em curso. - FRANÇA Portugal responde de forma afirmativa à solicitação de Inglaterra para aprisionar os navios alemães e austro-húngaros fundeados ao largo da costa portuguesa. Como consequência, a Alemanha declarou guerra a Portugal. Face a esta situação, o governo português decidiu enviar tropas para França. Em 1917, tropas do Corpo Expedicionário Português (CEP) são enviadas para a frente de combate na Flandres. A presença dos militares portugueses não foi coroada de sucesso. As tropas portuguesas foram obrigadas a combater com grandes limitações de meios, tendo sido sujeitas a diversas derrotas militares. Merece destaque a batalha de La Lys, em 9 de abril de 1918, travada no decorrer de uma rendição de tropas, onde as forças portuguesas sofreram uma pesada derrota frente às forças alemãs. 5. CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA Do ponto de vista externo Portugal conseguiu manter as colónias em África, apesar das derrotas militares, tendo contribuído para isso a rendição das forças alemãs. No quadro europeu os aliados ganharam a guerra, tendo parte das forças 4
portuguesas tido a oportunidade de integrar o desfile vitorioso nas ruas de Paris. Internamente, o governo português teve que lidar com a perda de mais de 10 mil militares; com uma grave crise económica, derivada aos elevados custos da guerra travada em várias frentes; e com uma crise social, fruto da diminuição das condições de vida dos portugueses. Merece ainda destaque que o grande objetivo político de garantir a unidade nacional não foi alcançado, verificando-se uma crescente instabilidade política que se acentuou significativamente a seguir à guerra. CONCLUSÕES No início do trabalho propusemo-nos analisar a participação de Portugal na 1ª Guerra Mundial. Essa participação constituiu-se como um elevado esforço nacional, tendo o país mobilizado dezenas de milhares de militares para as três frentes de combate: Moçambique, Angola e França. A participação de Portugal na 1ª Guerra Mundial contribuiu para a manutenção das colónias em África, nomeadamente Angola e Moçambique. Permitiu ainda reforçar a sua aliança com a Inglaterra e com os restantes aliados. Os elevados custos associados à entrada de Portugal na guerra, conduziram o país a uma situação de grande crise económica e social. Entendemos ainda que o objetivo político de unir o país fracassou, tendo-se verificado o enfraquecimento e a divisão das forças políticas, bem como da jovem República portuguesa. BIBLIOGRAFIA TEIXEIRA, Nuno Severiano, O Poder e a Guerra, 1914-1918, Objectivos Nacionais e Estratégias Políticas na Entrada de Portugal na Grande Guerra, Editora Estampa, Lisboa, 1996. TEIXEIRA, Nuno Severiano, Portugal e a Guerra, História das intervenções militares portuguesas nos grandes conflitos mundiais séculos XIX e XX, Edições Colibri, Lisboa, 1998. Site: http://www.portugal1914.org/portal/pt/escolas-historia, consultado em 27 de Março de 2016, às 12h00. Site: http://www.infopedia.pt/$portugal-e-a-primeira-guerra-mundial, consultado em 28 de Março de 2016, às 14h30. Site: https://pt.wikipedia.org/wiki/portugal_na_primeira_guerra_mundial, consultado em 28 de Março de 2016, às 16h00. 5 Trabalho realizado por: Joana Loureiro, Nº 11, 6º D