A Sociologia da Ciência Os imperativos institucionais da Ciência R. K. Merton
Os clássicos da Sociologia Marx, Weber e Durkheim concordam que: Ciência floresce em sociedades complexas, industriais A taxa de crescimento,, o foco de atenção e o uso da ciência são socialmente determinados, mas o conteúdo é independente da sociedade As comunidades científicas têm características especiais que reduzem o impacto de fatores de distorção preconceitos, interesses sobre seu trabalho cientistas geram conhecimento objetivo e universalmente válido sobre o mundo real
Robert K. Merton Meyer R. Schkolnick, filho de imigrantes do leste Europeu Ganhou uma bolsa para Temple University, fez doutorado em Harvard e se tornou o sociólogo mais influente do sec XX Columbia University criador do focus group, nova definição de anomia, self- (1910-2003)
Paradigma para a Sociologia do Conhecimento 1945 revisão do trabalho dos sociólogos clássicos sobre a ciência e conclui que: Não há evidência empírica satisfatória de uma relação entre base social e conhecimento Não há teoria satisfatória sobre a base social como determinante da ciência
Questões Relevantes Como surgiu e se institucionalizou a ciência moderna? Como a Ciência Moderna é mantida e controlada? Como se organiza a pesquisa científica? Que fatores determinam mudanças na organização científica?
Imperativos Institucionais da Ciência Ethos da ciência moderna, complexo de valores a meta institucional da ciência é o alargamento dos conhecimentos certificados (1979, 40-41) Os imperativos institucionais (mores) derivam da meta em vista e dos métodos. O crescimento contínuo do conhecimento científico só é possível em uma comunidade em que exista conformidade generalizada a quatro
Universalismo Refere-se ao caráter impessoal, internacional e anônimo da ciência (pg. 41-45) Aplica-se aos resultados (julgamento impessoal) e às oportunidades de produzir resultados (cientista independe de raça, cor, credo, nacionalidade, classe social) Importância e problemas do universalismo: rejeição da ciência não-ariana pelo nazismo; caso Lysenko; ciência dos países em desenvolvimento Confirmações e desvios da regra: contratação de pesquisadores estrangeiros; ação afirmativa; carreira científica (titulação e produção); raça e origem (filipinos, indianos, Paterniani); direitos dos
Comunismo Os resultados da ciência são produto de uma colaboração social e têm que ser divulgados (45-49) Propriedade do cientista limita-se ao reconhecimento Rejeição do segredo, necessidade da publicação Comportamentos desviantes Segurança nacional Interesse industrial ou comercial (PI) Medo de roubo (notas prévias, referees, prioridade científica) Darwin x Wallace; Watson & Crick x Linus Pauling
Desinteresse Buscar desinteressadamente o conhecimento, sem incorrer em fraudes e sem perseguir desonestamente seu benefício pessoal (49-50) Desinteresse em termos de recompensa Desinteresse na definição do problema (ciência pela ciência) não aceitar interferência externa AUTONOMIA DA CIÊNCIA Conseqüências Liberdade de pesquisa X necessidades
Ceticismo Organizado suspensão de juízo até que se disponha de todos os dados relevantes e da revisão contínua de todas as crenças estabelecidas (p. 51-52) Nunca aceitar os resultados como verdadeiros sem crítica Tornar pública a crítica Na prática: Debates nas revistas científicas são escassos Dificuldades de aceitar críticas (Gaillard, INPA) Cientistas são conservadores e pouco
A Ciência e a Ordem Social 1938 necessidade e importância do universalismo na ciência (o ethos da democracia compreende o universalismo) Autonomia da atividade científica em relação ao estado Somente nas sociedades democráticas a ciência pode funcionar adequadamente, porque lá existe suficiente grau de liberdade do etnocentrismo e particularismo
Conclusão Ponto central: ciência é uma atividade que depende de seus praticantes terem espírito aberto, serem imparciais e auto- críticos Conhecimento científico é socialmente neutro Normas impedem o cientista de interferir nessa neutralidade Ciência cresce rapidamente porque o preconceito intelectual e a resistência às novas idéias são mantidos no nível mínimo
Enfoque institucional ou Ideologia? Ao aceitar acriticamente a ciência moderna como o padrão de investigação objetiva, a sociologia da ciência Mertoniana, da mesma maneira que a história e a filosofia ortodoxas, tem funcionado não poucas vezes como ideologia, inclusive como apologia da ciência tal qual ela é, com todas as suas armadilhas (Vessuri 1989: 17)