Resumo para comunicação oral em plenária EXPANSÃO TRANSVERSAL CIRURGICA DA MAXILA EM PACIENTES ADULTOS Vinícius Matheus Szydloski 1 Angélica Scolari 2 Fernanda Tartas 2 Claiton Giovani Tirello 3 INTRODUÇÃO Pacientes adultos estão cada vez mais frequentes nos consultórios odontológicos muitas vezes apresentando problemas transversais de maxila. A Expansão Rápida de Maxila Assistida Cirurgicamente é um procedimento importante para a correção dos problemas transversais da maxila, baseia-se na liberação cirúrgica dos pilares de resistência da maxila e posterior expansão transversal. Com ela devolvemos a forma e função do maxilar superior. Conhecer a anatomia local, suas indicações, realizar um diagnóstico apropriado, reconhecer os riscos e complicações são de suma importância para a realização de um correto plano de tratamento, assim conseguindo ter sucesso na intervenção cirúrgica e resolutividade do problema. A Expansão Rápida de Maxila Assistida Cirurgicamente pode ser realizada com anestesia local ou com anestesia geral, com ou sem disjunção da sutura Pterigomaxilar. METODOLOGIA 1 Apresentador e Acadêmico da turma 2011 do curso de Odontologia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI - Erechim). 2 Acadêmicos da turma 2012 do curso de Odontologia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI - Erechim). 3 Orientador e Professor titular da disciplina de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI Erechim).
A estrutura da presente revisão de literatura, baseou-se na pesquisa de artigos referentes à Expansão Rápida de Maxila Assistida Cirurgicamente. As bases de dados examinadas foram: PuBMed, Bireme, Scielo, Portal Capes Periódicos e Science Direct. DISCUSSÃO Verstraaten et al. (2010), Koudstaal et al. (2009), e Junior (2011), afirmaram que a Expansão Rápida de Maxila Assistida Cirurgicamente (ERMAC) é uma opção de tratamento para as deficiências transversais da maxila em pacientes adultos. Sendo realizada com osteotomias nas áreas de resistência da maxila que são abertura piriforme, pilar zigomático, junção pterigoide e sutura palatina. Almeida e Silva (2010) assim conseguindo uma boa expansão com menor força aplicada nos dentes e uma maior estabilidade do tratamento. De acordo com Silverstein e Quinn (1997), uma vez que o paciente atinge a maturidade esquelética, apenas o tratamento ortodôntico não é capaz de prover uma abertura estável da maxila com deficiência transversa maior que 5 mm e a cirurgia torna-se necessária para completar o tratamento. Almeida e Silva (2010), relataram que em discrepâncias de até 5 mm e com os dentes bem implantados é possível corrigir ortodonticamente, dividindo essa quantidade entre os quatros quadrantes. A maxila completa sua morfogênese aproximadamente aos 20 anos de idade. Possui em seu interior o seio maxilar, a tuberosidade maxilar que é a porção mais posterior, com os forames alveolares onde passam os nervos alveolares superiores posteriores. Esta região participa na formação da fossa pterigomaxilar que é parecida com uma pirâmide quadrangular com base superior, vértice inferior e quatro paredes (DIAS, 2010). O conhecimento da anatomia na região maxilar é de extrema importância, pois as osteotomias são realizadas em um local de grande vascularização, o local mais comum de hemorragia é a região posterior da maxila e a artéria envolvida é a palatina descendente (LANIGAN, et al. 1990). Uma melhor compreensão da anatomia pode diminuir possíveis complicações vasculares, portanto manter a integridade destas estruturas vitais é importante (LIM, et al., 1998). As mordidas cruzadas posteriores têm várias etiologias, causas genéticas são a maioria, além de hábitos de sucção, respiração bucal, má postura ao dormir, retenção de molares decíduos, perda de espaço no arco por perda prematura de dentes decíduos, interferências oclusais, contatos prematuros, traumatismo em um dos segmentos posteriores, fenda palatina e manipulação no parto (SCAVONE-JUNIOR et al., 2007). A má-oclusão
apresenta etiologia multifatorial, envolvendo fatores genéticos, ambientais e funcionais (MATOS, 2014). As principais indicações para ERMAC são pacientes com maturidade óssea com problemas transversais e deficiência maxilar maior que 5 mm, pois devido à idade do paciente não consegue-se sucesso por meio da expansão maxilar somente ortodôntica, casos de atresia maxilar unilateral apresentando assimetria maxilar, fracasso no tratamento ortodôntico ou expansão ortopédica, presença de problemas periodontais, extrações dentárias não desejadas (BAILEY et al.,1997; MENON et al., 2010). Mordida cruzada posterior, aumento da amplitude do arco maxilar como procedimento pré-cirurgia ortognática, apinhamento dental, corredor bucal negro (SURI e TANEJA 2008). Tecido gengival fino com presença de recessão gengival vestibular e pacientes que possuam idade esquelética acima de 15 anos (BORGES, 2009). Moyers (2009) afirmou que antes da técnica cirúrgico-ortodôntica fosse desenvolvida, o melhor resultado era alcançado por camuflagem do padrão esquelético através de compensações dentoalveolares. Esse tratamento ortodôntico criava problemas para o cirurgião, pois quando as discrepâncias esqueléticas eram resolvidas, os componentes dentoalveolares não se relacionavam de modo ideal. Portanto, uma cooperação entre o cirurgião e o ortodontista na fase do diagnóstico e planejamento proporciona uma ação coordenada, determinando o melhor relacionamento do esqueleto e componentes dentoalveolares antes do início de qualquer tratamento. Primeiramente o ortodontista posiciona os dentes para uma boa relação com suas bases ósseas de modo que quando a displasia esquelética é corrigida cirurgicamente, os dentes ajustam-se numa relação coordenada do arco, com mudanças favoráveis na aparência facial. Perciaccante e Bays (2013) realizam a técnica da ERMAC com incisões bilaterais mucoperiostais que são realizadas a partir das bordas piriformes ao pilar zigomático, podendo ser realizada com bisturi ou eletrocautério, os tecidos são descolados subperiosticamente, primeiro nas margens da abertura piriforme, é possivel visualizar o nervo infraorbital saindo de seu forame, continuando o descolamento para posterior. Cuidado ao dirigir o descolamento subperiosteo inferiormente em direção a junção mucogengival, na região da fissura pterigomaxilar para evitar estruturas vasculares. Osteotomias bilaterais são feitas a partir das bordas piriformes até a junção pterigomaxilar. A separação das hemimaxilas é realizada dirigindo um osteótomo delicado entre os incisivos, paralelo ao palato, por aproximadamente
de 1 a 1,5 cm. O dispositivo expansor é girado até que a separação seja notada entre os dentes incisivos centrais. Ambos os segmentos são mobilizados com força até que a mobilidade seja vista bilateralmente. A mobilização é continuada até que, aproximadamente, 1,5 a 2,0 mm sejam abertos entre os incisivos. Se for realizada a separação do septo nasal um osteótomo é direcionado levemente para baixo e posteriormente começando justo da espinha nasal anterior, enquanto o mucoperiosteo nasal anterior é retraído. As lâminas pterigóides são separadas da tuberosidade maxilar, usando um pequeno osteótomo curvo afiado. A borda do osteótomo é direcionada anteriormente, inferiormente e medialmente quanto o espaço formado pelos tecidos moles bucais permitirem. Um dedo é colocado no palato posteriormente a tuberosidade maxilar isto facilita a verificação de uma separação completa do osso, enquanto evita o trauma ao pedículo vascular palatino. Para Goldenberg (2006), não há unanimidade na literatura sobre a melhor técnica cirúrgica e de quais as osteotomias são necessárias para uma boa expansão. Vários estudos advogam osteotomias limitadas sob anestesia local e outros que indicam a realização de osteotomias maxilares do tipo Lefort I com osteotomias sagitais do palato e separação da sutura pterigomaxilar sob anestesia geral, esta é controversa pelo seu elevado risco de complicações hemorrágicas. A ERMAC é um procedimento cirúrgico muito bem aceito por profissionais e pacientes, porém apresenta muita divergência de opiniões sobre técnicas cirúrgicas e tipo de anestesia (MENDONÇA et al. 2015). A escolha da técnica cirúrgica e anestésica é dependente da idade do paciente, da quantidade da discrepância, da experiência e bom senso do profissional (ALMEIDA e SILVA 2010). CONSIDERAÇÕES FINAIS A Expansão Rápida de Maxila Assistida Cirurgicamente mostrou-se eficiente para o tratamento da atresia maxilar em pacientes esqueleticamente maduros, embora encontramos muita divergência entre os autores referentes a técnicas anestésicas e sobre a liberação da sutura pterigomaxilar. Contudo uma ótima determinação do problema e a realização de um excelente plano de tratamento são imprescindíveis para o sucesso clínico e resolutividade do problema em ambas as técnicas cirúrgicas ou anestésicas.
REFERÊNCIAS ALMEIDA, J. A. P.; SILVA, A. L. F. Expansão Cirúrgica da Maxila Ortodonticamente Assistida. In: MANGANELLO, L. C. S. Et al. Cirurgia Ortognática e Ortodontia. 2 ed. Volume 2. Livraria Santos Editora Ltda. 2010. P. 395-408. BAILEY, L. J.; et al. Segmental Le Fort I osteotomy for management of transverse maxillary deficiency. J. Oral Maxillofac Surg, v. 55, p. 728-731, 1997. BORGES, H. L. EXPANSÃO RÁPIDA DA MAXILA ASSISTIDA CIRURGICAMENTE. Monografia (Especialista em Ortodontia) Faculdades Unidas do Norte de Minas. Anápolis 2009. DIAS, O. S. Anatomia Aplicada a Cirurgia Ortognática. In: MANGANELLO, L. C. S.; SILVEIRA, M. E. Cirurgia Ortognática e Ortodontia. 2ed.v1. São Paulo. Livraria Santos Editora, 2010. P. 279-308. GOLDENBERG, DC. Estudo das alterações esqueléticas da região maxilar em pacientes submetidos à expansão rápida da maxila assistida cirurgicamente avaliadas por tomografia computadorizada. (tese) Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo. São Paulo 2006. JUNIOR, S. M. L. ANÁLISE FOTOELÁSTICA COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DE ANCORAGEM DENTAL E ESQUELÉTICA NA EXPANSÃO RÁPIDA DE MAXILA CIRURGICAMENTE ASSISTIDA. (tese) - Universidade Estadual de Campinas. Campinas 2011.
KOUDSTAAL, M. J. Et al. Relapse and Stability of Surgically Assisted Rapid Maxillary Expansion: An Anatomic Biomechanical Study. 2009 American Association of Oral and Maxillofacial Surgeons. LANIGAN, D. T. et al. Aseptic Necrosis Following Maxillary Osteotomies: Report of 36 Case.J Oral Maxillofac Surg 48:142-156, 1990. LIM. K. C. Et al: Posterior maxillary anatomy: implications for Le Fort I osteotomy. Int. J. Oral Maxillofac. Surg. 1998; 27: 346-351. _9 Munksgaard, 1998. MATOS, A. P. F. EXPANSÃO E TRACIONAMENTO MAXILAR. UMA ABORDAGEM DOS MÉTODOS E TÉCNICAS ATUAIS. Monografia (Especialista em Ortodontia). Faculdades Unidas do Norte de Minas. Brasília 2014. MENON, S. Et al. Surgical Management of Transverse Maxillary Deficiency in Adults. Association of Oral and Maxillofacial Surgeons of India 2010. MENDONÇA, J. C. G. et al. Expansão rápida da maxila assistida cirurgicamente: relato de caso. Arch Health Invest (2015) 4(2): 53-58 2015 - ISSN 2317-3009. MOYERS, R. E. Ortodontia. Editora Guanabara Koogan S.A. 4 ed-2009. PERCIACCANTE, V. J.; BAYS, R. Cirurgia Ortognática de Maxila. In: MILORO, M. et al. Princípios de Cirurgia Bucomaxilofacial de Peterson. 2ed. São Paulo. Livraria Santos Editora, 2013. P.1179-1204. SILVERSTEIN, K.; QUINN, P.D. Surgically assisted rapid palatal expansion for management of transverse maxillary deficiency. J Oral Maxillofac Surg. 1997; 55(7): 725-27 SURI, L.; TANEJA, P. Surgically assisted rapid palatal expansion: A literature review. American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics February 2008. SCAVONE-JUNIOR, H. et al. Prevalence of posterior crossbite among pacifier users: a study in the deciduous dentition. Braz Oral Res., v.21, n.2, 153-8, 2007.
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