8º CONGRESSO IBEROAMERICANO DE ENGENHARIA MECANICA Cusco, 23 a 25 de Outubro de 2007

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Transcrição:

8º CONGRESSO IBEROAMERICANO DE ENGENHARIA MECANICA Cusco, 23 a 25 de Outubro de 2007 CONSIDERAÇÕES SOBRE A RELAXAÇÃO DAS TENSÕES RESIDUAIS INDUZIDAS POR SHOT PEENING DURANTE O PROCESSO DE FADIGA DO AÇO AISI 4340 Torres, M.A.S. o,.baptista, C.A.R.P. *, Adib, A.M.L. *,Voorwald, H. J.C. o º FEG/UNESP, Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Av. Ariberto Pereira da Cunha, 333, CEP 12500-000, Guaratinguetá/SP, Brasil. * EEL/USP, Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo, Depto. de Engenharia de Materiais, campus II, cx. Postal 116, CEP 12602-810, Lorena/SP, Brasil. o e-mail: mastorres@uol.com.br RESUMO O trem de pouso é um dos componentes mais importantes de uma aeronave e está sujeito a altos níveis de tensão durante o pouso e a decolagem. Por esta razão, materiais que apresentam uma combinação de resistência mecânica, tenacidade e propriedades de fadiga, como o aço AISI4340, são usados em sua fabricação. Sabe-se que a resistência à fadiga dos metais e ligas pode ser melhorada por tensões residuais compressivas presentes nas camadas superficiais. Uma forma bastante usual de indução de tensões compressivas é o tratamento de shot peening, que consiste em um processo a frio no qual a superfície do material é bombardeada por esferas, de vidro ou aço, em alta velocidade e em condições rigorosamente controladas. No presente trabalho, o comportamento de fadiga do aço AISI 4340 com a dureza usada na indústria aeronáutica (53 HRC) é avaliado em testes de flexão rotativa (R= -1) empregando-se dois lotes de amostras: i. Como recebido e ii. Submetido ao processo de shot peening. Observou-se que o shot peening causa uma sensível melhora em fadiga entre 10 4 e 10 6 ciclos. Para o limite de fadiga e altas tensões, o processo de shot peening não apresentou uma melhora significativa na resistência à fadiga. Para investigar os resultados encontrados, o campo de tensões residuais induzidas pelo shot peening foi medido, por tensometria de raio X, antes e durante o processo de fadiga para diversos níveis de tensão e foi observado um relaxamento de tensões causado pelo carregamento cíclico. Além disso, o campo de tensões originalmente existente no material, após os tratamentos térmicos e usinagem, foi também investigado antes e após o processo de fadiga. A interação dos resultados encontrados é discutida. PALAVRAS-CHAVE Fadiga, Aço 4340, Tensões residuais, Shot peening. 930

INTRODUÇÃO Um dos mais importantes componentes nas aeronaves é o trem de pouso, devido ao alto carregamento que ele é submetido durante, principalmente, o pouso e a decolagem. Por essa razão, o aço AISI 4340 com 53HRC é usado, uma vez que ele alia boa resistência e tenacidade. É bem conhecido que a resistência à fadiga dos metais e ligas é fortemente dependente da dureza e das tensões residuais induzidas [1,2]. O shot peening é um processo a frio que consiste em bombardear a superfície acabada com partículas projetadas em alta velocidade, resultando como principal efeito a indução de tensões de compressão na superfície e abaixo dela. Após o impacto o material é deformado plasticamente na região superficial. O material não afetado abaixo da região plastificada tenta voltar à condição original e a comprime desenvolvendo um campo de tensões residuais compressivo nas camadas superficiais [3,4]. O mecanismo de criação das tensões é considerado de difícil quantificação, devido às muitas variáveis existentes no processo. Fathallah e colaboradores [5] dividiram estas varáveis em três diferentes classes, cada uma delas associada às condições experimentais específicas: a) Parâmetros que descrevem o material tratado: sua geometria e propriedades mecânicas; b)parâmetros de fluxo de energia produzido no processo: diz respeito às propriedades da esfera (tipo, tamanho, material, densidade, dureza, etc), velocidade, ângulo de impacto, duração e distância do jateamento ao material tratado; c)parâmetros que descrevem as condições de contato: coeficiente de fricção e o coeficiente de restituição, o qual depende essencialmente da razão entre a dureza do material tratado e da esfera usada. Na indústria, o shot peening é controlado com a ajuda das chamadas placas Almen. Estas são placas finas padronizadas (SAE 1070) que são colocadas paralelas ao material tratado, recebendo, portanto, o mesmo tratamento que este. O impacto das esferas induz tensões residuais nas placas, as quais se deformam, formando um pequeno arco. Então, mede-se a flecha causada no processo e, com a ajuda de uma tabela, obtém-se a intensidade Almen. A intensidade Almen passa a ser uma referência utilizada no controle do processo e seu valor torna-se apropriado para ajustar os diversos parâmetros envolvidos [6,7]. No entanto, o campo de tensões residuais criado pelo shot peening pode sofrer relaxação durante o carregamento cíclico. A relaxação das tensões residuais pode ocorrer por uma interação complexa de um grande número de fatores [8]. Ela depende não somente do estado da tensão residual presente, mas também das características das condições de carregamento, da geometria e do meio em que se encontra o material [9]. Estudos mostraram a existência do relaxamento das tensões residuais, oriundas do shot peening, ocorridas em temperaturas elevadas [10,11]. Zeller [12] estudou aços austeníticos submetidos ao tratamento de shot peening. Mostrou que, para dureza maior que 400HV, o aumento do limite de fadiga é principalmente atribuído ao endurecimento por deformação, uma vez que foi observada uma completa relaxação da tensão compressiva na superfície, já nos primeiros ciclos de fadiga. James [13] mostrou a existência da relaxação das tensões residuais causadas por usinagem, laminação e jato de areia usado para limpeza de peças durante o carregamento cíclico com níveis de tensões aplicadas abaixo da tensão de escoamento para a liga Al 2219-T851. Bignonnet [14] mostra que o processo de shot peening para o aço 35NCD16, dependendo do tipo de carregamento cíclico aplicado, aumenta o limite de fadiga de 10 a 20%. Foram estudados diversos tipos de carregamento cíclico. Em todos eles, foi observado um relaxamento das tensões. O CTRC foi mantido com a mesma largura durante a fadiga, mas a intensidade das tensões chega a diminuir consideravelmente. Neste trabalho é feito um estudo da relaxação das tensões induzidas pelo processo de shot peening e sua influência na resistência à fadiga do aço AISI 4340 com dureza 53HRC (condições usadas na indústria aeronáutica). Além disso, o campo de tensões originalmente existente no material, após os tratamentos térmicos e usinagem, foi também investigado antes e após o processo de fadiga. A interação dos resultados encontrados é discutida. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL A composição química do aço usado foi 0,41C-0,73Mn-0,8Cr-1,74Ni-0,25Mo-0,25Si % peso. As propriedades mecânicas encontradas foram: 53 HRC, tensão de escoamento = 1511MPa ( DP = 28MPa) e o limite de resistência à tração = 1864 MPa (DP = 35MPa). Para obter as propriedades mecânicas descritas acima os corpos de prova, antes do processo final de usinagem, foram aquecidos a uma temperatura de 815ºC, resfriados em óleo e depois duplamente revenidos a uma temperatura de (230 ± 5)ºC por duas horas cada. O tratamento do material com shot peening foi feito com uma intensidade de 0,0141A, utilizando-se uma pressão de 45psi, vazão de 3 kg/min, uma rotação de 30rpm, avanço de 250 mm/min e número de passes igual a 8 executados em uma máquina de air-blast de acordo com a norma MIL-S-13165. A esfera de aço usada foi S230 (φ 0,7mm) com cobertura de 200%. O Shot peening foi feito com alta qualidade de controle, onde as esferas são automaticamente selecionadas e mantidas em perfeitas condições. Os corpos de prova de fadiga usados (Figura 1) foram ensaiados em flexão rotativa (R= -1) na freqüência de 50 Hz em temperatura ambiente e adotou-se como limite de fadiga teórico 10 7 ciclos através do método escada.

As tensões residuais induzidas por shot peening e pela usinagem foram medidas pelo método de difração de raio X usando-se o equipamento Síntese, cuja características são descritas em [15]: ψ - goniômetro, radiação Crk α e registro das linhas de difração {221}. A precisão da medição é: σ = ±30MPa. Para medir as tensões abaixo da superfície, foi feita a remoção de finas camadas através de polimento eletrolítico com uma solução não ácida. A medida da espessura da camada removida em cada medição é feita com relógio indicador de ponteiro, tomando-se três medidas e fazendo-se uma média entre as mesmas. Após cada retirada de camada, é medida a tensão residual. As camadas removidas para o levantamento do perfil das tensões residuais induzidas pelo processo de shot peening variaram de 0,03 a 0,05mm de espessura. Uma vez que a profundidade das camadas removidas foi muito menor do que a espessura dos espécimens analisados, não há necessidade de correção do valor das tensões obtidas [16]. ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO Resultados de fadiga Figura 1: Corpo de prova usado para ensaio de fadiga. As curvas σ/n, para o material base e para o material com shot peening são mostradas na figura 2. Embora tenham sido feitos aproximadamente 30 ensaios para a condição de material base e 15 ensaios para a condição com shot peening, apenas os pontos médios estão representados. Os cinco níveis de tensão, indicados na mesma figura, não foram o total de níveis analisados, mas serão referências nos comentários e estudos feitos ao longo do texto. Na Figura 2 é possível observar, para médio e alto ciclos (abaixo do nível 2), um aumento na resistência à fadiga das amostras com shot peening em comparação com o material base. Para baixo ciclo ou alta tensão (nível 1), no entanto, a influência do shot peening foi praticamente nula em relação ao material base no número de ciclos até a fratura. O shot peening causou um aumento aproximado no limite de resistência à fadiga em relação ao material base de apenas 5% (841MPa para material com shot peening e 800MPa para o material base) Para médio ciclo (níveis 3 e 4), entretanto, o ganho em fadiga em relação ao material base foi muito mais expressivo, de aproximadamente duas vezes. Para tentar compreender os resultados encontrados na resistência à fadiga, o estudo comparativo entre Campo de Tensões Residuais Compressivas (CTRC) induzidas pelo shot peening e o campo de tensões criados no material base após o tratamento térmico e o processo de usinagem é mostrado em seguida. Estudo das tensões residuais induzidas A figura 3 mostra os resultados dos perfis das tensões residuais induzidos pelo processo de shot peening e pelo histórico termomecânico do aço AISI 4340. O perfil das tensões de usinagem no corpo de prova do material base foi determinado medindo-se a tensão na superfície, a 0,05 e a 0,15mm de profundidade. Os resultados dessas tensões são mostrados na Figura 3 pela curva superior. Pode-se observar que a tensão surgida na superfície foi compressiva e seu valor absoluto decresce com o aumento da profundidade. Existem basicamente três fontes que podem produzir tensões residuais durante o processo de usinagem [17]: a transformação da fase martensítica perto da superfície, escoamento das camadas superficiais devido a tensões térmicas causadas pelo calor induzido no processo de usinagem, e a deformação plástica desigual entre os elementos superficiais e os subsuperficiais causados pelo trabalho mecânico da usinagem. Sabe-se que para o aço AISI 4340 não há transformação da martensita em ferrita e cementita com o aumento da temperatura produzido pela usinagem, situação que sempre gera tensões trativas na superfície pela variação relativa de volumes entre as fases [17]. As tensões residuais causadas pelo efeito térmico são sempre trativas. Foi demonstrado por Matsumoto e colaboradores [18], ao examinar alguns fatores da

usinagem como ângulo de corte, dureza do aço e tensões térmicas, que o fator predominante na indução de tensões para o aço AISI 4340 é sem dúvida o efeito mecânico. Foi mostrado também que o efeito do corte pode produzir tanto tensão residual compressiva como trativa, dependendo da dureza do material. Quando o aço com alta dureza é cortado, as camadas superficiais afetadas pela deformação são pouco profundas, então um mecanismo do tipo polimento é predominante e consequentemente são produzidas tensões compressivas [18]. Tensão (MPa) 1400 1300 1200 1100 1000 Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4 Curvas de Fadiga Material base 53HRC 0,0141A Nível 1 1370MPa Nível 2 1130MPa Nível 3 1007MPa Nível 4 931MPa Nível 5 840MPa 900 Nível 5 800 10 3 10 4 10 5 10 6 10 7 Número de ciclos Figura 2: Resultados dos ensaios de fadiga. Para a perfeita caracterização do efeito do tratamento por shot peening, é necessário o levantamento do perfil das tensões residuais ao longo da profundidade do espécime. Li e colaboradores [19] afirmaram que as tensões residuais induzidas pelo processo de shot peening na superfície estão relacionadas com as características mecânicas do material tratado e não com as variáveis de shot peening usadas. Prevey [20] afirmou que para caracterizar o efeito do shot peening em um corpo não basta a medida das tensões residuais na sua superfície uma vez que, a história termomecânica do material pode induzir tensões na superfície na ordem daquelas obtidas pelo shot peening. Portanto, a medida da tensão residual na superfície para a caracterização do shot peening é uma condição necessária, mas não suficiente. Esta afirmação pode ser verificada neste trabalho, uma vez que as tensões desenvolvidas na superfície a partir do histórico termomecânico e a induzida pelo processo de shot peening foram muito próximas. Se considerássemos apenas as tensões superficiais, poderíamos ter a falsa idéia de que o shot peening não apresentou melhoras significativas no que diz respeito às tensões compressivas induzidas. O CTRC induzido pelo tratamento de shot peening, em geral provoca melhoria na resistência à fadiga através de dois mecanismos [21,22]: 1) O CTRC evita o início da trinca a partir da superfície, fazendo com que seu início se dê no interior do corpo retardando o seu aparecimento devido às menores tensões trativas existentes; 2) O CTRC retarda o início de propagação das trincas originadas na superfície devido as tensões compressivas induzidas nas camadas abaixo da superfície. Portanto, as dimensões do CTRC ao longo da profundidade da peça são fundamentais para a melhoria na resistência à fadiga do material tanto no que diz respeito à nucleação como na propagação da trinca por fadiga. A partir de observações na figura 3, deveria se esperar que o ganho em fadiga se desse em todos os níveis de carregamento estudados mas, como já foi dito, não houve ganho de resistência para baixo ciclo (altas tensões) e no limite de fadiga. Devido a isso, um estudo do CTRC ao longo do processo de fadiga se faz necessário.

. Tensão Residual [MPa] 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 200 0-200 Shot Peening 0,0141 A Tensões Termomecânicas AISI 4340 com 53 HRC -1400 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 Profundidade[mm] Figura 3: Tensões residuais induzidas pelo shot peening e história termomecânica Estudo da variação das tensões residuais durante o processo de fadiga. Para estudar uma possível variação do CTRC durante o processo de fadiga, corpos de prova com shot peening foram novamente submetidos ao carregamento cíclico e retirados da máquina de ensaios de fadiga antes da fratura, e então, um novo CTRC foi medido. Para cada nível de tensão e cada número de ciclos analisado, um novo e diferente corpo de prova foi usado. Os testes foram feitos nos níveis 2, 4 e 5 indicados na Figura 2. Para o nível 2, amostras com shot peening foram submetidas a 10 3 e 10 4 ciclos. No nível 4 ensaiou-se em 10 4 e 10 5 ciclos e no nível 5 em 10 7 ciclos. Estes números de ciclos correspondem a um número abaixo do qual se espera que ocorra a fratura por fadiga. Todas as medidas das tensões residuais foram feitas na superfície e nas profundidades de 0,05, 0,10 e 0,15mm. Os resultados dos ensaios estão mostrados nas Figuras 4-6. A Figura 4 mostra os resultados para o nível 4 de carregamento. Pode-se observar que houve uma grande variação do campo original das tensões induzidas, quando comparado aos campos medidos após 10 4 e 10 5 ciclos. Embora não tenha havido mudança significativa nas tensões superficiais para este nível de carga aplicada, observa-se uma diminuição das tensões abaixo da superfície com o aumento do número de ciclos aplicados no ensaio de fadiga. A Figura 5 mostra os resultados das medidas das tensões residuais para o nível 2 de carregamento com a aplicação de 10 3 e 10 4 ciclos e uma comparação com o campo de tensões original. Neste caso, a variação ocorreu tanto na superfície como abaixo dela. Outra importante observação feita é a inexistência de diferença entre os valores de tensões medidas entre as condições de 10 3 e 10 4 ciclos, sugerindo uma estabilização das tensões do CTRC. Para esta condição, foi observada também uma grande diminuição da tensão residual na superfície, ao contrário do que ocorreu no nível 4. É importante notar que o nível de relaxamento do campo compressivo, para o nível 2 de tensão, foi muito maior do que o ocorrido para o nível 4, ambos para 10 4 ciclos. Isto demonstra que quanto maior a tensão aplicada no ensaio, maior é o valor do relaxamento das tensões. A Figura 6 mostra o relaxamento de tensões ocorrido no nível 5, que é um nível de tensão um pouco abaixo do limite de fadiga esperado para os corpos de prova com shot peening. Para essa condição de 10 7 ciclos (Figura 6), observou-se também um grande relaxamento das tensões residuais, tanto na superfície como abaixo dela, quando comparado ao campo original. Pode ser observado na figura 6 que os níveis de tensão do CTRC (entre -550MPa e -50MPa), após a aplicação de 10 7 ciclos, são menores do que os níveis de tensões mostrados na figura 4 (entre - 850MPa e -450MPa) após a relaxação com um número menor de ciclos, mas com um nível maior de tensão aplicada. Esta observação confirma o que se podia observar nas figuras anteriores (figuras 4 e 5), que tanto o valor da tensão aplicada como o número de ciclos de fadiga que o material é submetido têm influência na relaxação do CTRC. Os casos apresentados nas Figuras 5 e 6 podem ser supostos como sendo os casos limites, para o relaxamento das tensões, dentro de possíveis parâmetros de projeto. O primeiro, devido às altas cargas aplicadas e o segundo, devido ao alto número de ciclos submetidos. Quantificando as tensões finais compressivas nestes dois casos, e fazendo a soma entre a tensão aplicada pelo ensaio de fadiga e a tensão final na superfície do CTRC chega-se a valores muito próximos: -1380±30MPa (-1130 e -250MPa) para o primeiro, e - 1340±30MPa (-840MPa e -500MPa) para o segundo. Estes valores parecem estar coerentes com a análise a

seguir. Nos ensaios de flexão rotativa, as tensões de compressão aplicadas somam-se às tensões compressivas presentes devido ao tratamento de shot peening. Se o resultado desta superposição for suficientemente grande, existe então uma deformação plástica e, conseqüentemente, uma redistribuição das tensões, causando o relaxamento do CTRC original. Com a continuidade dos ensaios, devido ao relaxamento das tensões, a soma algébrica das tensões irá diminuir. Com isso, a partir de um determinado momento, espera-se que o nível da superposição das tensões fique abaixo da tensão de escoamento cíclico do material e torne o CTRC estável [14,23]. Embora não se tenha feito ensaios de baixo ciclo neste trabalho, sabe-se que o aço ABNT 4340 sofre amolecimento cíclico [24]. Portanto, sua tensão de escoamento cíclico ficaria abaixo da tensão de escoamento monotônico que é de 1511MPa. A partir da análise do relaxamento das tensões residuais fica claro que, para altas tensões, o CTRC fica fortemente comprometido a partir de poucos ciclos. Com isso, é possível justificar a não existência de ganho de fadiga no nível 2. Com a diminuição das tensões aplicadas (médio ciclo) a relaxação do CTRC se torna menor, fazendo com que haja um ganho substancial de resistência à fadiga. Com relação ao limite de fadiga, era ainda de se esperar, quando se observa a figura 6, um ganho também nesta condição ainda que as tensões do nível 5 tenham ficado abaixo do nível 4. Para analisar essa questão, um novo corpo de prova do material base foi submetido a uma tensão um pouco abaixo do seu limite de fadiga durante 10 7 ciclos e um novo levantamento das tensões foi feito. O resultado é mostrado na figura 7. Pode-se observar através da seta 1 da figura 7 que as tensões tiveram um sensível acréscimo em seus valores na superfície e abaixo dela. Provavelmente, a superposição das tensões de ensaio com as tensões existentes provocou um encruamento nas camadas superficiais e conseqüentemente, uma mudança no campo de tensões. Importante frisar que a superposição das tensões cíclicas aplicadas com as tensões residuais pré-existentes não superou o limite de escoamento do material. Em contrapartida, a seta 2 na figura 7 mostra o relaxamento do CTRC para a intensidade de 0,0141A, também após 10 7 ciclos ( ver figura 6) e ensaiado a uma tensão abaixo do limite de fadiga nesta condição. As curvas finais mostram que as tensões adquiridas pelo material base ficaram sensivelmente maiores do que as tensões residuais compressivas induzidas por shot peening após 10 7 ciclos da superfície até aproximadamente 0,10mm de profundidade. É sabido que as tensões compressivas, oriundas do histórico termomecânico, podem contribuir para o aumento do limite de fadiga do material [12] e que a relaxação do CRSF faz com que o shot peening perca, no mínimo parcialmente, a sua eficácia no aumento da resistência à fadiga [21]. Os resultados mostrados na figura 7 podem justificar a pequena diferença encontrada entre os limites de fadiga do material base e o material tratado com shot peening. Fica claro também que o alívio de tensões no material usinado, para as condições estudadas (53HRC), não seria benéfico para a fadiga uma vez que as tensões, nas camadas superficiais, induzidas pelo histórico termomecânico são compressivas. Além disso, o CTRC criado pelo shot peening independe das tensões pré-existentes no material [12], fazendo com que um possível alívio de tensões, que eventualmente poderia ser feito antes do tratamento com shot peening, seja desnecessário. As considerações feitas nesse trabalho mostraram que a eficácia do tratamento de shot peening pode estar também relacionada com as variações no CTRC que podem ocorrer durante o processo de fadiga. Tensão Residual (MPa) -300-500 -700-900 -1100 Sem carregamento cíclico Após 10 4 ciclos Após 10 5 ciclos -1300-0,02 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16 Profundidade (mm) Figura 4: Estudo da variação do CTRC no nível 4, devido ao carregamento cíclico.

Tensão Residual (MPa) 0-100 -200-300 -500-700 -900-1100 -1300-0,02 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16 Profundidade (mm) Sem carregamento cíclico Após 10 3 ciclos Após 10 4 ciclos Figura 5: Estudo da variação do CTRC no nível 2, devido ao carregamento cíclico. Tensão Residual (MPa) 0-100 -200-300 -500-700 -900-1100 Sem carregamento cíclico Após 10 7 ciclos -1300-0,02 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16 Profundidade (mm) Figura 6: Estudo da variação do CTRC no nível 5, devido ao carregamento cíclico. Tensão Residual (MPa) 200 100 0-100 -200-300 -500-700 Material Base com 53 HRC Material Base após 10e7 ciclos Material Base + Shot peening 0,0141A Material Base + Shot peening 0,0141A + 10e7 ciclos 2-900 -1100-1300 -0,02 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16 1 Profundidade (mm) Figura 7: Curvas de tensão residual mostrando o efeito do carregamento cíclico

CONCLUSÕES O CTRC, criado pelo tratamento de shot peening, sofre variações durante o carregamento cíclico. As variações do CTRC foram diretamente relacionadas com o nível de tensão aplicada e o número de ciclos de fadiga aos quais o material foi submetido. Esta variação do CTRC fez com que, para as condições estudadas aqui, o tratamento de shot peening não tenha sido eficiente para altas tensões aplicadas e pouco eficiente para altos ciclos de fadiga (limite de fadiga). Para médio ciclo de fadiga (10 4-10 6 ciclos), entretanto, a relaxação do CTRC foi menor, o que resultou em uma melhora significativa na resistência à Fadiga no aço AISI 4340 com 53HRC. REFERÊNCIAS 1. S. Hotta, Y. Itou, K Saruki e T. Arai, Fatigue Strength at a Number of Cycles of Thin Hard Coated Steels with Quench-hardened Substrates. Surface and Coatings Technology, vol. 73, pp. 5-13, 1995. 2. J. Pina, A. Dias, M. Francçois e J. L. 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