Zea mays L. Gramínea anual da família Poaceae, originária do México, anual, com 1,5 a 3,0 m de altura no florescimento, cultivada no verão e na segunda safra (milho safrinha). O consumo dos grãos pode ser feito tanto na propriedade como na indústria para extração de óleo e amido, fabricação de alimentos e rações, podendo ainda ser utilizado como milho verde para consumo dos grãos in natura ou como ingrediente na culinária tradicional. Cultivares: existem mais de 400 cultivares de milho inscritas no registro nacional de cultivares (RNC) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e, destas, aproximadamente uma centena de cultivares têm sementes disponíveis no mercado. Essas cultivares podem ser enquadradas em dois grandes grupos: convencional e transgênicos. Dentro das convencionais têm-se desde variedades a diversos tipos de híbridos e nas transgênicas, exclusivamente híbridos com um ou mais eventos, incluindo resistência a insetos (Bt) e aos herbicidas glifosato e glufosinato de amônio. Existe grande variação entre as cultivares quanto ao ciclo (super-precoce a normal), às características agronômicas, adaptação às condições ambientais em diferentes épocas e regiões, resistência às doenças de ocorrência regional e, principalmente, quanto ao preço das suas sementes. Cultivares que apresentam grãos dentados e uniformes, espigas longas, cilíndricas e bem empalhadas, pericarpo delicado e bom tempo de prateleira são utilizadas também para milho verde, por se adequar ao mercado de consumo in natura e/ou fabricação de pamonhas e curaus. Recomenda-se consultar as publicações impressas e eletrônicas das empresas produtoras de sementes e os resultados da Avaliação Regional de Cultivares IAC/APTA/CATI/Empresas no Estado de São Paulo (www.zeamays.com.br) para conhecer as características de cada cultivar e quais são adaptadas em cada região, época de semeadura e sistema produtivo. Época de semeadura: é comum o cultivo de mais de uma cultura por ano, empregando o milho primeiro ou em sucessão a outra espécie produtora de grãos ou de palha para cobertura do solo. Na safra de verão o milho pode ser semeado sob irrigação nos meses de julho a setembro, principalmente após a colheita do feijão, exceto no mês de julho e primeira quinzena de agosto no sudoeste, para evitar riscos de perdas com geadas. O milho de sequeiro é semeado nos meses de outubro até dezembro, após a estabilização das chuvas em cada região. Quase todo milho semeado na segunda safra é cultivado sob sequeiro após a colheita da soja, sendo denominado milho safrinha, semeando-se desde o final de janeiro até 20 de março. Na região Sudoeste, em altitudes entre 600 m e 800 m, e em toda região Norte/Noroeste do estado deve-se 271
A.T.E. Aguiar et al. finalizar a semeadura no mês de fevereiro, e nas baixas altitudes da região Sudoeste, especialmente no Médio Paranapanema, pode-se estender a época de semeadura até o dia 20 de março. Ressalte-se que o milho safrinha não dever ser cultivado em solos arenosos devido ao elevado risco de perda por deficiência de água. A semeadura do milho verde pode ser feita sob irrigação durante o ano todo, exceto nos meses de março a julho nas regiões com altitude acima de 700 m. Espaçamento e população inicial de plantas: utilizar espaçamento de 0,50 a 0,90 m e populações de 50 a 75 mil plantas por hectare de acordo com a época de semeadura, a cultivar e o potencial produtivo da lavoura. Os espaçamentos reduzidos facilitam as atividades operacionais na propriedade com diferentes cultivos, sem necessidade de ajustes nas linhas dos equipamentos agrícolas, porém, sua vantagem em aumentar a produtividade de grãos do milho é mais frequente em ambientes de maior potencial produtivo, que depende de clima e manejo, e do uso de cultivares específicos de porte baixo, folhas eretas e pendão pequeno. Utilizar maiores populações de plantas em lavouras de maior potencial produtivo e/ou híbridos de porte baixo e folhas eretas, especialmente sob irrigação. A população do milho safrinha é 10% a 20% menor do que a recomendada para a mesma cultivar na época do verão, variando de 50 a 60 mil plantas por hectare, com valores mais reduzidos nas semeaduras tardias. A população para o milho verde varia de 40 a 55 mil plantas/ha, para favorecer a formação de espigas graúdas. Sementes necessárias: em cultivares transgênicas, utilizar aproximadamente 5% a mais de sementes em relação a população inicial de plantas e em cultivares convencionais, 5% a 10%, dependendo do manejo e umidade do solo e do histórico de ocorrência de pragas iniciais. A maioria das sementes de milho é comercializada em sacos de 60.000 sementes e com peso variando de 13 a 15 kg, para sementes miúdas até 18 a 23 kg, para sementes graúdas. Controle de erosão: uso de sistema de plantio direto e, em áreas com declive maior que 3%, indicam-se o plantio em nível associado ao terraceamento, e as práticas conservacionistas complementares, de acordo com o tipo de solo, classe de capacidade de uso das terras, manejo e rotação de culturas adotados. Calagem: com base na análise química do solo na camada de 0-20 cm, aplicar calcário antes da safra de verão, para elevar a saturação por bases (V) a 70% e o magnésio a um teor mínimo de 4 mmol c dm -3. Em solos com mais de 50 mg dm -3 de matéria orgânica, basta elevar V a 50%. Adubação de semeadura: utilizar os resultados da análise do solo na camada 0-20 cm e a meta de produtividade para recomendação de fósforo, potássio e micronutrientes. verão (sequeiro e irrigado) e milho segunda safra irrigado: adubar com 30 a 40 kg ha -1 de nitrogênio na semeadura e para metas de produtividade 272
de grãos 6-8, 8-10, 10-12 e 12-14 t ha -1 e teores baixo (a), médio (b) e alto (c) de P e K no solo, recomenda-se, 80-90-110-120 (a), 50-70-90-100 (b) e 40-60-70-80 (c) kg ha -1 de P 2 0 5 e 80-90-100-110 (a), 50-70-80-90 (b) e 40-50-60-70 (c) kg ha -1 de K 2 0, respectivamente. Aplicar todo o potássio a lanço, imediatamente antes da implantação da cultura, exceto em solos arenosos, ou no sulco de semeadura evitando-se o contato com as sementes, até dose máxima 50 kg ha -1 de K 2 0, e o restante em cobertura junto com o N. Independentemente da fertilidade do solo recomenda-se aplicar de 20 a 30 kg ha -1 de enxofre, na semeadura ou na primeira cobertura de N, e 2 a 5 kg ha -1 de zinco e 0,5 a 1,0 kg ha -1 de boro, junto com o adubo de semeadura em solos deficientes. verde: utilizar a estimativa de produtividade de grãos e, se as plantas e espigas remanescentes foram ensiladas, consultar a adubação do milho para silagem. safrinha: adubar com 30 a 40 kg ha -1 de nitrogênio na semeadura e para metas de produtividade de grãos <4, 4-6 e 6-8 t ha -1 e teores baixo (a), médio (b) e alto (c) de P e K no solo, recomenda-se 40-50-70 (a), 30-40-50 (b) e zero-30-30 (c) kg ha -1 de P 2 0 5 e 40-50-60 (a), 20-30-40 (b) e zero-20-30 (c) kg ha -1 de K 2 0, respectivamente. Aplicar o potássio a lanço imediatamente após a implantação da cultura ou no sulco de semeadura, até dose máxima 40 kg ha -1 de K 2 0, e o excedente em cobertura junto com o N. Recomenda-se aplicar 20 kg ha -1 de enxofre junto com o adubo de semeadura, em solos deficientes nas camadas 0-20 e 20-40 cm. Adubação de cobertura: aplicar o nitrogênio em cobertura de acordo com a meta de produtividade e o histórico de uso da área, utilizando doses maiores para solos de textura arenosa, preparo convencional, início de sistema plantio direto e grande quantidade de resíduos de gramíneas (alta resposta) e menores doses para solos argilosos, sistema plantio direto consolidado e sucessão com leguminosas (baixa resposta). verão (sequeiro e irrigado) e milho segunda safra irrigado: para metas de produtividade de grãos 6-8, 8-10, 10-12 e 12-14 t ha -1 e solos de alta (a), média (b) e baixa (c) resposta, aplicar 80-110-140-170 (a), 50-80-110-150 (b) e 30-60-80-100 (c) kg ha -1 de N, respectivamente. Doses iguais ou inferiores a 80 ou 110 kg ha -1 em solos arenosos e argilosos, respectivamente, podem ser aplicadas em uma única vez no estádio de 4/5 folhas, e doses superiores devem ser parcelas em duas vezes, sendo a última até o estádio de 8/9 folhas. O potássio deve ser aplicado junto com a primeira cobertura de N em solos arenosos e/ou quando parte deste fertilizante é aplicada no sulco de semeadura e o restante precisa ser complementado em quantidades compatíveis com a dose total. safrinha: para metas de produtividade de grãos <4, 4-6 e 6-8 t ha -1 e solos de média e baixa resposta, respectivamente, complementar a adubação de semeadura com: zero-20-40 e zero-zero-20 kg ha -1 de N até o estádio de 5 folhas. Em solos argilosos, pode-se optar pela aplicação da dose total do nitrogênio a lanço, em uma única vez, imediatamente após a semeadura do milho. 273
A.T.E. Aguiar et al. Controle de plantas daninhas: o controle manual ou mecânico está restrito às pequenas áreas que ainda utilizam o sistema convencional de preparo do solo; geralmente são realizados um ou dois cultivos rasos, o primeiro próximo do estádio de 4/5 folhas e o segundo no estádio de 9/10 folhas. No controle químico, a escolha de um herbicida isolado ou de uma formulação contendo dois ou mais herbicidas deverá ser feita com base no levantamento prévio da infestação existente no local da lavoura. O manejo das plantas daninhas no sistema de plantio direto começa com a aplicação de herbicidas dessecantes antes da semeadura do milho, destacando-se o glifosato e o paraquat, que podem ser complementados com outros produtos para ampliar o espectro de espécies controladas. Pode-se aplicar herbicidas pré-emergentes, tais como atrazina + metolachlor, atrazina + s-metolacloro e atrazina + simazina, que apresentam melhor eficiência em solo descoberto ou com pouca palha. Utilizam-se com maior frequência as aplicações em pós-emergência de atrazina isolada ou associada com um dos seguintes ingredientes ativos: nicosulfuron, mesotrione e tembotrione. Nos híbridos transgênicos com resistência aos herbicidas glifosato é possível controlar quase todas as plantas do milho com uma ou duas aplicações deste ingrediente ativo em pós-emergência, podendo ser complementado com atrazina para o controle da tiguera de soja transgênica Roundup Ready. Na safrinha o controle é feito exclusivamente em pós-emergência, sendo possível reduzir a dose dos herbicidas, pois as temperaturas mais amenas e a baixa precipitação pluviométrica desfavorecem o pleno desenvolvimento das plantas daninhas. Controle de pragas: iniciais - tratamento das sementes com inseticidas sistêmicos ou pulverização de inseticida no sulco de semeadura para controle de pragas de solo tais como lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus), lagarta-rosca (Agrotis ipsilon), larva-alfinete ou vaquinha (Diabrotica speciosa) e do percevejo barriga verde (Dichelops furcatus), que ataca as plântulas; parte aérea - fazer o levantamento da ocorrência e dos danos de Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho), Helicoverpa sp. e outras pragas, para a tomada de decisão sobre o controle e a escolha do inseticida; a lagarta-do-cartucho deve ser controlada, especialmente nas cultivares convencionais ou transgênicas não Bt utilizando-se de alto volume de calda e bico tipo leque; traças e carunchos - expurgar com fosfeto de alumínio. Controle de doenças: no Estado de São Paulo, ocorrem com frequência as seguintes doenças foliares: a ferrugem comum (Puccinia sorghi), a ferrugem polissora (Puccinia polysora), a queima de turcicum (Exserohilum turcicum), a mancha de cercospora (C. zeae-maydis/c. zeina/c. sorghi var maydis), a mancha branca (Phaeosphaeria maydis), e as podridões de espigas e de colmo causadas por diplodia (Stenocarpella macrospora) e fusarium (Fusarium moniliforme), além da antracnose no colmo (Colletotrichum graminicola). Recomenda-se o uso de cultivares resistentes aos patógenos de ocorrência regional, rotação de culturas e, quando necessário, a aplicação de fungicidas estrobilurinas + triazóis, associados ou não a outros ingredientes ativos. 274
Colheita: milho grão: mecânica com uso de colheitadeiras, iniciada quando a umidade dos grãos for igual ou inferior a 25% e, em pequenas lavouras, a quebra manual das espigas com palha a partir do momento em que a umidade dos grãos atingir 16%; milho verde: cerca de 20 a 25 dias após o florescimento da boneca (saída dos cabelos), quando os grãos se apresentam no estádio de grãos leitosos, nos períodos mais frescos do dia. Produtividade normal: milho grão - safra de verão e milho irrigado, 6 a 14 t ha -1 ; safrinha - 4 a 8 t ha -1 ; milho verde - 8 a 16 t ha -1 de espigas com palha. Rotação: algodão, amendoim, soja, cereais de inverno, adubos verdes ou plantas de cobertura, dentre outras. AILDSON PEREIRA DUARTE EDUARDO SAWAZAKI MARIA ELISA A. G. ZAGATTO PATERNIANI Instituto Agronômico (IAC), Campinas (SP) PAULO BOLLER GALLO Polo Regional do Nordeste Paulista, Mococa (SP) 275