Universidade Federal de São Carlos. Pró-Reitoria de Pesquisa. Coordenadoria de Iniciação Científica e Tecnológica

Documentos relacionados
Revista de Letras Estudos Linguísticos, Sinop, v. 7, n. 14, p , jul./dez

Por uma análise discursiva da comunicação: a comunicação como antecipação de práticas de retomada e de transformação dos enunciados

Resenha do livro A noção de fórmula em análise do discurso: quadro teórico e metodológico, de Alice Krieg-Planque (2010)

A noção de fórmula em análise do discurso: quadro teórico e metodológico

Revista FAMECOS: mídia, cultura e tecnologia ISSN: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS Centro de Educação e Ciências Humanas Programa de Pós-Graduação em Linguística MOVIMENTO NO MERCADO EDITORIAL

DA PANAFORIZAÇÃO À METAFORIZAÇÃO: O CASO DE UMA PEQUENA FRASE SEM EIRA NEM BEIRA TEXTUAL RESUMO

ESCRITAS PROFISSIONAIS E PROCESSOS DE EDIÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Programa de Pós-Graduação em Letras

DISCIPLINA: EPISTEMOLOGIA DA LINGUÍSTICA PROFESSORES: LUIZA MILANO SURREAUX E VALDIR DO NASCIMENTO FLORES Créditos: 04 4ª.

Le texte multimodal dans les manuels scolaires au Brésil: une approche méthodologique pour la construction et l analyse d un corpus de discours

APRESENTAÇÃO. Retrato do artista enquanto coisa

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL

FORMAÇÃO E AQUISIÇÃO DE CONCEITOS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA SURDOS COMO L2, UMA NECESSIDADE

ISSN: X COLÓQUIO DO MUSEU PEDAGÓGICO 28 a 30 de agosto de 2013

APONTAMENTOS SOBRE O VOLTA, LULA E SEUS DESDOBRAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS NO ESPAÇO BRASILEIRO: PRIMEIRAS PROPOSTAS SOBRE A FRASE-ACONTECIMENTO

Relatório de atividades Gestão setembro de 2015 a março de Síntese Membros da diretoria Atividades realizadas...

Deyse DOS SANTOS MOREIRA

CURSO: Programa de Pós-Graduação em Letras: Teoria Literária e Crítica da Cultura Turno: Vespertino

Isabel Margarida Duarte Faculdade de Letras da Universidade do Porto Centro de Linguística da Universidade do Porto (Portugal)

Complementaridade das abordagens qualitativas e quantitativas em Aquisição da Linguagem

- Melina de Souza ROCHA LUKIC

A NOÇÃO DE FORMAÇÃO DISCURSIVA: UMA RELAÇÃO ESTREITA COM O CORPUS NA ANÁLISE DO DISCURSO

PROBLEMAS E MÉTODOS DA SOCIOLOGIA DAS DISPOSIÇÕES E SEUS CONTEXTOS. PROF. BERNARD LAHIRE Professor da École Normale Supérieure de Lyon, França

Relatório de atividades Gestão janeiro a setembro Síntese Membros da diretoria Atividades realizadas Ciclo APEB-FR...

Cuidar de si, cuidar dos outros: a alteridade no pensamento de Michel Foucault

JOURNÉES JURIDIQUES BRÉSIL-CANADA 2011 JORNADAS JURÍDICAS BRASIL-CANADÁ 2011

Aspectos verbais e não-verbais em pedidos de informação no português do Brasil Uma aplicabilidade ao ensino de PL2E

Professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

Prova Escrita de Francês

DISCURSIVIDADE NA MÍDIA EM TORNO DO CASO CELSO DANIEL DO PT 1

A CONTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS DISPONIVEÍS NA INTERNET PARA A ELABORAÇÃO DE SEQUËNCIAS DIDÁTICAS NO ENSINO/APRENDIZAGEM DO FRANCÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA

ALUNO INTERCAMBISTA: TOM ADAMENAS E PIRES PERÍODO DE REALIZAÇÃO DO INTERCÂMBIO: 2012 / 2013

Introdução Introduction 4. Programa Programme 6. Conferência I Conférence I 10. Conferência II Conférence II 13. Conferência III Conférence III 14

O FUNCIONAMENTO DA NEGAÇÃO NA DISCURSIVIZAÇÃO DE UMA ENCICLOPÉDIA ON-LINE

MISE À JOUR DES DONNÉES STATISTIQUES. Avril 2017

Fred HAILON. Idéologie par voix/e de presse. Paris: L Harmattan. Collection Sémantiques. 298 pp. ISBN

APONTAMENTOS SOBRE A CONSTITUIÇÃO DA AUTORIA EM RESENHAS ACADÊMICAS

(Regulamento do Júri Nacional de Exames Despacho normativo nº 1-A/2017, de 10 de fevereiro)

CEP:

TÍTULO: A CONSTITUIÇÃO DO ETHOS DISCURSIVO DA PERSONAGEM FÉLIX: DA NOVELA PARA AS PÁGINAS DO FACEBOOK

(para além de) uma introdução

Resolução da Questão 1 Item I (Texto Definitivo) Questão 1

A QUESTÃO RELIGIOSA NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAS DE

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política

ORGANIZAÇÃO DE SESSÕES DE AVALIAÇÃO DE TRABALHOS DE DISSERTAÇÃO. Dias 10 a 14 de Dezembro de 2012 DATA E HORA DA SESSÃO MEMBROS DO JÚRI

Jean-Pierre ZERLING.

O Papel da Memória ou a Memória do Papel de Pêcheux para os Estudos Lingüístico-Discursivos

Universidade Federal de São Carlos

Da Arqueologia à Genealogia a questão do sujeito no percurso filosófico de Michel Foucault

Armadilhas da globalização: o fenômeno Harry Potter(1)

PELO VIÉS DA SINTAXE, O ACESSO AO ACONTECIMENTO DISCURSIVO 1

ISSN: X COLÓQUIO DO MUSEU PEDAGÓGICO 28 a 30 de agosto de 2013

Cronos, Natal-RN, v. 10, n. 2, p , jul./dez. 2009

Maria Antónia Coutinho

. Théâtre du Lucernaire. Profa Luce Berthommé. Paris- França

V SEMINÁRIO DE PESQUISA E ESTUDOS LINGUÍSTICOS FUNCIONAMENTO DISCURSIVO SOBRE ALIENAÇÃO PARENTAL NA MÍDIA BRASILEIRA

Universidade Federal de São Carlos. Pró-Reitoria de Pesquisa. Coordenadoria de Iniciação Científica e Tecnológica

Questões que permeiam a escritura de uma tese

Materialidades Discursivas: A fronteira ausente (um balanço)

A PROPÓSITO DA VALÊNCIA GENÉRICA NA WEB: DEBATE POLÍTICO TELEVISIVO, GÊNEROS AVATARES E IRRADIAÇÃO *

Mots-clés - association drogue-crime, toxicomane/délinquant, agresseur, victime, mode de vie

UM ESTUDO DA EXPRESSÃO MELHOR IDADE EM TEXTOS MIDIÁTICOS, À LUZ DO CONCEITO DE FÓRMULA DISCURSIVA.

Dossier de travail du candidat

Lígia Mara Boin Menossi de Araujo DISCURSO POLÍTICO, DERRISÃO E HETEROGENEIDADE DISSIMULADA NA MÍDIA CONTEMPORÂNEA

Universidade Federal do Ceará Centro de Humanidades Programa de Pós-Graduação em Letras PROGRAMA DE DISCIPLINA

Relato de Intercâmbio Retour d éxperience

Diléa Pires Página 1 28/10/2007

Table des matières / Índice

LIVRET POLYPHONIE. «Les débutants d aujourd hui. sont les enseignants de demain.» Mestre Marcelo Brandão. Mestre Marcelo Brandão

PLANIFICAÇÃO ANUAL DA DISCIPLINA DE FRANCÊS 9º ANO ANO LETIVO 2015/2016

CONSIDERAÇÕES FINAIS

10/06/2010. Prof. Sidney Facundes. Adriana Oliveira Betânia Sousa Cyntia de Sousa Godinho Giselda da Rocha Fagundes Mariane da Cruz da Silva

RESENHA DE PARODIE ET ANALYSE DU DISCOURS, DE IDA LÚCIA MACHADO

Marcelo da Silva Norberto. Do arrependimento à ação um estudo sobre a liberdade sartriana DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PLANO DE ESTUDOS DE FRANCÊS 7.º ANO

Itinerários político-afetivos na cultura portuguesa: uma leitura analítica das crônicas de António Lobo Antunes

Informação - Prova de Equivalência à Frequência FRANCÊS (Geral - Iniciação) Código da Prova: º e 11.º Anos de Escolaridade

A LINGUÍSTICA DA ENUNCIAÇÃO E O CAMPO APLICADO

Não se destrói senão o que se substitui

Francineide Silva Sales. Adolescente-etiqueta: consumo, significados e conflitos. Dissertação de Mestrado

Bibliothèque Gulbenkian Paris

Manifestation de lancement de l'antenne pour l'amérique latine à São Paulo, du Bureau des Amériques de l'agence universitaire de la Francophonie

Programa de Ensino. Nome da disciplina: Produção e Divulgação Teatral Código da disciplina: CMA 6715 Horas/aula semanais: 4 Total de horas/aula: 72

Entrevista FRANÇOISE BOCH

de manuais concebidos segundo a Perspectiva Acional

Planificação a Médio Prazo do 9º ano Francês (nível 3)

CAL - Centro de Artes e Letras Programa de Pós-Graduação em Letras 113º. Seminário de Estudos Avançados. Prof. Dr. Lucas Piter Alves Costa

Lisez attentivement le questionnaire et répondez sincèrement aux questions en indiquant la ou les réponses qui conviennent.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE LETRAS DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS E LITERATURAS ESTRANGEIRAS ÁREA DE LÍNGUA FRANCESA

Université de São Paulo. Discipline: Acquisition et apprentissage du français langue étrangère. Profa. Dra. Heloisa Albuquerque Costa

A CONSTITUIÇÃO DA FÓRMULA DISCURSIVA CULTURA DE PAZ : CIRCULAÇÃO E PRODUÇÃO DOS SENTIDOS

CHAMADA PARA APRESENTAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES

NORMAS COMPLEMENTARES AO EDITAL Nº009/2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA SOCIAL Nível Mestrado Disciplina eletiva

O FIM DA FILOSOFIA EM M. HEIDEGGER. Universidade Federal da Bahia Programa de Pós-Graduação em Filosofia Mestrado em Filosofia

O DISCURSO NO CINEMA: FORMULAÇÃO E CIRCULAÇÃO DE SENTIDOS

ROTA DE APRENDIZAGEM Língua Francesa 9º Ano. Prof. Emília Amado. Un métier pour demain

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Etape 1 : Compréhension orale / Production orale

Transcrição:

Universidade Federal de São Carlos Pró-Reitoria de Pesquisa Coordenadoria de Iniciação Científica e Tecnológica Trabalho análogo à escravidão: a emergência de uma fórmula? Élica dos Santos Souza Bacharelado em Linguística Roberto Leiser Baronas Departamento de Letras Centro de Educação e Ciências Humanas São Carlos / 2012 1

1.a Introdução ao Problema O presente projeto de Iniciação Científica inscreve-se nas reflexões desenvolvidas no Laboratório de Estudos Epistemológicos e de Discursividades Multimodais - LEEDiM 1, eixo de pesquisa 01, deslocamentos epistemológicos e metodológicos. Nos últimos dez anos, sobretudo, a partir de implantação de políticas públicas governamentais sobre os direitos humanos, o tema trabalho escravo ganhou bastante notoriedade nos mais diversos campos: judiciário; político; midiático, entre outros. Pouquíssimos temas tiveram no cenário brasileiro uma repercussão semelhante. Uma simples procura por essa expressão no site de buscas Google apresentará mais de 2.610.000 ocorrências. Caso consideremos outras variações desse sintagma, tais como trabalho análogo à escravidão ou trabalho semelhante à escravidão, as ocorrências passam longe de 5.000.000. Esse dado quantitativo por um lado evidencia que se trata de um fenômeno relevante para os estudos da linguagem e, por outro, que os enunciadores foram instados a se manifestar sobre esse tema. Neste projeto de Iniciação Científica, temos como objetivo analisar discursivamente como a mídia deu/dá em narrativa os deslizamentos de sentido do sintagma trabalho análogo à escravidão. Trabalharemos mais especificamente com textos veiculados em dois jornais de grande circulação nacional: Folha de S. Paulo 1 O Laboratório de Estudos Epistemológicos e de Discursividades Multimodais - LEEDIM está organizado em torno de dois grandes programas de pesquisa. No primeiro, objetiva-se discutir inicialmente, os deslocamentos epistemológicos e metodológicos produzidos por autores brasileiros e franceses no domínio da Análise do Discurso de orientação francesa do final dos anos oitenta até os dias atuais; num segundo momento, verifica-se em que medida esses deslocamentos epistemológicos e metodológicos podem ser aplicados a diferentes corpora de diferentes geografias e, por último, faz-se uma descrição/interpretação da escrita da história linguageira dos conceitos da Análise do Discurso de orientação francesa tanto na geografia francesa quanto na brasileira. No segundo, busca-se compreender o modo como os mais diversos suportes midiáticos por meio de textos multimodais constroem uma escrita da história de campanhas presidenciais brasileiras bastante distinta da história oficial veiculada nos editoriais, nos artigos de opinião, nas análises políticas, por exemplo. Elege-se como corpus de análise textos multimodais: fotografias derrisórias, fotomontagens, charges impressas, charges eletrônicas, caricaturas políticas, textos sobre o anedotário político brasileiro e blogs de comentários políticos veiculados por jornais, sites e revistas brasileiras de grande circulação nacional durante os primeiros e segundos turnos das campanhas presidenciais brasileiras de 1998, 2002, 2006 e 2010. A Análise do Discurso de orientação francesa em diálogo com os estudos da Nova História são as perspectivas teóricometodológicas que sustentam os programas de pesquisa do LEEDIM. A criação do Laboratório justificase entre outras razões diante da necessidade premente de se constituir redes de pesquisa envolvendo diversas universidades brasileiras como forma de solidificar a pesquisa no campo das Ciências da Linguagem e, sobretudo, nos domínios da epistemologia da Análise do Discurso e das discursividades multimodais. O LEEDiM conta com apoio financeiro do CNPq, processo número 480148/2011-2. 2

(Folha) e O Estado de S. Paulo (Estadão). Como recorte temporal, estabelecemos o período compreendido entre os alunos de 2002 a 2012. É importante ressaltar que não é nosso objetivo aqui realizar uma análise de conteúdo, tentando evidenciar a verdadeira posição dos jornais acerca da temática trabalho escravo. Nosso objetivo central é compreender no período histórico delimitado em que medida a sequência verbal trabalho escravo ao se transformar em trabalho análogo à escravidão e/ou trabalho semelhante à escravidão pode ser compreendida como uma fórmula. Em outras palavras, objetivamos verificar nesses jornais, ao longo do período estabelecido, como esse sintagma, embora formalmente estável do ponto de vista da descrição e da explicação linguística, põe-se a funcionar pelo trabalho da mídia nos discursos do espaço público como um lugar discursivo, isto é, uma sequência tão partilhada quanto problemática, conhecendo um regime discursivo que a torna uma fórmula. E também compreender em que medida tais deslizamentos de sentido implicam uma espécie de neutralização dos embates discursivos. Para dar conta de nosso objetivo, nos apoiaremos, dado o caráter heurístico de suas pesquisas, em Krieg-Planque (2003 e 2010). A analista francesa do discurso, ao analisar a fórmula purificação étnica posta a circular durante os anos noventa em textos de diversos jornais franceses, cuja temática eram os conflitos étnicos na antiga Iugoslávia, estabelece como critérios para que uma sequência linguística possa ser considerada uma fórmula os seguintes funcionamentos linguístico-discursivos: a) se caracteriza por uma cristalização; b) se inscreve numa dimensão discursiva; c) funciona como um referente social e d) comporta um aspecto polêmico. Tomaremos esses critérios para verificar a emergência ou não da fórmula trabalho análogo à escravidão e/ou trabalho semelhante à escravidão. E em caso positivo, se tais critérios são suficientes para descrever tal emergência. Sobre tais critérios de acordo com Krieg- Planque é possível dizer que: a) O caráter estável da fórmula; Por estabilidade da fórmula, Krieg-Planque entende que a materialidade significante que a constitui deve se manter de forma constante ao longo de um determinado período. b) A inscrição da fórmula na dimensão discursiva; Conforme aponta Krieg-Planque, a noção de fórmula não é linguística. Ela é, antes de mais nada, uma noção discursiva. A fórmula não existe sem os usos que a tornam uma 3

fórmula. São esses usos discursivos que a tornam uma fórmula no sentido discursivo do termo, ou seja, são os discursos produzidos pelos enunciadores acerca dessa temática que possibilitam que trabalho análogo à escravidão assuma a condição de fórmula. c) O funcionamento da fórmula como um referente social; No entender de Krieg-Planque, para que a fórmula se constitua enquanto tal, deve se apresentar como um referente social. A linguista francesa toma de empréstimo essa noção do trabalho de Pierre Fiala e Marianne Ebel (1983) e, segundo ela, tal noção se mostra pertinente, pois possibilita dar conta do fato de que a fórmula possui muitas significações e muitas das quais são contraditórias. Como referente social, a fórmula é um signo que evoca alguma coisa para todos num dado momento (...) Para que esse signo evoque alguma coisa para todos, é preciso que ele seja conhecido de todos. A notoriedade do signo (...) é, assim, uma condição necessária à existência formulaica (KRIEG-PLANQUE, 2010). Krieg-Planque nos diz que a fórmula, como referente social, é um signo que evoca alguma coisa para todos ao mesmo tempo. Ela é conhecida por designar alguma coisa. A fórmula refere: ela reenvia ao mundo. Falar sobre a fórmula enquanto um referente social implica, no entendimento de Planque, que gera polêmica. d) O aspecto polêmico da fórmula. A quarta e última característica da fórmula, segundo Krieg-Planque, é que a fórmula (...) abriga dinâmicas sociopolíticas. Entendemos disso que ela põe em jogo algo de grave. Grave não necessariamente num sentido dramático, mas no sentido em que ela põe em jogo a existência de pessoas: a fórmula põe em jogo modos de vida, recursos materiais, a natureza e as decisões de um regime político do qual os indivíduos dependem, seus direitos, seus deveres, as relações de igualdade ou de desigualdade entre cidadãos, a solidariedade entre humanos, a ideia que as pessoas fazem da nação de que se sentem membros. (KRIEG- PLANQUE, 2010) Em outros termos, o caráter polêmico da fórmula, além de mobilizar os indivíduos para que se manifestem, digam alguma coisa a seu respeito, coloca em discussão a própria subjetividade desses indivíduos. Ou seja, ela insta os sujeitos a dizer sobre os limites de suas subjetividades. No entendimento de Krieg-Planque (2010): (...) as fórmulas participam do peso da história, esse peso que lastreia os destinos individuais. É porque ela abriga uma dinâmica, porque ela põe em jogo a existência de pessoas, porque ela tem um valor descritivo de fatos políticos e sociais é que ela é objeto de polêmica. Polemizando em 4

torno dela, os atores-locutores não polemizam por nada : eles polemizam pela descrição do real. (KRIEG-PLANQUE, 2010). 1.b Informações Complementares Relativas ao Projeto Assinale abaixo a alternativa referente à necessidade de aprovação do projeto pelo comitê de ética em pesquisas. ( ) EXIGE aprovação ( X ) NÃO EXIGE aprovação Terá direito a uma 2ª bolsa o(a) orientador(a) de bolsista de Iniciação Científica FAPESP vigente durante o ano de 2011/2012 ou CNPq Balcão - Edital MCT CNPq 12/2010, ou outro tipo de bolsa de IC obtida diretamente pelo orientador junto a agências de fomento e com vigência em 2011/2012, respeitando-se a ordem de classificação de acordo com os critérios aplicados pelo Comitê PIBIC. As orientações de bolsistas PIBIC e PIBITI não atendem esta condição. Orientou bolsista IC com vigência 2011/2012 atendendo à condição acima? ( ) NÃO ( X ) SIM Agência de Fomento: FAPESP Processo número: 2011/11187-9 5

2 Objetivos 2.1) Objetivo geral Analisar o sintagma trabalho análogo à escravidão em diversos contextos enunciativos do jornal Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo, no período compreendido entre os anos de 2002 a 2012, verificando em que medida essa seqüência verbal pode ser considerada uma fórmula. 2.2) Objetivos específicos a) Descrever como o sintagma trabalho análogo à escravidão se cristaliza linguisticamente e se nesse processo de cristalização houve variação; b) Verificar como o sintagma em questão se inscreve numa dimensão discursiva; c) Compreender como a ocorrência funciona como um referente social; d) Apreender que aspectos polêmicos o sintagma em questão comporta; e) Compreender como o sintagma trabalho análogo à escravidão é submetido pelos suportes midiáticos pelos quais transita ao regime discursivo da aforização. 6

3 Metodologia Inicialmente, selecionaremos os textos nos quais o sintagma trabalho análogo à escravidão se dá a circular. Trata-se da organização do arquivo de nossa pesquisa. Num segundo momento, de posse do arquivo da pesquisa, realizaremos a segmentação do corpus. Para tanto e levando-se em consideração que lidaremos com uma massa muito grande de textos mobilizaremos o Programa de Estatística Textual Léxico 3. Esse programa possibilitará a realização de um tratamento estatístico da seqüência lingüística trabalho análogo à escravidão. Esse primeiro tratamento dos dados evidenciará não só a forma cristalizada e os possíveis deslocamentos do enunciado e/ou em que gênero discursivo e/ou em que ano e/ou que tipo de suporte midiático essa ocorrência aparece mais, por exemplo, mas também e, sobretudo, as suas principais características lexicométricas. Para realizar a segmentação do corpus é preciso estabelecer suas as balizas ou repartições. Por exemplo: <ano=2002> <semana=01> <gênero textual=01>. Tais balizas referem-se ao ano, à semana em que o texto foi publicado e também ao gênero que tal texto se inscreve. Depois de estabelecidas as balizas, os arquivos serão salvos como texto sem formatação. Estabelecidos os critérios procederemos à análise lexicométrica dos dados. Num terceiro momento, de posse das características lexicométricas do objeto, faremos a análise discursiva a partir dos critérios estabelecidos por Krieg-Planque (2007 e 2010) verificando em que medida a pequena frase em questão: a) se caracteriza por uma cristalização; b) se inscreve numa dimensão discursiva; c) funciona como um referente social; d) comporta um aspecto polêmico e, e) é submetida ao regime enunciativo da aforização. 7

4 Resultados Esperados Esperamos que a nossa pesquisa de Iniciação Científica possa contribuir mesmo que minimamente para a elucidação dos caminhos lingüísticos e discursivos pelos quais o sintagma trabalho análogo à escravidão percorreu ao longo de dez anos de existência. Com essa elucidação acreditamos por um lado, poder evidenciar de uma forma um pouco mais refinada, a despeito da sua propalada neutralidade comunicacional, a forma como a instituição midiática organiza, por meio dos seus discursos, as relações de poder e de opinião, e, por outro, poder contribuir com os próprios profissionais que se dedicam à atividade da comunicação, pois a compreensão do trabalho dos comunicadores passa necessariamente, em parte, por uma análise discursiva: as noções de fórmula, mas também as de pequena frase, de elemento de linguagem, de argumento ou ainda de slogan contribuem para essa compreensão. 8

5 Forma de Análise dos Resultados Pretendemos avaliar os resultados de nossa pesquisa de três maneiras. Inicialmente, submeteremos resultados parciais de nosso trabalho em forma de painel à comissão científica do congresso de iniciação científica e tecnológica da UFSCar em outubro vindouro. Num segundo momento, depois de concluirmos o relatório final de iniciação científica elaboraremos um artigo científico e o submeteremos ao conselho editorial de uma revista científica da área de lingüística com vistas a sua publicação. E, por último, elaboraremos um projeto de pesquisa e o submeteremos a um Programa de Pós-Graduação em Lingüística com vistas ao ingresso no mestrado. 9

6 Cronograma de Trabalho Etapas Anos 2012/2013 Meses 1. Leitura da bibliografia sobre fórmulas discursivas; 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 X X X 2. Resenha dos textos; X X X X 3.Recorte do corpus da pesquisa; X X X X 4. Elaboração das análises; X X X 5. Elaboração do relatório parcial; X X 6. Participação em eventos nacionais; X X 7. Elaboração do relatório final; X X 8. Elaboração de artigo e de projeto de mestrado. X 10

7 Referências Bibliográficas ADAM, Jean-Michel (2000), «L hyperstructure : un mode privilégié de présentation des événements scientifiques?», Les Carnets du Cediscor, Paris, Presses de la Sorbonne Nouvelle, n 6, p. 133-150. ADAM, Jean-Michel et Marc BONHOMME (2003 rééd.), L argumentation publicitaire. Rhétorique de l éloge et de la persuasion, Paris, Nathan, coll. Fac Linguistique. Actes du colloque «Le français parlé dans les médias : les médias et le politique» (Lausanne / 2009) Marcel Burger, Jérôme Jacquin, Raphaël Micheli (éds) AUTHIER-REVUZ, Jacqueline (1982), «Hétérogénéité montrée et hétérogénéité constitutive : éléments pour une approche de l autre dans le discours», DRLAV. Revue de linguistique, Centre de recherche de l Université Paris 8, n 26, p. 91-151.. (1995), Ces mots qui ne vont pas de soi. Boucles réflexives et non-coïncidences du dire, Paris, Larousse, 2 tomes. BAKHTINE, Mikhaïl ([1975] 1978), Esthétique et théorie du roman, Paris, Gallimard, coll. Tel. BEZES, Philippe (2009), Réinventer l Etat. Les réformes de l administration française (1962-2008), Paris, Presses Universitaires de France, coll. Le Lien social. BONHOMME, Marc (2008), «La syntaxe publicitaire : entre sciences du langage et sciences de la communication», dans Marcel BURGER (dir.), L analyse linguistique des discours médiatiques. Entre sciences du langage et sciences de la communication, Québec, Université de Laval, Editions Nota Bene ; p. 209-229. BORZEIX, Anni et Béatrice FRAENKEL (dir.) (2001), Langage et travail. Communication, cognition, action, Paris, CNRS Editions, coll. Communication. BOUTET, Josiane (2002), «La part langagière du travail, bilan et perspectives», Langage & Société, Paris, Editions de la Maison des Sciences de l Homme, n 98, p. 17-42.. (2008), La vie verbale au travail. Des manufactures aux centres d appel, Toulouse, Editions Octares, coll. Travail et activité humaine. DESROSIERES, Alain (2008), L argument statistique. I. Gouverner par les nombres. II. Pour une sociologie historique de la quantification, Paris, Les Presses de l Ecole des Mines, coll. Sciences sociales, 2 tomes. FAYE, J-P. Introdução às linguagens totalitárias: teoria e transformação do relato. São Paulo, Perspectiva, 2009. FACQ-MELLET, Caroline (2005), «Analyse discursive des questions au Gouvernement : places et rôles du groupe R.P.R. (1998-1999)». Thèse de doctorat en sciences du langage, Université Paris 10 - Nanterre. FILLIETTAZ, Laurent (2008), «Compétences professionnelles et compétences langagières en situation de risque. La régulation langagière d un événement en milieu industriel», Langage & Société, Paris, Editions de la Maison des Sciences de l Homme, n 125, p. 11-34. FISHMAN, Mark (1980), Manufacturing the News, Austin, University of Texas Press. FIALA, P. E EBEL, M. Sous le consensus, Ia xénophobee. Paroles, arguments, contextes (1969-1981), Lausanne: Institut de science politique, Mémoires et documents, 1983. GRUNIG, Blanche-Noëlle (1990), Les mots de la publicité : l architecture du slogan, Paris, Editions du CNRS. HUBE, Nicolas (2008), Décrocher la «Une». Le choix des titres de première page de la presse quotidienne en France et en Allemagne (1945-2005), Strasbourg, Presses 11

Universitaires de Strasbourg, coll. Sociologie politique européenne. Actes du colloque «Le français parlé dans les médias : les médias et le politique» (Lausanne / 2009) Marcel Burger, Jérôme Jacquin, Raphaël Micheli (éds) 12 JACOBS, Geert (1999), Preformulating the News. An analysis of the metapragmatics of press releases, John Benjamins Publishing, Pragmatics & Beyond New Series 60. JEANNE-PERRIER, Valérie (2005), «L écrit sous contrainte : les systèmes de management de contenu (CMS)», Communication & Langages, Paris, Nathan, n 146, p. 71-81. JEANNE-PERRIER, Valérie (2006), «Des outils d écriture aux pouvoirs exorbitants?», Réseaux, Paris, Hermès Science Publications, n 137, p. 97-131. JEANNERET, Yves et Cécile TARDY (dir.) (2007), L écriture des médias informatisés. Espaces de pratiques, Paris, Hermès Science Publications. KALIFA, Dominique, Philippe REGNIER, Marie-Eve THERENTY et Alain VAILLANT (dir.) (2010), La Civilisation du Journal. Histoire culturelle et littéraire de la presse française au XIXe siècle, Paris, Nouveau-Monde Editions. KRIEG-PLANQUE, Alice (2003), «Purification ethnique». Une formule et son histoire, Paris, CNRS Editions, coll. Communication.. (2006a), «Formules et lieux discursifs : propositions pour l analyse du discours politique», Semen. Revue de sémio-linguistique des textes et discours, Besançon, Presses Universitaires de Franche-Comté, n 21, p. 19-47. KRIEG-PLANQUE, Alice (2006b), «L intentionnalité de l action mise en discours. Le caractère intentionnel des crimes de masse sur la scène médiatique», dans Marc LE PAPE, Johanna SIMEANT, Claudine VIDAL (dir.), Crises extrêmes. Face aux massacres, aux guerres civiles et aux génocides, Paris, Editions La Découverte, coll. Recherches ; p. 88-102..(2007), «Travailler les discours dans la pluridisciplinarité. Exemples d une manière de faire en analyse du discours», dans Simone BONNAFOUS et Malika TEMMAR (dir.), Analyse du discours et sciences humaines et sociales, Paris, Ophrys, coll. Les chemins du discours ; p. 57-71.. (2008), «La notion d observable en discours. Jusqu où aller avec les sciences du langage dans l étude des pratiques d écriture journalistique?», dans Marcel BURGER (dir.), L analyse linguistique des discours médiatiques. Entre sciences du langage et sciences de la communication, Québec, Université de Laval, Editions Nota Bene ; p. 59-81.. (2009), La notion de «formule» en analyse du discours. Cadre théorique et méthodologique, Besançon, Presses Universitaires de Franche-Comté.. (2010a), «Un lieu discursif : Nous ne pourrons pas dire que nous ne savions pas. Etude d une mise en discours de la morale», Mots. Les langages du politique, Lyon, ENS Editions, n 92, p. 103-120.. A noção de fórmula em análise do discurso quadro teórico e metodológico. Trad. Salgado e Possenti. São Paulo: Parábola, 2010b.. (à paraître), «La formule développement durable : un opérateur de neutralisation de la conflictualité», Langage & Société, Paris, Editions de la Maison des Sciences de l Homme. Actes du colloque «Le français parlé dans les médias : les médias et le politique» (Lausanne / 2009) Marcel Burger, Jérôme Jacquin, Raphaël Micheli (éds).. (2011). Por uma análise discursiva da comunicação: a comunicação como antecipação de práticas de retomada e de transformação dos enunciados. Tradução de 12

Luciana Salazar Salgado. In: Revista de Popularização Científica em Ciências da Linguagem Linguasagem nº 16, São Carlos, SP: www.letras.ufscar.br/linguasagem LAPOUSTERLE, Jean (2009), L influence des groupes de pression sur l élaboration des normes. Illustration à partir du droit de la propriété littéraire et artistique, Paris, Dalloz-Sirey, coll. Nouvelle bibliothèque des thèses. LEGAVRE, Jean-Baptiste (1992), «Off the record, mode d emploi d un instrument de coordination», Politix. Revue des sciences sociales du politique, Paris, n 19, p. 135-157. LEGLISE, Isabelle (dir.) (2004), Pratiques, langues et discours dans le travail social. Ecrits formatés, oral débridé, Paris, L Harmattan, coll. Espaces discursifs. LINDHOLM, Maria (2007), La Commission européenne et ses pratiques communicatives. Etude des dimensions linguistiques et des enjeux politiques des communiqués de presse, Linköping (Suède), Linköping University Press, Studies in Language and Culture, Faculty of Arts and Sciences. MAINGUENEAU, D. Novas tendências em Análise do Discurso. Campinas: Pontes & Editora da Unicamp, 1989.. Análise de textos de comunicação. São Paulo: Editora Cortez, 2001.. Gênese dos discursos. Trad. Sírio Possenti. Curitiba: Criar Edições, 2005.. Cenas da enunciação. Curitiba, PR: Criar Edições, 2006.. Doze conceitos em Análise do Discurso. São Paulo: Parábola Editorial, 2010a.. Aphorisations politiques, médias et circulation des énoncés, 2010b. (no prelo). MOUILLAUD, Maurice et Jean-François TETU (1989), Le journal quotidien, Lyon, Presses Universitaires de Lyon. OGER, Claire (2003), «Communication et contrôle de la parole : de la clôture à la mise en scène de l institution militaire», Quaderni. La revue de la communication, Paris, Editions Sapientia, n 52, p. 77-92.. (2007), «Analyse du discours et sciences de l information et de la communication : au-delà des corpus et des méthodes», dans Simone BONNAFOUS et Malika TEMMAR (dir.), Analyse du discours et sciences humaines et sociales, Paris, Ophrys, coll. Les chemins du discours ; p. 23-38. OGER, Claire et Caroline OLLIVIER-YANIV (2006), «Conjurer le désordre discursif. Les procédés de lissage dans la fabrication du discours institutionnel», Mots. Les langages du politique, Lyon, ENS Editions, n 81, p. 63-77. OLLIVIER-YANIV, Caroline (2003), «La fabrique du discours politique : les écrivants des prises de parole publiques ministérielles», dans Simone BONNAFOUS, Pierre CHIRON, Dominique DUCARD, Carlos LEVY (dir.), Discours et rhétorique politique. Actes du colloque «Le français parlé dans les médias : les médias et le politique» (Lausanne / 2009) Marcel Burger, Jérôme Jacquin, Raphaël Micheli (éds) 14 Antiquité grecque et latine, Révolution française, monde contemporain, Rennes, Presses Universitaires de Rennes, coll. Res Publica ; p. 89-98.. (2008), La communication comme outil de gouvernement.définition et enjeux de la politique du discours, mémoire pour l habilitation à diriger des recherches (HDR) en Sciences de l information et de la communication, Université Paris 12 - Val-de-Marne. PANDER MAAT, Henk (2007), «How promotional language in press releases is dealt with by journalists. Genre mixing or genre conflict?», Journal of Business Communication, 44, p. 59-95. PECHEUX, Michel, (1983). Discurso: estrutura ou acontecimento. 2 ed. Campinas: Pontes. 13

. ([1975] 1990), Les vérités de La Palice. Linguistique, sémantique, philosophie, Paris, Maspero. De larges extraits sont repris dans Pêcheux (1990), p. 175-244..(1990), L inquiétude du discours. Textes de Michel Pêcheux choisis et présentés par Denise Maldidier, Paris, Editions des Cendres. RABATEL, Alain (dir.) (2004), «Effacement énonciatif et discours rapportés», Langages, Paris, Larousse, n 156. ROUBAN, Luc (2004), «Les cabinets du gouvernement Jospin, 1997-2002», Revue administrative, Paris, Presses Universitaires de France, n 339, p. 220-240. SALMON, Christian (2008), Storytelling, La machine à fabriquer des histoires et à formater les esprits, Paris, La Découverte. SAWICKI, Frédéric et Pierre MATHIOT (1999), «Les membres des cabinets ministériels socialistes en France (1981-1993) : recrutement et reconversion. Première partie : caractéristiques sociales et filières de recrutement» ; et «Les membres des cabinets ministériels socialistes en France (1981-1993) : recrutement et reconversion. Seconde partie : stratégies de reconversion», Revue française de science politique, Paris, Editions de la FNSP, vol. 49, n 1, février 1999, p. 1-27 ; et vol. 49, n 2, avril 1999, p. 231-264. SLEURS, Kim et Geert JACOBS (2005), «Beyond preformulation : an ethnographic perspective on press releases», Journal of Pragmatics, 37, p. 1251-1273.. (2003), «Constructing press releases, constructing quotations : A case study», Journal of Sociolinguistics, 7, p. 192-212. SOUCHIER, Emmanuël, Yves JEANNERET et Joëlle LE MAREC (dir.) (2003), Lire, écrire, récrire. Objets, signes et pratiques des médias informatisés, Paris, Editions de la Bibliothèque publique d information, coll. Etudes et recherche. TOURNIER, Maurice (1985), «Texte propagandiste et coocurrences ; hypothèses et méthodes pour l étude de la sloganisation», Mots. Mots, Ordinateurs, Textes, Sociétés, Paris, Presses de la FNSP, n 11, p. 155-187. Actes du colloque «Le français parlé dans les médias : les médias et le politique» (Lausanne / 2009) Marcel Burger, Jérôme Jacquin, Raphaël Micheli (éds) 15. TREILLE, Eric (2007), «Ecrire par délégation. Pratiques d écriture des assistants parlementaires de députés socialistes», Mots. Les langages du politique, Lyon, ENS Editions, n 85, p. 97-106. TUCHMAN, Gaye (1978), Making News. A Study in the Construction of Reality, New York, The Free-Press. VATIN, François (dir.) (2009), Evaluer et valoriser. Une sociologie économique de la mesure, Toulouse, Presses Universitaires du Mirail, coll. Socio-logiques. 1997. 14