Emissão de certidões de registo comercial gratuitas Regime aplicável à Segurança Social Tributação emolumentar.

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N.º 7/ DGATJSR /2016 N/Referência: Pº C.Co. 32/2015 STJSR Data de despacho: 31-03-2016 Assunto: Palavras-chave: Emissão de certidões de registo comercial gratuitas Regime aplicável à Segurança Social Tributação emolumentar. Certidão Emolumentos Instituto da Segurança Social, IP (ISS, IP) 1. Na sequência de questão levantada pelo Sr. Coordenador do SIRCOM, em termos genéricos, sobre se a Segurança Social tem protocolo celebrado com o IRN de acesso à base de dados do registo comercial, ou se, ainda assim, poderia ser considerada entidade pela previsão de gratuitidade no acesso à informação registal prevista no artigo 8.º do Decreto-Lei nº 322-A/2001, de 14 de dezembro (que aprovou o Regulamento Emolumentar dos Registos e do Notariado RERN), proferiu este setor informação onde se concluiu que a Direção-Geral das Segurança Social não ( ) se encontra no elenco das entidades abrangidas pela gratuitidade do artigo 8.º( ). Vem o Conselho Diretivo do Instituto da Segurança Social, IP (ISS, IP) Serviços Centrais esclarecer as finalidades e atribuições deste organismo, mormente, na investigação dos crimes contra a Segurança Social, pelo que não pode perfilhar do entendimento sufragado na informação destes Serviços. A Sra. Presidente do referido Instituto, em ofício expõe devidamente os motivos que determinaram a intervenção junto deste Instituto quanto a esta matéria, bem como juntou para o efeito informação proferida sobre a matéria resultante da análise feita pelo Departamento de Fiscalização, à qual iremos fazer referência ao longo do ponto seguinte. Tal pedido surge pelo facto de, após divulgação da informação aos serviços de registo, alguns deles terem passado a solicitar emolumentos pela emissão de certidões requeridas por aquele Instituto, sem atender à finalidade concreta da certidão requerida. 2. Cumpre apreciar. 2.1 A regra que vigora no nosso sistema registal é a do carácter público do registo, podendo qualquer pessoa aceder à informação dele constante, seja pedindo certidões dos atos de registo e dos documentos arquivados, seja obtendo informações verbais ou escritas sobre o conteúdo de uns e de outros [cfr. artigo 73.º do Código do Registo Comercial (CRCom)]. 1/6

Em matéria de liquidação emolumentar, a regra é a do pagamento, ou seja, Os atos praticados nos serviços dos registos e do notariado estão sujeitos a tributação emolumentar, nos termos fixados na tabela anexa, sem prejuízo dos casos de gratuitidade, isenção ou redução previstos no presente diploma cfr. artigo 1.º do RERN. Como resulta do artigo 2.º «estão sujeitos a tributação emolumentar todas as pessoas singulares, bem como todas as pessoas coletivas, independentemente da natureza ou forma jurídica que revistam, designadamente o Estado, as Regiões Autónomas, as autarquias locais, os fundos e serviços autónomos e as entidades que integrem o sector empresarial do Estado, das Regiões Autónomas e das autarquias locais». O alargamento da incidência subjetiva poderá ter estado na origem da opção do legislador em deixar expresso, na indicada norma, de forma mais ou menos circunstanciada, que determinadas entidades repita-se, o Estado, as Regiões Autónomas, as autarquias locais, os fundos e serviços autónomos e as entidades que integrem o sector empresarial do Estado, das Regiões Autónomas e das autarquias locais, para além das pessoas singulares ou coletivas de direito privado, independentemente da forma jurídica de que se revistam passarem a estar, em geral, sujeitas a tributação. Conforme ressalta do preâmbulo do diploma que aprovou o indicado Regulamento, Assim, todas as situações de privilégio não justificadas terminaram, numa lógica de eficiência acrescida, no exercício da atividade pública. Da articulação dos indicados artigos 1.º e 2.º do RERN resulta clara, na nossa perspetiva, a intenção do legislador no sentido de sujeitar a tributação emolumentar a generalidade dos atos praticados nos nossos serviços, independentemente da natureza ou qualidade dos sujeitos que deles beneficiam. No entanto, os atos ou, em determinadas situações, as entidades, que o legislador pretendeu excluir de tributação emolumentar estão especificamente previstos na lei, e é em face de cada caso concreto que se há de densificar as normas. De facto, por força do nº 1 do artigo 8º do DL nº 322-A/2001, de 14 de dezembro (diploma que aprovou o RERN), são gratuitas as certidões, fotocópias, informações e outros documentos de caráter probatório, bem como o acesso e consultas a base de dados, desde que solicitadas pela Direção-Geral de Contribuições e Impostos, pelos Julgados de Paz, bem como por autoridades judiciais e entidades que prossigam fins de investigação criminal. É gratuito o acesso às bases de dados registrais e de identificação civil por parte das pessoas coletivas públicas que integrem o sistema estatístico nacional, com a finalidade de recolha de informação estatística, nos termos do n.º 2 do mesmo preceito. 2/6

É gratuito o acesso pela Comissão da Liberdade Religiosa à base de dados do registo de pessoas coletivas religiosas, efetuado nos termos previstos no respetivo regime cfr. n.º 4. E, é ainda gratuito o acesso pela autoridade eclesiástica proponente à base de dados do registo de pessoas jurídicas canónicas, de acordo com o n.º 5. Atentando-se no conceito de «entidades que prossigam fins de investigação criminal», não basta enumerar todas aquelas que, no âmbito das suas competências e atribuições prossigam essa finalidade, tem que se relacionar o pedido em causa, a sua finalidade e a entidade. Como exemplo, o caso das polícias (PSP 1, GNR 2 ) em sentido amplo, que não obstante exercerem funções de investigação criminal, também podem exercer funções de controlo do trânsito, da segurança rodoviária e de aplicação contraordenacional, e neste âmbito ou finalidade que não se confunde com aquele, já as autoridades policiais não beneficiam da gratuitidade prevista no n.º 1 do artigo 8.º. 2.2 O ISS, IP invoca o disposto no Decreto-Lei n.º 83/2012, de 30.03 3, segundo o qual o referido Instituto tem como missão a gestão dos regimes de segurança social, incluindo o tratamento, recuperação e reparação de doenças ou incapacidades resultantes de riscos profissionais, o reconhecimento dos direitos e o cumprimento das obrigações decorrentes dos regimes de segurança social e demais subsistemas da segurança social, incluindo o exercício da ação social, bem como assegurar a aplicação dos acordos internacionais no âmbito do sistema da segurança social cfr. n.º 1 do artigo 3.º. e c): Do conjunto das atribuições definidas no n.º 2 do artigo 3.º, o ISS, IP salienta as previstas nas alíneas a), b) «a) Gerir as prestações do sistema de segurança social e dos seus subsistemas; b) Garantir a realização dos direitos e promover o cumprimento das obrigações dos beneficiários do sistema de segurança social; ( ) 1 No caso da PSP, a alínea f), do n.º 2 do artigo 3.º da Lei n.º 53/2007, de 31.08 que aprova a orgânica da Polícia de Segurança Pública, constitui sua atribuição «Velar pelo cumprimento das leis e regulamentos relativos à viação terrestre e aos transportes rodoviários e promover e garantir a segurança rodoviária, designadamente através da fiscalização, do ordenamento e da disciplina do trânsito», a par da alínea e) que prevê «Desenvolver as ações de investigação criminal e contraordenacional que lhe sejam atribuídas por lei, delegadas pelas autoridades judiciárias ou solicitadas pelas autoridades administrativas». 2 De igual modo para o caso da GNR, com a Lei n.º 63/2007, de 06.11, que aprova a orgânica da Guarda Nacional Republicana, com normas semelhantes nas alíneas e) e f) do artigo 3.º que estipula as suas atribuições. 3 Diploma que aprova a Lei Orgânica do Instituto. 3/6

c) Assegurar nos termos da lei, as ações necessárias à eventual aplicação dos regimes sancionatórios referentes a infrações criminais praticadas por beneficiários e contribuintes no âmbito do sistema de segurança social». Isto leva a recorrer ao Regime Geral das Infrações Tributárias 4, o qual se aplica às infrações das normas reguladoras: «a) Das prestações tributárias; b) Dos regimes tributários, aduaneiros e fiscais, independentemente de regulamentarem ou não prestações tributárias; c) Dos benefícios fiscais e franquias aduaneiras; d) Das contribuições e prestações relativas ao sistema de solidariedade e segurança social, sem prejuízo do regime das contraordenações que consta de legislação especial» - n.º 1 do artigo 1.º 5. Por outro lado, nos termos do n.º 2 do artigo 40.º «Aos órgãos da administração tributária e aos da segurança social cabem, durante o inquérito, os poderes e funções que o Código de Processo Penal atribui aos órgãos e às autoridades de polícia criminal, presumindo-se-lhes delegada a prática de atos que o Ministério Público pode atribuir àquelas entidades, independentemente do valor da vantagem patrimonial ilegítima». Sobre a competência delegada para a investigação, o artigo 41.º, n.º 1, alínea c) diz que «Sem prejuízo de a todo o tempo o processo poder ser avocado pelo Ministério Público, a competência para os atos de inquérito a que se refere o n.º 2 do artigo 40.º presume-se delegada: Relativamente aos crimes contra a segurança social, nos presidentes das pessoas coletivas de direito público a quem estejam cometidas as atribuições nas áreas dos contribuintes e dos beneficiários». E, nos termos do n.º 2 do referido artigo 41.º, «Os atos de inquérito para cuja prática a competência é delegada nos termos do número anterior podem ser praticados pelos titulares dos órgãos e pelos funcionários e agentes dos respetivos serviços a quem tais funções sejam especialmente cometidas». 4 Aprovado pela Lei n.º 15/2001, de 05.06. 5 Do Acórdão proferido pelo Tribunal Central Administrativo Norte, no Proc.º 00341/04.8BEBRG de 25.05.2006 extrai-se o seguinte: «A natureza jurídica das contribuições para a Segurança Social, devidas pelas entidades patronais, tem sido uniformemente qualificada na jurisprudência administrativa e fiscal, como sendo tributária. Efetivamente tais contribuições mais não são do que prestações unilaterais exigidas pelo Estado, com caráter imperativo não sancionatório, que se destinam ao funcionamento da Segurança Social». Noutro Acórdão do Pleno do STA, de 14.05.97- se refere que são questões fiscais as que emergem de soluções autoritárias que imponham aos cidadãos o pagamento de quaisquer prestações pecuniárias com vista à obtenção de receitas destinadas à satisfação de encargos públicos dos entes respetivos. 4/6

A Portaria n.º 638/2007, de 30.05 aprova os Estatutos, define a organização interna e as competências específicas de cada Departamento, para cumprimento da sua missão. Assim, ressalta dos referidos Departamentos, a existência do Departamento de Fiscalização ao qual compete exercer a ação fiscalizadora no cumprimento dos direitos e obrigações dos beneficiários e contribuintes do sistema de segurança social, instituições particulares de solidariedade social (IPSS) e outras entidades privadas que exerçam atividades de apoio social cfr. n.º 1 do artigo 8.º. E, compete ainda, nos termos das alíneas k) e l) do n.º 2 do mesmo preceito: «k) Desenvolver as ações necessárias à instrução dos processos de investigação no âmbito de condutas ilícitas dos beneficiários e contribuintes em relação à segurança social, legalmente definidas; l) Promover e realizar ações de prevenção criminal» (sublinhados nossos). Na douta informação elaborada sobre esta matéria, foi mencionado a deliberação n.º 75/2007, de 27.07 do Conselho Diretivo do Instituto, mediante a qual foram criados Núcleos de Investigação Criminal do Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve os quais asseguram o desenvolvimento das competências do ISS, IP. É portanto, através destes Núcleos que se procede à investigação do crime na vertente que esteja relacionada com as condutas ilícitas dos beneficiários e contribuintes em relação à segurança social, aplicandose o Regime Geral das Infracções Tributárias, aprovado pela Lei n.º 15/2001, de 05.06. Pois de facto, no âmbito já da parte respeitante ao Processo Penal Tributário, resulta do n.º 2 do artigo 40.º que, «Aos órgãos da administração tributária e aos da segurança social cabem, durante o inquérito, os poderes e funções que o Código de Processo Penal atribui aos órgãos e às autoridades de polícia criminal, presumindose-lhes delegada a prática de atos que o Ministério Público pode atribuir àquelas entidades, independentemente do valor da vantagem patrimonial ilegítima» (sublinhado nosso). Estes órgãos, mais não são mais do que órgãos de polícia criminal de competência específica, caracterizados assim, considerando o artigo 3.º, n.º 2 e 3 da Lei n.º 49/2008, de 27.08 6, por contraponto aos órgãos de polícia criminal de competência genérica 7, ou seja, para determinados tipos legais de crime para os quais nenhum outro órgão de polícia criminal pode proceder à investigação de tais crimes (artigo 4.º, n.º 2 daquela Lei). 6 Que aprova a Lei de Organização da Investigação criminal. 7 Como sejam: a) A Polícia Judiciária; b) A Guarda Nacional Republicana; c) A Polícia de Segurança Pública. 5/6

O ISS, IP descreve assim, o processo de investigação criminal da sua responsabilidade e competência: para avaliação da existência de indícios do crime e dos seus responsáveis, é imprescindível, numa primeira fase, proceder à identificação dos sócios gerentes das entidades visadas, através das certidões emitidas pelos serviços do IRN, seguindo-se as demais diligências instrutórias, culminando, a final, com a remessa do processo ao Ministério Público (MP). Por sua vez, em fase de inquérito, os funcionários e agentes encarregues da investigação dos crimes contra a Segurança Social, são os responsáveis pela recolha da prova documental, pela inquirição de testemunhas, pela constituição de arguidos e interrogatório dos mesmos, nessa qualidade, bem como dos suspeitos da prática dos crimes contra a Segurança Social, aplicando-lhes a medida de coação de Termo de Identidade e Residência, etc. Afigura-se-nos assim que, o Departamento de Fiscalização do Instituto da Segurança Social, IP beneficia da gratuitidade prevista no n.º 1 do artigo 8.º em tabela, quando a certidão requerida se destine à prossecução das finalidades de investigação criminal. 3. Em conclusão, face ao conjunto das normas dispersas pelos vários diplomas aqui invocados, afigura-senos assistir razão ao Instituto da Segurança Social, IP, o qual goza da gratuitidade prevista no n.º 1 do artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 322-A/2001, de 14.12, na obtenção de certidões, fotocópias, informações e outros documentos de caráter probatório de natureza registral, quando atua (mais concretamente, o seu Departamento de Fiscalização) exclusivamente no âmbito da investigação de ilícitos em matéria de crimes contra a Segurança Social. No entanto, e como vimos, uma vez que o preceito em causa não prevê que a gratuitidade assenta no órgão (de polícia criminal), mas nos fins a que se destina a informação (investigação criminal), tal finalidade deverá ser sempre invocada pelo organismo referido no momento do pedido, se for esse o caso. Sobre esta informação recaiu despacho de concordância do Senhor Presidente do Conselho Diretivo, de 31.03.2016. 6/6