Elaboração de Documentos Técnicos em Psicologia Lucas Neiva-Silva lucasneiva@yahoo.com.br Baseado nas Resoluções do Conselho Federal de Psicologia nº 007/2003 e 015/1996. Princípios Técnicos da Linguagem Escrita Redação bem estruturada e definida O emprego de frases e termos deve ser compatível com expressões próprias da linguagem profissional, considerando: A precisão da comunicação A quem o documento está destinado Evitando a diversidade de significações da linguagem popular Princípios Técnicos da Linguagem Escrita 1) Clareza Estrutura frasal Sequência ou ordenamento dos conteúdos Explicitação da natureza e função de cada parte 2) Concisão Linguagem adequada, exata e necessária Economia verbal Evitar redação lacônica ou prolixa Princípios Técnicos da Linguagem Escrita 3) Harmonia Correlação adequada das frases Ausência de cacofonias Deve-se apresentar apenas as informações necessárias, evitando qualquer tipo de consideração que não tenha relação com a finalidade do documento específico. Princípios éticos Observar os princípios do Código de Ética Cuidado em relação ao sigilo profissional Identificar riscos e compromissos em relação à utilização das informações presentes nos documentos Recusar o uso dos instrumentos, técnicas e experiência profissional da Psicologia na sustentação de modelos que perpetuem a segregação Princípios éticos Trabalhar no sentido de evitar: Sofrimento psíquico Violação dos direitos humanos Manutenção de estruturas de dominação e segregação 1
Princípios técnicos O(a) profissional de Psicologia, ao produzir documentos escritos, deve se basear exclusivamente em Instrumentos técnicos (entrevistas, testes, observações, dinâmicas de grupo, escuta, intervenções verbais) Métodos e técnicas para a coleta de dados, estudos e interpretações de informações Tais instrumentos devem estar adequados ao que se propõem investigar Princípios técnicos Deve-se rubricar cada página, desde a primeira até a penúltima. A última página deverá ser assinada, constando o nome do(a) profissional e o número do registro junto ao Conselho Regional de Psicologia ou o carimbo com estas informações. Deve constar ainda o local (cidade) e a data de expedição do documento. Modalidades de Documentos 1) Declaração 2) Atestado psicológico 3) Relatório / laudo psicológico 4) Parecer psicológico Declaração Visa a informar a ocorrência de fatos ou situações objetivas relacionados ao atendimento psicológico Finalidade de declarar: Comparecimento Acompanhamento Informações sobre as condições de atendimento (tempo de acompanhamento, dias e horários) Declaração Neste documento não deve ser feito o registro de sintomas, situações ou estados psicológicos Atestado Psicológico Certifica determinada situação ou estado psicológico Finalidade de: Justificar faltas e/ou impedimentos Justificar estar apto ou não para atividades específicas, após avaliação psicológica Solicitar afastamento e/ou dispensa do solicitante, subsidiada na afirmação atestada do fato de acordo com a Resolução CFP 015/96. 2
Atestado Psicológico consta de: Nome e sobrenome do cliente/paciente Finalidade do documento Registro da informação do sintoma, situação ou condições psicológicas que justifiquem o atendimento, afastamento ou falta (Facultada a inclusão do CID) Deve ser escrito em um único parágrafo, evitando espaços para adulterações. Resolução CFP 015/96: Concessão de atestado Psicológico Considerando que: O(a) Psicólogó(a) é profissional de saúde; Pode diagnosticar condições mentais que incapacitem o paciente para o trabalho e os estudos ou que ofereçam riscos para o paciente e para o próprio meio ambiente onde se insere Para o devido restabelecimento do equilíbrio mental do paciente é muitas vezes necessário seu afastamento das atividades laborais ou de estudos Resolução CFP 015/96: Concessão de atestado Psicológico É atribuição do(a) Psicólogo(a) a emissão de atestado psicológico circunscrito às suas atribuições profissionais e com fundamento no diagnóstico psicológico produzido; Fica facultado o uso do Código Internacional de Doenças CID, ou outros códigos de diagnósticos cientificamente reconhecidos Resolução CFP 015/96: Concessão de atestado Psicológico Quando emitir atestado de afastamento para tratamento de saúde, o profissional é obrigado a arquivar a documentação que fundamente o atestado e registrar as situações decorrentes do mesmo; Relatório ou Laudo Psicológico Apresentação descritiva acerca de situações e/ou condições psicológicas e suas determinações históricas, sociais, políticas e culturais, pesquisadas no processo de avaliação psicológica Deve ser consubstanciado em referencial técnicofilosófico e científico Relatório ou Laudo Psicológico Apresentar os procedimentos e conclusões gerados pelo processo de avaliação psicológica, relatando sobre: Encaminhamento Intervenções Diagnóstico e Prognóstico Evolução do caso Orientação e sugestão de projeto terapêutico Solicitação de acompanhamento psicológico 3
1) Identificação 2) Descrição da demanda 3) Procedimento 4) Análise 5) Conclusão 1) Identificação deve constar: Autor/relator Interessado Assunto/finalidade 2) Descrição da Demanda deve constar: Problemática apresentada e dos motivos, razões e expectativas que produziram o pedido do documento. A partir da demanda, justificar o procedimento adotado. 3) Procedimentos deve constar: Recursos e instrumentos técnicos utilizados para coletar informações Número de encontros, entrevista individual ou coletiva, pessoas ouvidas Instrumentos de avaliação ou testes psicológicos 4) Análise deve constar: Exposição descritiva dos dados colhidos e das situações experienciadas O documento deve considerar a natureza dinâmica, não de quem responde definitiva e não cristalizada do seu objeto de estudo. Não devem ser feitas afirmações sem sustentação em fatos e/ou teorias. Linguagem precisa, clara e exata, especialmente ao se referir a dados de natureza subjetiva 5) Conclusão deve constar: Resultado final e/ou considerações a respeito da investigação, a partir de referências que subsidiaram o trabalho. AS considerações geradas pelo processo de avaliação psicológica devem transmitir uma resposta em relação à demanda inicial. 4
Parecer Documento fundamentado e resumido sobre uma questão focal do campo psicológico cujo resultado pode ser indicativo ou conclusivo. Finalidade: Apresentar resposta esclarecedora, no campo da Psicologia, através de uma avaliação especializada, de uma questão-problema, visando a dirimir dúvidas que estão interferindo na decisão; É uma resposta a uma consulta, que exige, de quem responde, competência sobre o assunto. Parecer consta de... 1) Identificação 2) Exposição de motivos 3) Análise 4) Conclusão Parecer: 2) Exposição de motivos deve constar: Transcrição do objetivo da consulta e dos quesitos Descrição das dúvidas levantadas pelo solicitante Não é necessário detalhar todos os procedimentos, os dados colhidos e os nomes dos envolvidos. Parecer: 3) Análise deve constar: Análise minuciosa da questão explanada; Argumentação com base nos fundamentos necessários existentes (ética, técnica ou no corpo conceitual da Psicologia) Podem ser utilizados documentos científicos, respeitando-se as normas técnicas para suas citações. Parecer: 4) Conclusão deve constar: Apresentação do posicionamento, respondendo à questão levantada. Em geral, é apresentado um parecer conclusivo. Parecer: Conclusões Quando não houver dados suficientes para responder a demanda de maneira conclusiva, deve-se utilizar expressões como sem elementos de convicção ou aguarda evolução, dependendo do caso. Se o quesito ou pergunta estiver mal formulado, pode-se utilizar termos como prejudicado ou sem elementos. 5
Guarda dos documentos Os documentos escritos decorrentes de avaliação psicológica, bem como todo o material que os fundamentou deverão ser guardados pelo prazo mínimo de 5 anos. A responsabilidade pela guarda dos documentos é tanto do(a) psicólogo(a) quanto da instituição em que ocorreu a avaliação psicológica. Lucas Neiva-Silva lucasneiva@yahoo.com.br 6