Elaboração de Documentos Técnicos em Psicologia

Documentos relacionados
I - Princípios Norteadores na Elaboração de Documentos

Resolução CFP 007/2003. Manual de Elaboração de Documentos Escritos por psicólogos, decorrentes de avaliações psicológicas

RESOLUÇÃO CFP N.º 007/2003

Síntese. Estes slides contém partes das resoluções 07/2003 e 15/1996 além de uma breve apresentação do site SATEPSI.

Redação de Documentos em Avaliação Psicológica. Comissão de Orientação e Fiscalização/ CRP-03.

O Psicólogo pode emitir Atestado Psicológico para afastamento do trabalho?

Plano Integrado de Capacitação de Recursos Humanos para a Área da Assistência Social CAPACITAÇÃO EM SERVIÇO. Março/2012

CAPÍTULO 2 O PSICÓLOGO COMO PERITO E COMO ASSISTENTE TÉCNICO. Sandra Maria Baccara Araújo

Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos Secretaria Executiva de Desenvolvimento e Assistência Social Gerência de Planejamento,

RESOLUÇÃO Nº 6, DE 29 DE MARÇO DE 2019

RESOLUÇÃO Nº 4, DE 11 DE FEVEREIRO DE 2019

CONSTRUÇÃO DE RELATÓRIO PSICOSSOCIAL EM EQUIPE

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA

Prefeitura Municipal de Eunápolis publica:

DECRETO Nº. 052 DE 05 DE MARÇO DE 2018.

Atestados Médicos. RCG 0460 Bioética e Formação Humanística IV Deontologia e Direito Médico. Hermes de Freitas Barbosa

Data: 20 de julho de 2010.

De: Junta Médica Pericial Para: Médico Assistente SOLICITAÇÃO DE INFORMAÇÕES MÉDICAS PARA FINS PERICIAIS

RESOLUÇÃO CFP N.º 007/2003

Serviço Público Federal CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA 11ª REGIÃO Jurisdição Ceará

ASSUNTO: QUAL O PROFISSIONAL RESPONSÁVEL PELO PREENCHIMENTO DO ATESTADO MÉDICO DA CAT?

PARECER CRM/MS N 12/2016 PROCESSO CONSULTA N.

RESOLUÇÃO CFP N.º 017/2002

MANUAL DE ORIENTAÇÃO DE REGIME ESPECIAL DOMICILIAR

PARECER CREMEC N.º 6/ /05/2018

LÍNGUA PORTUGUESA TJ-PE 2017 CONTEÚDOS VIP

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

Estabelece Normas para Dilação de Prazo de Integralização Curricular dos Cursos de Graduação.

Função primordial da perícia é identificar se o segurado está incapaz ou não para o trabalho.

REGULAMENTO N.º 001 de 07 de maio de 2018.

INSTRUÇÃO NORMATIVA 001/2014 Direção de Ensino

MANUAL DE ORIENTAÇÃO ATESTADOS MÉDICOS E REGIME ESPECIAL DOMICILIAR

REGULAMENTO DA ASSISTÊNCIA DOMICILIAR

LAUDOS, PARECERES E RELATÓRIOS PSICOLÓGICOS, ESTUDO DE CASO, INFORMAÇÃO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

RESOLUÇÃO Nº 038, DE 08 DE NOVEMBRO DE 2011

PROCEDIMENTO DE RECEBIMENTO E EMISSÃO DE ATESTADOS MÉDICOS VIVA RIO

Orientação Normativa nº 01/2013-PROEN/IF Sudeste MG

REGULAMENTO PARA JUSTIFICATIVA, ABONO DE FALTAS E EXERCÍCIOS DOMICILIARES

RESOLUÇÃO UNESP Nº 22, DE 05 DE MARÇO DE Estabelece Normas para Dilação de Prazo de Integralização Curricular dos Cursos de Graduação.

PARECER CREMEB Nº 23/12 (Aprovado em Sessão Plenária de 06/07/2012)

ESTÁGIO SUPERVISIONADO Orientações iniciais

ORIENTAÇÃO SOBRE SOLICITAÇÃO DE REAVALIAÇÃO DA READAPTAÇÃO

NORMATIVA INTERNA DE PROCEDIMENTOS PARA JUSTIFICATIVA DE FALTAS, ABONO DE FALTAS E EXERCÍCIO DOMICILIAR NO IFC CAMPUS LUZERNA

PROCEDIMENTO DA DIRETORIA DE PESSOAL. Título: Licença por Motivo de Pessoa Doente na Família

XVIII Jornada Catarinense de Saúde Ocupacional Dias 30 de abril, 01 e 02 de maio de 2015 Blumenau Santa Catarina - Brasil

REGULAMENTO GERAL DA OUVIDORIA UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

Serviço Público Federal CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA 11ª REGIÃO Jurisdição Ceará

APPRESENTAÇÃO DO/A ESTAGIÁRIO/A

Relatório Declaração Atestado médico Prontuário médico Declaração de óbito

RESOLUÇÃO N. º 003 / 2009

PORTARIA Nº 253 DE 15 DE FEVEREIRO DE 2012

A ATUAÇÃO DA DEFENSORIA PÚBLICA NA PROMOÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

ASSOCIAÇÃO DE ENSINO E CULTURA PIO DÉCIMO FACULDADE PIO DÉCIMO

CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIA. RESOLUÇÃO CFO-087, DE 26 DE MAIO DE 2009 Normatiza a perícia e junta odontológica e dá outras providências.

REGULAMENTO DA OUVIDORIA

RESOLUÇÃO Nº 007, DE 24 DE ABRIL DE 2013.

CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS DR. JOÃO AMORIM

FUNDAÇÃO HOSPITALAR GETÚLIO VARGAS CONCURSO PÚBLICO Nº 01/2014

RESOLUÇÃO Nº 007, DE 21 DE MARÇO DE 2013.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Metodologia da Pesquisa

CONTROLE DE CONTEÚDO - TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE SÃO PAULO ANALISTA JUDICIÁRIO ÁREA: PSICOLOGIA (TRE-SP AJAP)

REGULAMENTO DE ASSISTÊNCIA DOMICILIAR

II Fórum Nacional das Câmaras Técnicas de Medicina do Trabalho: Protegendo a Saúde do Trabalhador. Conselho Federal de Medicina

Atestados. Médicos. Jacy Bruns Delegado Regional

RESOLUÇÃO DE QUESTÕES PREFEITURA DE BELO HORIZONTE (Parte I)

SISTEMA CONSELHOS DE PSICOLOGIA Conselho Regional de Psicologia 20ª Região AM RR RO AC

FACULDADES INTEGRADAS POTENCIAL

Fundação Francisco Mascarenhas Faculdades Integradas de Patos Programa de Pós-Graduação Lato Sensu Nível Especialização - Modalidade Presencial

O que vem mudando na interação entre o médico do trabalho e a medicina assistencial

Leia estas instruções:

INSTRUÇÃO NORMATIVA PRAE/PROGRAD

14 de março de Sumário. 1 Apresentação 2. 2 Objetivos 2. 3 Resolução da dispensa de pré-requisito de disciplinas do CGEA 3

Política de Atestados Médicos, Odontológicos, Atestados Médicos de Acompanhamento e. Declarações de Comparecimento

Universidade do Estado de Santa Catarina Pró-Reitoria de Ensino

Portaria Conjunta CENP/COGSP/ CEI, de

ÓRGÃO CENTRAL DO SISTEMA INTEGRADO DE SAÚDE OCUPACIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL E O ÓRGÃO CENTRAL DO SISTEMA ADMINISTRATIVO DE GESTÃO DE PESSOAS

FUNDAÇÃO HOSPITALAR GETÚLIO VARGAS CONCURSO PÚBLICO Nº 01/2014 CONVOCAÇÃO PARA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

LÍNGUA PORTUGUESA MPE-BA 2017 CONTEÚDOS VIP

CONSULTA Nº /05

REGULAMENTO DO NÚCLEO DE APOIO PSICOPEDAGÓGICO - NAP

Considerando a aprovação desta Resolução em reunião do Conselho Pleno do CFESS, realizada em 17 de dezembro de 2016;

vunesp PROVA DISCURSIVA 3. Psicologia do Trânsito CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA

CONSULTA PÚBLICA Nº 01/2018 SOBRE FUTURA RESOLUÇÃO DO CRP 11

GABINETE DO MINISTRO. PORTARIA INTERMINISTERIAL No- 170, DE 4 DE AGOSTO DE 2010

ANEXO. Artigo 1º. c) Ilícito Aduaneiro: qualquer violação ou tentativa de violação da legislação aduaneira. Artigo 2º

FACULDADE DO FUTURO Recredenciada pela Portaria nº , de 18/10/2012, publicada no D.O.U. de 19/10/2012.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CCS DEPARTAMENTO DE FONOAUDIOLOGIA

PORTARIA/SAS Nº DE 26 DE DEZEMBRO DE REGULAMENTAÇÃO DAS INTERNAÇÕES PSIQUIÁTRICAS

PORTARIA ITP.0002/2018, DE 03 DE JANEIRO DE 2018

PROCEDIMENTOS GERAIS PARA A REALIZAÇÃO DOS ESTÁGIOS SUPERVISIONADOS DO CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS PORTUGUÊS E INGLÊS DA UTFPR CAMPUS PATO BRANCO

CLDF Conteúdos VIP LÍNGUA PORTUGUESA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA

DECRETO Nº 7.819, DE 23 DE FEVEREIRO DE Altera a redação do Decreto nº 5.754, de 22 de fevereiro de D E C R E T A:

RESOLUÇÃO CFP Nº 01/2009 E 05/2010

Transcrição:

Elaboração de Documentos Técnicos em Psicologia Lucas Neiva-Silva lucasneiva@yahoo.com.br Baseado nas Resoluções do Conselho Federal de Psicologia nº 007/2003 e 015/1996. Princípios Técnicos da Linguagem Escrita Redação bem estruturada e definida O emprego de frases e termos deve ser compatível com expressões próprias da linguagem profissional, considerando: A precisão da comunicação A quem o documento está destinado Evitando a diversidade de significações da linguagem popular Princípios Técnicos da Linguagem Escrita 1) Clareza Estrutura frasal Sequência ou ordenamento dos conteúdos Explicitação da natureza e função de cada parte 2) Concisão Linguagem adequada, exata e necessária Economia verbal Evitar redação lacônica ou prolixa Princípios Técnicos da Linguagem Escrita 3) Harmonia Correlação adequada das frases Ausência de cacofonias Deve-se apresentar apenas as informações necessárias, evitando qualquer tipo de consideração que não tenha relação com a finalidade do documento específico. Princípios éticos Observar os princípios do Código de Ética Cuidado em relação ao sigilo profissional Identificar riscos e compromissos em relação à utilização das informações presentes nos documentos Recusar o uso dos instrumentos, técnicas e experiência profissional da Psicologia na sustentação de modelos que perpetuem a segregação Princípios éticos Trabalhar no sentido de evitar: Sofrimento psíquico Violação dos direitos humanos Manutenção de estruturas de dominação e segregação 1

Princípios técnicos O(a) profissional de Psicologia, ao produzir documentos escritos, deve se basear exclusivamente em Instrumentos técnicos (entrevistas, testes, observações, dinâmicas de grupo, escuta, intervenções verbais) Métodos e técnicas para a coleta de dados, estudos e interpretações de informações Tais instrumentos devem estar adequados ao que se propõem investigar Princípios técnicos Deve-se rubricar cada página, desde a primeira até a penúltima. A última página deverá ser assinada, constando o nome do(a) profissional e o número do registro junto ao Conselho Regional de Psicologia ou o carimbo com estas informações. Deve constar ainda o local (cidade) e a data de expedição do documento. Modalidades de Documentos 1) Declaração 2) Atestado psicológico 3) Relatório / laudo psicológico 4) Parecer psicológico Declaração Visa a informar a ocorrência de fatos ou situações objetivas relacionados ao atendimento psicológico Finalidade de declarar: Comparecimento Acompanhamento Informações sobre as condições de atendimento (tempo de acompanhamento, dias e horários) Declaração Neste documento não deve ser feito o registro de sintomas, situações ou estados psicológicos Atestado Psicológico Certifica determinada situação ou estado psicológico Finalidade de: Justificar faltas e/ou impedimentos Justificar estar apto ou não para atividades específicas, após avaliação psicológica Solicitar afastamento e/ou dispensa do solicitante, subsidiada na afirmação atestada do fato de acordo com a Resolução CFP 015/96. 2

Atestado Psicológico consta de: Nome e sobrenome do cliente/paciente Finalidade do documento Registro da informação do sintoma, situação ou condições psicológicas que justifiquem o atendimento, afastamento ou falta (Facultada a inclusão do CID) Deve ser escrito em um único parágrafo, evitando espaços para adulterações. Resolução CFP 015/96: Concessão de atestado Psicológico Considerando que: O(a) Psicólogó(a) é profissional de saúde; Pode diagnosticar condições mentais que incapacitem o paciente para o trabalho e os estudos ou que ofereçam riscos para o paciente e para o próprio meio ambiente onde se insere Para o devido restabelecimento do equilíbrio mental do paciente é muitas vezes necessário seu afastamento das atividades laborais ou de estudos Resolução CFP 015/96: Concessão de atestado Psicológico É atribuição do(a) Psicólogo(a) a emissão de atestado psicológico circunscrito às suas atribuições profissionais e com fundamento no diagnóstico psicológico produzido; Fica facultado o uso do Código Internacional de Doenças CID, ou outros códigos de diagnósticos cientificamente reconhecidos Resolução CFP 015/96: Concessão de atestado Psicológico Quando emitir atestado de afastamento para tratamento de saúde, o profissional é obrigado a arquivar a documentação que fundamente o atestado e registrar as situações decorrentes do mesmo; Relatório ou Laudo Psicológico Apresentação descritiva acerca de situações e/ou condições psicológicas e suas determinações históricas, sociais, políticas e culturais, pesquisadas no processo de avaliação psicológica Deve ser consubstanciado em referencial técnicofilosófico e científico Relatório ou Laudo Psicológico Apresentar os procedimentos e conclusões gerados pelo processo de avaliação psicológica, relatando sobre: Encaminhamento Intervenções Diagnóstico e Prognóstico Evolução do caso Orientação e sugestão de projeto terapêutico Solicitação de acompanhamento psicológico 3

1) Identificação 2) Descrição da demanda 3) Procedimento 4) Análise 5) Conclusão 1) Identificação deve constar: Autor/relator Interessado Assunto/finalidade 2) Descrição da Demanda deve constar: Problemática apresentada e dos motivos, razões e expectativas que produziram o pedido do documento. A partir da demanda, justificar o procedimento adotado. 3) Procedimentos deve constar: Recursos e instrumentos técnicos utilizados para coletar informações Número de encontros, entrevista individual ou coletiva, pessoas ouvidas Instrumentos de avaliação ou testes psicológicos 4) Análise deve constar: Exposição descritiva dos dados colhidos e das situações experienciadas O documento deve considerar a natureza dinâmica, não de quem responde definitiva e não cristalizada do seu objeto de estudo. Não devem ser feitas afirmações sem sustentação em fatos e/ou teorias. Linguagem precisa, clara e exata, especialmente ao se referir a dados de natureza subjetiva 5) Conclusão deve constar: Resultado final e/ou considerações a respeito da investigação, a partir de referências que subsidiaram o trabalho. AS considerações geradas pelo processo de avaliação psicológica devem transmitir uma resposta em relação à demanda inicial. 4

Parecer Documento fundamentado e resumido sobre uma questão focal do campo psicológico cujo resultado pode ser indicativo ou conclusivo. Finalidade: Apresentar resposta esclarecedora, no campo da Psicologia, através de uma avaliação especializada, de uma questão-problema, visando a dirimir dúvidas que estão interferindo na decisão; É uma resposta a uma consulta, que exige, de quem responde, competência sobre o assunto. Parecer consta de... 1) Identificação 2) Exposição de motivos 3) Análise 4) Conclusão Parecer: 2) Exposição de motivos deve constar: Transcrição do objetivo da consulta e dos quesitos Descrição das dúvidas levantadas pelo solicitante Não é necessário detalhar todos os procedimentos, os dados colhidos e os nomes dos envolvidos. Parecer: 3) Análise deve constar: Análise minuciosa da questão explanada; Argumentação com base nos fundamentos necessários existentes (ética, técnica ou no corpo conceitual da Psicologia) Podem ser utilizados documentos científicos, respeitando-se as normas técnicas para suas citações. Parecer: 4) Conclusão deve constar: Apresentação do posicionamento, respondendo à questão levantada. Em geral, é apresentado um parecer conclusivo. Parecer: Conclusões Quando não houver dados suficientes para responder a demanda de maneira conclusiva, deve-se utilizar expressões como sem elementos de convicção ou aguarda evolução, dependendo do caso. Se o quesito ou pergunta estiver mal formulado, pode-se utilizar termos como prejudicado ou sem elementos. 5

Guarda dos documentos Os documentos escritos decorrentes de avaliação psicológica, bem como todo o material que os fundamentou deverão ser guardados pelo prazo mínimo de 5 anos. A responsabilidade pela guarda dos documentos é tanto do(a) psicólogo(a) quanto da instituição em que ocorreu a avaliação psicológica. Lucas Neiva-Silva lucasneiva@yahoo.com.br 6