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Transcrição:

Considerações da Parashat Wezot haberakhá Por Sha ul Bensiyon 1) Resumo da Parashá Esta parashá registra as últimas palavras de Moshé (Moisés) ao povo de Israel, que conclui os discursos registrados no livro de Debharim (Deuteronômio). A Torá então é concluída com a narrativa da morte de Moshé. Capítulo 33 - Bênçãos das Tribos Moshé (Moisés) se dirige a cada uma das tribos de Israel, definindo o papel de cada tribo dentro da nação de Israel. Capítulo 34 - A Morte de Moshé O capítulo conclui a era da liderança de Moshé, com a transferência da liderança para Yehoshua` (Josué), seguida da morte de Moshé no monte Nebhô depois de ter visto a terra de Israel. A localização do túmulo de Moshé é incerta. 1

2) Análise do Versículo 33:2 Disse pois: ADONAY veio de Sinai, e lhes subiu de Seir; resplandeceu desde o monte Paran, e veio ק ד שׁ ;מ ר ב ב ת à sua direita havia para eles o אשדת (Debharim/ Deuteronômio 33:2) Os dois termos dispostos em hebraico costumam ser traduzidos por miríades de santos e fogo da lei, respectivamente. Essas não são boas traduções. Para entender, comecemos com a leitura de Sa`adia Gaon: Sa`adia vê tanto Seir (como monte Seir) e o monte Paran como se referindo [poeticamente] ao monte Sinai, para cada uma visão diferente da montanha. Ele postula que montanhas eram nomeadas por seus territórios adjacentes; então, os territórios do Sinai, Seir e Paran são todos projeções de diferentes de lados da mesma montanha. Em uma maneira um tanto semelhante Olam Hatanakh cita uma sugestão de que os diversos nomes de locais do versículo todoso se referem ao Sinai, partindo da 2

premissa de que a licença poética permite aos lugares serem chamados por suas localidades adjacentes. (R. Moshe Shamah - Parashat Vezot Haberakha Part I) A leitura mais clássica é a de אשדת como א ש דּ ת (esh dat) acerca da palavra palavra dat, acadêmicos modernos reconhecem que adentrou o hebraico tardiamente, a partir do Persa, e é extremamente improvável que tenha sido usada em livros antigos da Bíblia (Seu único atestado escriturístico está em Ester, que se passa na Pérsia.) Outros tomam os nomes de lugares como se referindo a diferentes lados da península do Sinai: Sinai é ao Sul, Seir ao Leste e Paran ao Norte. Alternativamente, tomando Ribebot-Qodesh como nome de lugar, possivelmente lendo Qadesh tal como a Septuaginta, Qadesh seria ao Norte Alguns consideram מ ימ ינוֹ (da Sua destra) como significando do sul, semelhante à descrição de Habacuque do Eterno vindo de Teman ( Iêmen [Hc. 3:3]), de acordo com a prática antiga de nomear direções quando voltado para o sol. 3

Então, אשדת deve se referir a Ashdot Hapisgá, a área em torno da qual a nação וּמ תּ ימ ן--תּ ח ת, - 12:3 Js. estava então acampada (Dt. 3:17; 4:49; e particularmente Pisgá]. [ e do sul abaixo das encostas de אַשׁ דּוֹת ה פּ ס גּ ה Nesta visão o versículo está provendo cinco expressões sucessivas se referindo à vinda do Eterno, o último declarando que Ele veio a Ashdot, a localização presente dos israelitas. (ibid) Portanto, a melhor tradução (e leitura) para o versículo seria: Disse pois: ADONAY veio de Sinai, e lhes subiu de Seir; resplandeceu desde, e veio desde Ribebot-Qodesh ao sul; de Ashdot até eles (Debharim/ Deuteronômio 33:2) A interpretação é de que o Eterno veio de toda a parte, na direção de Israel. 4

3) A Montanha Sagrada Especialmente no começo da passagem de conclusão, a afirmação de Moisés de que o Eterno veio (do Sinai e dos vários lugares mencionados) aos israelitas pode se referir à Sua vinda a eles quando estavam no Egito, para lhes resgatar do cativeiro. Isso seria entendido como associado à Sua intenção de estabelecer com eles uma aliança e fazê-los reconhecê-lo como Sua divindade. Nos versículos seguintes do prólogo Moshé afirma esses temas e em seu versículo final proclama que o Eterno foi instalado como rei sobre um Israel reto O versículo parece indicar que antes de Sua vinda aos israelitas, o Sinai era sua base instalada na terra. A descrição também de Sua vinda a eles de vários lugares ao redor do Sinai é consistente com tal conceito uma vez que Sua presença não deve ser pensada como restrita a apenas uma montanha; ao contrário, teria se espalhado pela região, com o monte Sinai como o ponto focal. ה ר Quando Moisés conduziu o rebanho de Jetro ao Sinai ele foi chamado de ( a montanha do Eterno [Ex. 3:1]). Na sarça ardente, que ocorreu ה א לה ים 5

naquela localidade, o Eterno instrui Moisés a remover suas sandálias porque o chão onde estava era sagrado (v. 5). Ele então informou a Moisés que estava descendo para resgatar Seu povo do Egito (v. 8) e que Ele planejava trazer o povo redimido para aquela mesma montanha onde Moisés O adoraria (v. 12). Essa é, sem dúvida, uma referência à outorga da lei. Aarão vem se encontrar com Moisés na ה א לה ים.ה ר Jetro vem se encontrar com Moisés, muito provavelmente antes da outorga da Torá segundo a ordem de narrativas da Torá, na ה א לה ים.ה ר É muito improvável que ela era assim chamada por causa do evento futuro que lá ocorreria. Chamá-la de montanha do Eterno baseada no evento futuro de outorga da lei seria um sinal prematuro de uma conclusão bem-sucedida de uma narrativa continuamente tensa, contrariando o estilo literário da Torá. Quando os israelitas partiram daquele local, o Eterno se moveu com eles, acompanhando-os à terra da promessa. Nesse ponto, a distinção do Sinai basicamente se tornou histórica, apesar de ter retido seu nome como Montanha do Eterno (vide 1 Reis 19:8). 6

Alguns acadêmicos afirmam terem descoberto indícios de desenvolvimentos religiosos, aparentemente não-pagãos, que se infiltraram naquela região antes do tempo da outorga da Torá. O nome da divindade associada a esse desenvolvimento também pode ter tido alguma similaridade com Y-H-W-H Os habitantes daquela região eram aparentemente tribos nômades midianitas. Midian, o quarto dos seis filhos de Abraão com Ketura (Gn. 25:2) assim teria preservado algo da herança monoteísta transmitida a ele pelo patriarca. Certamente os matanot (presentes) que Abraão deu aos seus filhos com Ketura não devem ser pensados como meramente dádivas materiais (v. 6), mas concessões de significado espiritual. Moisés se casou com a filha de Jetro, o sacerdote de Midian, depois de ter vivido com ele por um período de tempo e obviamente tê-lo conhecido bem (Ex. 2:21). Certamente ele se certificou de que seu sogro não era um sacerdote do mundo pagão. (Isso possivelmente significado por ter sete filhas, o número pré- Torá que indicava proeminência e perfeição). 7

O contato de Moisés com Jetro o ligaria ao legado de Abraão. Essa deve ser uma forma do conhecimento espiritual de Abraão contribuir para o crescimento religioso de Israel ainda de outra forma, algo que não surpreende. A base instalada do Eterno sendo no Sinai é consistente com a interpretação mais provável da referência feita a Ele posteriormente em nosso capítulo, que Ele é Aquele que habita na sarça [Dt. 33:16]. Inegavelmente, a sarça faz alusão à sarça no monte Sinai onde Moisés teve sua primeira revelação divina. O termo שׁ כ נ י ס נ ה é provavelmente relacionado ao nome da montanha, (ibid).ס ינ י 8

4) Shim`on e Yehudá Moisés abençoa todas as tribos exceto Simeão. Alguém pode indagar se essa exclusão foi um resultado do profundo envolvimento da tribo na apostaria de Ba`al-Peor (Nm. 25), uma traição que aconteceu perto do quadragésimo ano, pouco antes de Moshé conceder suas bênçãos O Sifrê explica a omissão de Simeão simplesmente apontando para o fato de que para a tribo dos filhos de Simeão, segundo as suas famílias; e foi a sua herança no meio da herança dos filhos de Judá. (Js. 19:1) O declínio vertiginoso de Simeão para 22.200 no censo do quadragésimo ano (de 59.300 no censo do segundo ano), que fez de sua população a mais baixa das tribos por uma grande margem pode tê-la enfraquecido ao ponto de não conseguir mais manter sua posição como tribo independente. Em todo caso, quando as tribos do norte se separaram de Roboão, somente Benjamim é mencionado como permanecendo ligado a Judá (1 Reis 12:21-23), apesar da proximidade de Simeão. Parece que em algum ponto na antiguidade Simeão perdeu sua posição nacional e foi absorvido por Judá. Uma vez que as 9

bênçãos de Moisés foram direcionadas às tribos tal como estariam em um momento particular do tempo futuro, talvez no ponto histórico em que foi focado Simeão não qualificava como uma tribo plena. A afirmação do leito de morte de Jacó acerca de Simeão e Levi: eu os dividirei em Jacó, e os espalharei em Israel. (Gn. 49:7) vem à mente; essas tribos não teriam porções independentes de terra como as outras tribos. (R. Moshe Shamah - Parashat Vezot Habberakha Part II) 5) Re ubhen Moisés começa abençoando as tribos individualmente com Rubem, possivelmente devido ao seu status de primogenitura. Mas uma vez que Jacó essencialmente cancelou a dimensão honorária e os benefícios tangíveis daquele status (Gn. 49:3-4), parece mais provável que Moisés começou com Rubem por causa das tribos, então localizadas no sul da Transjordânia, que estavam essencialmente acampadas em território rubenita. Depois de Rubem, Moisés segue a configuração geográfica nas quais as tribos por fim se assentaram, indo do sul ao norte. 10

Suas palavras iniciais são: Re ubhen deve viver e não morrer (v. 6). Isso pode ser uma oração para que tal destino que caiu sobre Rubem não recaia sobre a tribo. A expressão que se segue parece paralela ao primeiro segmento do versículo e significava seus membros devem ser de tamanho suficiente, isto é, sua população deve manter o mínimo necessário para reter viabilidade tribal. Sendo a tribo mais ao sul na faixa oriental do Jordão, a posição de Rubem era continuamente vulnerável, mais do que a maioria, senão de todas, as outras tribos. Quando os líderes da tribo expressaram seu desejo de tomar herança no lado oriental do Jordão a questão da segurança não foi levantada; eles estavam confiantes e otimistas. Ocorre que Rubem preservou sua terra até o princípio do exílio assírio do reino do norte, no final do século oito (1 Cr. 5:6). (ibid) 11

6) Lewi Moisés reconta ao Eterno algumas das características louváveis de Levi, apontando que a tribo se provou digna de estar a cargo do serviço religioso Moisés relata como o compromisso de Levi para com o Eterno tem sido absoluto, passando por cima de todas as demais considerações, inclusive das relações familiares mais próximas. Muitos consideram isso como referência aos eventos posteriores à apostasia do bzerro de ouro, quando a tribo de Levi se destacou ao dar ouvidos ao chamado de Moisés para matar todas as partes culpadas independentemente de relacionamentos pessoais (Ex. 32:26-29). Até esse ponto a bênção de Levi está no singular Nesse ponto (Dt. 33:9) Moisés se volta para o plural: Ensinaram os teus juízos a Jacó, e a tua lei a Israel; puseram incenso no teu nariz, e o holocausto sobre o teu altar. No versículo final, reverte de volta ao singular e pede: Abençoa o seu poder, ó ETERNO, e aceita a obra das suas mãos; fere os lombos dos que se levantam contra ele e o odeiam, para que nunca mais se levantem. Moisés sabia muito bem da ameaça à autoridade espiritual dos líderes; ele teve que contender com 12

Coré, Datan e Abiram, e outros. Infelizmente, a história bíblica está repleta de instâncias de rebeliões Nas profecias do leito de morte de Jacó, ele viu o futuro das tribos repreendidas de Simeão e Levi como subjugado e distante da liderança, e negou a eles sua bênção pessoal pelo menos para alguns de seus projetos (Gn. 49:5-7). Aqui, Levi é visto como tendo se levantado à mais alta proeminência. O efeito líquido dessas duas profecias fortalece a noção de que o destino de uma tribo (ou uma nação ou indivíduo) não está por fim determinado anteriormente e o exercício adequado do livre arbítrio pode sobrepujar qualquer possível decreto. (ibid) 13

7) Benjamim Benjamim é chamado amado do Eterno (33:12). Alguém se indaga se o amor de Jacó por ele tem parte nisso. Talvez uma manifestação desse amor está no fato de que quando Israel insistiu em estabelecer um reinado, o Eterno escolheu Saul, da tribo de Benjamim, para ser o rei. Moisés prevê o Eterno protegendo a tribo (como um pálio do alto) e habitando entre os ombros da tribo. Essa última imagem provavelmente se refere à localização da porção de Jerusalém, que continha pelo menos parte do templo, no território de Benjamim (ao norte de Judá). (ibid) 14

8) Yossef A bênção de José, direcionada às duas tribos de Manassés e Efraim que dele vieram, contém a descrição mais elaborada de abundância material e poderio militar de todas as tribos. José é visto como um grande líder da nação, um provedor e protetor, consistente com a descrição das narrativas do Gênesis acerca dele e de seus irmãos Ao contemplar o futuro de José, especialmente Efraim (o mais bem-sucedido das duas tribos de José conforme previsto por Jacó em sua bênção privada para José), reconheceu o enorme potencial para a liderança adequada. (As narrativas de José no Gênesis trazem isso à tona claramente). Mas um olhar para o futuro de Efraim revela grandes problemas que por fim assolariam aquela tribo. Então talvez Moisés tenha orado pedindo que o Eterno se envolvesse extensamente para encorajar a tribo a aceitar a responsabilidade com a aliança. (ibid) 15

9) Yissakhar e Zebhulun Moisés junta Issacar e Zebulun na formulação de suas bênçãos, as únicas tribos assim combinadas, refletindo o laço de proximidade entre elas. Elas são vistas como prósperas e convidam povos para a montanha presumivelmente para celebrar com eles quando oferecerem sacrifícios de retidão em agradecimento ao Eterno. Jacó colocou Zebulun no Mediterrâneo e Moisés faz alusão a tal lugar ao afirmar: porque chuparão a abundância dos mares e os tesouros escondidos da areia. (Dt. 33:19) (ibid) 10) Gad e Dan A bênção de Gad começa com Bendito é Aquele que alarga Gad, a única das bênçãos que inclui uma bênção ao Eterno. Gad, tanto quanto Dan, que recebe a bênção que se segue, são ilustrados como guerreiros, cada um comparado a um tipo ou outro de leão. (ibid) 16

11) Naftali Naftali é farto com favor e preenchido com a bênção do Eterno. Sua propriedade é descrita como do oeste [ou do mar] e sul ele tomou posse ). Conforme explicado pelo Targum Onqelos - de acordo com a porção da tribo segundo delineada por Josué 19:32-39 - inclui as costas oeste e sul do lago Tiberias, conhecido por ser uma terra extremamente fértil e com chuva e fontes adequados. (ibid) 17

12) Asher Asher é descrito como o mais abençoado dos filhos. Moisés acrescenta que ele seria favorecido dos irmãos e molharia seu pé no óleo. A última expressão aparentemente se refere ao fato de que oliveiras cresciam no território de Asher em abundância. Elas também eram conhecidas como as de melhor qualidade. Ramban explica que o mais abençoado dos filhos deve ser traduzido o mais abençoado pelos filhos e favorecido por seus irmãos porque as provisões de óleo de oliveira que ele provia ao resto das tribos era tão amado. Asher estava na borda mais ao norte e tinha necessidade especial de segurança quanto a inimigos poderosos em potencial. De maneira adequada, Moisés ora que Seja de ferro e de metal o teu calçado; e a tua força seja como os teus dias 18