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3 MATERIAIS E MÉTODOS 89

90 3.1 Geomembranas Utilizadas Foram utilizadas geomembranas de PEAD (Polietileno de Alta Densidade), de 1,0, 2,0 e 3,0 mm de espessura, e geomembrana de PELBD (Polietileno Linear de Baixa Densidade) de 1,0 mm de espessura. As geomembranas utilizadas nesta pesquisa são fabricadas e comercializadas por empresas nacionais. 3.2 Ensaios Realizados Foram realizados ensaios físicos, mecânicos, de dispersão de negro de fumo, de caracterização dos polímeros (TGA), de degradação e de fissuramento sob tensão (FST). A Tabela 3.1 apresenta os respectivos ensaios realizados nas geomembranas avaliadas.

91 Tabela 3.1 Ensaios realizados nas geomembranas avaliadas GEOMEMBRANAS ENSAIOS PEAD PELBD 1,0 mm 2,0 mm 3,0 mm 1,0 mm 1 A 1 B 2 A 3 A 1 C Físicos Espessura X Densidade X X X X X Tração no Escoamento X X X X X Mecânicos Tração na Ruptura X Rasgo X Punção X Negro de Fumo Dispersão X Carac. Polímeros TGA X Ultravioleta X Degradação Térmica X Comp. Química (Soda Cáustica) X Comp. Química (Vinhaça) X FST FST Degradação FST Acelerado NCTL NCTL NCTL X X X SP-NCTL SP-NCTL SP-NCTL X X X X X X X 3.2.1 Ensaios Físicos Foram realizados ensaios de espessura (de acordo com a ASTM D 5199) e ensaios de densidade (de acordo com a ASTM D 792). 3.2.1.1 Ensaio de Espessura O equipamento utilizado neste ensaio é constituído por uma base metálica a qual se acopla um relógio comparador com acurácia de ±0,001 mm, e um disco

92 aplicador de pressão cujas faces são paralelas à base. Para geomembranas, o disco aplicador de pressão apresenta diâmetro de 6,35 mm e aplica pressão de 50 ±0,2 kpa. Foram utilizados 10 corpos de prova com dimensões de 30 x 30 mm, de acordo com prescrições da ASTM D 5199. O equipamento utilizado no ensaio juntamente com um corpo de prova podem ser vistos na Figura 3.1a. Para a obtenção da espessura média dos corpos de prova ensaiados, realiza-se inicialmente a leitura que corresponde ao zero ou leitura base (sem o corpo de prova). O corpo de prova é então centrado sobre a base do equipamento e coloca-se o disco aplicador de pressão sobre o corpo de prova. A pressão é aplicada por 5 segundos e faz-se então a leitura da espessura (Figura 3.1b). (a) (b) Figura 3.1 (a) Equipamento utilizado no ensaio de espessura juntamente com um corpo de prova; e (b) Aplicação da pressão sobre o corpo de prova para leitura de sua espessura

93 3.2.1.2 Ensaio de Densidade O ensaio de densidade foi realizado utilizando o método de ensaio B da ASTM D 792, que usa o princípio de Arquimedes (empuxo) e é indicado para plásticos sólidos com densidade inferior a da água. O equipamento deste ensaio consiste em utilizar uma balança analítica com acurácia de ±0,0001 g, equipada com um suporte metálico para imergir o corpo de prova no líquido contido em um béquer. O líquido utilizado no ensaio foi o Hexano, que apresenta densidade de 0,6548 g/cm 3 (a 25 C). O ensaio consiste em medir a massa seca do corpo de prova (ao ar) por meio de um suporte metálico (Figura 3.2a), e em seguida medir a massa do corpo de prova imerso no líquido (Hexano) (Figura 3.2b). (a) (b) Figura 3.2 (a) Medida da massa seca do corpo de prova; e (b) Medida da massa do corpo de prova imerso no líquido (Hexano)

94 Foram utilizados 5 corpos de prova com dimensões de 20 x 20 mm para geomembranas de 2 e 3 mm, e de 30 x 30 mm para geomembranas de 1 mm, de acordo com prescrições da ASTM D 792. 3.2.2 Ensaios Mecânicos Foram realizados ensaios de tração (de acordo com a ASTM D 6693), ensaios de rasgo (de acordo com a ASTM D 1004), e ensaios de punção (de acordo com a ASTM D 4833). O equipamento utilizado para a realização destes ensaios (Figura 3.3) possui características próprias de controle e execução dos ensaios, assim como de aquisição e armazenamento diretamente dos resultados obtidos via interface gráfica com um microcomputador acoplado ao sistema. Figura 3.3 Equipamento utilizado para a realização dos ensaios mecânicos

95 3.2.2.1 Ensaio de Tração Foram realizados ensaios de tração no escoamento e na ruptura nas duas direções (direção longitudinal (de fabricação) e direção transversal). Foram utilizados 5 corpos de prova em cada direção para amostras virgens e 3 corpos de prova em cada direção para amostras degradadas. Para a confecção dos corpos de prova foi utilizado um molde de corte, metálico, de acordo com a Figura 3.4. Figura 3.4 Molde utilizado na confecção dos corpos de prova de tração juntamente com um corpo de prova A entrada de dados do ensaio compreende a medida da largura e espessura do corpo de prova, fixando-se o valor de seu comprimento, obtendo como resultados as tensões de escoamento ou de ruptura, deformações específicas no escoamento ou na ruptura e os módulos de elasticidade no escoamento ou na ruptura.

96 3.2.2.2 Ensaio de Rasgo Foram realizados ensaios de rasgo nas duas direções (direção longitudinal (de fabricação) e direção transversal). Foram utilizados 10 corpos de prova em cada direção para amostras virgens e 3 corpos de prova em cada direção para amostras degradadas. Para a confecção dos corpos de prova foi utilizado um molde de corte, metálico, de acordo com a Figura 3.5. Figura 3.5 Molde utilizado na confecção dos corpos de prova de rasgo juntamente com um corpo de prova A entrada de dados do ensaio compreende a medida da espessura do corpo de prova, com distância entre as garras de 25,4 mm, obtendo como resultado a força necessária para iniciar o rasgo do corpo de prova.

97 3.2.2.3 Ensaio de Punção Foram realizados ensaios de punção utilizando 15 corpos de prova para amostras virgens e 3 corpos de prova para amostras degradadas. Para a confecção dos corpos de prova foi utilizado um molde de corte, metálico, de acordo com a Figura 3.6. Figura 3.6 Molde utilizado na confecção dos corpos de prova de punção juntamente com um corpo de prova O equipamento utilizado neste ensaio compreende um molde cilíndrico vazado utilizado para prender o corpo de prova e uma haste metálica utilizada para aplicação do puncionamento (Figura 3.7).

98 Figura 3.7 Equipamento utilizado no ensaio de punção prova. O resultado obtido deste ensaio é a força necessária para romper o corpo de 3.2.3 Ensaio de Dispersão de Negro de Fumo O método utilizado para a realização deste ensaio é prescrito pela ASTM D 5596 e permite a avaliação qualitativa de aglomerados de negro de fumo e outras inclusões em geossintéticos de poliolefinas. O método consiste em duas etapas, a preparação de corpos de prova por meio de um cortador, e a avaliação microscópica dos corpos de prova. A preparação dos corpos de prova consiste em utilizar um cortador (Figura 3.8a), em que a amostra é fixada em um comportador de amostras com capacidade de ser elevado ou abaixado com incrementos de 1 µm. Uma lâmina rígida desliza manualmente pela amostra de forma a produzir corpos de prova com espessuras de 8 a 20 µm. A avaliação microscópica dos corpos de prova é baseada

99 na comparação visual entre campos microscópicos de visão obtidos com a utilização de um microscópio ótico binocular (Figura 3.8b) e um quadro de referência de micrografias de dispersão de negro de fumo (adjunto da ASTM D 5596). Devem ser ensaiados 5 corpos de prova por amostra, obtidos na direção longitudinal. As amostras devem apresentar área aproximada de 2,54 cm 2. Deve-se obter 2 campos microscópicos de visão por corpo de prova, obtendo portanto, 10 leituras de campos microscópicos de visão por amostra ensaiada. (a) (b) Figura 3.8 (a) Cortador de corpos de prova; e (b) Microscópio ótico binocular para avaliação microscópica dos corpos de prova 3.2.4 Ensaio de TGA (Análise Termogravimétrica) Foram realizados ensaios de TGA (Análise Termogravimétrica) de acordo com a ASTM E 1131. O equipamento utilizado neste ensaio possui um analisador termogravimétrico que permite a medida contínua da massa do corpo de prova de

100 uma amostra com exatidão de 0,1 µg. Foram utilizados corpos de prova com massas de 10 a 15 mg aquecidas a razão de 20 C/min. A primeira etapa do ensaio consiste em utilizar gás inerte (nitrogênio) aquecendo o corpo de prova até a temperatura de 560 C. Esta temperatura é mantida por 10 minutos até que não ocorra perda de massa. Nesta etapa do ensaio determina-se a perda de massa correspondente ao polietileno. A segunda etapa do ensaio consiste em injetar gás reativo (ar) aquecendo o corpo de prova até a temperatura de 800 C para oxidar o negro de fumo. Nesta etapa determina-se a quantidade de cinzas existente na amostra. 3.2.5 Ensaios de Degradação Foram realizados três tipos de ensaios de degradação: - Exposição à radiação ultravioleta (de acordo com a ASTM G 53 e GM 11); - Envelhecimento térmico em estufa com circulação de ar (de acordo com a ASTM D 5721 e GM 13); - Compatibilidade química (de acordo com a EPA 9090A e ASTM D 5747).

101 3.2.5.1 - Exposição à Radiação Ultravioleta Este ensaio consiste em expor alternadamente amostras de geomembranas à radiação ultravioleta e condensação em ciclos repetitivos. O intuito do ensaio é simular a degradação causada pela radiação solar e água da chuva e orvalho por meio da exposição de lâmpadas fluorescentes e mistura de ar e vapor d`água em um dos lados das amostras, enquanto o lado oposto é exposto ao resfriamento decorrente da temperatura ambiente. O equipamento utilizado neste ensaio apresenta 8 lâmpadas fluorescentes e resistência seca para simular a radiação solar, reservatório de água com resistência sob as amostras para produzir a condensação com reservatório externo de água para manter o nível constante, e temporizador (timer) para o controle da mudança do ciclo de exposição. As lâmpadas utilizadas são fluorescentes na faixa UV-B (280 nm a 315 nm) com pico de emissão a 313 nm, dispostas em duas fileiras opostas. Foram utilizados ciclos de 20 horas de exposição à radiação ultravioleta com temperatura de 75 C, alternadamente com ciclos de 4 horas de condensação com temperatura de 60 C, de acordo com prescrições da GM 11. A exposição total das amostras foi de 480 horas (20 dias), sendo no total 400 horas de exposição à radiação ultravioleta e 80 horas de condensação. Houve o cuidado de proceder a um rodízio das amostras, para que todas permanecessem o mesmo período em todas as posições, com o intuito de garantir a uniformidade da exposição nas amostras (Figura 3.9). A Figura 3.10 ilustra o equipamento utilizado.

102 Figura 3.9 Rodízio das amostras de geomembranas (a) (b) Figura 3.10 (a) Detalhe do funcionamento das lâmpadas ultravioletas; e (b) Detalhe das amostras de geomembranas expostas 3.2.5.2 - Envelhecimento Térmico em Estufa com Circulação de Ar Este ensaio consiste em expor amostras de geomembranas ao calor proveniente de uma estufa controlada com circulação de ar. A estufa utilizada (Figura 3.11a) apresenta controle automático de temperatura, bem como controle de

103 fluxo de ar. As amostras utilizadas foram devidamente suspensas na estufa distanciadas no mínimo de 20 mm (Figura 3.11b). (a) (b) Figura 3.11 (a) Estufa com circulação de ar utilizada no ensaio; e (b) Disposição das amostras na estufa Foi utilizada temperatura de ensaio de 85 C (±0,5 C) com período de análise de 2160 horas (90 dias), de acordo com prescrições da GM 13. Houve o cuidado de proceder a um rodízio das amostras, para que todas permanecessem o mesmo período em todas as posições, com o intuito de garantir a uniformidade da exposição nas amostras. 3.2.5.3 - Compatibilidade Química Este ensaio consiste em imergir amostras de geomembranas em uma solução química com temperatura de 50 C (±2 C) com o intuito de avaliar os efeitos

104 químicos decorrentes desta exposição. Foram utilizados tanques de exposição constituídos de aço inoxidável, com dimensões de 300 mm de comprimento, 300 mm de largura e 350 mm de altura, constituídos de tampa para vedação e fios metálicos para suspensão das amostras, de modo que as mesmas estivessem devidamente distanciadas entre si e não tocassem as paredes ou o fundo do tanque, permitindo a livre circulação da solução (Figura 3.12a). O equipamento utilizado para aquecer os tanques de exposição contendo as amostras de geomembranas e as soluções químicas é composto por uma caixa metálica aberta, equipada com duas resistências, um termostato para controle da temperatura e dispositivo mecânico para manter o nível de água constante (Figura 3.12b). O equipamento tem capacidade para 4 tanques de exposição. (a) (b) Figura 3.12 (a) Tanque de exposição com amostras devidamente distanciadas; e (b) Equipamento utilizado para aquecer as soluções químicas, contendo dois tanques de exposição

105 Neste ensaio, foram utilizadas duas soluções químicas: - Solução de 10% em massa de soda cáustica (hidróxido de sódio (Na OH)) e 90% de água: No processo de produção da alumina (65% desta produção é destinada à fabricação do alumínio), a soda cáustica é utilizada para eliminar impurezas da bauxita minerada; - Vinhaça (resíduo orgânico da produção industrial do álcool): A vinhaça é um concentrado de sais minerais, alguns produtos orgânicos e água, provenientes do processo de destilação do mosto (suco, em fermentação, de qualquer fruta açucarada) fermentado. A produção industrial do álcool gera de 12 a 15 litros de vinhaça por litro de álcool destilado. O período de exposição das amostras neste ensaio foi de 2880 horas (120 dias), de acordo com prescrições da EPA 9090A. Após o período de exposição, as amostras foram devidamente enxaguadas com água e secas com toalhas de papel absorvente para remover qualquer líquido visível na superfície das amostras.

106 3.2.6 Ensaios de Fissuramento Sob Tensão (FST) Foram realizados três tipos de ensaios de FST utilizando as prescrições da ASTM D 5397 e da GM 10: - NCTL: Utilizando 10 estágios de carga, de 20 a 65%T ult para amostra virgem e de 25 a 65%T ult para as amostras degradadas. Optou-se por utilizar o 25%T ult como o menor estágio de carga para as amostras degradadas devido ao longo tempo obtido com o estágio de carga de 20%T ult para a amostra virgem. - NCTL Acelerado: Utilizando 10 estágios de carga, de 25 a 65%T ult para amostra virgem com temperatura de incubação de 70 C. - SP-NCTL: Utilizando 1 estágio de carga (30%T ult ) e 5 corpos de prova. 3.2.6.1 Equipamento Desenvolvido e Utilizado para Ensaios de Fissuramento Sob Tensão O equipamento utilizado nestes ensaios foi especialmente projetado e construído durante a pesquisa e possui capacidade para ensaiar 20 corpos de prova simultaneamente, com aquisição eletrônica dos tempos de ruptura. A força é aplicada ao corpo de prova por meio de uma alavanca com fator de multiplicação de

107 carga igual a 3 e pesos metálicos. A solução de incubação apresenta controle mecânico de temperatura. As Figuras 3.13 e 3.14 apresentam, respectivamente, um esquema e duas vistas frontais do equipamento utilizado. Figura 3.13 Esquema do equipamento desenvolvido e utilizado para ensaios de FST (a) (b) Figura 3.14 (a) Vista frontal do equipamento desenvolvido e utilizado para ensaios de FST, com ensaio em andamento; e (b) Vista frontal do equipamento com o aquisitor de tempos de ruptura

108 3.2.6.2 Preparação dos Corpos de Prova Os corpos de prova deste ensaio apresentam geometria em forma de haltere e dimensões de acordo com a Figura 3.15. Figura 3.15 Corpo de prova em forma de haltere para ensaio de FST (ASTM D 5397) Para a confecção dos corpos de prova foi utilizado um molde de corte, metálico, de acordo com a Figura 3.16.

109 Figura 3.16 Molde utilizado na confecção dos corpos de prova para ensaio de FST, juntamente com um corpo de prova Após a confecção dos corpos de prova, foram realizadas medidas das suas espessuras. Estas medidas foram utilizadas no cálculo da espessura da ranhura, de acordo com a Expressão 3.1. Este cálculo garante a padronização dos corpos de prova com relação à realização das ranhuras, de modo que as espessuras restantes dos corpos de prova sejam idênticas. e ranhura = t (0,80 t ) (3.1) medida nomin al Em que: e ranhura : Espessura da ranhura do corpo de prova; t medida : Espessura medida do corpo de prova; t nominal : Espessura nominal do corpo de prova. As ranhuras foram feitas por meio de um equipamento específico, projetado e construído para fazer estas ranhuras. O equipamento apresenta acurácia de 0,02

110 mm. Este equipamento (Figura 3.17a) possui um berço para a fixação do corpo de prova, lâmina de aço inoxidável com espessura de 0,15 mm para realização do corte, e trilho para o deslizamento do berço sob a lâmina. As lâminas foram trocadas a cada 20 corpos de prova ranhurados, de acordo com prescrições da ASTM D 5397. Para o controle das espessuras das ranhuras nos corpos de prova, foram utilizados um microscópio esteroscópio binocular com capacidade de ampliação de 100 vezes e um comparador de espessuras de 0,05 a 1,00 mm (Figura 3.17b). Foram preparados 30% a mais de corpos de prova em cada ensaio, para que no controle das espessuras das ranhuras corpos de prova pudessem ser rejeitados. (a) (b) Figura 3.17 (a) Equipamento utilizado para a realização das ranhuras nos corpos de prova do ensaio de FST; e (b) Equipamento utilizado para o controle das espessuras das ranhuras nos corpos de prova do ensaio de FST

111 3.2.6.3 Força Aplicada aos Corpos de Prova De acordo com a ASTM D 5397, a força que deve ser aplicada em cada corpo de prova pode ser calculada de acordo com a Expressão 3.2: f aplicada (A) ( σy) (w) (tl) = (3.2) (MA) Em que: f aplicada : Força aplicada ao corpo de prova; A: Porcentagem da resistência ao escoamento; σ y : Resistência ao escoamento do material, na direção de menor resistência; w: Largura do pescoço do corpo de prova; t L : Espessura restante do corpo de prova; MA: Fator de multiplicação de carga. 3.2.6.4 Monitoramento das Concentrações de Igepal CO 630 nas Soluções de Incubação Durante a execução do ensaio ocorre evaporação da solução. Portanto, para verificar se o Igepal evapora durante o ensaio, foi realizada uma simulação em estufa (com a mesma temperatura do ensaio) utilizando 3 amostras da solução

112 utilizada no ensaio. A simulação consistiu em expor as amostras à evaporação por um período de 160 horas, realizando a medida das massas antes da exposição. Após o período de evaporação, as amostras foram completadas com água destilada (sob a mesma temperatura do ensaio) até o nível original (mesmo volume inicial), e suas massas finais medidas. As massas das soluções foram medidas com auxílio de uma balança analítica. As densidades foram calculadas antes e após a exposição das soluções na estufa para verificar uma possível variação das mesmas. As medidas e os resultados podem ser vistos na Tabela 3.2. Tabela 3.2 Medidas e resultados da simulação em estufa da evaporação da solução de incubação Amostra M sol. antes V sol. d sol. antes M sol. depois V sol. d sol. depois Aumento da densidade (g) (cm 3 ) (g/cm 3 ) (g) (cm 3 ) (g/cm 3 ) (%) 1 49,9800 50 0,9996 50,2173 50 1,0043 0,47 2 49,9723 50 0,9994 50,2214 50 1,0044 0,50 3 49,9919 50 0,9998 50,1903 50 1,0038 0,40 Média - - 0,9996 - - 1,0042 0,46 De acordo com os resultados apresentados, pode-se perceber um ligeiro aumento da densidade ( 0,50%) com a inclusão de água destilada para completar as 3 amostras da solução após a evaporação. O Igepal apresenta densidade ligeiramente superior a da água (1,06 g/cm 3 ), portanto, um indício de evaporação de Igepal na amostra seria uma ligeira diminuição da densidade após a evaporação. Portanto, pode-se concluir que ocorreu apenas evaporação da água contida na solução. Com o intuito de medir e controlar a concentração do Igepal na solução de incubação foi construída uma curva de calibração (Figura 3.18). A curva foi obtida medindo a refração BRIX das soluções com diferentes concentrações de Igepal (0,

113 5, 10,15 e 20%). A refração BRIX foi medida com o auxílio de um refratômetro manual com capacidade de 0 a 32% e acurácia de ±0,2%. Os valores da refração BRIX para cada concentração foram obtidos utilizando-se a média dos 3 valores medidos para cada concentração de Igepal na solução (Tabela 3.3). Os valores medidos apresentaram coeficientes de variação menores que 2,5%, evidenciando a pouca variabilidade nas medidas efetuadas. A reta traçada a partir dos pontos obtidos apresentou um bom ajuste, evidenciado pelo coeficiente de determinação (R 2 ). Tabela 3.3 Medidas de refração BRIX em diferentes concentrações da solução de incubação Concentração Refração BRIX Média Refração BRIX C. V. (%) (%) (%) (%) 0 5 0 0 0 5,0 5,0 0 4,9 0 2,34 10 15 20 4,8 10,8 10,4 10,4 14,8 14,6 14,8 21,0 21,0 21,0 10,5 14,7 21,0 2,19 0,78 0

114 Refração BRIX (%) 25 20 15 10 5 y = 1,0280x R 2 = 0,9971 0 0 5 10 15 20 25 Concentração de Igepal (%) Figura 3.18 Curva de calibração para medir a concentração do Igepal na solução de incubação, obtida pela medida da refração BRIX No primeiro ensaio realizado (amostra virgem da geomembrana 2A), procedeu-se à medida da concentração de Igepal na solução de incubação e o posterior restabelecimento do nível d água no reservatório a cada 48 horas. Os resultados demonstram que as concentrações antes do restabelecimento do nível d água a cada 48 horas se localizaram na faixa de 15 a 20%, ou seja, obtiveram aumentos da ordem de 50 a 100% da concentração requerida pelo ensaio. No segundo ensaio realizado (geomembrana 1A), procedeu-se à medida da concentração de Igepal na solução de incubação e o posterior restabelecimento do nível d água no reservatório a cada 24 horas. Este procedimento foi repetido para os ensaios posteriores. As concentrações antes do restabelecimento do nível d água a cada 24 horas se localizaram na faixa de 11 a 13%, ou seja, obtiveram aumentos bem inferiores ao primeiro ensaio (da ordem de 10 a 30%). A partir deste ensaio, foi utilizada a prescrição da ASTM D 5397 da troca de toda a solução de incubação a cada 15 dias de ensaio. A Figura 3.19 apresenta os resultados das medidas das

115 concentrações de Igepal nas soluções de incubação, para o primeiro e segundo ensaios. 25 Concentração Igepal (%) 20 15 10 5 0 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 Tempo de Ensaio (h) Primeiro Ensaio Segundo Ensaio Figura 3.19 Concentrações de Igepal para o primeiro e segundo ensaios realizados O terceiro ensaio (amostra sob degradação ultravioleta da geomembrana 2A), o quarto (geomembranas 1B, 1C e 3A), o quinto (amostra sob degradação térmica da geomembrana 2A), o sexto (amostra de compatibilidade química com soda cáustica da geomembrana 2A) e o sétimo ensaio (amostra de compatibilidade química com vinhaça da geomembrana 2A) apresentaram comportamentos semelhantes ao segundo ensaio, como demonstra a Figura 3.20.

116 Concentração Igepal (%) 20 15 10 5 0 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 Tempo de Ensaio (h) Terceiro Ensaio Quarto Ensaio Quinto Ensaio Sexto Ensaio Sétimo Ensaio Figura 3.20 Concentrações de Igepal para o terceiro, quarto, quinto, sexto e sétimo ensaio realizados Com o monitoramento das concentrações do Igepal nas soluções de incubação, constatou-se a importância de medir diariamente estas concentrações, como meio de controlar o aumento da concentração na solução. Apesar do primeiro ensaio ter apresentado concentrações maiores que os posteriores, não ficou evidenciada nenhuma irregularidade nos dados obtidos neste ensaio.