Avaliação da capacidade funcional de idosos institucionalizados e não institucionalizados

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Transcrição:

Avaliação da capacidade funcional de idosos institucionalizados e não institucionalizados Gilmara Bitencourt Martins*, Fabiana Durante de Medeiros** *Acadêmica do 8º semestre do Curso de Fisioterapia, da Universidade do Sul de Santa Catarina, gilmarabit@hotmail.com, (048) 3644-689. ** Docente da Universidade do Sul de Santa Catarina, fdurante@unisul.br, (048) 99065383. Resumo A capacidade funcional, especialmente a dimensão motora, é um dos importantes marcadores de um envelhecimento bem sucedido e da qualidade de vida dos idosos. A perda dessa capacidade, está associada à predição de fragilidade, dependência, institucionalização, risco aumentado de quedas, morte e problemas de mobilidade, trazendo complicações ao longo do tempo, e gerando cuidados de longa permanência e alto custo. O objetivo desta pesquisa foi avaliar a capacidade funcional de idosos institucionalizados e não institucionalizados, e ver se há um déficit maior da capacidade funcional em idosos institucionalizados. Para isso, foi realizado um estudo descritivo com abordagem quantitativa, utilizando um questionário com perguntas fechadas adaptado do projeto capacidade da Universidade de São Paulo, departamento de prática de saúde pública, fundamentado num sistema de vigilância à incapacidade funcional e dependência, realizado no Centro de Saúde Escola Geraldo de Paula Souza. Fizeram parte da amostra 24 idosos institucionalizados do Asilo Santa Isabel e 65 idosos não institucionalizados do Programa de Saúde da Família (PSF) da unidade do Bairro Progresso, ambos do município de Laguna SC. Constou, de visita domiciliar e entrevista ao idoso selecionado ou responsável. As variáveis pesquisadas foram: mobilidade, vestir, alimentação, eliminações, tomar banho, telefonar e tomar remédios receitados. Para análise dos dados obtidos, foi utilizado o teste estatístico de Wilcoxon para amostras independentes, que forneceu os seguintes resultados: houve diferença entre os dois grupos de idosos em todas as variáveis, com exceção da mobilidade. Tais resultados, podem ser decorrentes do processo natural do envelhecimento e perdas cognitivas, que em muitos casos é a causa da institucionalização. Enfim, ficou constatado que há um déficit maior da capacidade funcional de idosos institucionalizados. Sendo que, novos estudos devem ser realizados, considerando o motivo da institucionalização, que permitirá agregar mais informações e poderá ser de grande utilidade no contexto institucionalização e capacidade funcional. Palavras-chave: Capacidade funcional, Idosos, Institucionalização.

Abstract Functional capacity, specially the motor dimension, is one of the most important markers of a successful aging and of quality of life of elderly indivuduals. The loss of this capacity is associated to prediction of fragility, dependence, institutionalizatio, increased risk of fall, death and mobility s problems, inducing complications along the time, and creating cares of long permanence and at a high cost. The objective of this research was to evaluate fuctional capacity of institutionalized and non-institutionalized elderly individuals. For this, it was realized a descritive study with quantitative approach, using a questionary containing closed questions that was adjusted and based on capacidade project of Universidade de São Paulo, departament of practice of public health, based on a vigilance system to functional uncapacity and dependence, realized at Centro de Saúde Escola Geraldo de Paula Souza. The sample was composed by 24 institutionalized elderly subjects of Santa Isabel asylum and 65 non-institutionalized of Family Health Program (FHP) of the unit of Progresso uptown, both in Laguna-SC. It consisted by a home visit and interview with selectioned elderly subjet or responsible. The studied variables were: mobility, to get dressed, food, eliminations, taking shower, to call and take prescribed remedies. To analyze the dates, it was used statistic test of Wilcoxon to independent sample, that gave these results: there was a difference between both groups of elderly subjects in all variables, excluding mobility. These results can be caused by natural aging process and loss of cognition, that in many cases is the cause of institutionalization. So, it was evidenced that there is a higher defficience of functional capacity of institutionalized elderly subjects. And, new studies should be realized, considering institutionalization s reason, that will permiss to collect more informations and will be much usefullness in institutionalization and functional capacity context. Key-words: Functional capacity; Elderly subjects; Institutionalization. Introdução Com o crescimento mundial da população idosa, a preocupação em relação à capacidade funcional vem surgindo como novo destaque para a estimativa da saúde desse segmento etário. Esse aumento gera maior probabilidade de ocorrência de doenças crônicas e, com isso, o desenvolvimento de incapacidades associadas ao envelhecimento. Muitas são as alterações fisiológicas que ocorrem nos idosos, limitando sua capacidade funcional, como: redução do volume muscular, aumento do tecido não contrátil (gordura e tecido conectivo) no músculo, redução da força, redução da capacidade aeróbia. Em geral, a capacidade de funcionar de modo independente declina com a idade e este declínio é influenciado por um conjunto de fatores biológicos, psicológicos e sociais (GUCCIONE 4, 2002).

A grande maioria dos idosos é portadora de doenças crônicas, deficiências ou apresentam problemas médicos, sendo estes fortemente associados com perda da capacidade funcional. Entretanto, observa-se que a capacidade funcional é influenciada também por fatores demográficos, sócio-econômicos, culturais e psicossociais (ROSA et al 2, 2003). Quando a capacidade funcional começa a se deteriorar é que os problemas começam a surgir. O conceito está intimamente ligado à manutenção da autonomia, dependência e a transferência do idoso para uma instituição, caso não seja possível mobilizar recursos financeiros e familiares para cuidar do idoso em sua própria casa, recorrendo à internação quando a sobrecarga torna-se insuportável ou supõem que o idoso não está recebendo assistência adequada. A institucionalização do idoso está diretamente ligada a fatores como: classe social, manifestação de doença e disfunção, sendo que imobilidade, instabilidade, incontinência e perdas cognitivas são os principais. A internação do idoso em uma instituição de longa permanência pode se apresentar como única saída para a família, frente à não disponibilidade do suporte familiar, financeiro e psicológico que o mesmo necessita. Nestas instituições, o indivíduo vive na forma de internato, por tempo determinado ou não. A institucionalização por si só já representa um fator de risco, já que os idosos institucionalizados necessitam de atenção, suporte e serviços especializados, pois a grande maioria é fragilizada e apresenta morbidades físicas ou mentais, tornando-os mais propensos a quedas. Pelo seu isolamento social, inatividade física e processos psicológicos, subentende-se que quanto maior o tempo de institucionalização, maior a debilidade do idoso (SANTOS; ANDRADE 3, 2005). Medeiros 6 (994), relata que nossa espécie deveria viver em média 50 anos, segundo o relógio biológico. Pondera, no entanto, que para sobreviver o homem não depende apenas da carga genética e sim de todo um meio ambiente. Portanto, não se investe mais em pesquisar formas para prolongar a vida, mais sim, melhorar a qualidade de vida, pois, esta passou a ser preocupação primordial. A manutenção e a preservação da capacidade para desempenhar as atividades básicas de vida diária são pontos básicos para prolongar o maior tempo possível a independência, com isso o idoso mantém a sua capacidade funcional (GUIMARÃES et al 5, 2004). A capacidade funcional surge, portanto, como um novo paradigma de saúde, particularmente relevante para o idoso. Saúde, dentro dessa ótica, passa a ser resultante da interação multidimensional entre saúde física, saúde mental, independência na vida diária, integração social, suporte familiar e independência econômica. Qualquer uma dessas dimensões se comprometida, pode afetar a capacidade funcional de um idoso (FREITAS et al 3, 2002). O trabalho tem como objetivo geral avaliar a capacidade funcional de idosos institucionalizados e não institucionalizados, a partir de questões específicas como: mobilidade, vestir-se, alimentação, eliminações, e atividades como telefonar e tomar remédios receitados. Tendo como principal questionamento, há um déficit maior da capacidade funcional em idosos institucionalizados?

Material e Métodos O estudo teve como base metodológica a pesquisa descritiva, pois abordou as características de uma população visando comparar a capacidade funcional de dois grupos de indivíduos, além de utilizar uma técnica padronizada na coleta de dados que é o questionário. Quanto ao nível, quantitativo, sendo a coleta de dados constituída de perguntas fechadas, um procedimento sistemático para a descrição e explicação do estudo em questão. E quanto ao procedimento utilizado na coleta de dados foi comparativo, pois relacionou dois grupos diferentes de idosos e comparou a capacidade funcional. A amostra foi composta por 24 idosos, de 60 anos e mais, do asilo Santa Isabel do município de Laguna S.C., e por 82 idosos, de 60 anos e mais, cadastrados no PSF do Bairro Progresso, do município de Laguna S.C. Os idosos institucionalizados tiveram sua amostra selecionada de uma população de 30 idosos, já os idosos não institucionalizados tiveram sua amostra selecionada de uma população de 370 idosos, ambos com nível de confiança de 90%, e margem de erro de 8%. A partir daí foi utilizado o software STATDISK que forneceu n= 24 e 82. O método utilizado na investigação foi primeiramente ligar para a instituição asilar e PSF já citados pedindo autorização para aplicar o questionário, ir aos locais nas datas combinadas com os responsáveis e enfim foi aplicado o instrumento da coleta de dados, questionário esse, adaptado do projeto capacidade da Universidade de São Paulo, departamento de prática de saúde pública, fundamentado num sistema de vigilância à incapacidade funcional e dependência, realizado no Centro de Saúde Escola Geraldo de Paula Souza, SP. Na instituição asilar, o questionário foi aplicado com a presença da auxiliar de enfermagem em todos os idosos participantes, sendo que a mesma respondeu por algum deles. Os lares dos idosos cadastrados no PSF, foram visitados por até 2 vezes, se não encontrados em casa na primeira visita. Como se tratava de uma população vulnerável, dependendo do nível de consciência do idoso entrevistado, não respondendo por si, o responsável respondeu em seu lugar. Para análise dos dados, foi utilizado o teste estatístico de Wilcoxon para amostras independentes, para identificar eventual diferença entre as variáveis: mobilidade, vestir, alimentação, eliminações, tomar banho, telefonar e tomar remédios receitados, referentes aos grupos, institucionalizados e não institucionalizados. Resultados e discussão A avaliação funcional foi definida por Lawton e Brody (969, apud OLIVEIRA,et al 8, 2006) como "[...] uma tentativa sistematizada de mensurar os níveis nos quais uma pessoa se enquadra, numa variedade de áreas, tais como: integridade física, qualidade da auto-manutenção, qualidade no desempenho dos papéis, estado intelectual, atividades sociais, atitudes em relação a si mesmo e ao estado emocional". Néri 7 (200) e Paschoal 9 (996) definem independência funcional como a capacidade de realizar algo com os próprios meios. Ela está ligada à mobilidade e à

capacidade funcional, onde o indivíduo vive, sem requerer ajuda para a execução das atividades básicas e instrumentais da vida diária. No Brasil, um inquérito domiciliar demonstrou que o aumento da expectativa de vida vem associado ao acréscimo da proporção de indivíduos que necessitam de auxílio para a realização das Atividades de Vida Diária (AVDs). Houve um percentual de 20.7% de perda amostral dos idosos não institucionalizados, sendo que: 4 recusaram a participar da pesquisa, 2 óbitos, não foram encontrados em seus endereços ao final de duas visitas domiciliares. Totalizando 7 idosos de perda amostral. Gênero Institucionalizados Não Institucionalizados Masculino Feminino Masculino Feminino Idade Nº % Nº % Nº % Nº % 60 65 65 70 70 75 75 80 80 85 85 e mais 3 0 3 33,33 0 33,33,,, 3 2 7 6,67 20,00 3,33 6,67 6,67 46,66 0 5 5 5 2 35,7 7,86 7,86 7,86 7,4 3,57 2 9 5 6 4 32,43 24,32 3,5 6,22 0,82 2,70 Total 9 00,0 0 5 00,00 28 00,00 37 00,0 0 Tabela Distribuição por gênero e idade da amostra dos idosos institucionalizados e não institucionalizados Através da tabela pode-se constatar que a população feminina é maior que a masculina, em ambos os idosos, tanto institucionalizados quanto não institucionalizados. Totalizando 58,43% do total da amostra. Segundo Poeta (2002), a maioria dos estudos com a população idosa, o gênero feminino encontra-se normalmente em maior número quando relacionado ao gênero oposto. Isto pode ter relação no maior índice de mortalidade do sexo masculino na terceira idade. Esta questão relacionada com o gênero dos idosos pode ser evidenciada nos Grupos de Conveniência, onde que por motivos sócio-culturais, os homens participam em menor quantidade de qualquer atividade proposta a eles. Para Veras (994, apud PIRES; SILVA 0, 200), as mulheres vivem mais, pois são menos expostas a riscos, acidentes domésticos e de trabalho, acidentes de trânsito, homicídios, suicídios, consomem menos tabaco e álcool fazem uso mais freqüente dos serviços de saúde. Também foi destacada uma queda na mortalidade materna, em conseqüência de melhor atendimento médico-obstétrico. Mas não são só esses fatores que justificam a longevidade nas mulheres: existem os fatores biológicos e genéticos que, embora ainda não estejam plenamente esclarecidos, contribuem para o prolongamento de suas vidas. De acordo com Teste de Wilcoxon para amostras independentes, a única variável que não houve diferença entre os idosos institucionalizados (I) e não institucionalizados (NI), foi a mobilidade, mostrando que as demais variáveis

analisadas, mostraram um déficit maior da Capacidade Funcional dos idosos institucionalizados. Para Fillenbaum et al (999, apud OLIVEIRA,et al 8,2006) [...] a mobilidade é um representante indireto de cuidados pessoais, interação social e atividades cognitivas, sugerindo que a avaliação cognitiva deve ser sempre acompanhada de uma avaliação funcional e vice-versa. Estudo realizado na da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), sobre longevidade, concluiu que envelhece mal quem não é capaz de, sozinho, fazer compras, pegar transporte, pagar contas no banco, tomar medicamentos, ter controle urinário e esfincteriano, andar, vestir-se, banhar-se, comer, cuidar da aparência, ir ao banheiro e sair de casa (PIRES; SILVA 0, 200). Resultados de pesquisa realizada no município de São Paulo mostraram que mais da metade da população estudada (53%) referia necessidade de ajuda parcial ou total para realizar pelo menos uma das atividades da vida diária. Foi detectado também que 29% dos idosos necessitavam de ajuda parcial ou total para realizar até três dessas atividades, e 7% necessitavam de ajuda para realizar quatro ou mais atividades da vida diária ( ROSA et al 2, 2003). O presente estudo, mostra que no auto-cuidado os idosos institucionalizados estão incapacitados comparados aos idosos não institucionalizados. O que possa ser explicado pelo índice de declínio da capacidade cognitiva e doentes mentais asilados. Ferretti (2004) afirma que em seu estudo fatores de risco para institucionalização, identificados neste estudo, foram o declínio cognitivo e o stress dos familiares cuidadores. Houve impacto positivo das intervençöes de enfermagem na reduçäo do estresse, no comportamento e na função. Freire Júnior e Tavares 2 (2005), realizaram um estudo, no Lar dos Idosos Monsenhor Rocha (LIMR), localizado no município de Caratinga, Minas Gerais, e tiveram como resultado, em sua maioria, idosos dependentes para a realização das atividades de vida diária (AVD s), não possuem autonomia financeira e são tutelados pela instituição. Das Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVDs) pesquisadas estão telefonar e tomar remédios receitados. Foram abordadas apenas as duas, devido a institucionalização não proporcionar outros fatores como fazer compras, limpar a casa, pegar ônibus. É necessário lembrar que, no Asilo Santa Isabel, local de estudo dos idosos institucionalizados, há um telefone, onde os internos tem acesso se necessário. E ainda conta com uma auxiliar de enfermagem, que é responsável por administrar os medicamentos, tanto a dosagem quanto o horário. Frente a isso, durante a coleta de dados, a auxiliar de enfermagem, acompanhou para informar os idosos, que eram capazes de lembrar e saber dosagem e horários dos medicamentos. Steen et al (200, apud OLIVEIRA et al 8, 2006), afirmam que a maioria dos indivíduos entre 85 e 95 anos, dependentes nas AVDs, é mais prejudicada cognitivamente, se comparada a indivíduos independentes. Estes autores relatam que não apenas o funcionamento cognitivo, mas também a mobilidade são preditores independentes para a dependência em AVDs na população de idosos com 85 anos de idade. Um aumento das limitações em AVDs está diretamente associado com o aumento de comorbidades nos idosos.

Considerações finais Mediante os resultados referentes a AVDs e AIVDs dos idosos institucionalizados do Asilo Santa Isabel e não institucionalizados do PSF da unidade do bairro Progresso, ficou provado que há diferenças significativas em relação a capacidade funcional de ambos, isto é, há um déficit maior da capacidade funcional de idosos institucionalizados. De acordo com o teste estatístico realizado, houve diferenças entre os dois grupos, com exceção da mobilidade. Tais resultados podem ser decorrentes do processo natural do envelhecimento e perdas cognitivas, além de participarem da amostra, idosos doentes mentais, sendo essa a causa da institucionalização. Salientamos que as relações sociais podem ter um papel essencial para manter ou mesmo promover a saúde física e mental, que no caso do asilado não é freqüente, portanto, as redes sociais formadas por familiares e amigos significativamente abalam os efeitos do estresse nos indivíduos mais velhos, elas oferecem suporte social na forma de amor, afeição, preocupação e assistência. Um aspecto importante para se levar em consideração é que o mero aumento nas relações sociais não é suficiente. É necessário levar em conta o caráter destas interações. Através deste estudo, evidenciamos a importância, de acompanhamento fisioterapêutico em idosos, enfatizando os idosos institucionalizados, os quais apresentaram déficit da capacidade funcional. Atuando não apenas de forma curativa, mas também preventiva. A participação intensa do fisioterapeuta no PSF e em programas e ações similares de cuidados primários em saúde é condição fundamental para a concretização das diretrizes de uma assistência à saúde realmente integral, ao contrário do tradicional modelo medicalizado, fragmentado, hospitalocêntrico e baseado na dependência e exclusão social. O fisioterapeuta, pode desenvolver atividades efetivas em todos os níveis de atenção à saúde, dentro da equipe interdisciplinar. Porém, devido a aspectos de ordem político-econômicos e organizacionais, sua função é pouco divulgada e subutilizada, contudo, paulatinamente experiências isoladas em algumas regiões brasileiras mostram que a inserção da fisioterapia no Programa de Saúde da Família enriquece e desenvolve ainda mais os cuidados de saúde da população. Entendemos, também, que um estudo mais amplo considerando o motivo da institucionalização com análise da idade, permitirá agregar mais informações e poderá ser de grande utilidade no contexto institucionalização e capacidade funcional. Referências - FERRETTI, C. E. L. Identificacäo de fatores de risco envolvidos no processo de institucionalizacäo do portador de demência. Apresentada a Universidade Federal de Säo Paulo. Escola Paulista de Medicina. Curso de Neurociências para obtenção do grau de Doutor. Säo Paulo; s.n; 2004. 2- FREIRE JUNIOR, R. C.; TAVARES, M. F. L. A saúde sob o olhar do idoso institucionalizado: conhecendo e valorizando sua opinião. Interface (Botucatu)., Botucatu, v. 9, n. 6, 2005. Disponível em:

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