FUNGOS EM SEMENTES DE AZEVÉM-ANUAL (Lolium multiflorum Lam.) E SEUS EFEITOS NO ESTABELECIMENTO DA PASTAGEM 1

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Transcrição:

142 O.A. LUCCA-FILHO et al. FUNGOS EM SEMENTES DE AZEVÉM-ANUAL (Lolium multiflorum Lam.) E SEUS EFEITOS NO ESTABELECIMENTO DA PASTAGEM 1 ORLANDO ANTONIO LUCCAFILHO 2, MIGUEL DALMO DE MENEZES PORTO 3 E MANOEL DE SOUZA MAIA 2 RESUMO - Com os objetivos de identificar os fungos associados às sementes de azevém-anual e determinar o efeito dos mesmos no estabelecimento da cultura, 100 amostras de sementes fiscalizadas, obtidas de 26 localidades do Estado do Rio Grande do Sul, foram analisadas. Para a detecção dos fungos, usou-se o método do papel de filtro e obtenção de culturas puras, em meio BDA. Na identificação observaram-se as caracterísitcas morfológicas das colônias e as estruturas reprodutivas dos fungos. A patogenicidade dos isolados foi avaliada através da inoculação dos mesmos, em sementes e plantas. As sementes inoculadas com os fungos foram semeadas em bandejas plástica com substrato esteril, mantidas em casa de vegetação, onde avaliou-se o efeito dos mesmos no estabelecimento da pastagem, através da determinação do número de plantas por área e a produção de materia seca. Os resultados permitiram detectar mais de 20 espécies de fungos, entre estas, Fusarium equiseti, Fusarium graminearum, Bipolaris sorokiniana, Drechslera oryzae e Pyricularia grisea, as quais se mostraram patogênicas, reduzindo o número de plantas por área. Os fungos que causam maior redução na produção de materia seca foram Pyricularia grisea e Fusarium equiseti. Termos para indexação: patogenicidade de fungos, sementes de azevém-anual. FUNGI IN ANNUAL-REYGRASS (Lolium multiflorum Lam.) SEEDS AND THEIR EFFECTS ON PASTURE STABLISHMENT ABSTRACT - The occurence of fungi associated with Lolium multiflorum Lam. seeds were examined in blotter test, in one handred samples from all 26 seed producing counties in the Rio Grande do Sul State. For identification, fungi structures were observed and measured both in seeds and in PDA cultures. Pathogenicity was tested in greenhouse, on plants and with seed inoculations. Effects on stand and dry weigth were evaluated. Among the fungi founded, Fusarium equiseti, Fusarium graminearum, Bipolaris sorokiniana, Drechslera oryzae and Pyricularia grisea showed pathogenicity to Lolium multiflorum and caused stand recuction. The higher losses of dry weigth were caused by P. grisea and F. equiseti. Index terms: fungi pathogenicity, annual-reygrass seeds. INTRODUÇÃO O azevém-anual é uma gramínea forrageira de clima temperado, cespitosa, amplamente utilizada ao nível mundial na formação de pastagens anuais ou como componente de pastagens perenes. Produz grande quantidade de forragem e de 1 Aceito para publicação em 29.12.99. 1 Engº. Agrº., Dr., Prof. do Depto. Fitotecnia, FAEM/UFPel, Cx. Postal 354, 96010-900, Pelotas-RS. 2 Engº. Agrº., Ph.D., Prof. do Depto. Fitossanidade, Faculdade de Agronomia/ UFRGS, Cx. Postal 576, 90540-000, Porto Alegre-RS. 3 Engº. Agrº., Dr., Prof. do Depto. Fitortecnia, FAEM/UFPel. boa qualidade, graças ao seu bom rebrote e resistência ao pastejo, podendo ser utilizado como feno e silagem. O azevémanual também tem sido usado como cobertura do solo, no sistema de plantio direto. Moraes (1995) destaca que a grande utilização do azevém anual na alimentação animal se deve à sua grande palatabilidade e a seu alto valor nutritivo da pastagem, fornecendo 18% de proteína bruta. O Rio Grande do Sul (RS) é o Estado maior produtor de sementes do país, contribuindo com 25,4% da produção total. Quanto às sementes de forrageiras, o RS também é o Estado que possui maior área aprovada para este fim (47.895ha). No entanto, em termos de produção aprovada (20.610 toneladas), o volume de sementes obtidas na safra 95/96, é inferi-

OCORRÊNCIA E EFEITO DE FUNGOS EM SEMENTES DE AZEVEM-ANUAL 143 or àqueles registrados nas regiões Sudeste e Cento-Oeste (Lima, 1997). O rendimento médio obtido na produção de sementes de azevém-anual, no Estado do Rio Grande do Sul, está abaixo do rendimento potencial da cultura e do obtido em outros países. Trabalhos realizados por Roy (1994), indicam que rendimentos de de grãos de até 2.200kg/ha podem ser conseguidos. No Brasil, os rendimentos de azevém-anual podem alcançar 1.000 a 1.200kg de sementes puras/ha (Maia, 1992). No entanto, os dados estatísticos da produção de sementes desta espécie, no RS, indicam rendimento médio de 300 a 400 kg/ha. Na produção de sementes além do rendimento, ênfase também deve ser dada a qualidade, pois este atributo tem fundamental significado na exploração econômica da pastagem, como também no campo de produção de sementes. Os maiores índices de colheita estão associados ao elevado conteúdo de umidade das sementes, as quais devem ser colhidas com 35,0% de umidade. O desconhecimento dessa informação faz com que se atrase a colheita, objetivando-se a obtenção de material mais seco. Pelo fato do azevém-anual ser uma espécie de acentuada abscisão, essa prática promove uma redução no rendimento, pela debulha, e uma redução na qualidade, por permanecer mais tempo sujeito às condições adversas de ambiente (Bounous, 1986). A qualidade das sementes é determinada por fatores genéticos, físicos, fisiológicos e sanitários. A associação de patógenos às sementes têm grande significado econômico, pois são várias são as perdas verificadas nos mais distintos cultivos, devido a introdução nos campos de produção, de microorganismos veiculados pelas sementes. Entre estes microrganismos destacam-se os fungos, por serem frequentemente responsáveis por perdas de rendimento e de qualidade de sementes. Segundo Neergaard (1979), os fungos podem provocar aborto, deformações e redução de tamanho, podridões, descolorações, necroses nas sementes, as quais têm reflexos na diminuição da viabilidade e da germinação das mesmas. Em sementes de azevém, Richardson (1979 e 1981), relata que os fungos Aureobasidium pullulans, Chaetomium spp., Claviceps purpurea, Cochliobolus sativus, Drechslera dictyoides, Fusarium spp., Gloeotinia temulenta, Ustilago compacta e Ustilago nuda, podem ser transmitidos por sementes por sementes. Em observações de sintomas a campo, Costa-Neto (1976) indentificou os fungos Cerbella andropogonis, Gibberella zeae, Puccinia coronata., Puccinia graminis e Rhynchosporium secalis causando doenças em azevém-anual. Outros fungos, como Drechslera dictyoides f. sp. perenis, D. siccans, D. sorokiniana, Fusarium avenaceum, F. culmorum, F. nivale, Phoma sp., Rhynchosporium sp., Septoria sp., Ascochyta sp. e Corticium fuciforme por Teuteberg (1978) e Drechslera noblae, D. sorokiniana e Curvularia intermedia por McKenzie (1978) e Colletotrichum sp., Helminthosporium sp. e Phoma sp. por Wink (1987) são relatados como associados às sementes de azevém-anual. Latch & McKenzie (1977) citam o isolamento de Acremonium sp., Alternaria sp., Botrytis sp., Penicillium sp., Epiccocum sp. e Trichoderma viride, entre outros, de folhas de azevémanual. Embora exista na literatura informações relativas a ocorrência de fungos em azevém-anual, não existem relatos quanto a flora fúngica e de sua patogenicidade à essa espécie no Brasil. O presente estudo foi realizado, tendo como objetivos: identificar os fungos associados às sementes de azevém-anual e determinar o efeito dos mesmos no estabelecimento da cultura. MATERIAL E MÉTODOS As 100 amostras de sementes fiscalizadas de azevémanual, utilizadas nesse trabalho foram obtidas de 26 localidades distintas, representando todas as regiões produtoras de sementes desta espécie, do Estado do Rio Grande do Sul. A qualidade sanitária foi avaliada pelo método do papel de filtro, conforme descrito por Lucca-Filho (1987). Esse teste permitiu a identificação de 17 gêneros de fungos. Foram considerados potencilamente patogênicos ao azevém-anual os fungos Bipolaris sorokiniana, Cercospora sp., Colletotrichum graminicola, Curvularia lunata, Drechslera spp., Fusarium spp., Phoma sp. e Pyricularia grisea. A partir do isolamento e obtenção de cultura pura, fez-se a medição dos esporos e contagem de septos. Esta informações, acrescidas as obeservações visuais das características das colônias, foi possivel a identificação das diferentes espécies de Drechslera (D. dyctioides, D. oryzae, D. siccans e D. teres) e de Fusarium (F. equiseti, F. graminearum, F. hetrerosporum e F. moniliforme). A presença de escleródios de Claviceps purpurea foi determinada através do exame visual das amostras. Os fungos considerados potencialmente patogênicos, depois de identificados ao nível de espécies, foram cultivados em culturas puras em placa de petri com 9cm de diâmetro, contendo meio BDA. A patogenicidade e o efeito dos fungos no estabelecimento das plantas foram avaliados através de dois tipos de inoculação: de sementes e de plântulas. A inoculação de sementes, foi realizada distribuindo-se 400 sementes sobre culturas de fungos crescidos em placa de Petri,

144 O.A. LUCCA-FILHO et al. após 14 dias de incubação a 20± 4 C e fotoperíodo de 12hs. Em cada placa de Petri, adicionou-se 1ml de água e, com o auxílio de um pincel esterelizado, fez-se a homogeneização das sementes com o fungo. As sementes assim inoculadas permaneceram 48hs nas placas mantidas semi-abertas, em temperatura ambiente. Após esse período as sementes foram semeadas em bandejas plásticas (40x60x8cm) contendo cascas de arroz carbonizadas como substrato, umedecida com água destilada. Decorridos 15 dias após a semeadura, fez-se a remoção das plântulas e aquelas com sintomas foram colocadas em câmara úmida, visando a recuparação dos fungos, comprovando assim sua patogenicidade. Para a inoculação de plântulas, 400 sementes por tratamento, com quatro subamostras, foram semeadas em bandejas plásticas (40x60x8cm), contendo solo esterelizado como substrato, mantidas em casa de vegetação. Aos 21 dias após a semeadura fez-se a inoculação, através da pulverização de suspenção de esporos. As concentrações das suspenções de esporos foram variáveis para as diferentes espécies fúngicas inoculadas, sendo a mais baixa (1,0 x 10 4 esporos/ml ) para D. siccans e a mais alta (2,6 x 10 6 esporos/ml) para Phoma sp. As demais suspenções continham aproximadamente 1,5 x 10 5 esporos/ml, excessão a P. grisea, o qual foi inoculado com 1,2 x 10 4 esporos /ml. Dois dias antes da oculação as plântulas foram irrigadas e cobertas com plástico. Esse ambiente saturado de umidade foi mantido por mais 48 horas, após a inoculação. Para a determinação do efeito dos fungos no estabelecimento das plantas, as sementes inoculadas foram semeadas em copos plásticos, com 10cm de diâmetro e capacidade de 500ml, contendo solo esterelizado com brometo de metila e umedecido com água destilada. As plantas foram mantidas em casa de vegetação por um período de 37 dias, quando se fez a contagem do número de plantas emergidas. Foram semeadas 100 sementes por copo, correspondendo a uma densidade de semeadura de 25kg/ha. Após contadas, as plantas foram removidas e colocadas sobre uma peneira de malha fina (0,25cm). Com o auxílio de água corrente fez-se a remoção de resíduos de solo e demais materiais aderidos ao sistema radicular. As plantas foram colocadas em sacos de papel pardo e secas em estufa a 60 C, até atingirem peso constante. Após a secagem, as plantas foram pesadas e seu peso corrigido para 100 plantas. O mesmo processo de inoculação foi usado para a determinação do efeito dos fungos na germinação das sementes. Depois de inoculadas, 200 sementes foram distribuídas em quatro rolos de papel toalha, contendo cada um 50 sementes. A incubação foi realizada em geminador marca De Leo, a 20 C por 14 dias, sendo que aos cinco dias fez-se a primeria contagem. A avaliação das plântulas foi realizada de acordo com as Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992) e o resultado expresso em porcentagem. O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado, com quatro repetições. Os dados foram processados através do Sistema de Análise Estatística - SANEST e as médias comparadas pelo teste de Duncan, ao nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Através do teste em papel de filtro detectou-se, em sementes de azevém-anual, os fungos: Alternaria alternata, Aspergillus spp., Bipolaris sorokiniana, Cercospora sp., Chaetomium sp., Cladosporium sp., Colletotrichum graminicola, Curvularia lunata, Drechslera spp., Epiccocum sp., Fusarium spp., Nigrospora sp., Penicillium spp., Phoma sp., Pyricularia grisea e Tricothecium sp. Escleródios do fungo Claviceps purpurea foram detectados em 93% das amostras analisadas, em porcentagens de peso que variaram de 0,010 a 0,314g -1 (Tabela 1). Muitos desses fungos já haviam sido detectados em sementes de azevém, entre eles C. purpurea, B. sorokiniana, D. dictyoides, D. siccans e F. heterosporum (Richardson, 1979). TABELA 1. Número de amostras (NA) de sementes de azevém-anual (Lolium mulltiflorum Lam.) contaminadas e respectivas porcentagens mínimas (Mín.) e máximas (Máx.) de incidência de fungos. Fungos NA Mín. Máx. Alternaria alternata 100 1,00 49,00 Aspergillus spp. 42 0,25 53,00 Bipolaris sorokiniana 78 0,50 50,50 Cercospora sp. 06 0,25 1,00 Chaethomium sp. 33 0,26 9,00 Cladosporium sp. 52 0,25 8,00 Colletotrichum graminicola 31 0,25 20,00 Curvularia lunata 37 0,25 15,00 Drechslera spp. 100 0,50 51,00 Epicoccum sp. 67 0,25 11,50 Fusarium spp. 38 0,25 2,50 Nigrospora sp. 09 0,25 1,00 Penicillium sp. 33 0,25 14,00 Phoma sp. 87 0,25 14,50 Pyricularia grisea 02 0,50 1,00 Stemphylium sp. 25 0,25 7,50 Tricothecium sp. 03 0,25 1,50 Claviceps purpurea* 93 0,010* 0,314* Os resultados da incidéncia de Claviceps purpurea são expressos através da porcentagem de peso de escleródios em relação ao peso das amostras.

OCORRÊNCIA E EFEITO DE FUNGOS EM SEMENTES DE AZEVEM-ANUAL 145 Considerou-se, como potencialmente patogênicos os fungos Bipolaris sorokiniana, Cercospora sp., Colletotrichum graminicola, Curvularia lunata, Drechslera dictyoides, Drechslera oryzae, Drechslera siccans, Drechslera teres, Fusarium equiseti, Fusarium graminearum, Fusarium heterosporum, Fusarium moniliforme, Phoma sp. e Pyricularia grisea, para os quais a patogenicidade e efeito nas plantas foi avaliado. Na Tabela 1 se encontra indicado o número de amostras contaminadas pelos fungos e suas respectivas incidências mínimas e máximas. Observa-se que os fungos mais freqüentes foram Drechslera spp., Phoma sp. B. sorokiniana, presentes em mais de 75% das amostras. A mais alta incidência foi de B. sorokiniana (50,5%), seguida por Drechslera spp. (23,0%) e C. graminicola (20,0%). Os fungos menos freqüentes nas amostras de azevém-anual foram Cercospora sp. e P. grisea, os quais também ocorreram em baixas incidências, que variaram de 0,25% a 1,0% para ambos os fungos. O fungo Fusarium spp., embora presente em 38% das amostras, também apresentou baixa incidência, variando de 0,25% a 2,5%. A presença de distintas espécies de Drechslera spp. e de Fusarium spp. associados as sementes de azevém foi reportada por Teuteberg (1976). Wink (1987) em trabalho com sementes de azevém-anual, observou que 72% das examinadas apresentavam-se contaminadas com fungos, e que, entre eles, Colletotrichum sp., Curvularia sp., Helminthosporium sp. e Phoma sp. eram os mais frequentes, indicando que a flora fúngica associada as sementes de azevém é composta por várias espécies e que as mesmas podem ocorrer em alta incidência. A recuperação dos fungos a partir de sintomas nas plantas de azevém-anual, quando da inoculação dos mesmos nas sementes e na parte aérea das plantas é mostrado na Tabela 2. Nem todos os fungos inoculados foram recuperados, como é o caso de Pyricularia grisea e Curvularia lunata. O fato de C. lunata não ter sido recuparado no presente trabalho, pode estar concorde com os resultados de Muchovej (1986), o qual afirma que C. lunata é um fungo saprófita, desenvolvendo-se sobre tecidos estressados ou senescentes. A não recuparação de P. grisea pode ser explicado pela baixa concentração de inóculo utilizada na inoculação (1,2 x 10 4 esporos /ml), pois Trevathan et al. (1994) obtiveram êxito na indução de sintomas, inoculando uma concentração de 2,0 x 10 5 esporos/ml, como também pelo fato da inoculação ter sido realizada em fase de desenvolvimento vegetativo não propícia a colonização dos tecidos, uma vez que Wilson & Gates (1993), obtiveram sucesso na indução de sintomas de bruzone, inoculando plantas de azevém, aos quatro dias após a emergência. TABELA 2. Reisolamento de fungos de sintomas em folhas de plântulas de azevém-anual (Lolium multiflorum Lam.) inoculados nas sementes e na parte aérea. Fungos Recuperação dos fungos Inoculados na parte aérea Inoculados na semente Bipolaris sorokiniana + Curvularia lunata Cercospora sp. + Colletotrichum graminicola + + Drechslera dictyoides + Drechslera oryzae + + Drechslera siccnas + Drechslera teres + + Fusarium equiseti + + Fusarium graminearum + + Fusarium heterosporum + Fusarium moniliforme + Phoma sp. + + Pyrycularia grisea Todos os demais fungos inoculados foram recuperados de plântulas com sintomas, indicando que os mesmos são potencialmente patogênicos a cultura do azevém-anual. A avaliação do efeito dos fungos na qualidade das sementes foi realizada através da inoculação das mesmas e posterior semeadura em rolo de papel e indução da germinação. Os dados da Tabela 3 mostram que todos os fungos inocula- TABELA 3. Vigor e germinação de sementes de azevémanual (Lolium multiflorum Lam.) inoculadas com diferentes fungos. Tratamentos Vigor (%) Germinação (%) Bipolaris sorokiniana 30 g 38 g Colletotrichum graminicola 60 c d 64 e Cercospora sp. 66 bc 67 de Curvularia lunata 74 b 80 b Drechslera dictyoides 60 c d 73 bc d Drechslera oryzae 44 e 51 f Drechslera siccans 68 bc 74 bc d Drechslera teres 60 c d 70 c de Fusarium equiseti 36 f 48 f Fusarium moniliforme 64 bc 75 bc Fusarium graminearum 66 bc 73 bc d Fusarium heterosporum 72 b 86a Phoma sp. 64 d 66 de Pyricularia grisea 68 bc 77 bc Testemunha 84a 89a C.V. (%) 10,90 15,37 Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não difierem entre sí, pelo teste de Duncan, a 5%.

146 O.A. LUCCA-FILHO et al. dos foram capazes de reduzir a qualidade das sementes, exceto Fusarium heterosporum. As maiores reduções do vigor e da germinação foram causadas pelos fungos Bipolaris sorokiniana, Fusarium equiseti, Drechslera oryzae e Colletotrichum graminicola. Observa-se também, na mesma tabela, que a qualidade das sementes é pouco reduzida pelos fungos Fusarium graminearum, Fusarium moniliforme, Drechslera teres, Drechslera siccans e Cercospora sp. A redução da qualidade das sementes por fungos é corroborada por outros autores. Neergaard (1979) indica que fungos como Bipolaris sorokiniana, Fusarium spp., Drechslera spp. e Colletotrichum graminicola, entre outros, têm a capacidade de reduzir a viabilidade das sementes. Outros pesquisadores realizando trabalhos com alguns patógenos avaliados nesse trabalho, deixam evidente o efeito nocivo da associação de fungos com sementes de azevém. Trabalho realizado por Faloon (1985), avaliando sementes de azevém tratadas com fungicidas, mostra que a emergência foi 100 a 150% superior as não tratadas, atribuindo essa diferença à eliminação dos fungos presentes nas sementes e no solo. O efeito dos fungos no estabelecimento das plantas e na produção de matéria seca de azevém-anual é mostrado na Tabela 4. As maiores reduções no número de plantas e na produção de matéria seca foram causadas pelos fungos P. grisea e por Fusarium equiseti. Trevathan et al. (1994) reportam que P. grisea é um dos principais fungos causadores TABELA 4. Número de plantas (%) e materia seca (g) obtidas de sementes de azevém-anual (Lolium multiflorum Lam.) inoculadas com diferentes fungos. Tratamentos Número de plantas (%) Matéria seca (g) Bipolaris sorokiniana 67,25 de 0,387 c de Colletotrichum graminicola 93,25a 0,523a Cercospora sp. 85,70a b 0,443a bc Curvularia lunata 84,25 bc 0,400 c d Drechslera dictyoides 77,25 c d 0,438a bc Drechslera oryzae 67,75 de 0,391 c de Drechslera siccans 85,75 bc 0,422 bc Drechslera teres 88,75a b 0,531a Fusarium equiseti 29,00 g 0,327 de Fusarium moniliforme 86,25 bc 0,524a Fusarium graminearum 59,75 e f 0,443a bc Fusarium heterosporum 92,95a b 0,507a b Phoma sp. 85,25 bc 0,513a b Pyricularia grisea 54,50 f 0,304 e Testemunha 87,75a b 0,481a bc C.V. (%) 7,15% 13,56% Medias seguidas pela mesma letra na coluna, não difierem entre sí, pelo teste de Duncan, a 5%. de perdas de rendimento em cultivares suscetíveis de azevémanual. Wilson & Gates relatam perdas de 18% na quantidade de matéria seca em plantas atacadas por P. grisea. Essa redução é resultante da colonização dos tecidos na fase inicial de desenvolvimento das plântulas de azevém-anual, fazendo com que as mesmas tornem-se flácidas, encharcadas e descoloridas, com morte em quatro a cinco dias após o surgimento dos primeiros sintomas (Landschoot & Hoyland, 1992). Engels & Krämer (1996) avaliando a incidência de Fusarium spp. em Lolium perene e Lolium multiflorum, detectaram a presença de 14 espécies diferentes, entre elas F. graminearum e F. equiseti. O efeito negativo de espécies de Fusarium em sementes foi demostrado por Windles & Holme (1989), os quais determinaram que esses fungos podem causar necroses e podridões radiculares, além de necroses da coroa, da base do colmo e do nó subcoronal, reduzindo o número de plantas por área. Os dados obtidos nesse trabalho, indicam que, além de F. equiseti, F. graminearum causou redução do número de plantas por área, enquanto que F. heterosaporum e F. moniliforme não foram patogênicos. Fusarium heterosporum é freqüentemente encontrado em pastagens de azevém-anual infestadas com Claviceps purpurea, colonizando os escleródios produzidos por essa fungo (informação pessoal do International Mycological Institute). Diferentes espécies de Drechslera são capazes de causar danos a cultura de azevém- anual. Labruyère (1978) relata que as mais freqüentes são D. siccans, D. dictyoides, causando podridões radiculares e mancha em rede, respectivamente. Os dados obtidos nesse trabalho indicam que D. dictyoides reduziu o número de plantas por área, sem afetar a produção de matéria seca. As reduções do número de plantas e de matéria seca, causadas por D. siccans foram não significativas, indicando que este fungo tem pouca importância na redução da qualidade da pastagem de azevém-anual. CONCLUSÕES! Escleródios de Claviceps purpurea são freqüentemente encontrados em amostras de sementes de azevém-anual;! altas porcentagens de fungos patogênicos podem ser encontradas associadas às sementes de azevém-anual;! os fungos Bipolaris sorokiniana, Fusarium equiseti, Drechslera oryzae y Drechslera dictyiodes são responsáveis pela redução do vigor e da germinação das sementes, influenciando negativamente o estabelecimento das plantas;! Pyricularia grisea y Fusarium equiseti, Bipolaris sorokiniana y Drechslera oryzae reduzem em até 30% o número de plantas por área;

OCORRÊNCIA E EFEITO DE FUNGOS EM SEMENTES DE AZEVEM-ANUAL 147! o isolado de Curvularia lunata mostrou-se não patogênico ao azevém-anual. REFERÊNCIAS BOUNOUS, E.B. Comparação de métodos de secagem de sementes de azevém-anual (Lolium multiflorum Lam.). Pelotas: FAEM/Universidade Federal de Pelotas, 1986. 109p. (Dissertação Mestrado). BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília:SNDA/DNDV/CLAV, 365p. 1992. COSTA-NETO, J.P. Lista de fungos sobre gramíneas (capins e cereais) no Rio Grande do Sul. Revista da Faculdade de Agronomia, Porto Alegre, v.1, n.2, p.43-78, 1976. ENGELS, R. & KRÄMER, J. Incidence of fusaria and occurrence os selected Fusarium mycotoxins on Lolium spp. in Germany. Mycotoxin Research, London, v.12, n.1, p.31-40, 1996. FALOON, R.E. Fungi pathogenic to ryegrass seedlings. Plant and Soil, Netherlands, v.86, n.1, p.79-86, 1985. LABRUYÈRE, R.E. Fungal disease of ryegrass grown for seed. In: HEBLLETHWAITE, P.D. Seed production. London: Butterworths, 1978. p.173-187. LANDSCHOOT, P.J. & HOYLAND, B.F. Gray leaf spot of perennial ryegrass turf in Pennsylvania. Plant Disease, St. Paul, v.72, n.12, p.1280-1282, 1992. LATCH, G.C.M. & McKENZIE, E.H.C. Fungal flora of ryegrass swards in Wales. Transactions of Brithish Mycologycal Society, Cambridge, v.68, n.2, p.181-184, 1977. LIMA, R.P. (coord.). A produção de sementes no Brasil: relatório da safra 1995/1996. Brasília: Ministério da Agricultura e Abastecimento: EMBRAPA/SPSB, ABRASEM, 1997. 18p. LUCCA-FILHO, O.A. Metodologia dos testes de sanidade de sementes. IN: SOAVE, J. & WETZEL, M.M.V.S. In: Patologia de sementes. São Paulo: Fundação Cargil, 1987. p.276-298. MAIA, M.S. Avanços em tecnologia de sementes de espécies forrageiras. In: ENCONTRO SOBRE AVANÇOS EM TECNOLOGIA DE SEMENTES, Pelotas, 1991. Anais. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, 1992. p.55-62. McKENZIE, E.H.C. Occurrence of Drechslera and Curvularia on grass in New Zealand. New Zealand Journal of Agricultura Reseach, Wellington, v.21, n.2, p.283-286, 1978. MORAES, Y.J.B. Forrageiras: conceito, formação e manejo. Guaíba: Agropecuária, 1995. 215p. MUCHOVEJ, J.J. Definition of leaf health in Agrostis palustris at the time of infection and colonization by Curvularia lunata. Annual Applied Biology, Cambridge, v.109, n.2, p.249-258, 1986. NEERGAARD, P. Seed pathology. London: The Macmillan, 1979. v.1, 839p. RICHARDSON, M.J. An annotated list of seed-borne diseases. 3.ed. Zürich: ISTA, 1979. p.130-132. RICHARDSON, M.J. An annotated list of seed-borne diseases. Zürich: ISTA, 1981. p.34-35. (Supplement, 1). ROY, S.K.; ROLSTON, M.P. & ROWARTH, J,S, Reygrass seed yield loss to undersised. In: ANNUAL CONFERENCE - AGRONOMY SOCIETY OF NEW ZEALAND, Couterbury, 1994. Proceedings. Couterbury, New Zealand:[s.n.], 1994. p.95-98. TEUTEBERG, A. A contribution to occurence of leaf spot agents on Lolium perene L. and L. multiflorum Lam. in the Federal Republic of Germany. Review of Plant Pathology, Farnham Royal, v.57, n.1, p.23, 1978. TREVATHAN, L.E.; MOSS, M.A. & BLASINGAME, D. Ryegrass blast. Plant Disease, St. Paul, v.78, n.2, p.113-116, 1994. WILSON, J.P. & GATES, R.N. Forage yield losses in hybrid pear millet due to leaf blight caused primaraly by Pyricularia grisea. Phytopathology, St. Paul, v.83, n.7, p.739-743, 1993. WINDLES, C.E. & HOLEN, C. Association of Bipolaris sorokiniana, Fusarium graminearum group 2, and F. culmorum on spring wheat in severity of common root rot. Plant Disease, St. Paul, v.73, n.12, p.953-956, 1989. WINK, R.F. Fungos em sementes de sete espécies forrageiras no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Pós-Graduação em Agonomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1987. 99f. (Dissertação Mestrado). "#"#"