O DESAFIO DOS SENSORES REMOTOS NO INVENTÁRIO DE BIOMASSA SÓLIDA. José Rafael M. Silva; Adélia Sousa; e Paulo Mesquita

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Transcrição:

O DESAFIO DOS SENSORES REMOTOS NO INVENTÁRIO DE BIOMASSA SÓLIDA José Rafael M. Silva; Adélia Sousa; e Paulo Mesquita 1

A Detecção Remota e uma técnica que nos permite obter informação sobre um objecto ou fenómeno pela analise de dados recolhidos por um dispositivo que não esta em contacto com o objecto ou fenómeno, ou seja sem contacto mecânico. Esta definição é muito generalista, porque também cobre campos das técnicas de comunicação e das percepções sensoriais. 2

Na pratica, a maioria das aplicações que são consideradas fazendo parte da detecção remota tem que se enquadrar nos seguintes critérios: 1. A transferência de informação entre o alvo e o sensor (observador) ocorre por meio de radiação electromagnética. Isto imediatamente exclui a detecção remota por meio de ondas sonoras (fala, sentido de audição, mas também o som via sonar) ou por via química (cheiro, feromonas,...) 3

Na pratica, a maioria das aplicações que são consideradas fazendo parte da detecção remota tem que se enquadrar nos seguintes critérios: 2. A observação leva à produção de uma imagem espacial. Esta condição elimina um vasto campo de ferramentas de comunicação (telefone telegrafo, rádio...) que são também baseadas na transferência de ondas electromagnéticas 4

Na pratica, a maioria das aplicações que são consideradas fazendo parte da detecção remota tem que se enquadrar nos seguintes critérios: 3. As imagens terão que ser em formato digital, como tal, podem ser armazenadas processadas e interpretadas em computadores. Desta maneira, a visão humana, a fotografia e a fotografia aérea clássica (imagens analógicas) ficam fora do âmbito da detecção remota. 5

A detecção remota por satélite baseia-se no princípio de que todos os objectos da superfície terrestre reemitem a energia que recebem do Sol sob a forma de radiação electromagnética. Essa energia é captada pelos sensores do satélite, sendo depois convertida para valores digitais e enviada para estações terrestres, para poder ser devidamente tratada e interpretada. 6

A radiação electromagnética (REM) é uma forma de energia que e transferida num certo período de tempo, de um ponto para o outro. Passa portanto por um aspecto energético e por um aspecto temporal; A REM apenas é perceptível quando colide com uma determinada superfície. Daí apresentar também uma dimensão espacial. 7

Um quarto aspecto a ser considerado, é a distribuição hemisférica da REM: a REM, que chega a uma determinada superfície, varia com a orientação; O quinto e ultimo aspecto deve-se à componente espectral: a radiação é composta por diferentes comprimentos de onda. 8

Espectro Electromagnético: É a distribuição da intensidade da radiação electromagnética com relação ao seu comprimento de onda ou frequência. 9

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As principais regiões do espectro electromagnético, do ponto de vista da detecção remota óptica e térmica, têm a seguinte localização: ultravioleta: 0,30 a 0,38 mm; visível: 0,38 a 0,70 mm; infravermelho: 0,7 μm a 100 μm 11

Corresponde aos comprimentos de onda mais curtos, utilizados principalmente na detecção de rochas e minerais que fluorescem ou emitem luz visível quando irradiados com radiação UV. 12

Violeta: 0.400-0.446 μm Azul: 0.446-0.500 μm Verde: 0.500-0.578 μm Amarelo: 0.578-0.592 μm Laranja: 0.592-0.620 μm Vermelho: 0.620-0.700 μm 13

A região dos infravermelhos pode ser dividida em três categorias, dependendo das propriedades da radiação: Região do infravermelho próximo: 0.7 a 1.3 μm Região do infravermelho médio: 1.3 a 3 μm Região do infravermelho térmico: 3 a 100 μm radiação emitida pela superfície da Terra, ou corpos, sob a forma de calor. 14

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A maioria dos objectos naturais dá origem a uma reflexão mista. O comportamento espectral da superfície depende assim da sua irregularidade, relativamente ao comprimento de onda da radiação incidente. Curvas de reflectância espectral típicas da vegetação, solo e água. 17

Água: A radiação electromagnética com maiores comprimentos de onda (e.g. visível e infravermelho próximo) são normalmente mais absorvidas do que a radiação com comprimentos de onda mais curtos (e.g. azul). Efeito da água na reflectância das folhas de milho 18

Solos: A curva espectral dos solos caracteriza-se por uma reflectividade baixa na região do visível, aumentando gradualmente com o incremento do comprimento de onda das radiações (comportamento inverso ao da água). Curvas de reflectância espectral de um solo arenoso 19

Vegetação: A assinatura espectral da vegetação varia consoante as espécies presentes na área observada, e ainda dentro da mesma espécie podem surgir factores (composição, estrutura, forma e teor de água) que modificam a sua curva espectral característica. 20

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