ANÁLISE EXPERIMENTAL DE DOIS SISTEMAS CONSTRUTIVOS DE LAJES UNIDIRECIONAIS NERVURADAS

Documentos relacionados
ANÁLISE EXPERIMENTAL COMPARATIVA DE LAJES UNIDIRECIONAIS NERVURADAS PARA DIFERENTES PROCESSOS CONSTRUTIVOS.

ANÁLISE EXPERIMENTAL DA INFLUÊNCIA DE UMA TRELIÇA ELETROSOLDADA INCORPORADA EM VIGA DE CONCRETO ARMADO NOS DESLOCAMENTOS VERTICAIS

AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL DA EFETIVIDADE DA CAPA DE COMPRESSÃO NO DIMENSIONAMENTO COMO SEÇÃO T EM VIGOTAS DE LAJES PRÉ-FABRICADAS DE CONCRETO ARMADO

AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL DA CAPACIDADE PORTANTE DE VIGOTAS PRÉ-FABRICADAS TRELIÇADAS TR UTILIZADAS EM LAJES UNIDIRECIONAIS, SUJEITAS A FLEXÃO.

AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL DA INFLUÊNCIA DA TRELIÇA ELETROSOLDADA NO DESLOCAMENTO VERTICAL EM VIGOTAS DE LAJE PRÉ-FABRICADAS DIMENSIONADAS COMO SEÇÃO T

Artigo submetido ao Curso de Engenharia Civil da UNESC - como requisito parcial para obtenção do Título de Engenheiro Civil

A INFLUÊNCIA DOS DIFERENTES PROCEDIMENTOS DE CURA NA CAPACIDADE PORTANTE E ABERTURA DE FISSURAS DE VIGAS DE CONCRETO ARMADO.

ANÁLISE DAS TIPOLOGIAS DE LAJES MAIS UTILIZADAS POR CONSTRUTORAS NA CIDADE DE MARAU RS

ESTUDO EXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE VIGAS OCAS

ANÁLISE EXPERIMENTAL DA INFLUÊNCIA DA GEOMETRIA DA SEÇÃO TRANSVERSAL NA CAPACIDADE PORTANTE DE VIGAS DE CONCRETO ARMADO

ESTUDO DA CAPACIDADE PORTANTE DE VIGAS DE CONCRETO ARMADO SUBMETIDAS À FLEXÃO COM DIFERENTES COMPRIMENTOS DE TRASPASSE NA ARMADURA PRINCIPAL

Agleílson Reis Borges 1, José Guilherme Silva Melo 2, Dênio Ramam Carvalho de Oliveira 3.

ANÁLISE EXPERIMENTAL DA CAPACIDADE PORTANTE DE VIGOTAS TRELIÇADAS E PROTENDIDAS UTILIZADAS EM LAJES PRÉ FABRICADAS USUAIS

Análise experimental comparativa entre lajes com vigota treliçada e comum

RELATÓRIO TÉCNICO PRELIMINAR. LUCIANO MÓDENA (Engº Civil) PRÉ-ENSAIO DE LAJES PRÉ-MOLDADAS E MOLDADAS IN-LOCO COM ARMAÇÃO TRELIÇADA.

Tecnologia da Construção Civil - I Estruturas de concreto. Roberto dos Santos Monteiro

5 Resultados Experimentais

AVALIAÇÂO DA INFLUÊNCIA DE DIFERENTES TIPOS DE CURA EM VIGAS DE CONCRETO ARMADO

3. Descrição dos Testes Experimentais

4 Ensaios Principais: Descrição e Apresentação dos Resultados

ANÁLISE EXPERIMENTAL DE VIGAS EM CONCRETO ARMADO COM FURO NA ALMA PRÓXIMO AO APOIO UTILIZANDO ARMADURA DE REFORÇO.

ES013. Exemplo de de um Projeto Completo de de um de deconcreto Armado

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO ESTRUTURAL EM VIGAS DE CONCRETO ARMADO COM DIFERENTES COBRIMENTOS João Pedro Lopes Daitx (1); Bruno do Vale Silva (2)

SUBSTITUIÇÃO TOTAL DO AÇO, USANDO BAMBU COMO ARMADURA DE COMBATE A FLEXÃO EM VIGAS DE CONCRETO.

Aços Longos. Soluções Lajes

AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL DA INFLUÊNCIA DA TRELIÇA ELETROSOLDADA NA FLECHA DE VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

ESTUDO DE VIGAS DE CONCRETO ARMADO SUBMETIDAS À FLEXÃO COM DIFERENTES COMPRIMENTOS DE TRASPASSE NA ARMADURA PRINCIPAL

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL. Profª Aline Cristina Souza dos Santos

ANÁLISE COMPARATIVA DA CAPACIDADE PORTANTE DE VIGAS DE CONCRETO ARMADO COM DIFERENTES COMPRIMENTOS DE TRASPASSE NA ARMADURA DE FLEXÃO

ANÁLISE COMPARATIVA DA INFLUÊNCIA DA LIGAÇÃO VIGA-PILAR NA CAPACIDADE DE CARGA DE VIGAS DE CONCRETO PRÉ-MOLDADO

3 PROGRAMA EXPERIMENTAL

3 Programa Experimental

ECA ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO Fernando de Moraes Mihalik

ESTUDO TEÓRICO-EXPERIMENTAL DE TRELIÇA ELETROSSOLDADA PARA APLICAÇÃO COMO TERÇA EM COBERTURAS

ANÁLISE EXPERIMENTAL DE REFORÇO COM FIBRA DE CARBONO NO COMBATE AO CISALHAMENTO EM VIGAS DE CONCRETO ARMADO

LAJES MACIÇAS CONVENCIONAIS, NERVURADAS COM CUBAS PLÁSTICAS E NERVURADAS TRELIÇADAS: ANÁLISE COMPARATIVA 1

Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Engenharia. Especialização em Estruturas TRABALHO FINAL

ANÁLISE EXPERIMENTAL DA CAPACIDADE PORTANTE DE TERÇAS PRÉ-FABRICADAS DE CONCRETO PROTENDIDO

CONSTRUÇÃO DE UMA FERRAMENTA NUMÉRICA PARA ANÁLISE DE RADIERS ESTAQUEADOS

ANÁLISE EXPERIMENTAL DA INFLUÊNCIA DA GEOMETRIA DA SEÇÃO TRANSVERSAL NA CAPACIDADE PORTANTE DE VIGAS DE CONCRETO ARMADO NO DOMÍNIO 3

EDI-49 Concreto Estrutural II

ESTUDO NUMÉRICO E EXPERIMENTAL DE TUBOS DE CONCRETO ARMADO SUBMETIDOS À COMPRESSÃO DIAMETRAL

VIGOTAS TRELIÇADAS PROTENDIDAS: ANÁLISE EXPERIMENTAL E ESTUDO DE ESCORAMENTO

Fundamentos de Estruturas

ANÁLISE EXPERIMENTAL DE VIGAS DE CONCRETO ARMADO SUJEITAS À FLEXÀO REFORÇADAS COM FIBRA DE CARBONO

ANÁLISE COMPARATIVA ESTRUTURAL E QUANTITATIVA ENTRE LAJES MACIÇAS CONVENCIONAIS E NERVURADAS

COMPARATIVO ENTRE DIFERENTES TIPOS DE CONTRAVERGAS A PARTIR DE ENSAIO DE RESISTÊNCIA À FLEXÃO A QUATRO PONTOS

4 Descrição do Programa Experimental

4 Programa Experimental 4.1. Parâmetros de Projeto

Análise do Efeito da Protensão em Lajes Pré-moldadas com Armação Treliçada

LIGAÇÃO VIGA-PILAR EM ELEMENTOS PRÉ-MOLDADOS DE CONCRETO SOLIDARIZADOS POR CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS DE AÇO: ANÁLISES ESTÁTICA E DINÂMICA

AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL DA RESISTÊNCIA À FLEXÃO DE VIGAS DE CONCRETO ARMADO SUJEITAS A SITUAÇÃO DE INCÊNDIO

CANALETA MULTIFUNCIONAL Para laje nervurada e bidirecional

3 Estudo experimental

ESTUDO COMPARATIVO DAS DEFORMAÇÕES DE LAJES NERVURADAS BIDIRECIONAL E TRIDIRECIONAL

A NBR é constituída pelas seguintes partes, sob o título geral Laje pré-fabricada - Pré-laje - Requisitos :

Introdução vigas mesas. comportamento laje maciça grelha.

Estudo de Caso: Precon Engenharia S.A.

ESTUDO NUMÉRICO SOBRE AS DIMENSÕES MÍNIMAS EM PILARES DE CONCRETO ARMADO PARA EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS TÉRREAS

Artigo submetido ao Curso de Engenharia Civil da UNESC - como requisito parcial para obtenção do Título de Engenheiro Civil

DEFORMAÇÃO EM VIGAS DE CONCRETO PROTENDIDO: UM ESTUDO DE CASO Strain in Prestressed Concrete Beams: Case Study

USP UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO IEE INSTITUTO DE ELETROTÉCNICA E ENERGIA LABORATÓRIO MODELO E SEDE DO CENDAT REVISÃO 00 06/09/2013

ANÁLISE EXPERIMENTAL DA INFLUENCIA DA ARMADURA DE PELE NO COMBATE AO CISALHAMENTO EM VIGAS DE CONCRETO ARMADO

ANÁLISE COMPARATIVA DOS DESLOCAMENTOS EM DIFERENTES TIPOLOGIAS DE LAJES PRÉ-FABRICADAS

Lajes Nervuradas. Prof. Henrique Innecco Longo

ANÁLISE NUMÉRICO-EXPERIMENTAL DE VIGAS DE MADEIRA REFORÇADAS POR PRFC

Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Engenharia. Especialização em Estruturas TRABALHO FINAL CÁLCULO DE LAJES NERVURADAS

Iana Ingrid Rocha Damasceno (1); Leila Cristina Nunes Ribeiro (1); Leonyce Sousa dos Santos (1); Dênio Ramam Carvalho de Oliveira (2)

Manual de Recomendações para Laje Convencional - LC Amigo construtor:

Resumo. Palavras-chave: laje pré-moldada; laje pré-moldada treliçada; concreto armado; analogia de grelha; comportamento não-linear.

Artigo submetido ao Curso de Engenharia Civil da UNESC - como requisito parcial para obtenção do Título de Engenheiro Civil

3 Programa Experimental

COMPARATIVO DA UTILIZAÇÃO DE DIFERENTES TIPOS DE LAJES EM EDIFÍCIO DE CONCRETO ARMADO

Engenharia Civil Alvenaria Estrutural

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DO REFORÇO COM CHAPA COLADA EM VIGAS DE CONCRETO ARMADO PÓS-FISSURAÇÃO

Relatório Técnico. Analise de sistemas de lajes.

Universidade Federal de Itajubá Instituto de Recursos Naturais. Cálculo Estrutural EHD 804 MÉTODOS DE CONSTRUÇÃO. Profa.

Módulo 1 Visão Geral e Impactos da Nova Norma NB-1. Histórico do Processo de Revisão. Impactos da Nova NBR 6118

AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO NA COMPRESSÃO E FLEXÃO UTILIZANDO CONCRETO FRESCO EM DIFERENTES TEMPOS DE APLICAÇÃO.

Modelo bilinear para análise de lajes de concreto armado. Bilinear model for reinforced concrete slabs analysis

4 Descrição dos Ensaios Experimentais

ANÁLISE EXPERIMENTAL DE VIGAS DE CONCRETO ARMADO REFORÇADAS À FLEXÃO COM POLÍMERO REFORÇADO COM FIBRA DE CARBONO

SISTEMAS ESTRUTURAIS (CONCRETO)

NORMAS PERTINENTES (hierarquia):

3. METODOLOGIA Introdução

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE O USO DO CÁLCULO MANUAL E DE UM SOFTWARE COMPUTACIONAL NO DIMENSIONAMENTO DE LAJES MACIÇAS

II ENCONTRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA ANALISE COMPARATIVA DE AREA DE AÇO EM LAJE MACIÇA ATRAVÉS DO MÉTODO DE ANALOGIA DAS GRELHAS E TEORIA DAS PLACAS

PROGRAMA DE DISCIPLINA

ANÁLISE EXPERIMENTAL DE VIGAS EM CONCRETO ARMADO SUJEITAS À FLEXÃO, REFORÇADAS COM PERFIL DE AÇO

Programa Analítico de Disciplina CIV354 Concreto Armado I

Aços Longos. Telas Soldadas Nervuradas

Lajes Treliçadas com Blocos EPS

Trelifácil. Informações do produto. Aplicação

Justificativa. Histórico Bibliográfico

Considerações sobre o Projeto de Estruturas de Edificações de Concreto Armado

ELEMENTOS PRÉ-MOLDADOS UTILIZADOS EM SILOS PRISMÁTICOS, MODULARES DE CONCRETO ARMADO PREFABRICATED MULTICELLS SILOS MODULES IN CONCRETE

ANALISE EXPERIMENTAL DA INFLUÊNCIA DA ARMADURA DE PELE NO COMBATE AO CISALHAMENTO EM VIGAS DE CONCRETO ARMADO

ANÁLISE EXPERIMENTAL DA INFLUÊNCIA DA MACRO FIBRA DE AÇO NA ÁREA TRACIONADA DA VIGA DE CONCRETO ARMADO

ANÁLISE EXPERIMENTAL DE VIGAS DE CONCRETO ARMADO REFORÇADAS AO CISALHAMENTO COM CHAPA DE AÇO

AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL DA UTILIZAÇÃO DE CONCRETO FRESCO APÓS 150 MINUTOS, ADICIONANDO ADITIVO PARA CORREÇÃO DO ABATIMENTO

Transcrição:

ANÁLISE EXPERIMENTAL DE DOIS SISTEMAS CONSTRUTIVOS DE LAJES UNIDIRECIONAIS NERVURADAS EXPERIMENTAL ANALYSIS OF TWO BUILDING SYSTEMS OF SLABS OF RIBBED UNIDIRECTIONAL Ricardo Frazzetto Guetner 1 ; Alexandre Vargas; Daiane dos Santos; Bruno do Vale Silva 2 Resumo O uso de vigotas pré-fabricadas de concreto para a execução de lajes nervuradas é comumente utilizado em construções de concreto armado devido sua rapidez e praticidade. Entretanto em determinados casos quando a falta de qualidade, controle e continuidade de fornecimento por parte dos fabricantes de vigotas, obrigam as construtoras adotarem métodos alternativos de construção. Um desses métodos é a construção de lajes nervuras concretadas in loco. Deste modo o presente estudo tem como objetivo analisar experimentalmente o comportamento estrutural desses dois sistemas de lajes nervuradas unidirecionais. Para a realização do estudo foram fabricados dois tipos de protótipos de lajes: (A) com vigotas pré-fabricadas e (B) com nervuras concretadas in loco. Para cada tipo, fabricou-se três protótipos com dimensões de 250x90x12 cm. Os protótipos foram submetidos ao ensaio de resistência à flexão em 4 pontos. Os resultados mostram que para o carregamento em que são solicitadas usualmente (ELS), as lajes do tipo A e B não apresentam diferença estatisticamente significativas, entretanto para cargas maiores ocorre diferenças consideráveis. Palavras Chave: Lajes pré-fabricadas; Lajes moldadas in loco, Resistência à flexão. Abstract The use of prefabricated beams of concrete for the execution of slabs is commonly used in reinforced concrete construction, it ensures speed and practicality in implementation. However in certain cases where the lack of quality control and continuity of supply from manufacturers, forcing builders to adopt alternative methods of construction. One of these methods is the construction of ribbed slabs concreted in loco. Therefore this study aims to examine experimentally the structural behavior of these two systems unidirectional slabs. To conduct the study were manufactured two types of prototype slabs: (A) with precast beams and (B) ribbed concreted in loco. For each type, there are three prototypes fabricated with dimensions of 250x90x12 cm. The prototypes underwent testing flexural strength at 4 points. The results show that for loading in which they are usually applied (ELS) slabs of type A and B show no statistically significant differences occur with considerable larger loads. Key Words: Prefabricated slabs; Slabs molded in loco; Flexural strength. 1. INTRODUÇÃO No ramo da construção civil a busca por soluções estruturais que propiciem o melhor custo/benefício aliado a qualidade final da estrutura sempre foi um dos tópicos 1 Eng. Civil, E-mail: ricardoguetner@hotmail.com 2 Professores, Departamento de Engenharia Civil, Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), E-mails: avargas@unesc.net; dss.engcivil@gmail.com; dovalesilva@unesc.net 30

mais relevantes e desafiadores para as construtoras. Dentro deste escopo, as lajes maciças foram as poucos sendo substituídas por lajes pré-fabricadas, as quais tornaramse comuns em pavimentos de edifícios residenciais e comerciais de pequeno e médio porte, pois minimizam o uso de formas, diminuem a quantidade de escoramento, aliado ao fácil manuseio e montagem [5] e [6]. Um dos motivos desta mudança é que as lajes maciças podem ser antieconômicas em determinados casos, devido ao seu elevado peso próprio. Nas lajes pré-fabricadas, a zona de tração é constituída por nervuras entre as quais podem ser colocados materiais inertes, de forma a tornar plana a superfície externa. Os materiais inertes devem ter peso específico reduzido em comparação com o peso específico do concreto [3]. Este sistema construtivo com lajes pré-fabricadas é regulamentado pelas normas NBR 14859-1/2 [2] e [3] as quais subdividem as lajes em unidirecionais ou bidirecionais. Basicamente o sistema de lajes pré-fabricadas é constituído de vigotas pré-fabricadas, material de enchimento e capa de concreto moldada in loco. O processo de fabricação das vigotas pré-fabricadas é de relativa facilidade de implementação, deste modo surgiram no mercado inúmeras empresas especializadas neste ramo. Muitas destas empresas não tem qualificação suficiente para produzir vigotas pré-fabricadas em grande escala para atender a alta demanda das construtoras e por conseguinte não conseguem atender aos requisitos mínimos de controle de qualidade requeridos pelas normas. Deste modo algumas construtoras buscam por sistemas construtivos alternativos, como as lajes com as nervuras concretadas in loco. Esta pesquisa comparou protótipos de lajes com vigotas pré-fabricadas e protótipos de lajes com vigotas moldadas in loco quanto ao seus comportamentos estruturais no ensaio de resistência a flexão em 4 pontos. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Para o desenvolvimento do estudo foram moldadas seis protótipos de lajes nervuradas unidirecionais, divididas em dois tipos. O primeiro tipo (A), foi constituído de três protótipos de lajes com seção transversal de (90 x 12)cm e 250 cm de comprimento, usando como nervuras vigotas pré-fabricadas com concreto de 31

fcm=25 MPa. A armadura utilizada para cada vigota foi composta de dois fios com 5,0mm de diâmetro de aço CA-60. Conforme mostra a Figura 1. Figura 1 Detalhe dos protótipos de lajes tipo A (m). O segundo tipo (B), foi constituído de protótipos de três lajes com as mesmas dimensões do tipo A. Suas nervuras foram concretadas in loco, juntamente com a capa de concreto de 4 cm, tendo como armadura dois fios de 5mm de diâmetro de aço CA-60 para cada nervura. Conforme representado na Figura 2. Figura 2 Detalhe dos protótipos de lajes tipo B (m). Para a concretagem das amostras foi utilizado concreto usinado com 32

fcm=25 MPa, valor igual ao das vigotas pré-fabricadas. Foram moldados corpos de prova e ensaiados após vinte e oito paro o controle da resistência à compressão. A Figura 3 (a), (b) e (c) mostram algumas etapas da fabricação dos protótipos. Figura 3. (a)montagem das formas (b)adensamento (c)regularização Após 28 dias de fabricação, os protótipos foram submetidos ao ensaio de resistência à flexão em 4 pontos. As lajes foram posicionadas sob um pórtico de reação e aplicou-se a carga mediante cilíndrico hidráulico de controle elétrico com capacidade de 500 kn. Aplicou-se o carregamento nos terços médios do vão com velocidade aproximada inferior a 0,1 kn/s. Aplicou-se a carga transversalmente nos terços médios do protótipo por meio de uma viga de distribuição metálica com perfil I sobre 2 roletes, como pode ser observado no desenho esquemático da Figura 4. Os valores de carga foram registrados por meio de uma célula de carga posicionada entre o cilíndrico hidráulico e a viga de distribuição. Foram medidos os deslocamentos verticais no centro do vão com a utilização de dois transdutores indutivos de deslocamentos (LVDT - Linear Variable Differential Transformes) posicionados em lados opostos do vão central, com capacidade de leitura de 100 mm. Foi utilizado o sistema de aquisição de dados QuantumX (marca HBM) com interface com o software CatmanEasy. 33

Figura 4 Desenho esquemático do ensaio de flexão em 4 pontos. O procedimento do ensaio adotou a sequencia: i) Posicionou-se o protótipo de laje conforme ilustra a Figura 5(a); ii) Inicialmente foi realizado dois ciclos de pré-carga visando à acomodação do protótipo, carregando até 5% de sua carga de ruptura e descarregando em seguida; iii) Após a acomodação do protótipo, iniciou-se o carregamento até a carga de serviço (calculada em 5,18 kn) e logo em seguida descarregou-se; iv) O segundo carregamento foi realizado até o deslocamento de L/250 (calculado em 9,6 mm) e descarregando-se novamente, este dado corresponde ao ELS, critério da NBR 6118 [4]; v) Ao final os protótipos foram carregados até o instante em que, embora houvesse tentativa de aplicação de carregamento, eles só apresentavam aumento de deformação; vi) No decorrer dos ensaios de flexão, registrou-se o surgimento e desenvolvimento das fissuras que ocorreram nas superfícies do protótipo. A Figura 5 (b) e (c) demonstram a marcação das aberturas de fissuras e a configuração da laje após a ruptura, respectivamente. 34

Figura 5: Posicionamento do protótipo de laje. (b) Marcação das aberturas de fissuras (c) Configuração do protótipo de laje após ruptura. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na análise da flecha (ou deslocamento vertical) no carregamento de serviço (ELS), os protótipos do tipo A (vigotas pré-fabricadas) obtiveram deslocamentos 38,9% maior que o tipo B (vigotas moldadas in loco). Os resultados estão apresentados nas Tabelas 1 e 2. Tabela 1 Comportamento dos protótipos tipo A no carregamento de serviço. Tabela 2 Comportamento do tipo B no carregamento de serviço. Na análise do carregamento necessário para atingir a flecha (ou deslocamento vertical) máxima permitida por norma L/250, verificou-se que o tipo A apresentou um carregamento 49,0% maior que o tipo B para atingir a flecha determinada limite permitida por norma. Os resultados estão dispostos nas Tabelas 3 e 4. Tabela 3 Comportamento do tipo A na flecha máxima permitida por norma. 35

Tabela 4 Comportamento do tipo B na flecha máxima permitida por norma. Nas Tabelas 5 e 6, encontram-se os valores obtidos para levar a peça a ruptura, onde o tipo A apresenta um carregamento 12,6% superior ao tipo B, e uma flecha 32,5% também superior. Tabela 5 Comportamento do tipo A na ruptura Tabela 6 Comportamento do tipo B na ruptura 36

Os resultados demonstram que há um comportamento diferente entre os dois tipos de protótipos de lajes estudados, tanto para a flecha como para a capacidade de suporte. O comportamento dos ensaios na íntegra com os determinados instantes de aplicação de carga encontram-se dispostos nas Figuras 7 e 8, onde podem ser observadas claramente a diferença de comportamento entre o tipo A e o tipo B. Figura 6 Comportamento dos ensaios para os protótipos tipo A. Figura 7 Comportamento dos ensaios para os protótipos tipo B. 37

Realizou-se a análise estatística ANOVA (análise de variância) para verificar se o tipo A e B apresentaram resultados distintos, no que se refere: (a) deslocamento no estado limite de utilização (ELS) - (5,18 kn); (b) carga para atingir o deslocamento de L/250 - (9,6 mm); (c) carga máxima de ruptura; (d) deslocamento na carga de ruptura. A análise estatística demonstrou que apenas para o deslocamento no ELS (a) os resultados foram estatisticamente iguais e nos demais testes (b), (c) e (d) demonstrou que os valores foram estaticamente diferentes. Os gráficos das Figuras 8, 9, 10 e 11 mostram as análises realizadas. 3 Current effect: F(1, 4)=4,3962, p=,10404 Vertical bars denote 0,95 confidence intervals 2 1 Deslocamento - ELS (mm) 0 A B Grupo Figura 8 Análise ANOVA - Resultados de deslocamento no ELS. 38

50 Current effect: F(1, 4)=23,027, p=,00866 Vertical bars denote 0,95 confidence intervals 40 30 Carga - L/250 (kn) 20 10 0 A B Grupo Figura 9 Análise ANOVA - Resultados de carregamento no L/250. Current effect: F(1, 4)=6,3592, p=,06523 Vertical bars denote 0,95 confidence intervals 50 40 30 20 Carga Ruptura (kn) 10 0 A B Grupo Figura 10 Análise ANOVA - Resultados de carregamento na ruptura. 39

80 Current effect: F(1, 4)=9,6089, p=,03623 Vertical bars denote 0,95 confidence intervals 70 60 50 40 30 Deslocamento Ruptura (m 20 10 0 A B Grupo Figura 11 Análise ANOVA - Resultados de deslocamento na ruptura. 4. CONCLUSÕES Os resultados obtidos mostram que ocorre similaridade de comportamento estrutural apenas na carga de serviço, onde usualmente é solicitada a estrutura, tornando possível a utilização de qualquer um dos sistemas construtivos neste caso específico. Entretanto quando ocorre o aumento de carregamento o comportamento estrutural se modificou, os valores foram distintos na carga para atingir L/250, em que o tipo A apresentou um desempenho de 49,0% superior ao tipo B, e para a flecha na carga de ruptura, que foi 32,5% também superior para o tipo A. Em resumo pode-se concluir que a utilização de lajes nervuradas concretadas in loco trata-se de um possível método alternativo ao de lajes nervuradas pré-fabricadas adotado por construtoras que necessitam de medidas rápidas que aliem o melhor custo/benefício. Entretanto mais análises estruturais devem ser realizadas, principalmente no que tange a durabilidade deste tipo de sistema. 5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA [1] ARAÚJO, J. M. Curso de concreto armado. Rio Grande: Editora DUNAS, 2003. [2] ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14859-1: laje préfabricada: requisitos Parte 1: lajes unidirecionais. Rio de Janeiro, 2002a. 40

[3] ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14859-2: laje préfabricada: requisitos Parte 2: lajes bidirecionais. Rio de Janeiro, 2002b. [4] ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6118: projeto de estruturas de concreto: procedimento. Rio de Janeiro, 2007. [5] CHUST, A. C.; FIGUEIREDO Fº, J. R. Concreto armado: cálculo e detalhamento de estrutura. 2. ed. São Carlos: Edusfcar, 2005. [6] SANTOS, A. C.; PIANA R. C. Análise numérica e experimental de vigotas prémoldadas em concreto armado para emprego em lajes nervuradas. Acta Scientiarum. Technology, Maringá, v. 33, n. 3, p. 253-258, 2010. 41