Prof. Antonio Campino 1
Prof. Antonio Carlos Coelho Campino Professor do Departamento de Economia da FEA- USP desde 1970. ú Criou e leciona a disciplina de Economia da Saúde, a nível de graduação e pós-graduação. Assessor em Economia da Saúde da OPAS/OMS de 1989 a 1996. Atualmente é diretor no Brasil do projeto Financiamiento en salud, equidad y pobreza en América Latina (IDRC/Funsalud/Fipe) ACCA Consultores Associados em Economia S/S Ltda 2
Aumento na proporção de idosos => Aumento de custos de atenção de saúde. Transição epidemiológica, consequência da transição demográfica e da transição nutricional. Aumento de custos => quase 7% dos domicílios brasileiros gastam mais de 20% de sua renda (ajustada) em saúde. Aprox. 1% gastam mais de 40% da renda (ajustada). Implicações destes processos para as empresas de seguro-saúde como a Unimed. 3
Transição demográfica Transição nutricional Transição epidemiológica Profa. Flavia Mori Sarti e Prof. Antonio Campino: (slides 3 a 15) Apresentação realizada no seminário Gastos Catastróficos em Saúde no Brasil: Apresentação de Resultados de Estudos. Disponível em http://www.usp.br/feaecon/gastosemsaude/arquivos/apresentacoes.zip. 4
Brasil 2004 Brasil 1984 FONTE: CBJP (Com.Bras.Justiça e Paz) 5
TENDÊNCIA SECULAR DO CONSUMO ALIMENTAR NO BRASIL % KCAL TOTAL 15 12 FRUTAS HORTALIÇAS 9 6 3 0 1975 1987 1996 2003 FONTE: POF (IBGE) 6
TENDÊNCIA SECULAR DO CONSUMO ALIMENTAR NO BRASIL % KCAL TOTAL 15 BISCOITOS ALIM. PRONTOS EMBUTIDOS REFRIGERANTES 12 9 6 3 0 1975 1987 1996 2003 FONTE: POF (IBGE) 7
TENDÊNCIA SECULAR DO CONSUMO ALIMENTAR NO BRASIL % KCAL TOTAL 60 50 CEREAIS LEGUMINOSAS TUBÉRCULOS 40 30 20 10 0 1975 1987 1996 2003 FONTE: POF (IBGE) 8
TENDÊNCIA SECULAR DO SOBREPESO NO BRASIL 60 1975 1989 2003 % IMC >= 25 k 40 20 18,6 29,5 41 40,7 39,2 28,6 0 HOMENS MULHERES FONTE: ENDEF/PNSN/POF (IBGE) 9
TENDÊNCIA SECULAR DA OBESIDADE NO BRASIL 20 1975 1989 2003 % IMC >= 30 15 10 5 2,8 5,1 8,8 7,8 12,8 12,7 0 HOMENS MULHERES FONTE: ENDEF/PNSN/POF (IBGE) 10
Transição Epidemiológica Maiores Causas de Mortalidade em Países Desenvolvidos e Países em Desenvolvimento 1985 e 2015 (%) Causas Países Desenvolvidos Países em Desenvolvimento 1985 2015 1985 2015 Infecções 9 7 36 19 Complicações relativas a gestação 0 0 1 1 Problemas perinatais 1 1 8 5 Subtotal 1 10 8 45 25 Neoplasias 18 18 7 14 Problemas circulatórios 50 53 19 35 Acidentes 6 5 8 7 Subtotal 2 74 76 34 56 Outras 15 16 21 19 Número total de mortes (milhões) 12,0 14,5 37,9 47,8 Fonte: Jamison D.T., Mosley W., Measham A. R., Bobadilla J. (Eds.) 1993. Disease Control Priorities in Developing Countries. New York: Oxford University Press for the World Bank, p.679. 11
FATORES QUE AFETAM O CRESCIMENTO NO DISPÊNDIO MÉDICO NOS EUA. Ano Preços População Intensidade 65-80 = 100 58 9 33 Prof. Antonio Campino SAÚDE E DESENVOLVIMENTO SOCIAL NO BRASIL. São Paulo, 24/10/2007 12
O aumento relativo na proporção de idosos, a maior longevidade, e a conseqüente elevação do custo da saúde, tem implicações sobre as empresas de seguro saúde. Aumenta o custo para as empresas ú não podem aumentar o prêmio de seguro para as pessoas de 60 anos ou mais de idade => transferência intergeneracional dos custos da saúde. ú as empresas são prejudicadas pela ocorrência de seleção adversa (os mais jovens tendem a não fazer seguro-saúde). [oportunismo pré-contratual] ú e prejuízo moral (moral hazard) [oportunismo póscontratual] 13
POF Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003 48.470 observações Análise Regional: por Grandes Regiões. 14
100 Curvas de Concentração de Renda e Saúde. Brasil, 2003. Igualdade Renda Saúde Seguro Saúde 80 % Renda ou Gasto Acumulado 60 40 20 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Decis de População Fonte: Iunes, Roberto (2009).. Apresentação realizada no seminário Gastos Catastróficos em Saúde no Brasil: Apresentação de Resultados de Estudos. Disponível em http://www.usp.br/feaecon/gastosemsaude/arquivos/apresentacoes.zip 15
} Dispêndio em saúde superior a 40% da capacidade de pagamento } Alguns estudos mostram em } 10,3% domicílios (Xu et al 2003) PPV 1996/97 } <1% domicílios (Diniz et al 2007) POF 2002/03 } Diferenças devido a } Ausência de dados sobre gastos não-monetários na PPV } Amostra e foco das pesquisas } PPV 1996/97 Regiões NE e SE Análise de Padrões de Vida } POF 2002/03 Brasil Análise de Orçamento Familiar Prof. Antonio Campino SAÚDE E DESENVOLVIMENTO SOCIAL NO BRASIL.. São Paulo, 24/10/2007 16
Famílias com Gasto Catastrófico em Saúde (para famílias com gasto positivo) (Em %) Linha de corte Em relação à capacidade de pagamento a Em relação à renda total descontando gasto com alimentação Em relação à renda monetária descontando gasto com alimentação Em relação à renda monetária sem descontar gasto com alimentação b OOP Saúde OOP Saúde OOP Saúde OOP Saúde 40 0,6 0,8 1,9 2,2 6,0 6,8-3,7 30 1,8 2,1 3,1 3,7 8,5 9,7 - - 20 4,9 6,3 6,1 7,3 13,9 16,3-12,0 10 17,0 22,2 16,3 20,5 27,2 33,3 23,0 - Fonte: IBGE/POF de 2002-2003. Estimativas de Silveira et alii (2007) a partir dos microdados (Ipea texto para discussão no. 1278) Nota: OOP é o desembolso direto das famílias excluídos os gastos com planos de saúde; e saúde é o gasto total com saúde das famílias. a A capacidade de pagamento foi calculada conforme metodologia de Xu et al. (2003), considerando-se como base de cálculo o gasto total das famílias. É o único caso dessa tabela onde o denominador é o gasto e não a renda. b Nesta última coluna foram destacados apenas os valores para três linhas de corte porque o objetivo era comparar com o trabalho de Bos e Waters (2006) que apresentam informações para essas três linhas de corte. 17
} Metodologia apresenta impacto significativo nos resultados } Análise efetuada } Dispêndios domiciliares diretos e indiretos em saúde em relação à capacidade de pagamento (P) G = Dispêndio Domiciliar Total P = G A A = Dispêndio Domiciliar em Alimentação } Três limites de gastos catastróficos testados } 20% } 30% } 40% Fonte: Diaz(2009). Gastos Catastróficos em Saúde Brasil. Apresentação realizada no seminário Gastos Catastróficos em Saúde no Brasil: Apresentação de Resultados de Estudos. Disponível em http://www.usp.br/feaecon/gastosemsaude/arquivos/apresentacoes.zip no arquivo dolores.pdf 18
} Dispêndio domiciliar em saúde incluiu } Gastos ambulatoriais e hospitalares } Aquisição de medicamentos (~2,17%) } Aquisição de produtos médicos } Seguro de saúde (~1,51%) } Base de Dados: POF 2002/03 } Variável dependente (dummy): presença de gastos catastróficos } Variáveis independentes: região, composição familiar, educação superior, esgotamento sanitário e abastecimento de água, renda, área e seguro de saúde Fonte: Diaz(2009). Gastos Catastróficos em Saúde Brasil. Apresentação realizada no seminário Gastos Catastróficos em Saúde no Brasil: Apresentação de Resultados de Estudos. Disponível em http://www.usp.br/feaecon/gastosemsaude/arquivos/apresentacoes.zip no arquivo dolores.pdf 19
Incidência de Gastos Catastróficos em Saúde Segundo Região. Brasil, 2002/03. Região Limite 20% Limite 30% Limite 40% Norte 5,0% 1,6% 0,7% Nordeste 6,2% 2,1% 0,8% Sudeste 6,8% 1,9% 0,8% Sul 7,5% 2,9% 1,3% Centro-Oeste 7,8% 3,3% 1,4% Brasil 6,7% 2,2% 0,9% Fonte: Diaz(2009). Gastos Catastróficos em Saúde Brasil. Apresentação realizada no seminário Gastos Catastróficos em Saúde no Brasil: Apresentação de Resultados de Estudos. Disponível em http://www.usp.br/feaecon/gastosemsaude/arquivos/apresentacoes.zip no arquivo dolores.pdf 20
} Diferenças segundo região } Sul e Centro-Oeste são estatisticamente significantes nos limites de 30% e 40% } Modelo mostra } Nível educacional superior representa menor risco } Área rural e aquisição de seguro de saúde representam maior risco } Composição domiciliar: Ausência de idosos e crianças representa menor risco, enquanto a presença de idosos eleva o risco de gastos catastróficos } Abastecimento de água, esgotamento sanitário, presença de gestantes ou lactantes não influenciam o risco Fonte: Diaz(2009). Gastos Catastróficos em Saúde Brasil. Apresentação realizada no seminário Gastos Catastróficos em Saúde no Brasil: Apresentação de Resultados de Estudos. Disponível em http://www.usp.br/feaecon/gastosemsaude/arquivos/apresentacoes.zip no arquivo dolores.pdf 21
Disponibilidade de recursos: Gasto Total - Gasto em Alimentação Critério Incidência Incidência, incluindo nos gastos com saúde aqueles mencionados como restrição orçamentária Diferença 20% 6,7% 10,8% +61% 30% 2,2% 5,2% +136% 40% 0,9% 3,1% +244% Fonte: Diaz(2009). Gastos Catastróficos em Saúde Brasil. Apresentação realizada no seminário Gastos Catastróficos em Saúde no Brasil: Apresentação de Resultados de Estudos. Disponível em http://www.usp.br/feaecon/gastosemsaude/arquivos/apresentacoes.zip no arquivo dolores.pdf 22
INCIDÊNCIA DE GASTO CATASTRÓFICO EM SAÚDE: CRITÉRIO 30% Brasil Bolívia Chile Colômbia Costa Rica México Peru República Dominicana DISPONIB. DE RECURSOS: GASTO TOTAL - GASTO EM ALIMENTAÇÃO 2,2 3,3 15,4 2,8 0,4 3,5 3,2 9,8 Fonte: Wong, R.(2009). Gasto Catastrófico en Salud y Grupos Vulnerables en América Latina: Análisis comparativo entre países. Grupo de trabajo del Proyecto de Protección Financiera en Salud, patrocinado por IDRC. 23
Aproximadamente 7% das famílias brasileiras gastam mais de 20% de sua renda (ajustada) em saúde Incluindo nos gastos com saúde aqueles que não foram realizados por restrição orçamentária, essa proporção chega a quase 11% Isto mostra as falhas no SUS e que existe um potencial mercado para as empresas de seguro-saúde constituído por pessoas de baixa renda. 24
} Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). ANS Tabnet. 2008. } Almeida C. O mercado privado de serviços de saúde no Brasil: Panorama atual e tendências da assistência médica suplementar. Texto para Discussão IPEA 599. Brasília: IPEA, 1998. } DATASUS. Banco de dados SUS.. } Food and Agriculture Organization (FAO). Country Profiles Brazil. } Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estudo Nacional da Despesa Familiar - ENDEF 1974/75. Rio de Janeiro: Fundação IBGE. 1977. } Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de Orçamentos Familiares. POF 1987/88 / POF 1995/96 / POF 2002/03. Rio de Janeiro: Fundação IBGE. 1991 / 1997 / 2004. } Nishijima, M e Biasoto Jr. O padrão de financiamento da saúde nos países da América. In: Biasoto Jr.G, Silva PLB, Dain S. Regulação do setor saúde nas Américas: as relações entre o público e o privado numa abordagem sistêmica. Brasília: OPAS, 2006. p.107-140. } World Bank. Data query system. /Core health indicators. 2008. } Silveira, Fernando Gaiger; Carvalho, Alexandre Xavier Yawata; Azzoni, Carlos Roberto; Campolina, Bernardo; Ibarra, Antonio Dimensão, Magnitude e Localização das Populações Pobres no Brasil. Brasilia: maio de 2007 (Ipea texto para discussão no. 1278) 25
} Dados sobre assistência suplementar em saúde mostram } Incremento na adoção de seguro de saúde pela população } No entanto, dados de Pesquisas de Orçamentos Familiares (POFs) mostram } Decréscimo nas despesas em saúde desde final da década de 1980 } Principais despesas em saúde no orçamento domiciliar (2002-2003) } Medicamentos (~2,17%) } Seguro de saúde (~1,51%) 26
Percentual da População com Seguro de Saúde. Brasil, 2000-2008. 21,5% 21,0% 20,5% 20,0% 19,5% 19,0% 18,5% 18,0% 17,5% 17,0% 16,5% 16,0% ANS 2008 27
10,0% 9,0% Despesas Domiciliares em Saúde Segundo Nível de Renda. Brasil, 2000-2008. 1987-1988 1995-1996 2002-2003 8,0% 7,0% 6,0% 5,0% 4,0% 3,0% 2,0% 1,0% 0,0% IBGE 1991 / 1998 / 2004 28
10,0% Tendência no Financiamento da Saúde Segundo Categorias. Brasil, 1990-2005. %GDP Private Public 8,0% 6,0% 4,0% 2,0% 0,0% 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 WHO 2008 / Nishijima e Biasoto Jr. 2006 / WB 2008 29
Gasto médio mensal familiar per capita com medicamentos e planos de saúde Medicamentos Planos e seguros de saúde Décimo 2002-2003 2002-2003 1º 3,37 1,37 2º 4,14 0,51 3º 5,97 0,69 4º 7,01 2,90 5º 8,54 4,76 6º 9,70 5,74 7º 13,61 7,42 8º 15,45 15,25 9º 20,88 30,83 10º 36,96 61,00 Total 12,57 13,06 Fonte: IBGE/POFs de vários anos. Elaboração de Diniz et alii a partir dos microdados. a Valor es em r eai s de janeir o de 2003 Valores referente às nove RMs, mais a do DF e do muní cipio de Goiânia. área urbana 30