AULA 02 1. Conceito de Obrigações Caio Mário: o vínculo jurídico em virtude do qual uma pessoa pode exigir de outra prestação economicamente apreciável 1 Washington de Barros Monteiro: obrigação é a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre devedor e credor, cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através do seu patrimônio Observação: Trata-se do expediente jurídico mediante o qual surge o vínculo entre dois sujeitos um ativo (credor) e ou outro passivo (devedor). Ao sujeito passivo compete cumprir a prestação a que está adstrito e agindo nesse sentido propiciará: a) a sua liberação face ao credor; b) a extinção da própria obrigação onde está imerso. 2. Características das Obrigações a) Patrimonialidade: sempre envolve a patrimônio, seja em forma de bens, seja em espécie (dinheiro); b) Transitoriedade: a obrigação nasce com a finalidade de extinguir-se, sempre, em algum momento toda a obrigação se extinguirá; c) Pessoalidade: trata-se de uma relação jurídica, um vínculo que se estabelece sempre entre duas ou mais pessoas: credor e devedor; d) Prestacionalidade: o objeto é sempre uma atividade, uma prestação que pode ser de dar, fazer ou não fazer alguma coisa certa ou incerta. 3.Partes a) Sujeito ativo (credor): titular do direito de receber o objeto obrigacional. 11 PEREIRA, Caio Mario da Silva. Instituições de Direito Civil, v. II. Rio de Janeiro, Editora Forense, 2003; p. 7.
b) Sujeito passivo (devedor): titular da obrigação de entrega do objeto obrigacional, ficando com o dever de cumprir a obrigação, entregando para o credor aquilo a que se comprometeu. 4. Objeto Quando se refere ao objeto da prestação, está sendo enfocado o objeto imediato; quando se menciona o objeto da obrigação, a referência será o objeto mediato a) Imediato: é a prestação de dar, um fazer ou um não fazer algo. A prestação é, portanto, a atividade do devedor em prol do credor, que se constitui no objeto imediato da obrigação. b) Mediato :a obrigação mediata nada mais é do que um objeto material ou imaterial sobre o qual incide a prestação. 5. Diferença das Obrigações Direito das Obrigações \ Pessoais \ Crédito: consiste num vínculo jurídico pelo qual o sujeito ativo pode exigir do sujeito passivo determinada prestação. Constitui uma relação de pessoa a pessoa e tem como elemento o sujeito ativo, o sujeito passivo e a prestação 2 Direito Real \ Das Coisas: tem como principal característica o seu caráter absoluto sendo oponível perante todos (erga omnes), pode ser definido como poder jurídico, direto e imediato, do titular sobre a coisa, com a exclusividade e contra todos. Tem como elementos essenciais: o sujeito ativo, a coisa e a relação ou poder do sujeito ativo sobre a coisa, chamada domínio. 3 Para Teoria Realista\Unitária: tanto o Direito Real e Obrigacional fazem parte de uma só espécie Direito Patrimonial. Para a Teoria Dualista: conforme exposto anteriormente, as duas áreas do direito possuem duas especificidades e são analisadas separadamente. 2 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 554 3 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 555
Obrigação Moral: o direito pode até mesmo reservar, em certos momentos, uma especial consideração às obrigações de natureza exclusivamente moral, mas não sendo as mesmas dotadas de juridicidade, não podem ser inseridas no estudo das obrigações, pois no Direito das Obrigações possui como um dos elementos o cunho pecuniário das obrigações, visto que o seu objeto sempre será um valor de natureza econômica. Obrigações Naturais: Trata-se de obrigações incompletas, na medida em que apresentam omo características essenciais as particularidades de não serem judicialmente exigíveis, porém, se forem adimplidas espontaneamente, será sempre tido por válido o pagamento, que não poderá ser repetido, uma vez que há a retenção do pagamento, soluti retentio, não importando se a prestação era lícita ou ilícita (Exemplos: a prestação de alimentos provisionais (Arts. 1706 a 1710, do Código Civil), o pagamento de dívidas de jogo (Arts. 814 a 817, do Código Civil), o adimplemento de dívidas prescritas (Art. 882, do Código Civil), o pagamento de juros indevidos (Art. 591, do Código Civil) e a vedação ao benefício da própria torpeza (Art. 883 e parágrafo único, do Código Civil). 6. Fontes das obrigações O direito civil brasileiro acolhe três tipos de fontes geradoras de obrigações (deveres) jurídicas: a) Obrigações derivadas de vontade humana: oriundas de um ato jurídico lato sensu (negócio jurídico, ato jurídico stricto sensu); b) Obrigações derivadas de ato ilícito (Responsabilidade Extracontratual), ou pelo inadimplemento (total ou parcial Responsabilidade Contratual); c) Obrigações derivadas direta ou imediatamente da lei: obrigações tributárias, administrativas, oriundas do poder familiar ou mesmo de um fato jurídico stricto sensu, como também os casos de enriquecimento sem causa, que implicam em um pagamento injusto e, em consequência, na obrigação de restituir, assim como nos casos de abuso de direito (Art. 884 e seguintes do Código Civil).
7. Outras modalidades de obrigações a) Obrigações de meio Nas obrigações de meio deve ser aferido se o devedor empregou boa diligência no cumprimento da obrigação. Seu descumprimento deve ser examinado na conduta do devedor, de modo que a culpa não pode ser presumida, incumbindo ao credor prová-la cabalmente. Exemplos: contrato de prestação de serviços advocatícios, contrato de prestação de serviços médicos. b) Obrigações de garantia As obrigações de garantia viam a eliminar um risco que pesa sobre o credor. A simples assunção do risco pelo devedor da garantia representa, por si só, o adimplemento da prestação. A compreensão da obrigação de garantia deve partir da noção de obrigação de meio, podendo ser considerada subespécie desta, em muitas ocasiões. O inadimplemento deve ser verificado, quero efeito indesejado tenha ocorrido, quer não, tomando-se por base um padrão de serviços para a espécie. Exemplo: contrato de segurança. c) Obrigações de resultado Nas obrigações de resultado o que importa é a aferição se o resultado colimado foi alcançado. Só assim a obrigação será tida como cumprida. Sua inexecução implica falta contratual, dizendo-se que existe, em linhas gerais, presunção de culpa, ou melhor, a culpa é irrelevante na presença do descumprimento contratual. Exemplos: contrato de transporte, contrato de reparação de um bem. d) Obrigação de execução instantânea
É o tipo de obrigação cuja contraprestação a ser feita pelo devedor é simultânea à prestação efetuada pelo credor. Exemplo: contrato de compra e venda, contrato de permuta. e) Obrigação de execução continuada É o tipo de obrigação cuja contraprestação a ser adimplida pelo devedor é continuada no tempo em relação à prestação efetuada pelo credor. Exemplo: contrato de prestação de serviços educacionais, contrato de locação. f) Obrigação de execução diferida É o tipo de obrigação cuja contraprestação a adimplida pelo devedor é diferida no tempo (pro futuro) em relação à prestação efetuada pelo credor. Exemplo: contrato de seguro, contrato de depósito.