CONSÓRCIO DE BETERRABA COM CAUPI-HORTALIÇA ADUBADO COM DIFERENTES QUANTIDADES DE FLOR-DE-SEDA

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Transcrição:

Área: Fitotecnia CONSÓRCIO DE BETERRABA COM CAUPI-HORTALIÇA ADUBADO COM DIFERENTES QUANTIDADES DE FLOR-DE-SEDA Francisco Bezerra Neto 1 ; Maiele Leandro da Silva 2 ; Flaviana de Andrade Vieira 3 ; Ricardo Carlos Pereira da Silva 3 ; Ítalo Nunes da Silva 3 1 Prof. da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Av. Francisco Mota, 572,Costa e Silva, Mossoró-RN E-mail: bezerra@ufersa.edu.br. 2 D.Sc. em Fitotecnia, Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Av. Francisco Mota, 572,Costa e Silva, Mossoró-RN. 3 Mestrando (a) em Fitotecnia, Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Av. Francisco Mota, 572,Costa e Silva, Mossoró-RN. Resumo O uso da prática da consorciação e da adubação verde em sistemas de produção de hortaliças promove menor impacto ambiental, um cultivo sustentado, e melhoria na qualidade e conservação do solo. O consórcio de beterraba com caupi-hortaliça está em fase de teste no semiárido nordestino. Tentando a fornecer subsídios para o desenvolvimento de tecnologias para esses sistemas de produção de hortaliça, o presente trabalho teve como objetivo determinar a quantidade de flor-de-seda que deve ser incorporada ao solo no consórcio de beterraba com caupi-hortaliça. Um experimento foi conduzido na Fazenda Experimental Rafael Fernandes, localizada no distrito de Alagoinha em um delineamento experimental de blocos completos casualizados com 4 repetições. Os tratamentos consistiram de quatro quantidades de flor-de-seda incorporadas ao solo: 10, 25, 40 e 55 t ha -1 em base seca. A característica avaliada na beterraba foi a produtividade comercial de raízes e no caupi-hortaliças o peso de grãos frescos e no sistema consorciado o escore da variável canônica. A otimização da produtividade comercial da beterraba em consórcio com o caupi em função de quantidades crescentes de flor-de-seda foi obtida com a incorporação de 46,84 t ha -1. Não houve otimização no peso de grãos frescos de caupi e no escore da variável canônica do sistema consorciado com as quantidades de flor-de-seda adicionadas ao solo. Palavras-chave: Beta vulgaris, Vigna unguiculata, Calotropis procera, adubação verde, consorciação de culturas. Introdução A beterraba é uma hortaliça de alto valor nutritivo, rica em sódio, ferro e vitamina A. Além disso, possui propriedades medicinais com ação laxativa e neutralizadora de ácidos, e é muito útil na formação de glóbulos vermelhos (SOUZA et al. 2003). Ela possui uma raiz tuberosa, principal órgão armazenador de reservas, consistindo do intumescimento do eixo hipocótilo-raiz e da porção superior limitada da raiz pivotante, tendo seu crescimento e composição influenciada pela adubação nitrogenada (SHOCK et al., 2000; TRANI et al., 2005). Esta hortaliça no estado do Rio Grande do Norte tem sido cultivada em consorciação com outras culturas olerícolas e está em fase de teste nesse sistema de cultivo com caupi-hortaliça. O caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp) é uma das principais leguminosas cultivada no semiárido nordestino, destacando-se como uma das mais ricas fontes de proteínas (23,4% da composição das sementes) e carboidratos (56,8%), elementos essenciais para a alimentação humana. (EHLERS, 1997; ANDRADE JÚNIOR, 1

2007). É explorada principalmente por pequenos agricultores e agricultores familiares em sistema de parceria e em nível de subsistência, nas regiões com altas incidências de seca e em sistema de sequeiro. No que diz respeito à fertilidade do solo, o caupi é pouco exigente e apresenta boa capacidade de fixar nitrogênio atmosférico, através da simbiose com bactérias do gênero Rhizobium (ANDRADE JÚNIOR et al., 2007). Várias pesquisas visando à melhoria de sistemas produção de hortaliças com menor impacto ambiental, utilizando a consorciação de culturas e o uso de adubos verdes vem sendo realizadas no nordeste brasileiro. Nesse contexto, sabe-se que, a consorciação de culturas é uma prática sustentável de baixo impacto ambiental por reduzir o emprego de insumos agrícolas, estabelecer um maior dinamismo no agrossistema, aumentar os rendimentos das culturas e contribuir para uma regularidade de suprimento alimentício. Por outro lado, a adubação verde é uma prática importante não só para a recuperação das características químicas, físicas e biológicas do solo, mas também como forma de racionalização da utilização de fertilizantes minerais, principalmente os nitrogenados. Sabe-se, pois, que os adubos verdes possibilitam o aumento do teor de matéria orgânica no solo e a disponibilização dos nutrientes dando-lhe a capacidade de troca de cátions efetiva, além de diminuir os teores de alumínio e mobilização dos nutrientes (CALEGARI et al., 1993). Diante da falta de informação sobre o uso da adubação verde com espécie espontânea da Caatinga, como flor-de-seda no consórcio de beterraba e caupi-hortaliça, este trabalho teve o objetivo de determinar qual quantidade de flor-de-seda que deve ser incorporada ao solo para promover a maior performance produtiva das culturas componentes e do sistema consorciado de beterraba e caupi-hortaliça. Material e Métodos O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental Rafael Fernandes, localizada no distrito de Alagoinha. O delineamento experimental utilizado foi em blocos completos casualizados com 4 repetições. Os tratamentos consistiram de quatro quantidades de flor-de-seda incorporadas ao solo: 10, 25, 40 e 55 t ha -1 em base seca. O cultivo consorciado foi estabelecido em faixas alternadas da cultura componente na proporção de 50% da área para o caupi-hortaliça e 50% da área para a beterraba, onde cada parcela foi constituída de quatro fileiras de caupi-hortaliça alternadas com quatro fileiras de beterraba, ladeadas por duas fileiras-bordaduras de beterraba por um lado e por duas fileiras de caupi-hortaliça pelo outro lado, constituindo assim as bordaduras laterais. A área total da parcela foi de 3,6 m 2, com uma área útil de 2,00 m 2 contendo 40 plantas de caupihortaliça no espaçamento de 0,25 m entre fileiras com 10 plantas por metro linear e 100 plantas de beterraba no espaçamento de 0,25 m com 25 plantas por metro linear. A cultivar de caupi plantada foi BRS Itaim e da beterraba foi a Early Wonder. A flor-de-seda foi coletada em localidades próximas à cidade de Mossoró, e depois trituradas em máquina forrageira convencional, obtendo-se fragmentos entre 2,0 e 3,0 cm e posta para secar, até atingir um teor de umidade de 10%. Vinte dias antes do plantio da beterraba e do caupi foi incorporado ao solo 50% das quantidades de flor-de-seda de cada tratamento e os 50% restantes incorporados aos 40 dias após o plantio da beterraba. O plantio da beterraba foi realizado no dia 11/10/2012 em semeadura direta, a aproximadamente 2 cm de profundidade, colocando-se duas a três sementes a cada 5 cm. Aos 20 dias após a semeadura, foi realizado o 2

desbaste, deixando-se uma planta por cova. O caupi foi semeado na mesma data beterraba e o desbaste realizado 10 após o plantio. A colheita do caupi iniciou-se aos 56 dias do plantio (6/12/12) e terminou aos 71 dias da semeadura (20/12/2012). A colheita da beterraba foi realizada aos 76 dias da semeadura (25/12/2012). As características determinadas foram: produtividade comercial da beterraba, peso dos grãos frescos de caupi e o escore da variável canônica do sistema consorciado (através dos dados bivariados da produção das hortaliças). Análises de variância foram realizadas nas características avaliadas, através do aplicativo software SISVAR (FERREIRA, 2000). Procedimento de ajustamento de curvas de resposta foi realizado através do software Table Curve (JANDEL SCIENTIFIC, 1991). Resultados e discussão A produtividade comercial de raízes de beterraba aumentou com as quantidades crescentes de flor-deseda incorporadas ao solo, até o valor de 16,35 t ha -1 na quantidade de flor-de-seda de 46,84 t ha -1, decrescendo em seguida, até a última quantidade adicionada (Figura 1A). De modo diferente da beterraba, observou-se um aumento no peso de grãos frescos de caupi-hortaliça com as quantidades crescentes de flor-de-seda, de cerca de 609,18 kg ha -1 entre a menor e a maior quantidade adicionada ao solo, com o peso máximo de grãos frescos de caupi de 610,28 kg ha -1 obtido na maior quantidade de flor-de-seda de 55 t ha -1 (Figura 1B). Figura 1. Produtividade comercial de beterraba (A) e peso dos grãos frescos de caupi-hortaliça em sistema consorciado sob diferentes quantidades de flor-de-seda incorporadas ao solo. Durante o crescimento e desenvolvimento da beterraba, as quantidades de flor-de-seda incorporadas ao solo, supriram de forma equilibrada as necessidades nutricionais da cultura ao ponto de se alcançar a otimização com a incorporação de 46,84 t ha -1 de flor-de-seda. De acordo com Filgueira (2008) o fornecimento de quantidades adequadas de nitrogênio favorece o desenvolvimento vegetativo, expande a área fotossintética, ativa e eleva o potencial produtivo da cultura. Contrariamente, não se conseguiu a otimização no peso dos grãos frescos de caupi no sistema consorciado com as crescentes quantidades de flor-de-seda, provavelmente devido a demanda do caupi-hortaliça por nutrientes ter coincidido com a da beterraba, já que os ciclos dessas hortaliças são praticamente coincidentes. 3

Para o escore da variável canônica do sistema consorciado, observou-se mesmo comportamento do peso de grãos fresco de caupi-hortaliça com as quantidades crescentes de flor-de-seda, ou seja, um aumento de cerca de 2,00 no valor do escore canônico entre a menor e a maior quantidade adicionada ao solo, com o escore canônico máximo de 3,95 obtido na maior quantidade de flor-de-seda de 55 t ha -1 (Figura 2). Figura 2. Escore da variável canônica do sistema consorciado de beterraba com caupihortaliça sob diferentes quantidades de flor-de-seda incorporadas ao solo. A otimização na eficiência do sistema consorciado não foi obtida, provavelmente devido à demanda pelos recursos ambientais serem praticamente coincidentes entre as culturas, já que, seus ciclos são quase semelhantes, não permitindo assim, uma boa complementaridade entre as culturas componentes. Conclusões A otimização da produtividade comercial da beterraba em consórcio com o caupi em função de quantidades crescentes de flor-de-seda foi obtida com a incorporação de 46,84 t ha -1. Não houve otimização no peso de grãos frescos de caupi e no escore da variável canônica do sistema consorciado com as quantidades de flor-de-seda adicionadas ao solo. Referências ANDRADE JÚNIOR, A. S.; BARROS, A. H. C.; SILVA, C.O.; FREIRE FLHO, F.R. Zoneamento de risco climático para a cultura do feijão caupi no Estado do Ceará. Revista Ciência Agronômica, v. 38, n. 01, p. 109-117, 2007. CALEGARI, A.; MONDARDO, A.; BULISANI, E. A.; COSTA, M. B. B.; MIYASAKA, S.; AMADO, T. J. C. Aspectos gerais da adubação verde. In: COSTA, M. B. B. (Coord). Adubação verde no sul do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa. 1993. p.1-56. EHLERS, E. Agricultura sustentável Origens e perspectivas de um novo paradigma. São Paulo, Livros da Terra, 1997. 178p. 4

FERREIRA, D. F. Sistema SISVAR para análises estatísticas: Manual de orientação. Lavras: Universidade Federal de Lavras/Departamento de Ciências Exatas, 2000. 37p. FILGUEIRA, F. A. R. Novo manual de olericultura:agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV, 2008. 421p. JANDEL SCIENTIFIC. Table curve: curve fitting software. Corte Madera, CA: Jandel Scientific, 1991. 280p. SHOCK, C. C.; SEDDIGH, M.; SAUNDERS, L. D.; STIEBER, T. D.; MILLER, J. Sugarbeet nitrogen uptake and performance following heavily fertilized onion. Agronomy Journal. Ontario, v. 92, p.10-15, 2000. SOUZA, R. J. de; FONTANETTI, A.; FIORINI, C. V. A.; ALMEIDA, K. de. Cultura da beterraba: cultivo convencional e cultivo orgânico. Lavras: UFLA, 2003. 37 p. (Texto acadêmico). TRANI, P. E.; CANTARELLA, H.; TIVELLI, S. W. Produtividade de beterraba em função de doses de sulfato de amônio em cobertura. Horticultura Brasileira. Brasília, v. 23, n. 3, p. 726-730, jul./set., 2005. 5