ICMS ECOLÓGICO: UM FATOR FUNDAMENTAL PARA O DESENVOLVIMENTO DOS MUNICÍPIOS MINEIROS



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Transcrição:

ICMS ECOLÓGICO: UM FATOR FUNDAMENTAL PARA O DESENVOLVIMENTO DOS MUNICÍPIOS MINEIROS Mirella Caetano de Souza Ana Carolina Santana Resumo: Tanto a economia quanto a ecologia pareciam caminhar de forma paralela, porém, recentes ameaças ecológicas e especialmente as catástrofes que vem ocorrendo, faz com que estas duas ciências se unam em prol do Desenvolvimento Sustentável. Neste contexto, surge o ICMS Ecológico, visando compensar monetariamente os esforços dos municípios que preservam parte de suas áreas, além de contribuir para uma elevação na qualidade de vida, na saúde, na longevidade, em fim, para o desenvolvimento humano nas localidades. Sendo assim, buscou-se verificar se o recebimento deste incentivo tem influenciado no resultado do Indicador de Desenvolvimento Humano IDH-M nos municípios mineiros, utilizando o software SPSS para a análise dos dados, através das técnicas de regressão multivariada e correlação bivariada. Por fim, a contribuição deste artigo se fundamenta em provocar discussões em torno de temas como o ICMS Ecológico e Desenvolvimento Humano, visto que há poucas publicações sobre o assunto. Palavra-chave: ICMS Ecológico, Índice de Desenvolvimento Humano, Minas Gerais Abstract: So much the economy as the ecology seemed to walk in a parallel way, however, recent ecological threats and especially the catastrophes that it is happening, do with that these two sciences join on behalf of the Maintainable Development. In this context, Ecological ICMS appears, seeking to compensate monetariamente the efforts of the municipal districts that preserve part of your areas, besides contributing for an elevation in the life quality, in the health, in the longevity, in end, for the human development in the places. Being like this, it was looked for to verify the greeting of this incentive it has been influencing in the result of the Indicator of Human Development - IDH-M - in the mining municipal districts, using the software SPSS for the analysis of the data, through the techniques of regression multivariada and correlation bivariada. Finally, the contribution of this article is based in provoking discussions around themes as Ecological ICMS and Human Development, because there are few publications on the subject. Key words: Ecological ICMS, Index of Human Development, Minas Gerais. 1. INTRODUÇÃO

O Brasil é marcado pela cultura desenvolvimentista, e o desenvolvimento do país sempre foi medido apenas pelo seu crescimento econômico, ou seja, pelo PIB Produto Interno Bruto, ainda que este crescimento possa ocorrer de forma desigual e injusta. Neste sentido, utiliza-se neste trabalho o Índice de Desenvolvimento Humano IDH, como medida de desenvolvimento que utiliza além desta variável, os fatores educação e longevidade. Por outro lado, tanto a economia quanto a ecologia pareciam caminhar de forma paralela, mas nunca em conjunto, porém, as não tão recentes ameaças ecológicas e especialmente as catástrofes que vem ocorrendo, devido ao longo período em que o meio ambiente vem sendo encarado como fonte inesgotável de recursos, estas duas ciências parecem se unir em prol do Desenvolvimento Sustentável, que visa garantir para gerações futuras usufruir das mesmas possibilidades atuais. Para isto, as atividades devem ser economicamente viáveis, ecologicamente corretas, socialmente justas, além de respeitar os aspectos culturais. Neste contexto, o ICMS Ecológico, que visa compensar monetariamente os esforços dos municípios que preservam parte de suas áreas, através das Unidades de Conservação, e também àqueles que investem em saneamento básico, pode contribuir para uma elevação na qualidade de vida, na saúde, na longevidade, em fim, para o desenvolvimento humano nas localidades. Cabe ressaltar que, o ICMS ecológico visa estimular a conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável em municípios criação e a manutenção de Unidades de Conservação, federais e estaduais, além de promover o equilíbrio ecológico, a eqüidade social e o desenvolvimento econômico; bem como recompensar os municípios que possuem áreas protegidas e que estão impedidos de utilizá-las para atividades produtivas convencionais (SCARIOT, 2007). Em Minas Gerais, o repasse do ICMS Ecológico tem sido uma realidade desde 1995. Os municípios têm recebido o repasse deste imposto de acordo com os seguintes critérios: 50% considerando Unidades de Conservação, Terras Indígenas e outras Áreas Especialmente Protegidas; e 50% conforme outros critérios ambientais (saneamento básico, patrimônio histórico, entre outros). Neste sentido, buscou-se verificar se o recebimento deste incentivo tem influenciado no resultado do Indicador de Desenvolvimento Humano IDH-M nos municípios mineiros. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Desenvolvimento Humano e IDH Conforme o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o conceito de Desenvolvimento Humano é a base do Relatório do Desenvolvimento Humano (RDH), publicado anualmente, e também do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Ele parte do pressuposto de que para aferir o avanço de uma população não se deve considerar apenas a dimensão econômica, mas também outras características sociais, culturais e políticas que influenciam a qualidade da vida humana.

Hermet (2002) cita que a demanda por critérios de avaliação do desenvolvimento, que analisasse mais do que o apenas econômico, ocasionou a introdução do Indicador de Desenvolvimento Humano (IDH) criado por Mahbub ul Haq e utilizada desde 1990 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Segundo o autor, o IDH abrange três parâmetros em vez de um único, como é o Produto Nacional Bruto (PNB). São eles: renda per capita, expectativa de vida e nível de educação. Esse indicador observa o fator humano e a cultura (reintroduzida através da educação). Dentro deste contexto, o autor cita três imperativos para o desenvolvimento: 1) o desenvolvimento deve se tornar duradouro e eqüitativo; 2) abordagem capaz de dominar melhor a complexidade do esforço do desenvolvimento, bem como seu caráter global, ou seja, melhorar os índices econômicos caracteriza um meio e não um fim; 3) urgência de não limitar unicamente às premissas do Consenso de Washington, centradas na liberalização de intercâmbios, nas privatizações e na estabilização monetária. A Fundação João Pinheiro (Governo de Minas Gerais) explica que o IDH sintetiza o nível de sucesso atingido pela sociedade no atendimento destas três necessidades básicas e universais do ser humano: acesso ao conhecimento (dimensão educação); direito a uma vida longa e saudável (dimensão longevidade) e direito a um padrão de vida digno (dimensão renda). Para a dimensão educação (IDHE), os indicadores selecionados são a taxa de alfabetização da população acima de 15 anos e a proporção de pessoas com acesso aos níveis de ensino primário, médio e superior, (medida pela matrícula bruta nestes três níveis de ensino). Para a dimensão Longevidade (IDHL), o indicador é a expectativa de vida ao nascer. Para a dimensão Renda (IDHR), o PIB per capita é o escolhido como síntese da capacidade da população em adquirir os bens e serviços que estimulem e garantam seu desenvolvimento enquanto ser humano, ou seja, em certa medida, o PIB per capita deve representar a possibilidade de acesso às demais dimensões não abordadas pelo IDH (MINAS GERAIS, 2006). Conforme a Fundação João Pinheiro, cabe ressaltar que tanto o IDH quanto seus três subíndices (IDHE, IDHL e IDHR) variam entre 0 e 1, assim classificados: de 0 a 0,5 baixo desenvolvimento humano, de 0,5 a 0,8 médio desenvolvimento humano e de 0,8 a 1, alto desenvolvimento humano. Por fim, observa-se que o IDH foi idealizado para ser calculado para países e sociedades razoavelmente fechadas, tanto do ponto de vista econômico, quanto do ponto de vista demográfico. Para a utilização do índice em nível municipal (IDH-M), são realizadas algumas adaptações ou substituições de indicadores, visando adequá-los, mas mantendo-se fiel aos princípios e fórmulas do indicador. São basicamente duas mudanças nos indicadores selecionados: na dimensão renda, o PIB per capita é substituído pela Renda Familiar per capita e na dimensão educação, a taxa de matrícula é substituída pela taxa de freqüência à escola (MINAS GERAIS, 2006).

2.2 ICMS Ecológico Pires (2001) observa que, historicamente, economia e ecologia sempre foram representadas por linhas paralelas, não apresentando ponto de intersecção. O Direito Ambiental pode romper com esta lógica e aproximar as relações entre as duas ciências, passando a ser um ponto de convergência e disciplina, na busca do desenvolvimento sustentável. Neste contexto, o autor cita que o ICMS ecológico foi idealizado como alternativa para estimular ações ambientais no âmbito das municipalidades, ao mesmo tempo em que possibilita o incremento de suas receitas tributárias, com base em critérios de preservação ambiental e de melhoria da qualidade de vida. Loureiro (2006) destaca que o ICMS Ecológico tem representado um avanço na busca de um modelo de gestão ambiental compartilhada entre os Estados e municípios no Brasil, com reflexos objetivos em vários temas, em especial a conservação da biodiversidade, através da busca da conservação in-situ, materializada pelas unidades de conservação e outros espaços especialmente protegidos. Trata da utilização de uma possibilidade aberta pelo artigo 158 da Constituição Federal brasileira que permite aos Estados definir em legislação específica, parte dos critérios para o repasse de recursos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços ICMS, que os municípios tem direito. Neste caso a denominação ICMS Ecológico faz jus na utilização de critérios que focam temas ambientais (LOUREIRO, 2006). Conforme o autor, o ICMS Ecológico nasceu sob o argumento da compensação financeira aos municípios que possuíam restrição do uso do solo em seus territórios para o desenvolvimento de atividades econômicas clássicas. De acordo com o autor, este instrumento poderia se tornar uma ferramenta estéril, acrítica, uma espécie de chancelador puro e simples para o repasse dos recursos, mas o autor observa que felizmente está sendo possível transformálo em muito mais. Loureiro (2006) destaca que o ICMS Ecológico tem representado um instrumento de compensação, mas acima de tudo de incentivo à conservação ambiental. Assim como Pires (2001), cabe explicar que não se trata de uma nova modalidade de tributo ou uma espécie de ICMS, uma vez que não há qualquer vinculação do fato gerador do ICMS a atividades de cunho ambiental, nem mesmo vinculação específica da receita do tributo para financiar atividades ambientais. Mas sim, significa que há uma maior destinação de parcela do ICMS aos municípios em razão de sua adequação a níveis legalmente estabelecidos de preservação ambiental e de melhoria da qualidade de vida, observados os limites constitucionais de distribuição de receitas tributárias e os critérios técnicos definidos em lei. Minas Gerais colocou em prática o ICMS Ecológico, também denominada de Lei Robin Hood, através da criação da Lei n. o 12.040/95. Conforme Pires (2001), esta iniciativa mineira foi extremamente importante pela contribuição para a consolidação do ICMS Ecológico, colocando em prática além dos critérios unidades de conservação e mananciais de abastecimento, outros ligados ao saneamento ambiental, coleta e destinação final do lixo e patrimônio histórico. O mesmo autor afirma que do ponto de vista das unidades de conservação os resultados em relação

ao aumento da superfície de áreas protegidas incentivadas pelo ICMS Ecológico tem sido contundentes. O autor destaca a preocupação em ativar o que ele denomina de indústria das APAs, quando cita que no Plano da criação de unidades de conservação municipais, há grande repercussão quanto à criação das Áreas de Proteção Ambiental, o que deve ser recebido com alguma cautela por não se exigir desta categoria de manejo de unidade de conservação a desapropriação (PIRES, 2001). Neste sentido, o autor aponta que o Estado de Minas Gerais não adotou variáveis qualitativas para o cálculo dos índices que os municípios têm direito a receber, perdendo assim a oportunidade de utilizar mais efetivamente o ICMS Ecológico em benefício da consolidação das unidades de conservação (PIRES, 2001). Cabe ressaltar que a finalidade imediata é estabelecida de acordo com as prioridades de cada estado da federação em nível ambiental e até mesmo social, estimulando: ações de Saneamento básico; a manutenção de sistemas de disposição final de resíduos sólidos e redes de tratamento de esgoto; a manutenção de mananciais de abastecimento público de água; a criação e manutenção de Unidades de conservação; o investimento em Educação e saúde; atividades agropecuárias; e o incremento de ações fiscais visando o aumento das arrecadações municipais. Conforme Pires (2001), no que diz respeito à finalidade mediata, todas as ações estão voltadas à melhoria da qualidade de vida e à garantia do desenvolvimento sustentável. Pires (2001) destaca que o Estado de Minas Gerais adota um sistema bastante analítico e diferenciado, abordando mais variáveis e beneficiando com o repasse inclusive municípios específicos, em razão de sua recente instalação. Por fim, o autor cita que há um importante papel de conscientização observado nos Estados onde o ICMS Ecológico foi implantado, e evidencia-se a mobilização social em prol da melhoria da qualidade de vida nestes municípios. 2.3 Valores agregados aos setores Agropecuário, Indústria e Serviços Conforme IPIB (2006), o principal indicador da atividade econômica é o Produto Interno Bruto (PIB), o qual exprime o valor da produção realizada dentro das fronteiras geográficas de um país, num determinado período, independentemente da nacionalidade das unidades produtoras. Ou seja, este indicador sintetiza o resultado final da atividade produtiva, expressando monetariamente a produção, sem duplicações, de todos os produtores residentes nos limites da nação avaliada. A soma dos valores é feita com base nos preços finais de mercado. Cabe ressaltar que a produção da economia informal não é computada neste cálculo. Conforme os autores, para o cálculo do PIB, adota-se como marco referencial as recomendações contidas no Sistema de Contas Nacionais (SCN), proposto pelas Nações Unidas. Desde a sua primeira edição, em 1953, o SCN já foi submetido a quatro revisões, sendo a última em 1993. De acordo com Diário do Comércio (2006), as atividades empresariais que compõem o cálculo do PIB, são divididas nos seguintes setores: a) Agropecuária; b) Indústrias: Extrativa Mineral, Transformação, Construção Civil, Serviços Industriais de Utilidade Pública; c) Serviços: Comércio, Transporte, Comunicações, Instituições Financeiras, Outros Serviços, Aluguel de Imóveis e Administração Pública.

Em conformidade com os autores, para calcular o Valor Agregado de cada atividade, deve-se partir dos dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além de identificar, através de estudos setoriais, o montante do faturamento e o montante de tributos gerados de cada atividade (entidades empresariais, CONFAZ, Receita Federal e Receitas Estaduais, INSS), bem como nos próprios estudos do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). 3. METODOLOGIA A idéia central deste trabalho é verificar se há relação entre a variável ICMS ecológico e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M) nos municípios de Minas Gerais. Para isto, foram utilizados, no modelo de análise, outras variáveis, as quais espera-se uma contribuição para elevação do índice, tais como: Valor Agregado da Agricultura; Valor Agregado da Indústria; e, Valor Agregado de Serviços. Cabe ressaltar que os valores agregados de cada setor foram divididos pela população total de cada município analisado, para obter certa proporcionalidade dos dados, e com vistas a não gerar viés na pesquisa. A metodologia de levantamento de dados utilizada foi pesquisa em dados secundários, obtidos na Fundação João Pinheiro e no Instituto Brasileiro de Geografia Estatística - IBGE. Além dos dados, buscou-se referência teórica em livros de Economia Ecológica entre outros e materiais em fontes de Internet. Os dados do ICMS Ecológico, assim como do IDH são referentes à 2000, porque não há atualização disponível destes índices; já os dados referentes aos valores agregados dos três setores são referentes ao ano de 2002. Para análise dos dados utilizou-se o software SPSS versão 12.0 e realizaram-se as análises de regressão linear múltipla e de correlação bivariada, com a finalidade de verificar se existe indícios de influência do ICMS Ecológico no resultado do IDH de cada município, e na segunda análise identificar a relação que as variáveis tem entre si. O método utilizado para medir a correlação entre duas variáveis foi o Coeficiente de Correlação Linear de Pearson, e a análise foi feita sobre os resultados da matriz de correlações (LIRA, 2004). Já o método utilizado na análise de regressão foi o dos Mínimos Quadrados e a escolha da forma funcional adequada foi feita com base em critérios que envolveram grau de ajustamento dos dados, medido pelo coeficiente de determinação (R²), coerência dos sinais e significância dos parâmetros estruturais, avaliados pelos resultados dos testes T e F (HAIR, 2005). A equação utilizada foi: Y = α + β 1 X 1 + β 2 X 2 + β 3 X 3 + β 4 D + ε Onde: α: termo constante β 1 : coeficiente da variável X 1 β 2 : coeficiente da variável X 2 β 3 : coeficiente da variável X 3 β 4 : coeficiente da variável dummy

Y: variável dependente IDH Índice de Desenvolvimento Humano X 1 : variável independente Valor agregado da agricultura X 2 : variável independente Valor agregado da indústria X 3 : variável independente Valor agregado de Serviços D: variável dummy ε: erro de estimação Por fim, a variável ICMS ecológico foi analisada enquanto variável dummy, ou seja, foi considerado se o fato de o município receber este ICMS contribui ou não para o seu desenvolvimento humano. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES A análise de regressão linear multivariada gerou o seguinte modelo: Y = 0,637 + 0X 1 +0X 2 + 0X 3 + 0,002D +ε Onde: Y: IDH Índice de Desenvolvimento Humano X 1 : Valor agregado corrente do setor agropecuário por habitante, em R$ X 2 : Valor agregado corrente do setor da indústria por habitante, em R$ X 3 : Valor agregado corrente do setor de serviços por habitante, em R$ D: Dummy (ICMS Ecológico) ε: erro de estimação Neste caso, as variáveis: Valor agregado da agricultura por habitante, Valor agregado da indústria por habitante e Valor agregado do setor de serviços por habitante, não se mostraram significativas para o modelo e foram excluídas da equação. Assim, a equação pode ser expressa da seguinte forma: Y = 0,637 + 0,002D +ε Onde: Y: IDH Índice de Desenvolvimento Humano D: Dummy (ICMS Ecológico) ε: erro de estimação Tabela 1: Estimativas dos coeficientes no Modelo de Regressão Linear Múltipla na constituição do IDH-M dos municípios mineiros Coeficientes Erro padrão Teste t Constante 0,637 0,004 160,904 Valor Agregado Corrente do Setor Agropecuário por 0,000 0,000 1,655

habitante Valor Agregado Corrente do Setor Industrial por habitante 0,000 0,000-1,700 Valor Agregado Corrente do Setor de Serviços por 0,000 0,000 20,387 habitante ICMS ecológico 0,002 0,003 0,796 Variável dependente: IDH-M Fonte: Dados da pesquisa R²=0,402 F=142,690 Com base nesse modelo, o coeficiente de determinação R² (0,402) demonstra que 40,2% das variações do IDH-M dos municípios mineiros são explicadas pelas variáveis estudadas. Mas se utilizarmos o coeficiente de determinação ajustado, veremos que 63,4% das variações são explicadas pelo modelo. A estatística F (142,690) mostra-se significativa. Quanto ao teste t, a única variável que se mostrou significativa ao nível de 1% foi o valor agregado de serviços. O resultado da análise de correlação bivariada demonstrou que todas as variáveis independentes se relacionam ao nível de significância 1%, no mesmo sentido, com a variável IDH-M, ou seja nos municípios estudados, as variáveis aumentaram quando o IDH-M aumentou. No caso da dummy, a significância foi ao nível de 5%, mas pode-se concluir que os municípios que receberam o ICMS ecológico (dummy 1) têm maior IDH-M que àqueles que não o receberam (dummy 0), embora esta variável não apresente tanta representatividade quanto às demais (Tabela 2). Tabela 2: Matriz de correlação IDH- M IDH-M 1 Valor Agregado Corrente do Setor Agropecuário por habitante Valor Agregado Corrente do Setor Industrial por habitante Valor Agregado Corrente do Setor de Serviços por habitante ICMS ecológic o

Valor Agregado Corrente do Setor Agropecuário por habitante Valor Agregado Corrente do Setor Industrial por habitante Valor Agregado Corrente do Setor de Serviços por habitante ICMS ecológico 0,211 (**) 0,253 (**) 0,631 (**) 1 0,080(*) 1 0,267(**) 0,468(**) 1 0,083( *) ** Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed). * Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed). Fonte: Dados da pesquisa -0,101(**) 0,040 0,107(**) 1 As variáveis independentes também apresentam correlação positiva ao nível de significância de 1% entre elas, com exceção da variável ICMS ecológico que não apresenta correlação com a variável valor agregado da indústria, e revela relação inversa com a variável valor agregado do setor agropecuário. 5. CONCLUSÃO O coeficiente de determinação demonstrou que 40,2% das variações do IDH-M dos municípios mineiros são explicadas pelas variáveis estudadas. O que indica que outras variáveis poderiam ser incluídas no modelo. Apesar disso, alguns autores utilizam o coeficiente de determinação ajustado, e este obteve um resultado melhor, no qual 63,4% das variações são explicadas pela equação. Embora as variáveis escolhidas não tenham apresentado tanta influência para o modelo de regressão, revelaram forte correlação com a variável independente. O ICMS ecológico se mostrou menos significativo em relação ao IDH-M que as demais variáveis, isto porque as demais variáveis também compõe o PIB e este compõe o indicador de desenvolvimento humano. Por outro lado, os resultados apresentam que há relação positiva entre as duas variáveis (IDH-M e ICMS Ecológico), embora pequena, ambas variam no mesmo sentido, uma em função da outra. Cabe ressaltar que este estudo deve ter continuidade, incluindo outras variáveis e analisando uma série temporal de dados, com a finalidade de acompanhar se houve progresso no

IDH-M em função do ICMS Ecológico ao longo do tempo, visto que atualmente, não há dados suficientes para se realizar uma análise mais aprofundada sobre a influência que o ICMS Ecológico pode ter sobre o IDH-M dos municípios mineiros. Por fim, a contribuição deste artigo se fundamenta em provocar discussões em torno de temas como o ICMS Ecológico e Desenvolvimento Humano, visto que há poucas publicações sobre o assunto. Neste sentido, vale observar que uma análise de cluster e discriminante pode ser utilizada futuramente para verificar quais as características dos municípios que possuem melhores IDH e fornecer aos gestores públicos uma contribuição para maximizar estas características. No momento, coube aqui analisar as influências das variáveis estudadas e a relação entre elas, e como contribuem para um maior índice de Desenvolvimento Humano nos municípios de Minas Gerais. 6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA BRASIL, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Canais: Cidades. Disponível em <www.ibge.gov.br>. Acessado em: 07 de novembro de 2006. DIÁRIO DO COMÉRCIO. Índice Bruto de Tributação sobre o Valor Agregado (IBTVA) por atividades. Disponível em <http://www.dcomercio.com.br/especiais/tributaria/item03.htm>. Acessado em: 07 de novembro de 2006. HAIR, Jr et al. Análise Multivariada de Dados. Porto Alegre: Bookman, 5 ed. 2005. HERMET, Guy. Cultura e Desenvolvimento. Vozes: Petrópolis / Rio de Janeiro, 2002. 204p IPIB. O que é PIB? Disponível em <www.ipib.com.br/oquee.asp>. Acessado em: 07 de novembro de 2006. LIRA, Sachiko Araki. ANÁLISE DE CORRELAÇÃO: ABORDAGEM TEÓRICA E DE CONSTRUÇÃO DOS COEFICIENTES COM APLICAÇÕES. Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Métodos Numéricos em Engenharia dos Setores de Ciências Exatas e de Tecnologia da Universidade Federal do Paraná, 2004. LOUREIRO, Wilson. ICMS Ecológico - A consolidação de uma experiência brasileira de incentivo a Conservação da Biodiversidade. Disponível em: <http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./snuc/index.html&conteudo=./snuc/art igos/icms.html> Acessado em 11 de novembro de 2006. MINAS GERAIS, Fundação João Pinheiro. Data Gerais: Minas em Números. Disponível em <www.fjp.gov.br>. Acessado em: 07 de novembro de 2006.

PIRES, Éderson. ICMS ecológico: Aspectos pontuais. Legislação comparada. Joinville, 2001. Disponível em <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2328>. Acessado em: 10 de novembro de 2006. PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. O IDH - Índice de Desenvolvimento Humano. Disponível em: <http://www.pnud.org.br/idh/>. Acessado em: 07 de novembro de 2006. SCARIOT, Aldicir. ICMS Ecológico: Instrumento para financiamento de áreas protegidas. Disponível em: <http://www.undp.org.cu/eventos/aprotegidas/apresenta%e7%e3o%20icms%20ecol%f3gico( Brasil).ppt>. Acessado em: 29 de março de 2007.

Anexo 1: DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS: A Constituição Federal, em seu Artigo 158, VI, determina que 25% do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações ICMS, de competência Estadual, sejam repassados aos municípios da seguinte forma: ¾ dos 25%, no mínimo, distribuídos na proporção do valor adicionado fiscal (VAF), disciplinado pela Lei Complementar 63, de 11 de janeiro de 1990, correspondente à diferença entre a saída de mercadorias, adicionadas aos serviços prestados, e a entrada de mercadorias em seus territórios, observado o ano civil. ¼ dos 25% de acordo com o que dispuser a lei estadual Extrai-se do texto constitucional que 75% da parcela destinada aos municípios encontra critério de aferição rígido, resultante da participação dos próprios municípios na arrecadação do ICMS. De outro norte, 25% podem ser destinados de acordo com o que dispuser a lei estadual. No Estado de Santa Catarina esta destinação obedece ao comando normativo constante da Lei nº 7.721, de 06 de setembro de 1989, alterada pelas leis 7.816/89 e 8.203/90, distribuindo 85% com base no VAF (Valor Adicionado Fiscal) e 15% em partes iguais a todos os municípios. Toda a disciplina relativa ao VAF, critérios técnicos, forma de apuração, prazos para recursos e datas de repasse, encontram disciplina na Lei Complementar 63/90, em atendimento ao comando contido no artigo 161, I da Constituição Federal. As propostas legislativas que criam o ICMS Ecológico em Santa Catarina objetivam melhor distribuir a parcela de ¼ dos 25% de participação dos municípios na receita do ICMS, com vistas a estimular ações na área ambiental.

Anexo 2: Critério Meio Ambiente Minas Gerais No que tange ao critério "Meio Ambiente", que é o ponto nodal do presente estudo, a legislação estadual estabelece 2 formas de enquadramento dos municípios, para que se beneficiem de maior parcela do ICMS: 1. Saneamento Ambiental: Deve o município atender a pelo menos um dos seguintes requisitos: possuir sistema de tratamento ou disposição final de resíduos sólidos urbanos lixo, que atenda a pelo menos 70% da população urbana do município, com operação licenciada pelo Conselho Estadual de Política Ambiental COPAM; possuir sistema de tratamento de esgotos sanitários que atenda a pelo menos 50% da população urbana do município, com operação licenciada pelo COPAM. 2. Unidades de Conservação Objetivando compensar os municípios que possuem partes de seus territórios protegidas por unidades de conservação que acarretam restrições ao uso do solo e para incentivar a criação, implantação e manutenção de unidades de conservação pelos próprios municípios, são estes também beneficiados. Requisitos: possuir unidades de conservação federais, estaduais ou municipais e inclusive particulares, definidas e lei e cadastradas junto à Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável SEMAD, com limites territoriais definidos e com restrição de uso do solo; possuir áreas legalmente enquadradas nas diversas categorias de manejo, com limites territoriais definidos e com restrição de uso do solo, a saber: Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque, Reserva Particular do Patrimônio Natural, Floresta Nacional, Área de Proteção Ambiental, Área de Proteção Especial e Área Indígena. O valor do repasse, limitado ao percentual estabelecido em lei para o critério "Meio Ambiente", será diretamente proporcional ao nível de adequação dos municípios aos critérios fixados: 50% com base no Saneamento Ambiental e 50% com base nas unidades de conservação. A habilitação dos municípios é trimestral.