PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DES. ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N. 200.2011.033535-9/001 ORIGEM : I l Vara Cível da Comarca da Capital. RELATOR Wolfram da Cunha Ramos, Juiz Convocado em substituição ao Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira. APELANTE : Embracon Administradora de Consorcio Ltda. ADVOGADO : Marcelo Lopes Valente. APELADO : Espolio de Josinete Fernandes Coutinho. ADVOGADO : Soraya Chaves de Souza Alves. EMENTA: COBRANÇA. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. CONSÓRCIO DE VEÍCULO. CONSORCIADO FALECIDO. DEVOLUÇÃO TOTAL DOS VALORES PAGOS. MERO DISSABOR. APELAÇÃO. DEDUÇÕES CONTRATUAIS. TAXA DE ADMINISTRAÇÃO, MULTA CONTRATUAL E TAXA DE RECURSOS NÃO PROCURADOS. AUSÊNCIA DE PREVISÃO CONTRATUAL. CONTRATO SEM ASSINATURA DO CONSUMIDOR. DEDUÇÕES ILEGAIS. DEVOLUÇÃO TOTAL COM CORREÇÃO MONETÁRIA. SÚMULA 35 DO STJ. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. DESPROVIMENTO. Ao consorciado desistente ou falecido do contrà -tb de consórcio lhe é facultado o recebimento do quantum pago pelas cotas, com abatimento das deduções contratuais, desde que previstos no contrato. Incide correção monetária sobre as prestações pagas, quando da sua restituição, em virtude da retirada ou exclusão do participante de plano de consórcio. (Súmula n. 35 do STJ) VISTO, relatado e discutido o preseilite procedimento referente à Apelação Cível n. 200.2011.033535-9/001, na Ação de- Cobrança c/c Indenização por Danos Morais, em que figuram como partes Espolio de Josinete Fernandes Coutinho e Embracon Administradora de Consorcio Ltda. ACORDAM os eminentes Desembargadores integrantes da Egrégia Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade, acompanhando o voto do relator, negar provimento à Apelação. VOTO. O Espólio de Josinete Fernandes Coutinho, representado por seu herdeiros Weruska Melanie Fernandes Coutinho da Silva, Elaine Maria Coutinho de Lima e Ricardo Leandro Fernandes Coutinho, intentou, perante o Juízo / 1 a 1 Vara Cível da Comarca da Capital, Ação de Cobrança c/c Indenização or jrk os Morais, processo n. 200.2011.033535-9, em face da Embracon Administra _," de Consórcio Ltda.
Alegou que (1) a extinta Josinete Fernandes Coutinho contratou sua inclusão em grupo de consórcio em 03/2004, f. 12, tendo pago em dia todas as parcelas até o seu falecimento em 06/2007, f. 13/48, somando R$ 7.175,37, f. 49; (2) o grupo ao qual aderiu se encerrou em 27/07/2010; (3) a empresa Ré somente disponibilizou aos herdeiros o valor R$ 3.109,03. Pugnou pela procedência dos pedidos, para condenar a Ré a restituir os valores pagos pela falecida, devidamente corrigidos, e ao pagamento de indenização por danos morais. Na Contestação, f. 59/80, a Embracon aduziu que (1) a falecida Josinete pagou o equivalente a R$ 7.388,63 antes de seu falecimento; (2) os herdeiros não comunicaram sobre o falecimento da consorciada, e por esse motivo a cota foi cancelada por inadimplência em 03/09/2007; (3) após as deduções contratuais, tais como taxa de administração, multas contratuais e taxa de recursos não procurados, procedeu a devolução de R$ 2.966,11 aos herdeiros; (4) não houve comprovação de qualquer dano sofrido. Na Sentença, f. 170/172, o Juízo, considerando o direito à devolução total dos valores pagos, julgou parcialmente procedente o pedido, determinando à Ré que restitua ao Espólio a integralidade dos valores pagos pela falecida consumidora, acrescido de juros de mora de 1% ao mês a contar da citação e corrigidos monetariamente pelo INPC a partir de cada pagamento, condenando-a, ainda, ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, na razão de 20% sobre o valor da condenação. A Ré interpôs Apelação, f. 173/200, sustentando que (1) a consorciada falecida tinha conhecimento do inteiro teor do contrato, tendo assinado todos os documentos; (2) o valor restituído observou o contratado entre as partes; (3) a taxa de administração contratada representa a remuneração da administradora do consórcio; (4) as multas previstas no contrato foram previamente informadas para a consorciada; (5) a devolução do valor pago com base na correção monetária traz desequilíbrio aos consorciados adimplentes. Requereu a reforma da Sentença, para reconhecer devida todas as deduções contratuais efetuadas. Nas Contrarrazões, f. 206/210, o Apelado asseverou a total ausência de previsão contratual de descontos de taxas e multas decorrentes, já que o contrato juntado aos. autos pela Apelante não tem a assinatura da consorciada falecida. Desnecessária a intervenção Ministerial no feito, por não se configurarem quaisquer das hipóteses do art. 82, incisos I a III, do Código de Processo Civil. É o relatório. Presentes os requisitos de admissibilidade, co Recurso.
Já assentado o entendimento na Jurisprudência de que ao consorciado desistente ou falecido do contrato de consórcio lhe é facultado o recebimento do quantum pago pelas cotas, com abatimento das deduções contratuais, como a taxa de administração, multas contratuais e taxa de recursos não procurados, desde que previstos no contrato, o que não aconteceu no caso. A Apelante juntou aos autos cópia de contrato de adesão padrão à consórcio sem a assinatura da consorciada falecida, f. 81/84, e a proposta contratual onde consta os dados pessoais da falecida, mas sem qualquer previsão de taxa, multa ou encargo, f. 88. Assim, não tendo comprovado que as deduções contratuais efetuadas foram previstas em contrato, não há como legitimá-las, já que é imprescindível a ciência do consumidor de todas as cláusulas. Nesse sentido: RECURSO INOMINADO. CONDIÇÕES DE ADMISSIBILIDADE ATENDIDAS. DI- REITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE RESCISÃO. CONSÓRCIO. RESTITUIÇÃO DE QUANTIA PAGA. DESISTÊNCIA DO CONSORCIADO. NÃO OCORRÊNCIA DE CONFISSÃO. Retenção de taxa de administração devida em percentual de 10% (dez por cento). Dedução de seguro indevida em razão da não comprovação de apólice que demonstrasse a cobertura securitária e o efetivo pagamento para seguradora. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido. (TJBA; Rec. 0008652-33.2009.805.0274-1; Quarta Turma Recursal; Rela Juíza Mary Angelica Santos Coelho; DJBA 14/11/2012) RECURSO INOMINADO. CONSÓRCIO. CONTRATO ANTERIOR À LEI N 11.795/08. DESISTÊNCIA DO CONSORCIADO. A restituição das parcelas pagas pelo desistente deve ser feita, de forma corrigida, em até 30 dias após o prazo contratual de encerramento do grupo, descontando-se o valor relativo à taxa de administração no percentual pactuado. Precedentes do STJ. Admite-se o abatimento do valor do seguro, desde que provada a sua contratação nos autos por meio da juntada da apólice, o que inocorreu no caso em tela. Sentença reformada. Recurso parcialmente provido. (TJBA; Rec. 0005292-70.2009.805.0022-1; Quarta Turma Recursal; Rela Juíza Eloisa Matta da Silveira Lopes; DJBA 30/10/2012) No caso em questão a devolução deverá ser realizada de imediato com incidência de correção monetária, conforme norma do art. 53 do CDC. Neste sentido, a Súmula n. 35 do STJ: "Incide correção monetária sobre as prestações pagas, quando da sua restituição, em virtude da retirada ou exclusão do participante de plano de consórcio". Posto isto, conhecido o Recurso, nego-lhe provimento, mantendo incólume a Sentença. É o voto. Presidiu o julgamento, realizado na sessão ordinária desja uarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, em 31 de janeiro de 2013; Exmo. Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira, dele participando, alé e Relator, o Exmo. Des. Frederico Martinho da Nóbrega Coutinho e a E ma. Maria das Graças Morais
Guedes. Presente à sessão a Exma. Procuradora de Justiça Dra. Marilene de Lima Campos de Carvalho.. Gabinete no TJ/PB em João e, soa B 5 de fe ereiro de e. Dr. Wolfra Convocado.
TRIBUNAL DE Jt!? Diretoria Judir.i. n4ifwette, ÇA