Variação da contagem de células somáticas em vacas leiteiras de acordo com patógenos da mastite

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Transcrição:

Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.61, n.5, p.1015-1020, 2009 Variação da contagem de células somáticas em vacas leiteiras de acordo com patógenos da mastite [Somatic cell counts variation in dairy cows according to mastitis pathogens] G.N. Souza 1, J.R.F. Brito 1, E.C. Moreira 2, M.A.V.P. Brito 1, M.V.G.B. Silva 1 1 Embrapa Gado de Leite Rua Eugênio do Nascimento, 610 36038-330 Juiz de Fora, MG 2 Escola de Veterinária - UFMG Belo Horizonte, MG RESUMO Avaliou-se o efeito de patógenos da mastite sobre a contagem de células somáticas (CCS) em leite. Foram coletadas 3.987 amostras de leite de 2.657 animais oriundos de 24 rebanhos leiteiros localizados nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. As amostras de leite foram usadas para CCS e identificação de patógenos da mastite. Estatísticas descritivas, teste T para amostras independentes e modelo linear generalizado foram usados para análise dos dados. O modelo linear generalizado identificou os efeitos de rebanho, animal dentro de rebanho, ordem de parto, estação do ano e infecção intramamária causada por Streptococcus agalactiae e Streptococcus spp. que não S. agalactiae como significativos na variação da CCS. O efeito de animal dentro de rebanho foi maior que o efeito de rebanho. S. agalactiae foi o patógeno responsável pelo maior aumento da CCS em vacas e apresentou em média 1.520.000 células/ml. Foi observado efeito específico dos patógenos na variação da CCS. Palavras-chave: mastite bovina, qualidade do leite, bactéria ABSTRACT The influence of mastitis pathogens on variation of milk somatic cell count (SCC) was evaluated. Three thousand nine hundred eighty-seven milk samples were colected from 2,657 dairy cows in 24 herds located in the states of Minas Gerais and Rio de Janeiro. The milk samples were used to SCC and identification of mastitis pathogens. Descriptive statistics, T test for independent samples, and generalized linear model were used to data analysis. The generalized linear model identified the effects of herd, animal within herd, parity, year season, intramammary infection, and infection caused by Streptococcus agalactiae and Streptococcus spp. except S. agalactiae as significant on SCC variation. The effect of animal within herd was higher than the effect of herd. S. agalactiae was the pathogen responsible for higher SCC increasing and presented the average of 1,520,000 cells/ml. The specific effect on SCC variation was observed in the study. Keywords: bovine mastitis, milk quality, bacteria INTRODUÇÃO A contagem de células somáticas (CCS) de vacas tem sido usada como ferramenta para monitorar os níveis de mastite em rebanhos leiteiros (Schukken et al., 2003). Vários fatores podem influenciar a variação da CCS de vacas em lactação, como idade, ordem de parto, período de lactação, mês e estação do ano, entre outros, porém o estado de infecção é o principal fator responsável pela variação da CCS (Harmon, 1994). Dohoo e Leslie (1991) avaliaram a CCS de vacas e observaram que o limite de 200.000 células/ml foi o mais indicado para estimar uma nova infecção intramamária. Recebido em 6 de novembro de 2008 Aceito em 10 de setembro de 2009 E-mail: gnsouza@cnpgl.embrapa.br

Souza et al. Ainda que exista uma grande variação de resposta entre os animais para características idênticas de manejo, deve-se considerar qual característica de rebanho resulta em maior fonte de variação para CCS. Souza et al. (2005) identificaram e quantificaram fatores de risco para alta CCS associados a características de rebanho. Estudos têm mostrado que a relativa importância do rebanho em explicar a variação da CCS é menor que a variação devido à vaca individualmente (Leavens et al., 1997; Schepers et al., 1997). As bactérias responsáveis pela mastite podem ser classificadas como patógenos principais e secundários (Harmon, 1994). Os patógenos principais mais comuns incluem o S. aureus, S. agalactiae, coliformes, estreptococos e enterococos de origem ambiental. Mastites causadas por estes patógenos resultam em grandes variações na composição do leite e na CCS (Harmon, 1994). Wilson et al. (1997) verificaram que a CCS média para animais com isolamento de S. aureus e S. agalactiae foi de 440.000 e de 640.000 células/ml, respectivamente. Staphylococcus spp. coagulase negativo e Corinebacterium bovis são considerados patógenos secundários, e infecções por estes microrganismos causam moderado processo inflamatório com CCS excedendo de duas a três vezes em relação a glândulas mamárias não infectadas (Harmon, 1994). As médias da CCS verificadas por Wilson et al. (1997) para Staphylococcus spp. coagulase negativo e C. bovis foram 170.000 e 150.000 células/ml, respectivamente. Brito et al. (1999) verificaram grande variação da CCS e de percentual de quartos mamários com CMT positivo em função dos agentes isolados, e o efeito específico de patógenos na variação da CCS pode ser usado em programas de controle da mastite (Haas et al., 2002). O principal objetivo deste estudo foi determinar o efeito dos patógenos causadores da mastite sobre a CCS de vacas leiteiras de rebanhos comerciais. Foram avaliados, também, o efeito de rebanho, a ordem de parto e o período de lactação sobre a CCS. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado em 24 rebanhos bovinos leiteiros de junho de 2002 a julho de 2003. Os rebanhos localizavam-se nos municípios de Juiz de Fora-MG (1), Coronel Pacheco-MG (2), Matias Barbosa-MG (1), Belo Horizonte-MG (1), Rio Preto-MG (3), Areal-RJ (1), Valença-RJ (2), Conservatória-RJ (2), Itaperuna-RJ (4), Porciúncula-RJ (4) e Natividade-RJ (3). A composição racial dos rebanhos variou de especializado a mestiço (Holandês = 3, Jersey = 3, Pardo Suíço = 1, Holandês x Gir = 17) Foram coletadas no total 3.987 amostras de leite oriundas de 2.657 animais. As amostras de leite para CCS foram compostas dos quatro quartos mamários e coletadas diretamente em frascos específicos contendo conservante 1 e frascos esterilizados sem conservante para exames bacteriológicos. Foram coletadas amostras de leite de todos os animais em lactação, excluindo os que apresentaram mastite clínica no momento da coleta e que estavam sendo submetidos a algum tipo de tratamento com antibióticos. Os procedimentos de coleta e transporte das amostras de leite foram de acordo com Brito (2001) e Harmon et al. (1990). A CCS dos animais foi realizada no Laboratório de Qualidade do Leite da Embrapa Gado de Leite em equipamento automatizado por meio de citometria de fluxo 2 de acordo com a International Dairy Federation - IDF (Milk..., 1995). Os agentes causadores da mastite foram identificados no Laboratório de Microbiologia do Leite da Embrapa Gado de Leite onde foi semeado 0,01mL de cada amostra de leite, com alça calibrada descartável, em cada quadrante de uma placa de ágar-sangue preparado com 5% de sangue desfibrinado de carneiro. As placas foram incubadas a 37ºC por 24 horas e foi feita a primeira leitura, seguindo-se nova incubação por mais 24 horas para a segunda leitura. Foram levados em consideração a morfologia e o número de colônias dos microrganismos isolados e interpretados segundo critérios propostos pelo National Mastitis Council - NMC (Laboratory..., 1987). Os microrganismos foram identificados a partir de subcultivos em placas de ágar-soja tripticaseína e testes bioquímicos de acordo com 1 Bonopol - D&F Control Systems, Inc., Dublin, CA, EUA. 2 Somacount 300 - Bentley Instruments, Inc., Chaska, MN, EUA. 1016 Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.61, n.5, p.1015-1020, 2009

Variação da contagem de células... recomendações de Harmon et al. (1990). As bactérias isoladas foram identificadas como S. agalactiae, Streptococcus spp. que não S. agalactiae, S. aureus, Staphylococcus spp. catalase negativo e Corynebacterium spp. A variação da CCS dos animais foi avaliada por meio da aplicação do modelo linear generalizado (Dohoo et al., 2003). Os valores de CCS foram transformados para escore linear (EL) de acordo com Philpot e Nickerson (1991). O EL foi medido para cada animal, e o período de lactação (PEL) foi codificado em intervalos de 19 dias (1 para 0 a 19 dias após parto, 2 para 20 a 39 dias após parto, etc.). Para vacas com mais de 300 dias de lactação, foi dado o código 16 e com mais de três partos foi codificado como 4 (OPA = 4). A codificação do período de lactação e ordem de parto foi feita de acordo com Schepers et al. (1997). As codificações para presença da infecção intramamária foram subdivididas de acordo com o agente responsável pela infecção: S. aureus (STAPHA), S. agalactiae (STRAG), Streptococcus spp. que não S. agalactiae (STREP), Staphylococcus spp. coagulase negativo (STACN) e Corynebacterim spp. (DIPT), codificando-se 1 para ausência, e 2 para presença do patógeno. Estatísticas descritivas (média aritmética e geométrica, desvio-padrão e mediana) foram utilizadas para avaliar a CCS dos animais de acordo com os agentes da mastite, a presença de infecção e os tipos de infecção. Para avaliar a média do escore linear de acordo com a ordem de parto e presença de infecção, foi aplicado o teste T para amostras independentes descrito por Sampaio (1998). As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o programa estatístico SPSS (Statistical..., 1998). RESULTADOS E DISCUSSÃO O número de resultados de exames microbiológicos e de CCS usados para as análises estatísticas foi de 3.749 amostras. Dos resultados usados para análise estatística, 1.139 (30,3%) não apresentaram crescimento bacteriano e em 2.614 (69,7%) foi identificada a presença de pelo menos um patógeno da mastite. Do total de amostras que apresentaram crescimento bacteriano, foi observada infecção mista em 404 (15,5%) amostras. Entre as amostras de leite que apresentaram crescimento bacteriano, foram isolados 826 (31,6%) Corynebacterium spp., 790 (30,2%) S. aureus, 551 (21,1%) S. agalactiae, 466 (17,8%) Staphylococcus spp. coagulase negativo e 351 (13,4%) Streptococcus spp. que não S. agalactiae. Foi isolado Corynebacterium spp., Streptococcus spp. que não S. agalactiae e Staphylococcus spp. coagulase negativo em todos os rebanhos. Do total de amostras de animais, 238 (5,8%) foram classificadas como contaminadas no exame microbiológico de acordo com Harmon et al. (1990). As médias aritmética e geométrica, desviospadrão e medianas da CCS de acordo com o resultado dos exames bacteriológicos estão apresentados na Tab. 1. As amostras de leite sem crescimento bacteriano apresentaram, em média, 264.000 células/ml e em 50,0% dessas a CCS foi menor ou igual a 24.000 células. Nas amostras com isolamento de pelo menos um patógeno da mastite, a média da CCS foi de 779.000 células/ml, em 50,0% dessas a CCS foi igual ou maior que 342.000 células/ml. Entre os patógenos isolados, o responsável pela maior elevação da CCS foi S. agalactiae, com média aritmética de 1.520.000 e 50,0% das amostras com valor igual ou maior que 923.000 células/ml. S. aureus e Streptococcus spp. que não S. agalactiae foram responsáveis pela segunda e terceira maior elevação da CCS, com média da CCS de 966.000 e 894.000 células/ml e com 50,0% das amostras com valores da CCS igual ou maiores que 509.000 e 641.000 células/ml, respectivamente. Corynebacterium spp. e Staphylococcus spp. coagulase negativo apresentaram, em média, a CCS de aproximadamente 400.000 células/ml. Cinquenta por cento das amostras com isolamento de Corynebacterium spp. e Staphylococcus spp. coagulase negativo apresentaram valores da CCS igual ou menor que 166.000 e 205.000 células/ml. Entre os patógenos classificados como primários, no mínimo, 50% das amostras apresentaram a CCS acima de 500.000 células/ml, e, entre aqueles classificados como secundários, mais de 50% das amostras apresentaram a CCS abaixo de 205.000 células/ml. Resultados encontrados no estudo e por Brito et al. (1999) mostraram grande variação da CCS e de percentual de quartos mamários com CMT positivo em função dos Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.61, n.5, p.1015-1020, 2009 1017

Souza et al. agentes isolados. O valor da CCS dos animais também é influenciado pela ordem de parto, período de lactação, estação do ano e manejo do rebanho conforme Harmon (1994) e Schepers et al. (1997). A variação da CCS entre animais para o mesmo patógeno provavelmente foi relacionada a características individuais como idade, ordem de parto e período de lactação, conforme resultados encontrados anteriormente. Tabela 1. Variação da contagem de células somáticas (x1.000/ml) de acordo com a presença de infecção intramamária, a presença de infecção mista, o tipo de infecção mista e o tipo de agente etiológico FV Categoria N MA DP MG Mediana Presença de Não 1137 264 611 22 24 infecção Sim 2612 779 1.070 228 342 STAPHA 790 966 1.072 371 509 Agente STRAG 551 1.520 1.559 662 923 etiológico STREP 351 894 922 449 641 STACN 466 422 633 125 205 DIPT 826 410 561 94 166 FV: fonte de variação; MA: média aritimética; DP: desvio-padrão; MG: média geométrica; STAPHA: Staphylococcus aureus; STRAG: Streptococcus agalactiae; STREP: Streptococcus spp. que não S. agalactiae; STACN: Staphylococcus spp. coagulase negativo; DIPT: Corynebacterium spp. Os valores de EL transformados para CCS encontrados por Wilson et al. (1997) para amostras de leite com e sem isolamento variaram de 71.000 a 140.000 e 141.000 a 282.000, respectivamente. Os valores médios encontrados no estudo foram maiores que os encontrados por Wilson et al. (1997), mas, ao analisar a média geométrica e mediana, os dados foram semelhantes. Em relação às estatísticas descritivas da CCS para Staphylococcus spp. coagulase negativo e Corynebacterium spp., observou-se discreto aumento em relação aos que não apresentaram crescimento bacteriano e com resultados semelhantes aos encontrados por Harmon (1994) e Wilson et al. (1997). Os resultados do presente estudo e os encontrados por Wilson et al. (1997) para amostras de animais com isolamento de S. aureus, S. agalactiae, Staphylococcus spp. coagulase negativo e Corynebacterium bovis mostraram o mesmo comportamento em relação à variação da CCS de acordo com os agentes. Os resultados relativos à estatística descritiva da CCS de acordo com o tipo de bactéria envolvida na infecção intramamária mostraram que os patógenos classificados como primários (S. aureus, S. agalactiae e Streptococcus spp. que não S. agalactiae) e secundários (Staphylococcus spp. coagulase negativo e Corynebacterium spp.) foram os responsáveis pelas maiores e menores variações da CCS, respectivamente, conforme Harmon (1994) e Schukken et al. (2003). Resultados encontrados neste e em outros estudos mostraram que patógenos da mastite causam processos inflamatórios com intensidade diferente. O modelo linear generalizado, considerando o tipo de infecção, foi significativo (P<0,001) e explicou 81,7% da variação da CCS. Os efeitos significativos foram relativos ao rebanho, animal dentro de rebanho, ordem de parto, estação do ano, presença de S. agalactiae e de Streptococcus spp. que não S. agalactiae. Ano de coleta, período de lactação, presença de S. aureus, Staphylococcus spp. coagulase negativo e Corynebacterium spp. não foram significantes estatisticamente. O efeito de animal dentro de rebanho foi o maior responsável pela variação da CCS, seguido pelo efeito de rebanho, alcançando juntos aproximadamente 70,0% da variação total. Os valores de CCS foram transformados para EL com objetivo de comparar médias de acordo com ordem de parto e presença de infecção. As médias da CCS de acordo com a ordem de parto e presença de infecção intramamária estão apresentadas na Tab. 2. As médias da CCS para animais sem presença de infecção na primeira, segunda e acima da segunda lactação foram crescentes e diferentes, mostrando que o aumento da CCS está efetivamente associado às lactações (P<0,01). A mesma diferença entre os partos foi observada para animais que apresentaram presença de infecção (P<0,01). Foi também observada diferença entre as médias da CCS de animais com e sem infecção dentro das mesmas lactações (P<0,01). 1018 Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.61, n.5, p.1015-1020, 2009

Variação da contagem de células... Tabela 2. Médias do escore linear da contagem de células somáticas de acordo com a ordem de parto e a presença de infecção Presença de infecção intramamária Ordem de parto Não Sim n Média n Média 1 265 1,45aA 401 3,83aB 2 184 2,17bA 438 4,41bB > = 3 309 2,78cA 764 4,81cB T 1137 2,22A 2612 4,53B Letras minúsculas e maiúsculas distintas nas linhas e colunas, respectivamente, indicam valores estatisticamente diferentes (P<0,05) pelo teste t para amostras independentes; T: sem considerar ordem de parto. O efeito da ordem de parto influenciou no aumento da CCS nos animais, independente da presença ou ausência de infecção, estando de acordo com os resultados encontrados por Leavens et al. (1997) e Schepers et al. (1997). O aumento da CCS com o avanço da idade e o período de lactação em animais sem infecção intramamária foram observados no presente estudo, conforme Harmon (1994). Entretanto, a variação da CCS em animais sem infecção de acordo com a ordem de parto poderia também ser causada por resultados falso negativo no exame bacteriológico. Como os valores médios da CCS dos animais de acordo com a ordem de parto, foi aproximadamente duas vezes maior para amostras com isolamento em relação às que não apresentaram crescimento bacteriano, o estado de infecção foi considerado o principal fator responsável pela variação da CCS, conforme relatado por Schukken et al. (2003). Ao avaliar os resultados da análise de variância da CCS de acordo com o tipo de infecção, foi verificado que, entre os patógenos isolados, somente a presença de S. agalactiae (P<0,001) e Streptococcus spp. que não S. agalactiae (P<0,01) foi significativa e, nos resultados da estatística descritiva, foram maiores em relação aos isolamentos de Staphylococcus spp. coagulase negativo e Corynebacterium spp. Apesar de a presença de S. aureus não ter sido significativa no modelo linear generalizado, observaram-se altos valores para CCS nas estatísticas descritivas. Foi observado que 50,0% das amostras com isolamento de S. aureus apresentaram CCS maior que 501.000 células/ml. Os resultados mostraram que houve efeito específico de patógenos na variação da CCS, conforme resultados apresentados por Haas et al. (2002) e Schukken et al. (2003). Foi verificado que a maior variação na CCS dos animais não foi devido a características de rebanho, como o manejo, e sim entre os animais submetidos a características idênticas de manejo. O resultado encontrado para as principais fontes de variação sobre a CCS mostrou que o efeito de rebanho foi menor que o efeito de animais dentro de rebanho, estando este de acordo com os resultados encontrados por Leavens et al. (1997) e Schepers et al. (1997). No modelo linear generalizado utilizado, foi considerado o efeito relacionado à característica individual, como ordem de parto e período de lactação, mas, de acordo com os resultados encontrados no estudo, houve outras características relacionadas aos animais submetidos ao mesmo manejo que os tornaram susceptíveis a infecções intramamárias e, consequentemente, responsáveis pela variação da CCS. CONCLUSÕES A infecção intramamária foi o fator predominante responsável pelo aumento da CCS das vacas leiteiras. Os microrganismos patogênicos da mastite aumentam a CCS, sendo S. agalactiae responsável pelo maior aumento. O efeito de animal dentro de rebanho, como ordem de parto e período de lactação também influenciaram na variação da CCS de vacas leiteiras de rebanhos comerciais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRITO, J.R.F. Coleta de amostras de leite para determinação da composição química e contagem de células somáticas. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2001. 16p. (Embrapa Gado de Leite. Circular Técnica, 62). Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.61, n.5, p.1015-1020, 2009 1019

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