GÊNERO, POLÍTICAS PÚBLICAS E ESPAÇOS DE PODER

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Transcrição:

GÊNERO, POLÍTICAS PÚBLICAS E ESPAÇOS DE PODER CONCENTRAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DO EMPREGO FORMAL POR GÊNERO NOS MUNICÍPIOS DA MESORREGIÃO OESTE PARANAENSE 2003-2014.

CONCENTRAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DO EMPREGO FORMAL POR GÊNERO NOS MUNICÍPIOS DA MESORREGIÃO OESTE PARANAENSE 2003-2014. Resumo: No presente artigo buscou-se analisar a alocação dos empregos formais masculinos e femininos na Mesorregião Oeste Paranaense no período de 2003 a 2014. Os dados foram coletados na RAIS, e a partir destes, foram aplicadas medidas de localização e especialização. Os resultados mostraram que apesar da população feminina ser maior, a empregabilidade no gênero masculino é superior, nos cinco setores analisados. De 2003 para 2014 houve uma diminuição na disparidade entre os gêneros, porém na agropecuária e construção civil, persiste uma dominação do gênero masculino no emprego formal. Assim, as medidas de especialização mostraram que municípios com a base econômica consolidada foram os que menos apresentaram modificações na estrutura produtiva, sendo Cascavel o município mais dinâmico da Mesorregião. Palavras chaves: Emprego Formal, Gênero, Economia Regional, Mesorregião Oeste paranaense. Abstract: In this paper we tried to analyze the allocation of male and female formal jobs in the Mesoregion West Paranaense from 2003 to 2014.Data were collected in the RAIS, and from this, it were applied in location and specialization measures. The results showed that although the female population be bigger, the employment in males is higher, as much as in the the five sectors analyzed. From 2003 to 2014 there was a decrease in the disparity between the genders, but in agriculture and construction, there remains a male domination in formal employment. Thus, measures of specialization showed that municipalities with consolidated economic base were the least showed changes in the production structure, Cascavel is the most dynamic city of Mesoregion. Key Words: Formal Employment, Genre, Regional Economy, Mesoregion West of Paraná 1 INTRODUÇÃO O objetivo deste trabalho é analisar a distribuição espacial do emprego formal por gênero na Mesorregião Oeste Paranaense, realizando uma analise comparativa entre os anos de 2003 e 2014. A integração da economia paranaense ocorreu após a década de 70, juntamente com a integração da economia nacional e internacional. A modernização da agropecuária, o esgotamento da fronteira agrícola e a difusão e diversificação dos ramos industriais, contribuíram para a formação de uma nova configuração geoeconômica no Estado do Paraná, o que impactou em um forte movimento migratório das regiões rurais para os grandes centros (PIFFER, 2009). Assim, na Mesorregião Oeste Paranaense, a modernização da agricultura, sendo esta ocorreu a partir de 1960 e se intensificou na década de 70. Desta forma o a região passou por uma reorganização de sua base produtiva, promovendo a expansão agropecuária regional e o esgotamento da fronteira agrícola, tendo como resultado o forte êxodo rural, onde este excedente de mão de obra migrou para os grandes centros urbanos e outros estados (PIFFER, 1999).

De acordo com Rippel (2005) o rápido crescimento da atividade agrícola, proporcionou um aumento da renda e expansão dinâmica do comércio nas décadas de 80 e 90, juntamente com este cenário houve o surgimento e crescimento das cidades e das agroindústrias cooperativas. Neste período, o Oeste Paranaense tinha como sua principal atividade a agricultura, posteriormente inseriu-se a indústria local que iniciou a promoção da transformação agroalimentar. Após a década de 90 houve uma estabilização dos fluxos migratórios, e a exigência de maiores níveis de qualificação pessoal para absorção e inserção de imigrantes. Contudo, a inserção da mulher no mercado de trabalho foi impulsionada por fatores demográficos, culturais e sociais. Entre os aspectos demográficos destaca-se a queda da taxa de fecundidade, a redução no tamanho das famílias, o envelhecimento da população e maior expectativa de vida das mulheres. Além dessas transformações demográficas, também ocorreram mudanças nos padrões culturais e nos valores referentes ao papel social da mulher, que alteraram a identidade feminina, juntamente com o aumento da escolaridade proporcionou o acesso delas as novas oportunidades de trabalho. (BRUSCHINI, 2007). Assim a participação do gênero feminino no mercado de trabalho formal tem aumentado em relação à participação masculina, em 2013 as mulheres já representavam 43% (RAIS/MTE, 2015), porém, ainda representam a minoria e sofrem com elevada diferenciação salarial. Frente a isso e aos poucos trabalhos realizados com a abordagem de gênero na região oeste paranaense. Elaborou-se a problemática desta pesquisa, que consiste em identificar alocação espacial do emprego formal por gênero na Mesorregião Oeste Paranaense no período 2003-2014. Assim tem-se como objetivo analisar o perfil e localização do emprego formal por gênero nos Municípios do Oeste Paranaense e também busca verificar se houveram mudanças na composição do emprego formal por gênero de 2003 para 2014. O artigo está dividido em quatro seções, além desta breve introdução. Na primeira procura-se elencar um referencial teórico para fortalecer a ideologia abordada. A segunda seção trata da metodologia onde será demonstrado o segmento do trabalho. A terceira seção visa demonstrar e analisar os resultados encontrados. Na última seção seguem as considerações finais.

2 REVISÃO DE LITERATURA As regiões através de suas dinâmicas juntamente com suas formas de organizações se mobilizam conforme seu interesse e necessidade para alavancar seu desenvolvimento. As mudanças ocorridas no Estado do Paraná e a compreensão do crescimento da região oeste relacionam-se diretamente com a dinâmica da população e esta influência a estrutura produtiva, Assim para compreender uma região é preciso compreender a localização da população e a forma como ela influencia na ocupação do espaço regional. Observando a questão do padrão locacional da população por gênero, tendência a localização da mão de obra masculina e feminina, as políticas públicas de qualificação de mão de obra e de inclusão social devem levar em consideração o crescimento da população urbana na região oeste paranaense, estas regiões ganham força nas atividades urbanas em um variado leque de setores (indústria, serviços e comércio) (PIFFER, 1999) No decorrer da história do Oeste Paranaense, pode se constatar uma sociedade do gênero masculino no mercado de trabalho, enquanto as pessoas do gênero feminino buscaram algumas condições de igualdade ao longo do tempo. Mas de qualquer forma as mulheres ainda se defrontam com o preconceito, sendo este seu maior adversário. Nas últimas décadas têm ocorrido substanciais mudanças no padrão da participação das mulheres no mercado de trabalho. Entretanto, o ciclo de vida das mulheres, explicitamente o dito período reprodutivo, parece gradualmente assumir menor relevância na entrada e permanência deste segmento no mundo laboral. Oportunidades geradas para as mulheres no mercado de trabalho estão associadas à vida privada, aos cuidados da família e por isso sua inserção profissional seria uma extensão da vida doméstica. (GARCIA e CONFORTO, 2012) Para o caso do Paraná, a proporção de homens no mercado de trabalho formal em 2001 foi maior que o feminino, contudo esta diferença está se reduzindo, em 1992 a participação dos homens era de a 68,13% e em 2001 passou para 63,55%, já a participação da mulher era 31,87% passou para 36,45% isso equivale a uma variação de 14,37%, no entanto, o rendimento esperado das mulheres era 30,83% inferior ao dos homens em 1992 e passou em 2001 para 31,59%, apresentando um leve aumento dessa diferença (MONARIN, CUNHA e MATOS, 2004). Existem muitos fatores por trás do crescimento das taxas de emprego feminino nas últimas décadas, pode-se elencar a queda da taxa de fecundidade e o aumento no nível de instrução da população feminina, onde elas puderam conciliar melhor o papel de mãe e

trabalhadora (PROBST; PIZZARO, 2013). Outros autores apontam que as mudanças de atitudes sociais, como o preconceito com as mulheres casadas trabalhadoras, alterações na percepção das mulheres sobre as carreiras profissionais, e o acrescente nível educacional feminino (PISSEUWALS et al. 2007). Além do desenvolvimento de tecnologia doméstica (eletrodomésticos), que permite a diminuição do tempo dedicado ao trabalho doméstico realizado pelas mulheres, aumentando assim sua participação no mercado de trabalho (GONÇALVES, 2013). Pode-se notar uma tendência geral, em todos os tipos de família, onde o crescimento da participação da mulher entre os com ocupação extra lar é crescente, assim auxiliando no sustento da família, também nas famílias onde o chefe é uma mulher, esta tem a necessidade de trabalho, além de sua residência (GARCIA e CONFORTO, 2012). Algumas políticas influenciam na decisão feminina sobre a intensidade de sua participação na força de trabalho, sendo as preocupações mais frequentes das mulheres, a disponibilidade de condições de cuidados às crianças (creches, escolas, entre outros), as licenças-maternidade e a flexibilidade na jornada de trabalho, embora as mudanças no grau de segregação tenham se mostrado não significativas no mercado de trabalho com estas medidas (KON, 2001). 3 METODOLOGIA O período de analise são os anos de 2003 e 2014. A variável-base utilizada foi o emprego formal distribuído por setor e separados por gênero. Estes coletados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) disponibilizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), dos anos de 2003 e 2014, seguindo a divisão CNAE Cadastro Nacional das Atividades Econômicas que estudará os cinco setores da economia: Indústria, Construção Civil, Comércio, Serviços e Agropecuária. O uso da variável emprego formal se justifica pela necessidade da criação de postos de trabalho: quanto mais dinâmica a economia ao longo do tempo, maior é a sua capacidade de gerar empregos formais. A delimitação espacial da análise é dada pela aglutinação das regiões, neste caso, os municípios que compõe a Mesorregião Oeste Paranaense, conforme a Figura 1.

Figura 1 - Municípios da Mesorregião Oeste Paranaense. Fonte: Elaboração da pesquisa. Após a coleta dos dados, foram aplicadas medidas de localização e especialização. Método proposto em Haddad (1989) e Alves (2012), e utilizado em trabalhos como Ferrera de Lima & Alves (2008) e Ferrera de Lima et. al.(2004). Para o cálculo destas medidas, as informações foram organizadas em uma matriz que relaciona a distribuição setorial-espacial. As colunas mostram a distribuição do emprego entre os municípios da região oeste, e as linhas mostram a distribuição do emprego por setor em cada um dos municípios analisados. E assim se tem a seguinte distribuição: Emprego no ramo produtivo i no Município j; (1) = Emprego no ramo produtivo i de todos os Municípios; (2) =Emprego em todos os ramos produtivos do Município j; (3) =Emprego em todos os ramos produtivos e todos os Municípios; (4) Mediante as equações (1, 2, 3 e 4) estimam-se os indicadores de análise regional, que envolve as medidas de localização e especialização. As medidas de localização são de natureza setorial e se atentam a localização das atividades produtivas entre os municípios, ou seja, buscam identificar padrões de concentração ou dispersão do emprego formal neste

caso, também por gênero em um determinado período. Enquanto as medidas de especialização se concentram em analisar a estrutura produtiva de cada município em um determinado período (FERRERA DE LIMA, et. al., 2004). -Quociente Locacional (QL): Segundo Alves (2012) este indicador mostra o comportamento locacional dos setores, além de apontar os setores mais especializados (potenciais) nas diferentes regiões, ao se comparado a uma macrorregião de referência. Pode ser estimado pela Equação 05: QL ij i E E ij ij j i E j ij E ij (5) O QL informa quantas vezes o setor i é mais ou menos importante para a região j. Assim a importância de cada município no contexto do universo regional, em relação ao setor estudado, é demonstrado quando QL 1, nesses casos o setor será considerado especializado, e haverá representatividade desta atividade na região. -Coeficiente de Especialização (CE): compara a estrutura produtiva do município j com a estrutura produtiva da região de referência. Dessa forma, será especializado o município que apresentar uma estrutura produtiva diferenciada da região de referência. Seu valor é resultado da Equação (6) (6) Para resultados iguais a 0 (zero), o município apresentará a composição idêntica à da Região de Referência. Em contrapartida, coeficientes iguais ou próximos a 1 demonstram um elevado grau de especialização ligados a um determinado setor, ou uma estrutura do emprego formal totalmente diversa da estrutura do Emprego Regional. -Coeficiente de Reestruturação (CR): relaciona a estrutura do emprego por município entre dois períodos no caso 2003 e 2013 com o objetivo de identificar o grau de mudanças na especialização dos municípios que compõe a mesorregião. É obtido através da Equação (7) Cr i E ij t1 i E ij E 2 ij t0 i E ij (07)

Este coeficiente varia de zero (0) a um (1). Valores próximos a zero indicam que não ocorreram mudanças significativas na estrutura produtiva de determinado município, enquanto valores próximos ou iguais a um demonstram uma reestruturação substancial. As medidas de localização e de especialização serão apresentadas na forma de tabelas e mapas temáticos para facilitar a visualização espacial da distribuição das atividades econômicas no espaço nacional, e em escalas de cores, onde cada cor representará um grau de importância dos quocientes. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO O Quociente Locacional é considerado a medida de localização mais difundida e utilizada nos estudos exploratórios de economia regional. No caso deste trabalho, indica a importância cinco setores em cada um dos municípios da Mesorregião Oeste Paranaense. Além disso, indica qual o gênero que tem mais importância em cada um destes setores. Inicia-se a análise pelo setor da Indústria, esta representada na Região Oeste principalmente pela indústria de transformação e de alimentos e bebidas, este setor concentra os empregos principalmente nos municípios de Toledo, Cascavel, Foz do Iguaçu, Medianeira, Marechal Candido Rondon, Matelândia e Palotina. Na Figura 2, é mostrada a importância do setor nos municípios do Oeste do Paraná. Figura 2- Quociente Locacional (QL) do Setor de Indústria por Gênero nos Municípios da Mesorregião Oeste Paranaense 2003/2014 Fonte: Elaboração com base em dados do MTE/RAIS, 2015. No gênero feminino, tanto em 2003 como em 2014, 20 municípios apresentaram um QL significativo, ou seja, em 20 municípios do Oeste do Paraná, há uma representatividade deste gênero na geração de emprego formal. O município que obteve o maior QL em 2003 foi Formosa do Oeste (3,94), ou seja, neste município o emprego formal da indústria feminina é 3,94 vezes mais importante do que o conjunto da região. Isso ocorreu, por que neste ano o

setor abarcava 27% do emprego formal do Município. Já em 2014 foi Matelândia, onde o emprego da indústria feminina foi 3,70 vezes mais importante que o conjunto do município, isto é recorrente a agroindústria instalada no município que emprega um grande número de mulheres, o que representou em 2014 aproximadamente 38% do emprego formal no município. Já no gênero masculino, observou-se que no ano 2003, 22 municípios com o QL superior a unidade, destes o município em que se teve mais representatividade foi Ibema com QL de 3,12, isso se deu, devido ao fato do setor representar este ano 49% do emprego formal no município, alavancado pela indústria do ramo de papel e gráfica deste município. Já no ano de 2014, quando o QL se mostrou significativo em 23 municípios, foi no município de Matelândia 1 que apresentou maior representatividade, com um QL de 2,22. Quanto aos municípios com menores valores do QL, apresentaram-se semelhanças para os gêneros em ambos os períodos analisados, pois observa-se no centro da região um agrupamento de municípios, com o índice considerado fraco. Ali se concentram os municípios de São Pedro do Iguaçu, Vera Cruz do Oeste, São José das Palmeiras, Ouro Verde e Diamante do Oeste, nestas municipalidades há uma predominância do setor da agropecuária, e ocorre também um movimento pendular, em que as pessoas passam buscar emprego em indústria dos municípios de Toledo e Cascavel. Outro corredor de QL industrial fraco, principalmente no gênero feminino ocorre na faixa que liga Assis Chateaubriand a Diamante do Sul, ali também há uma predominância da agropecuária, mas a Figura 2 mostra uma peculiaridade, observa-se uma dominação do gênero masculino na indústria, pois em alguns destes municípios, este gênero apresentou QL superior a unidade, ou até em transição. No setor de construção civil observou-se um crescimento nos postos de trabalho, de 7.904 em 2003 para 17.698 em 2014, mas uma redução de municípios que tem o setor como significativo nos gêneros masculino e feminino. O aumento dos postos de trabalho é justificado pelo crescimento do setor e regulamentação trabalhista, porém os números devem ser ainda maiores considerando que muitos trabalhadores prestam serviços como microempreendedores individuais, não computados nos registros do MTE/RAIS. O setor é caracterizado por predominância do gênero masculino, o que foi confirmado na mesorregião em análise, porém a relação entre gêneros vem diminuindo, enquanto em 2003 para cada mulher no setor tínhamos aproximadamente 20 homens, em 1 Alavancado pela indústria de transformação de alimentos instalada no município.

2014 já passou a ser aproximadamente 14 homens para uma mulher. Os municípios com maior semelhança foram Formosa do Oeste, Pato Bragado e Mercedes, todos com baixa representatividade no setor. Como mostra a Figura 3: Figura 3 - Quociente Locacional (QL) do Setor de Construção Civil por Gênero nos Municípios da Mesorregião Oeste Paranaense 2003/2014. Fonte: Elaboração com base em dados do MTE/RAIS, 2015. A O setor é caracterizado por predominância do gênero masculino, o que foi confirmado na mesorregião em análise, porém a relação entre gêneros vem diminuindo, enquanto em 2003 para cada mulher no setor tínhamos aproximadamente 20 homens, em 2014 já passou a ser aproximadamente 14 homens para uma mulher. Os municípios com maior semelhança foram Formosa do Oeste, Pato Bragado e Mercedes, todos com baixa representatividade no setor. Como mostra a Figura 3: Figura 3 mostra que tanto em 2003 como em 2014, há uma concentração do setor em alguns pontos específicos da Região. O primeiro nos municípios que cercam o município de Foz do Iguaçu, nestas localidades, são apresentados QL s significativos em ambos os gêneros. Outro ponto de concentração do setor forma um corredor que vai de Cascavel até Marechal Candido Rondon, com municípios que mostraram um QL superior a unidade, ou em transição, em ambos os gêneros. Assim, tem-se como municípios onde o setor mostra significativa em 2003 e 2010 importância na geração de emprego, em ambos os gêneros, Cascavel, Toledo, Foz do Iguaçu, Cafelândia e Corbélia apenas no gênero masculino; e Pato Bragado e Santa Lúcia apenas no gênero feminino, as duas cidades pequenas, com uma população relativamente pequena ao se comparar com os municípios polo. Já em municípios que ficam entre essa concentração do emprego no setor, são apresentados QL fracos, ou seja, não há representatividade dos setores nos municípios em relação ao conjunto da região. Isso ocorre também no corredor superior da região, salvo alguns municípios isolados. Mesmo com uma evolução do QL, este setor ainda se mostra pouco significativo frente aos outros setores da economia, nestas localidades.

O gênero feminino vem ganhando espaço no setor, mas em ritmo lento e muito distante de uma igualdade no emprego formal entre os gêneros, pois este é o que mais apresenta desigualdade no emprego entre homens e mulheres. Na Figura 4, é mostrada a representatividade do setor de comércio nos municípios do Oeste do Paraná nos anos de 2003 e 2014. Nesta Figura pode se observar que o emprego do setor está mais distribuído no espaço da região, em comparação a outros setores da economia, mas ainda existem disparidades, pois ao longo do tempo além de aumentar significativamente o emprego alguns municípios passaram a gerar mais emprego no setor. Isso ocorre por fatores como por exemplo, localização dos municípios, também pelo comércio ser alavancado através do crescimento do emprego em outros setores do município. Figura 4 - Quociente Locacional (QL) do Setor de Comércio por Gênero nos Municípios da Mesorregião Oeste Paranaense 2003/2014. Fonte: Elaboração com base em dados do MTE/RAIS, 2015. Nos municípios de Cascavel, Guairá, Palotina, Assis Chateaubriand e Foz do Iguaçu, nos dois períodos e nos dois gêneros pesquisados, são significativos, neste aspecto e nestas cidades, dobrou a quantidade de comércio de um período ao outro, podendo ser abordado como relevante para este resultado, a proximidade de rodovias, importante para seus centros de comércio. Cascavel desenvolveu um comércio varejista que atende boa parte da demanda regional, e também um comércio atacadista estruturado em diversos segmentos para atender as necessidades de demais centros varejistas da Região ou até do Estado. Foz do Iguaçu desenvolveu um comércio atacadista atrelado a importação e exportação, e realizam comercio com Paraguai e Argentina, aproveitando a vantagem da a fronteira que faz com estes Países, além do turismo local, que indiretamente acaba por colaborar no desenvolvimento do coério local. Os municípios de Jesuítas e Formosa do Oeste obtiveram uma evolução significativa durante o período analisado, tanto para o gênero feminino como para o masculino. Passando a tornar o emprego do setor de comércio relevante para os municípios da região no setor.

Já Cafelândia nos dois períodos e nos dois gêneros obteve uma relevância fraca, tendo aumentado o número de estabelecimentos comerciais, mas estes possuem poucos trabalhadores. Matelândia, Terra Roxa, Nova Aurora obtiveram uma retração na importância do gênero feminino de 2003 para 20014, pelo fato de existirem poucas vagas para o gênero. A Figura 5 mostra o Quociente Locacional para o setor de Serviços, nos municípios do Oeste do Paraná. Deduz-se que a concentração do emprego no setor de serviço para as mulheres é maior devido a grande concentração do gênero no serviço público, como professoras, enfermeiras, entra outros cargos historicamente feminino. Pode ser observada no oeste da região a grande significância neste setor para o gênero. Figura 5 - Quociente Locacional (QL) do Setor de Serviços por Gênero nos Municípios da Mesorregião Oeste Paranaense 2003/2014. Fonte: Elaboração com base em dados do MTE/RAIS, 2015. No gênero feminino os municípios que nos anos analisados apresentaram maiores valores do QL, foram Diamante do Sul, Ramilândia e Campo Bonito. Uma característica importante destes municípios, assim como da maior parte onde o gênero feminino se apresenta representativo, é de que estes apresentaram fracos os QL s na Indústria, Construção Civil e Comércio, mas uma maior importância do setor de serviços e agropecuária na geração de emprego formal em 2003 e 2014. Já no gênero masculino os municípios que apresentaram mais significância do setor de serviços perante outros setores no ano de 2003, foram Ouro Verde do Oeste, Iracema do Oeste e Tupãssi, apresentando estes municípios às mesmas características do gênero feminino. Para o ano de 2014, Diamante do Sul apresentou o maior QL, e em seguida Foz do Iguaçu e Cafelândia apresentaram maiores valores, estes dois municípios, diferente de outros, apresentam representatividade de mais setores no emprego formal. Em ambos os gêneros os municípios de Iguatu e Serranópolis do Iguaçu foram os municípios com maior variação positiva do QL do setor de serviços. O que é gerado pelo salto na geração de emprego no setor que ocorreu nestas municipalidades de 2003 para 2014. O que

pode ser motivado pela realização de concursos públicos, que passou a aumentar o número de professores, enfermeiros, etc. Destaque para o município de Foz do Iguaçu que apresenta significativa importância do setor de serviços no emprego formal, nos dois períodos e nos dois gêneros, sendo estimulado pelos trabalhos de fronteira e turismo. O município de Matelândia permanece de fraca relevância nos dois gêneros. Cafelândia permanece de baixa relevância no gênero feminino, enquanto no gênero masculino passou a se destacar principalmente no ano de 2014. O Setor de Agropecuária, que tem seu QL representado na Figura 6. Na qual se observa que o emprego neste setor apresenta uma boa distribuição espacial, devido a região ser voltada a produção agrícola. Em todos os municípios observados, o emprego no gênero masculino é mais forte ou igual ao feminino, mas na sua maioria é maior, demonstrando claramente a proporção de homens trabalhando formalmente no campo. Figura 6 - Quociente Locacional (QL) do Setor de Agropecuária por Gênero nos Municípios da Mesorregião Oeste Paranaense 2003/2014. Fonte: Elaboração com base em dados do MTE/RAIS, 2015. Foz do Iguaçu apresentou em ambos os gêneros, e nos dois períodos analisados um QL baixo, o que ocorre devido sua principal atividade ser no turismo, tornando o setor de serviços mais representativo. Outros municípios em que a Agropecuária, tento no gênero masculino como feminino apresenta pouca representatividade em comparação a outros setores, Capitão Leônidas Marques, Guaíra, Cafelândia, entre outros. Lembrando que neste setor também se tem a questão da informalidade, o que fez alguns municípios, como Serranópolis do Iguaçu, Santa Lucia e Diamante do Sul não apresentaram empregos no gênero feminino para o setor no ano de 2003. Os municípios de Terra Roxa, Iguatu e Mercedes teve um aumento pouco expressivo no emprego do gênero feminino, assim, não chegando a índices de relevância diante aos demais municípios. Para o gênero masculino no município de Cascavel encontrou-se resultado pouco expressivo e Guaíra diminuiu o número de estabelecimentos.

A Figura 7 mostra o Coeficiente de Especialização para os Municípios da Mesorregião Oeste Paranaense nos anos de 2003 e 2014, o que possibilita visualizar as modificações ocorridas no período. Figura 7 - Coeficiente de Especialização dos Municípios da Mesorregião Oeste Paranaense 2003/2014 Fonte: Elaboração com base em dados do MTE/RAIS, 2015. No ano de 2003 o Município de Iguatu (20), possuía um número baixo de empregos formais, poucos setores se destacaram na geração de emprego formal, a Indústria Masculina, em virtude da indústria de Madeira e Mobiliário ocupado em sua maior parte por homens, e o setor de comércio feminino, que assim como acontece na maior parte dos municípios do Oeste do Paraná, é dominado pelo emprego formal feminino. Em 2014, o Município com maior Coeficiente de Especialização foi Matelândia (27), sendo provocado pela especialização no setor da Indústria, sendo o QL significativo na indústria feminina e masculina neste ano. Assim segundo dados do MTE/RAIS (2015), a indústria de produtos alimentícios, de bebida e álcool etílico, absorve grande parte dos empregos neste município, chegando no ano de 2014 a 4.671 empregos formais. Outros municípios que em ambos os anos apresentaram altos coeficientes de especialização são: Diamante do Sul, Cafelândia e Ramilândia. Diamante do Sul, especializado principalmente no setor de serviços para ambos os gêneros, e na agropecuária

masculina. No município de Cafelândia o QL mostrou uma alta especialização na indústria masculina e feminina, o que é induzido pela agroindústria do município. E no município de Ramilândia à uma forte especialização do setor agropecuária masculino, e uma maior especialização no setor de serviços no ano de 2014. O Município de Cascavel (8) se mostrou o mais diversificado tanto em 2003 como em 2014, ou seja, nestes anos o município obteve o menor coeficiente de Especialização. O que já pode ser observado no QL, pois no gênero masculino a Construção Civil, Comércio e Agropecuária (o último setor somente em 2003) obtiveram QL superior a unidade, e no gênero feminino, a Construção Civil, Comércio e Agropecuária obtiveram o QL superior a unidade em ambos os anos. Isso mostra que no Município de Cascavel possui uma economia dinâmica, ou seja, sua estrutura produtiva não depende somente de um setor, bem como possui uma concentração maior de emprego formal ao se comparar com outros municípios da região. Mas apesar de se ter uma maior população feminina no município, em ambos os anos, com exceção do setor de serviços, todos os setores apresentaram um percentual maior do gênero masculino no total de emprego formal. A Dessa forma, os municípios que obtiveram uma maior variação no Coeficiente de Reestruturação, ou seja, que passaram a ter uma maior especialização em algum setor, são Itaipulândia, Matelândia e Missal, este último apesar de uma variação positiva na especialização ainda se mostra diversificado perante a outros municípios. Já os municípios de Itaipulândia e Matelândia, em 2003 mostravam uma estrutura produtiva mais diferenciada do conjunto dos municípios, passando a aumentar em 2014. Figura 8 mostra quais os municípios que mais diversificaram sua base produtiva e quais passaram a ter uma maior especialização de 2003 para 2014. Dessa forma, os municípios que obtiveram uma maior variação no Coeficiente de Reestruturação, ou seja, que passaram a ter uma maior especialização em algum setor, são Itaipulândia, Matelândia e Missal, este último apesar de uma variação positiva na especialização ainda se mostra diversificado perante a outros municípios. Já os municípios de Itaipulândia e Matelândia, em 2003 mostravam uma estrutura produtiva mais diferenciada do conjunto dos municípios, passando a aumentar em 2014. Figura 8 - Variação do Coeficiente de Especialização nos municípios da Mesorregião Oeste Paranaense 2003/2014

Fonte: Elaboração com base em dados do MTE/RAIS, 2015. Os municípios que passaram a ter uma maior diversificação na estrutura produtiva são: Três Barras do Paraná, resultado de um aumento no emprego dos setores de indústria e serviços, devido a ampliação de estabelecimentos dos setores. Iguatu, que apesar da uma pequena diversificação ainda se apresentava em 2014 um município bastante especializado na Indústria Masculina. Serranópolis do Iguaçu, onde a queda significativa do coeficiente de especialização traduz um aumento no emprego formal de todos os setores em ambos os sexos, mas principalmente no emprego feminino, que no ano de 2003, era de 35 empregos, passando para 350 em 2014. As transformações que ocorrem na estrutura produtiva de um município de um período até o outro, resultam em um Coeficiente de Reestruturação, que se apresenta na Figura 9.

Figura 9 - Coeficiente de Reestruturação nos municípios da Mesorregião Oeste Paranaense 2003/2014 Fonte: Elaboração com base em dados do MTE/RAIS, 2015. Como este coeficiente varia de 0 a 1, pode-se dizer que nenhum município obteve uma reestruturação extraordinária, mas ainda se tem uma diferença quanto as transformações que ocorreram na estrutura produtiva dos municípios de 2003 para 2014. O município em que se teve um maior coeficiente de reestruturação foi Iguatu (0,66), um dos aspectos que impulsionou este resultado, foi o aumento expressivo da representatividade do setor de serviços em ambos os gêneros, e da indústria no gênero feminino, e por fim o município passou a não ter mais emprego feminino na agropecuária em 2014. Outro

município com reestruturação significativa foi Formosa do Oeste, impulsionado pela perca de empregos na indústria de ambos os gêneros, devido ao fechamento de um importante posto de trabalho, e assim o fortalecimento de outros setores na geração de emprego. Os municípios com menor coeficiente de reestruturação são aqueles que têm uma estrutura produtiva já dita consolidada, como Cascavel, Foz do Iguaçu e Missal. Já municípios como Lindoeste mesmo não tendo uma estrutura produtiva consolidada em algum setor, por exemplo, não passaram a ter mudanças significativas nesta. CONCLUSÃO O objetivo deste trabalho foi analisar a espacialidade da distribuição do emprego formal nos setores produtivos por gênero, para os anos de 2003 e 2014, o que possibilitou observar as transformações no período. O QL mostrou que na Indústria há mais representatividade em ambos os setores, nos municípios de Toledo, Marechal Cândido Rondon, Palotina e Cafelândia, que possuem indústrias de alimentos como motores na geração do emprego formal. Também se apresentou uma tendência de concentração em algumas localidades, formando uma espécie de corredores, em que á ou não representatividade do setor. O setor de construção civil, se mostrou o mais concentrado dentre todos os setores, o que ocorre no Município de Cascavel, e também Foz do Iguaçu e seu entorno. Outro aspecto interessante é de que o gênero feminino vem ganhando espaço no setor, mas em ritmo lento e muito distante de uma paridade entre os gêneros. Passando para o setor de comércio, aponta uma boa distribuição entre os municípios da mesorregião, além de uma boa representatividade em ambos os gêneros. Mas ainda assim, há uma concentração mais significativa nos municípios de Cascavel, impulsionado pelo comércio varejista, e de Foz do Iguaçu, que tem grande importância no comércio varejistas e atacadistas, além da influência da região de fronteira que impacta ainda mais neste resultado. O setor de serviços é o setor em que o gênero feminino apresenta maior representatividade, isso porque boa parte do seu emprego formal provém de concursos públicos em que não pode haver distinção entre os gêneros. O município de Foz do Iguaçu tem grande representatividade do setor perante aos demais, impulsionado principalmente pelas atividades turísticas. Outro aspecto é de que este setor em ambos os períodos apresentou grande representatividade em municípios em que se tem a agropecuária como significativa, enquanto os outros setores têm menor geração de emprego formal.

Por fim a agropecuária, setor em que há grande distribuição espacial do emprego, apesar de ser o setor em que se tem menos geração de emprego na região, um aspecto relevante do setor é de que é o setor com maior distinção entre os gêneros, ou seja, o gênero masculino possui muito mais empregos no setor em comparação ao masculino. Quanto a especialização, Diamante do Sul, Matelândia e Cafelândia passaram a se especializar no período. Enquanto Cascavel continua a ser o município com a base produtiva mais diversificada. Os municípios de menor reestruturação foram aqueles de com uma base produtiva consolidada. Enquanto nos municípios de Iguatu e Serranópolis do Iguaçu que passaram a ter maiores modificações na estrutura produtiva, se teve grande impulso do setor de serviços. Por fim, pode se dizer, que de 2003 para 2014, a maior representatividade do emprego formal continua concentrada nos municípios de Foz do Iguaçu, Cascavel e Toledo, mas se identificam municípios emergentes, impulsionados pela indústria, como Cafelândia, Marechal Candido Rondon e Palotina. Já quanto a comparação entre os gêneros, ainda se tem um maior número de emprego formal masculino, ainda que a população feminina seja maior, quanto aos setores, a indústria, comércio e setor de serviços apresentam uma maior tendência a diminuição nesta disparidade. Já na construção civil, em que a geração de emprego é dominada pelo gênero masculino, mesmo que pequena, existe uma inserção de mulheres neste meio, enquanto na agropecuária também se obteve uma pequena evolução, mas ainda há uma predominância do gênero masculino. O tema posto neste artigo instigou várias questões aos autores, que não cabe responder nesta pesquisa, sendo assim, o mesmo desencadeou outras problemáticas para fomentar outras pesquisas, como a questão da distribuição salarial entre os gêneros na região, ou uma análise mais detalhada sobre a distribuição do emprego entre os ramos de atividade na região. REFERÊNCIAS ALVES, L. R. Indicadores de localização, especialização e estruturação regional. In. PIACENTI, C. A.; FERRERA DE LIMA, J. Análise regional: metodologias e indicadores. Curitiba - PR: Camões. 2012, p. 33-49. BRUSCHINI, M. C. A. Trabalho e gênero no Brasil nos últimos dez anos. Cadernos de Pesquisa da Fundação Carlos Chagas, v. 37, n. 132, p. 537-572, 2007. GARCIA, L. dos S.; CONFORTO, E. A inserção feminina no mercado de trabalho urbano brasileiro e renda familiar, 2012. Disponível em: http://cdn.fee.tche.br/jornadas/2/h7-03.pdf. Acessado em: 15/12/2015.

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