Superior Tribunal de Justiça

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Dados Básicos. Ementa. Íntegra. Fonte: Tipo: Acórdão STJ. Data de Julgamento: 19/03/2013. Data de Aprovação Data não disponível

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RECURSO ESPECIAL Nº MG (2013/ )

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RECURSO ESPECIAL Nº RS (2003/ )

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Transcrição:

RECURSO ESPECIAL Nº 1.178.500 - SP (2010/0021330-2) RELATORA RECORRENTE ADVOGADO RECORRIDO : MINISTRA NANCY ANDRIGHI : BANCO BMG S/A : JOSÉ MANSSUR E OUTRO(S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO EMENTA PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. TUTELA ANTECIPADA. NECESSIDADE DE REQUERIMENTO. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. AUSENTE. 1. Ambas as espécies de tutela cautelar e antecipada estão inseridas no gênero das tutelas de urgência, ou seja, no gênero dos provimentos destinados a tutelar situações em que há risco de comprometimento da efetividade da tutela jurisdicional a ser outorgada ao final do processo. 2. Dentre os requisitos exigidos para a concessão da antecipação dos efeitos da tutela, nos termos do art. 273 do CPC, está o requerimento da parte, enquanto que, relativamente às medidas essencialmente cautelares, o juiz está autorizado a agir independentemente do pedido da parte, em situações excepcionais, exercendo o seu poder geral de cautela (arts. 797 e 798 do CPC). 3. Embora os arts. 84 do CDC e 12 da Lei 7.347/85 não façam expressa referência ao requerimento da parte para a concessão da medida de urgência, isso não significa que, quando ela tenha caráter antecipatório, não devam ser observados os requisitos genéricos exigidos pelo Código de Processo Civil, no seu art. 273. Seja por força do art. 19 da Lei da Ação Civil Pública, seja por força do art. 90 do CDC, naquilo que não contrarie as disposições específicas, o CPC tem aplicação. 4. A possibilidade de o juiz poder determinar, de ofício, medidas que assegurem o resultado prático da tutela, dentre elas a fixação de astreintes (art. 84, 4º, do CDC), não se confunde com a concessão da própria tutela, que depende de pedido da parte, como qualquer outra tutela, de acordo com o princípio da demanda, previsto nos art. 2º e 128 e 262 do CPC. 5. Além de não ter requerido a concessão de liminar, o MP ainda deixou expressamente consignado a sua pretensão no sentido de que a obrigação de fazer somente fosse efetivada após o trânsito em julgado da sentença condenatória. 6. Impossibilidade de concessão de ofício da antecipação de tutela. 7. Recebimento da apelação no efeito suspensivo também em relação à condenação à obrigação de fazer. 8. Recurso especial parcialmente provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da TERCEIRA Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas constantes dos autos, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso especial, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a) Relator(a). Os Srs. Ministros Sidnei Beneti, Paulo de Tarso Sanseverino e Ricardo Villas Bôas Cueva Documento: 1199631 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/12/2012 Página 1 de 14

votaram com a Sra. Ministra Relatora. Brasília (DF), 04 de dezembro de 2012(Data do Julgamento) MINISTRA NANCY ANDRIGHI Relatora Documento: 1199631 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/12/2012 Página 2 de 14

RECURSO ESPECIAL Nº 1.178.500 - SP (2010/0021330-2) RECORRENTE ADVOGADO RECORRIDO : BANCO BMG S/A : JOSÉ MANSSUR E OUTRO(S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO RELATÓRIO A EXMA. SRA. MINISTRA NANCY ANDRIGHI (Relatora): Trata-se de recurso especial interposto por BANCO BMG S/A, com base no art. 105, III, a e c, da Constituição Federal, contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ/SP). Ação: civil pública, proposta pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO em face de BANCO BMG S/A, alegando, em síntese, a ilegalidade da cobrança do percentual de 5% (cinco por cento), sobre o valor do débito, quando da quitação antecipada dos empréstimos pessoais contraídos pelos consumidores junto ao Banco réu. Foi deferida a liminar requerida, nos termos do art. 12 da Lei 7.347/85, para determinar que o réu se abstenha de cobrar qualquer valor nas hipóteses de quitação antecipada de empréstimos pessoais, sob pena de multa diária fixada em R$10.000,00 para cada violação. Sentença: julgou procedente o pedido para condenar o réu (i) a se abster de cobrar qualquer valor para liquidação antecipada de empréstimos pessoais, sob pena de multa diária, agora majorada para R$50.000,00 para cada violação do preceito e (ii) na obrigação de incluir nos instrumentos, já assinados ou não, cláusula expressa, com redação compreensível por pessoa mediana, sobre o direito à quitação antes do prazo, com redução proporcional dos juros, sob pena de multa diária de R$50.000,00, agora também antecipada a tutela nesse tópico (e-stj fl. 104); e (iii) ao pagamento de valor consistente na restituição do que foi pago indevidamente e indenização, a ser liquidado por arbitramento, além de tornar definitiva a liminar anteriormente concedida. Documento: 1199631 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/12/2012 Página 3 de 14

Decisão interlocutória: recebeu o recurso de apelação interposto por BANCO BMG S/A apenas em seu efeito devolutivo no que se refere à antecipação dos efeitos da tutela e, quanto ao mais, também no efeito suspensivo. Acórdão: negou provimento ao recurso de agravo de instrumento interposto por BANCO BMG S/A, sob o fundamento de que, pelo princípio da especialidade, não se aplica o caput do art. 273 do CPC, mas o disposto no art. 84 do CDC e no art. 12 da Lei da Ação Civil Pública, não sendo, por consequência, necessário o requerimento da parte para a concessão da antecipação de tutela, conforme a seguinte ementa (e-stj fl. 158/163): AÇÃO CIVIL PÚBLICA Concessão, de ofício, de tutela antecipada na sentença, fora do albergue do efeito suspensivo Possibilidade Inteligência dos arts. 84 do CDC e 12 da Lei da Lei da Ação Civil Pública e dos institutos da medida cautelar e da antecipação dos efeitos da tutela Agravo não provido. Recurso especial: interposto com base nas alíneas a e c do permissivo constitucional (e-stj fls. 166/178), aponta ofensa aos 2º e 273 do CPC; ao art. 12 da Lei 7347/85; e ao art. 84 do CDC, sob o fundamento de que a tutela antecipada não poderia ser concedida sem requerimento da parte, pois o CDC não abre exceção ao princípio da demanda, bem como não identifica os institutos da liminar prevista no art. 12 da Lei da Ação Civil Pública com o da antecipação de tutela prevista no CPC, os quais teriam natureza jurídica distinta. O dissídio jurisprudencial, por sua vez, estaria configurado entre o acórdão recorrido e acórdão proferido: (i) pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região, no Mandado de Segurança n.º 92.03.17389-7, que teria entendido pela impossibilidade do juiz conceder medidas que não foram requeridas pela parte; (ii) por esta Corte, no Resp 161.656/SP, que teria reconhecido que a liminar prevista no art. 12 da Lei da Ação Civil Pública tem natureza jurídica Documento: 1199631 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/12/2012 Página 4 de 14

distinta da antecipação de tutela prevista no art. 273 do CPC. Exame de admissibilidade: o recurso foi inadmitido na origem pelo TJ/SP (e-stj fls. 208/209), tendo sido interposto agravo de instrumento contra a decisão denegatória, ao qual dei provimento para determinar a subida do recurso especial (e-stj, fl. 215). É o relatório. Documento: 1199631 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/12/2012 Página 5 de 14

RECURSO ESPECIAL Nº 1.178.500 - SP (2010/0021330-2) RELATORA RECORRENTE ADVOGADO RECORRIDO : MINISTRA NANCY ANDRIGHI : BANCO BMG S/A : JOSÉ MANSSUR E OUTRO(S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO VOTO A EXMA. SRA. MINISTRA NANCY ANDRIGHI (Relatora): Cinge-se a controvérsia a verificar se, na ação civil pública, é possível a concessão, de ofício, da antecipação dos efeitos da tutela. I Da concessão da antecipação de tutela na ação civil pública (violação dos arts. 2º, 273 do CPC; do art. 12 da Lei 7347/85; e do art. 84 do CDC) Ao julgar procedente a ação civil pública, o juiz de primeiro grau (i) confirmou a liminar, requerida na inicial, com fulcro no art. 12 da lei 7347/85 e concedida às fl. 61 (e-stj), a qual determinava ao recorrente que se abstivesse de efetuar a cobrança da tarifa pela quitação antecipada dos contratos de empréstimos, apenas alterando o valor da multa fixada; e (ii) antecipou os efeitos da tutela no tocante ao pedido de condenação à obrigação de fazer, para determinar que o recorrente incluísse nos contratos, já assinados ou não, cláusula expressa sobre o direito à quitação antes do prazo, com redução proporcional dos juros, sob pena de multa diária de R$50.000,00, devendo ser feita a comprovação nos autos, no prazo de 30 dias. Posteriormente, com fulcro no art. 520, VII, do CPC, em relação à antecipação de tutela, recebeu a apelação interposta pelo recorrente, somente no efeito devolutivo (e-stj fl. 28). O recorrente insurge-se contra recebimento da apelação somente no Documento: 1199631 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/12/2012 Página 6 de 14

efeito devolutivo, sob o fundamento de que a tutela antecipada não poderia ter sido concedida de ofício pelo juiz. O acórdão recorrido, por sua vez, entende admissível a concessão de ofício da tutela antecipada na ação civil pública porque, diferentemente do art. 273 do CPC, nem o art. 84 do CDC, nem o art. 12 da Lei 7.347/85, aplicáveis à hipótese, exigem o requerimento do autor para a concessão da medida. Acrescenta, ainda, que, não obstante o art. 12 da Lei da Ação Civil Pública faça referência apenas à medida liminar, e o art. 84 do CDC, às medidas que asseguram o resultado prático, ou seja, às medidas cautelares, atualmente não há mais que se fazer distinção entre essas e as medidas antecipatórias, pois ambas se inserem na categoria de tutelas de urgência. De fato, ambas as espécies de tutela cautelar e antecipada estão inseridas no gênero das tutelas de urgência, ou seja, no gênero dos provimentos destinados a tutelar situações em que há risco de comprometimento da efetividade da tutela jurisdicional a ser outorgada ao final do processo (situação de perigo). Nas palavras do Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, As medidas antecipatórias e as medidas cautelares têm um objetivo e uma função constitucional comuns: são instrumentos destinados a, mediante a devida harmonização, dar condições de convivência simultânea aos direitos fundamentais da segurança jurídica e da efetividade da jurisdição. E é nesta função instrumental concretizadora que ditas medidas legitimam-se constitucionalmente (Antecipação de tutela, São Paulo: Saraiva, 2005, p. 69). Ademais, a discussão teórica acerca da distinção entre as duas técnicas acabou por perder grande parte da sua importância prática, diante da alteração legislativa que reconheceu a fungibilidade entre elas, aproximando os dois institutos (art. 273, 7º, do CPC). Todavia, como nos adverte JOSÉ ROBERTO DOS SANTOS BEDAQUE, a utilidade da distinção entre a tutela cautelar e a antecipada, bem Documento: 1199631 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/12/2012 Página 7 de 14

como de se encontrar a verdadeira natureza desta última reside na possibilidade, ou não, de incidência de princípios inerentes à tutela cautelar toda vez que não houver regra específica regulamentando a situação sujeita à tutela antecipada (Tutela cautelar e tutela antecipada: tutelas sumárias e de urgência (tentativa de sistematização). 4ªed. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 324) Essa observação ganha importância na hipótese analisada porque, dentre os requisitos exigidos para a concessão da antecipação dos efeitos da tutela, nos termos do art. 273 do CPC, está o requerimento da parte, enquanto que, relativamente às medidas essencialmente cautelares, o juiz está autorizado a agir independentemente do pedido da parte, em situações excepcionais, exercendo o seu poder geral de cautela (arts. 797 e 798 do CPC) e, desde que a medida não seja preparatória, sob pena de violação do princípio da demanda estampado nos arts. 2.º e 262 do CPC. Uma das razões da diferença de tratamento é apontada por DINAMARCO: às antecipações de tutela não se aplica, todavia, a fundamental razão política pela qual as medidas cautelares incidentes devem ser concedidas de ofício, porque aquelas não se destinam a dar apoio a um processo e ao correto exercício da jurisdição, mas a favorecer uma das partes em suas relações com a outra ou com o bem da vida em disputa. É certo que, por se tratar a presente de ação civil pública visando à tutela dos interesses dos consumidores, além da disciplina geral acerca do tema, prevista no CPC, devem ser aplicados os regramentos específicos, quais sejam, o CDC e a Lei da Ação Civil Pública. Nesse contexto, verifica-se que o art. 84 do CDC dispõe sobre a possibilidade de concessão da tutela específica das obrigações de fazer e não fazer, pelo juiz, com a determinação de medidas que assegurem o resultado prático equivalente ao adimplemento, bem como autoriza, no seu 3º, a concessão Documento: 1199631 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/12/2012 Página 8 de 14

da tutela em caráter liminar. Antes dele, o art. 12 da Lei 7.347/85 também já dispunha sobre a possibilidade de concessão de medidas cautelares incidentais na ação civil pública, tendo a doutrina e a jurisprudência, ao longo do tempo, principalmente após a alteração do art. 273 do CPC pelas Leis 8.952/94 e 10.444/02, estendido o permissivo também às medidas de caráter antecipatório. Embora referidos dispositivos legais não façam expressa referência ao requerimento da parte para a concessão da medida, isso não significa que, quando ela tenha caráter antecipatório, não devam ser observados os requisitos genéricos exigidos pelo Código de Processo Civil, no seu art. 273. Afinal, seja por força do art. 19 da Lei da Ação Civil Pública, seja por força do art. 90 do CDC, naquilo que não contrarie as disposições específicas, o CPC tem aplicação. Consigne-se, aliás, que a alteração do art. 273 do CPC, para generalizar a possibilidade de concessão da tutela antecipada no processo civil, o que antes somente era previsto em situações pontuais pela legislação, dentre as quais estava o próprio sistema do Código de Defesa do Consumidor, acabou também por sistematizar a matéria e estabelecer os requisitos que devem ser observados para a sua concessão. Assim, consigna JOÃO BATISTA LOPES: de modo geral, pode-se dizer que a tutela antecipada nas ações coletivas se sujeita ao regime jurídico estabelecido no art. 273, caput e parágrafos, e no art. 461, 3º, do CPC (Tutela antecipada no processo civil brasileiro, 4ª ed., São Paulo: RT, 2009, p. 226) (sem destaque no original). No mesmo sentido, HUGO NIGRO MAZZILI: graças ao sistema peculiar do processo coletivo, não é mister ajuizamento de ação cautelar para pedir-se uma liminar; em qualquer ação de índole coletiva, pode o juiz conceder a liminar, se lhe for requerida (A defesa dos interesses difusos em juízo, 22ª ed., São Paulo: Saraiva, 2009, p. 502) (sem destaque no original). Documento: 1199631 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/12/2012 Página 9 de 14

CDC, destaca: No mesmo sentido, BRUNO MIRAGEM, ao comentar o art. 84 do A antecipação da tutela nas obrigações de fazer e não fazer reclama os requisitos genéricos do art. 273 do Código de Processo Civil, quais sejam, o fumus boni iuris e o periculum in mora. A antecipação pode ocorrer em qualquer fase do processo, podendo o consumidor requerê-la imediatamente na petição inicial ou em momento posterior, desde que configurados os requisitos exigidos pela lei processual (Cláudia Lima Marques, Antônio Herman V. Benjamim, Bruno Miragem (coord.), Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. Artigo por artigo, 2ªed., São Paulo: RT, 2006, p. 1023) (sem destaque no original). Além disso, é importante esclarecer que a possibilidade do juiz poder determinar, de ofício, medidas que assegurem o resultado prático da tutela, dentre elas a fixação de astreintes (art. 84, 4º, do CDC e 461, 4º, do CPC), não se confunde com a concessão da própria tutela, que depende de pedido da parte, como qualquer outra tutela, de acordo com o princípio da demanda, previsto nos art. 2º e 128 e 262 do CPC. E nesse ponto, HUGO NIGRO MAZZILI é enfático: Nas ações civis públicas ou coletivas, o juiz depende de pedido do autor tanto para conceder liminar como para adiantar a tutela, mas não dependerá de pedido do autor para impor multa liminar que vise a assegurar o cumprimento de sua decisão. É esse o sistema: a) o juiz somente pode expedir liminar ou adiantar a tutela de mérito a pedido da parte; b) mas pode impor multa diária em caso de descumprimento de liminar ou do adiantamento da tutela independentemente de pedido do autor. Em síntese, tutela antecipada ou liminar de ofício, não; multa diária de ofício para assegurar o cumprimento da decisão, sim. (Op. Cit., p. 502) (sem destaque no original). Também mencionando que a tutela antecipada será concedida mediante o requerimento da parte, enquanto que a multa pode ser fixada de ofício, cite-se: RODOLFO DE CAMARGO MANCUSO, Ação civil Pública, 12ªed., São Paulo: RT, 2011, p. 218; JOÃO BATISTA DE ALMEIDA, Aspectos Documento: 1199631 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/12/2012 Página 10 de 14

Controvertidos da Ação Civil Pública, 3ª ed., São Paulo: RT, 2011, p. 166; JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO, Ação civil Pública. Comentários Artigo por artigo, 8ªed., Rio de Janeiro: Lumen Iuris, 2011, p. 114). A partir do exposto, verifica-se que tanto no microssistema do Código de Defesa do Consumidor, como no da Ação Civil Pública, aplicam-se, para a concessão da tutela antecipada, as disposições genéricas previstas no art. 273 do CPC, devendo ser observado, portanto, o que se denomina diálogo das fontes. Partindo dessa premissa, há que se verificar, na hipótese, se houve pedido da parte a autorizar a concessão da antecipação da tutela na sentença. Conforme já mencionado, o Ministério Público, na petição inicial e no seu respectivo aditamento, limitou-se a requerer a medida de urgência, que, na hipótese, tem caráter antecipatório, relativamente à obrigação de não fazer consistente na abstenção da cobrança da tarifa de 5% sobre o débito, quando houver quitação antecipada dos empréstimos. Em relação ao pedido de condenação do réu à obrigação de fazer consistente na inserção, nos contratos de cláusula que disponha expressamente sobre a possibilidade de liquidação antecipada do débito, seja total ou parcial, mediante redução proporcional dos juros e acréscimos legais, o parquet expressamente requer que a instituição financeira recorrente seja condenada a: apresentar, em sessenta dias contados da intimação do trânsito em julgado da r. sentença, novo modelo de contrato, com a inclusão, e aditamento aos contratos atuais, em andamento, sob pena do pagamento de multa no valor de R$50.000,00 (cinquenta mil reais) que deverá incidir em cada contrato (atual ou futuro) em que houve descumprimento do comando judicial e-stj fl. 58) (sem destaque no original) Ou seja, além de não ter requerido a concessão de liminar em relação a esse pedido, o recorrido ainda deixou expressamente consignado a sua pretensão Documento: 1199631 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/12/2012 Página 11 de 14

no sentido de que a obrigação de fazer somente fosse efetivada após o trânsito em julgado da sentença condenatória, diferentemente da obrigação de não fazer, que deveria ser cumprida desde logo. Diante dessa peculiaridade, mesmo que pudesse ser admitida, em circunstâncias excepcionalíssimas, a concessão de antecipação de tutela sem requerimento da parte, o juiz de primeiro grau não poderia tê-lo feito na hipótese, porque o requerimento do Ministério Público foi em sentido contrário, ou seja, de que se aguardasse o trânsito em julgado da sentença para a efetivação da obrigação de fazer. Assim, o acórdão recorrido, ao reafirmar a possibilidade de concessão de tutela antecipada de ofício, pelo juiz, na ação civil pública, contrariou o disposto nos arts. 2º e 273 do CPC. E, considerando que a única justificativa para o recebimento da apelação do recorrente no efeito meramente devolutivo em relação à obrigação de fazer, foi a concessão da antecipação de tutela (art. 520, VII, do CPC), deverá o acórdão recorrido ser reformado, para que o efeito suspensivo estenda-se a esse pedido condenatório. Em relação à condenação à obrigação de não fazer, como houve pedido de concessão da medida de urgência na inicial, a qual foi concedida e, após, confirmada na sentença, há que ser mantido o recebimento da apelação no efeito meramente devolutivo. II - Dissídio jurisprudencial Entre os acórdãos trazidos à colação pelo recorrente, não há o necessário cotejo analítico nem a comprovação da similitude fática, elementos indispensáveis à demonstração da divergência. Assim, a análise da existência do dissídio é inviável, porque não foram cumpridos os requisitos dos arts. 541, parágrafo único, do CPC e 255, 1º e 2º, do RISTJ. Documento: 1199631 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/12/2012 Página 12 de 14

Forte nessas razões, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso especial para reformar o acórdão recorrido, determinando o recebimento da apelação interposta pelo recorrente no efeito meramente devolutivo apenas o que tange à confirmação da liminar relativa à obrigação de não fazer; quanto ao mais, será recebida também no efeito suspensivo, conforme determinado pelo juiz de primeiro grau. Documento: 1199631 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/12/2012 Página 13 de 14

CERTIDÃO DE JULGAMENTO TERCEIRA TURMA Número Registro: 2010/0021330-2 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.178.500 / SP Números Origem: 200701567550 70588895 7058889501 PAUTA: 20/11/2012 JULGADO: 04/12/2012 Relatora Exma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. JOSÉ BONIFÁCIO BORGES DE ANDRADA Secretária Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA RECORRENTE ADVOGADO RECORRIDO AUTUAÇÃO : BANCO BMG S/A : JOSÉ MANSSUR E OUTRO(S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO ASSUNTO: DIREITO DO CONSUMIDOR - Contratos de Consumo - Bancários CERTIDÃO Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Turma, por unanimidade, deu parcial provimento ao recurso especial, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a) Relator(a). Os Srs. Ministros Sidnei Beneti, Paulo de Tarso Sanseverino e Ricardo Villas Bôas Cueva votaram com a Sra. Ministra Relatora. Documento: 1199631 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/12/2012 Página 14 de 14