COMO SE CALCULARÁ A PENSÃO DE APOSENTAÇÃO SE AS ALTERAÇÕES CONSTANTES DA PROPOSTA DE LEI DO OE-2010 FOREM APROVADAS

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Transcrição:

Como se calculará a pensão de aposentação se a Proposta de Lei do OE2010 for aprovada Pág. 1 COMO SE CALCULARÁ A PENSÃO DE APOSENTAÇÃO SE AS ALTERAÇÕES CONSTANTES DA PROPOSTA DE LEI DO OE-2010 FOREM APROVADAS Muitos trabalhadores da Função Pública têm-me enviado emails pedindo esclarecimentos sobre o seu caso concreto, nomeadamente como se calculará a pensão de aposentação se as alterações constantes da Proposta de Lei do OE2010 forem aprovadas. Na impossibilidade de responder a todos, aqui vão as respostas para as perguntas mais frequentes até porque poderão ser úteis a mais trabalhadores. Se algum trabalhador me colocar mais alguma questão que considere de interesse geral, se a souber dar esclarecer, a resposta será acrescentada em futuras actualizações deste texto. No entanto, chamo a atenção que deverão dirigirem-se aos vossos sindicatos ou à CGA onde obterão respostas mais precisas e adequadas a cada caso concreto. 1- PERGUNTA: Como se calcula o salário revalorizado de 2005 que passará a ser utilizado, no caso da proposta do governo ser aprovada na Assembleia da República, no cálculo do P1 da formula matemática (ver nosso estudo anterior disponível também em www.eugeniorosa.com ), que é a pensão correspondente ao tempo de serviço até 31.12.2005? De acordo com a Proposta de Lei, a revalorização do salário de 2005 será feita nos termos do artº 27 do Decreto-Lei 187/2007, que é o diploma que regula o cálculo das pensões da Segurança Social. De acordo com este artigo que trata da revalorização, os valores das remunerações registadas a considerar para determinação da remuneração de referência são actualizadas por aplicação do índice de preços do consumidor (IPC), sem habitação, sem prejuízo do disposto nos números seguintes em que o índice final é calculado com base numa média ponderada do IPC e do aumento das contribuições, com a justificação que isso dá um valor superior. Os coeficientes de revalorização são publicados anualmente pelo governo (veja-se Anexo II da Portaria 1459/2009, que por força do artº 5 do Decreto-Lei 323/2009 o valor de 2008 não é aplicado em 2010). Mas admitamos, para facilitar os cálculos, que é apenas o IPC sem habitação. Segundo o INE, o IPC aumentou, em 2006, 3,1% e, em 2007, 2,5%: Em 2008, subiu 2,6%; e, em 2009, -0,5%. No entanto, de acordo com o artº 5º do Decreto-Lei 323/2009, em 2010, para os anos de 2010, 2009, e 2008 aplica-se o coeficientes um, o que significa que o aumento de preços registados nesses três anos não são considerados na revalorização do salário para 2010. Por isso, na revalorização dos salários de 2005, apenas são considerados os aumentos do IPC de 2006 e 2007 que foram, respectivamente, de 3,1% e 2,6%, que dá um valor acumulado de 5,677%, arredondando dá 5,7%. Isto significa, que o salário revalorizado de 2005 que será utilizado no cálculo da pensão em 2010, será o salário relevante para efeitos da aposentação, ou seja, 90% do salário recebido pelo trabalhador em 2005, multiplicado por 1,057 (5,7% é o valor arredondado) Assim, um trabalhador que tivesse em 2005, por ex., um salário de 1000 euros, o valor relevante para efeitos de aposentação, em 2005, é 900 euros e, consequentemente, o salário revalorizado para efeitos de aposentação em 2010 será : 900 x 1,057 = 951 Portanto, é o valor 951 euros que terá de ser utilizado para calcular, em 2010. a pensão correspondente ao tempo de serviço feito até 31.12.2005, e não 90% do salário recebido pelo trabalhador na data da aposentação, como sucede actualmente. Há ainda um aspecto importante para o qual queremos chamar a atenção. Quando os trabalhadores têm mudanças de posições remuneratórias depois de 2005, a redução da pensão se a Proposta de Lei do OE2010 for aprovada, relativamente à formula actual, é ainda maior porque os aumentos resultantes das mudanças não serão consideradas para o cálculo da pensão correspondente ao tempo de serviço feito até 31.12.2005. Por outro lado, como o tempo de serviço feito até 2005 é, para muitos trabalhadores, superior ao tempo de serviço posterior a 2005, o efeito da alteração da formula de cálculo torna-se maior porque pode reduzir o salário que é utilizado para calcular a pensão referente a todos os anos de serviço até 2005. E isto é válido tanto aos trabalhadores que tenham tido mudanças na posição remuneratória depois de 2005,

Como se calculará a pensão de aposentação se a Proposta de Lei do OE2010 for aprovada Pág. 2 como para os que não tiverem. Por isso, cada trabalhador deverá procurar calcular com cuidado qual é a perda na pensão, pois ela poderá variar. 2- PERGUNTA: Como se calculará a pensão de aposentação em 2010 e nos anos futuros se as alterações ao Estatuto da Aposentação constantes da Proposta de Lei do OE2010 forem aprovadas? Com excepção da alteração do salário utilizado no calculo do P1, a formula de cálculo da pensão de aposentação constante da Lei 60/2005 e posteriores não é alterada pela Proposta de Lei OE2010. É a mesma constante na Lei 60/2005 e nas leis publicadas posteriormente onde foi republicada. Assim a pensão que o trabalhador tem direito (P) é a soma de duas parcelas : P1 que é a pensão correspondente ao tempo de serviço realizado pelo trabalhador até 31.12.2005; e P2 que corresponde ao tempo de serviço realizado depois de 1.1.2006. Em resumo, a pensão recebida pelo trabalhador é : P = P1 + P2. Agora interessa explicar como se calcula o P1 e o P2. É o que se vai procurar fazer seguidamente. De acordo com o artº 5º da Lei 60/2005, P1 = R x T1/C Em R é a remuneração relevante revalorizada de acordo com a formula que foi indicada anteriormente; T1 é o número de anos completos de serviço do trabalhador até 31.12.2005; e C o numero de anos de serviço que, de acordo com a Lei 60/2005, o trabalhador deverá agora ter para obter direito à pensão completa (Anexo II) que, para 2006, são 38,5 anos. Admitindo que o trabalhador cujo salário revalorizado calculamos anteriormente no ponto 1 (951 ) tinha feito 30 anos de serviço até 31.12.2005, a pensão correspondente a esse período seria em 2010: P1 = 951 x 30/38,5 = 741 Agora falta calcular a 2ª parcela da pensão que é o P2. E esta, segundo a Lei 52/2007 é calculada de acordo com os artº 29º a 32º do Decreto-Lei 187/2007, ou seja, da mesma forma que é a da Segurança Social. Para isso teremos de calcular a chamada remuneração de referência que é a média aritmética dos salários anuais revalorizados recebidos pelos trabalhadores no período posterior a 1.1.2006. Para facilitar o cálculo e a compreensão vamos trabalhar com salários mensais, pois o salário anual é influenciado pelo numero de meses de salário recebido em cada ano, que no último ano poderá ser inferior a 14, dependendo isso do mês em que o trabalhador se aposente. No entanto, depois de feitos os cálculos com salários anualizados terá de ser mensualizado o valor anual obtido para cada ano, e o ano em que teve menos meses de salários recebido, o valor mensal que se obtém é inferior ao salário mensal do trabalhador. No entanto, para facilitar os cálculos vai-se trabalhar com salários mensais. Suponhamos então que o trabalhador que recebia 1000 euros em 2005, foi aumentado de acordo com o aumento geral da Administração Pública, e que não teve qualquer subida de salários determinada pela mudança de posição remuneratória (se teve aumentos por subida de posição são os salários efectivos, resultantes também da mudança, que são considerados). Então os salários que recebeu em cada ano são os constante da coluna Salário do quadro, e o Salário revalorizado consta da coluna com a mesma designação do quadro seguinte. ANOS Aumento salarial Salário Índice de revalorização do salário calculado com base no aumento do IPC verificado Salário revalorizado 2005 1.000 2006 1,50% 1.015 5,7% 1.046 2007 1,50% 1.030 2,5% 1.056 2008 2,10% 1.052 (*) 1.052 (*) 2009 2,90% 1.082 (*) 1.082 (*) 2010 0% 1.082 (*) 1.082 (*) RR = SALARIO DE REFERÊNCIA A UTILIZAR NO CÁLCULO DE P2 1.069 (*) Os salários de 2008, 2009. e 2010 não foram revalorizados por força do artº 5º do Decreto-Lei 323/2009. Depois de 2010, e de acordo com o Decreto-Lei 187/2007, só não serão revalorizados os salários do ano em que o trabalhador se aposenta e do ano anterior.

Como se calculará a pensão de aposentação se a Proposta de Lei do OE2010 for aprovada Pág. 3 A formula para calcular a segunda parcela da pensão, ou seja, o P2 é, de acordo com o artº 1 da Lei 52/2007, que republica o atº 5º da Lei 60/2005, e segundo a línea b) desse artigo é a seguinte: P2 = RR x T2 x N O RR é a remuneração de referência calculada da forma constante do Decreto-Lei 187/2007 da Segurança Social, cuja aplicação dá o valor indicado anteriormente que, no nosso exemplo imaginado, é igual a 1.069 euros como consta do quadro anterior. T2 é a taxa anual de formação da pensão que é de 2% por ano. N é o numero de anos civis com densidade contributiva igual ou superior a 120 dias a partir de 1.1.2006 (basta ter 120 dias de contribuições num ano para a CGA, para esse ano ser considerado como um ano completo). mas de forma que somados com os considerados até 31.12.2005 não seja superior ao tempo de serviço legal que, para 2010, é de 38,5 anos como consta do Anexo II da Lei 60/2005. Portanto, se o trabalhador se aposentar depois de Abril terá mais de 120 dias de contribuições, logo são considerados 5 anos. Se aposentar antes do fim de Abril, como não tem ainda 120 dias de trabalho em 2010, são contados apenas 4 anos. Mas admitamos que se aposenta tendo já mais de 120 dias de serviço em 2010. A pensão correspondente ao tempo de serviço posterior a 1.1.2006 é: P2 = 1.069 x 2% x 5 = 106,9 Assim a pensão que este trabalhador receberá em 2010, ou seja, P será: P = P1 + P2 = 741 + 106,9 = 847,9 euros A este valor ainda terá de ser aplicado o chamado factor de sustentabilidade de acordo com o nº2 do artº 5º da Lei 60/2005 por força das alterações da Lei 52/2007, que reduz a pensão. Como o valor deste factor em 2010 é 1,65%, então tem-se de reduzir no valor anterior 1,65%, que se obtém também multiplicando o valor anterior da pensão 847,9 euros por 0,9835 (1-0,0165=0,9835) que dá: Pensão a receber pelo trabalhador = 847,9 x 0,9835 = 833,9 euros Portanto, se o trabalhador já tivesse 62 anos e 6 meses de idade, não teria qualquer penalização por idade a menos, receberia uma pensão de 833,9 euros, que representa a 77,1% do seu salário de 2010. 3- PERGUNTA: Como se calculará a penalização por ter menos idade do que idade legal de aposentação se as alterações constantes da Proposta de Lei do OE2010 forem aprovadas? A proposta de Lei do OE2010 altera profundamente não só a penalização por idade a menos, como a bonificação por carreiras longas, ou seja, por se ter muitos anos de serviço. Assim, em relação à penalização por ter idade a menos em relação à idade legal de aposentação que é, em 2010, de 62,5 anos, actualmente por cada ano completo a menos é descontado na pensão 4,5%. De acordo com a Proposta de Lei do OE2010, esta penalização deixará de ser calculada com base em anos completos, mas em meses a menos que faltam, correspondendo cada mês a menos a uma redução na pensão de 0,5%. Por exemplo, se um trabalhador com 62 anos se aposenta em 2010, logo em Janeiro, tem seis meses a menos em relação à idade legal de aposentação, consequentemente a redução na pensão é de 3% (6 x 0,5% = 3%). Mas se aposenta com menos um ano, que são 12 meses, a redução na pensão é já de 6% (12 x 0,5%), quando actualmente é apenas de 4,5%. O problemas da redução da idade legal de aposentação pelo facto do trabalhador ter uma carreira longa, ou seja, por ter mais anos de serviço do que os que legalmente são necessários (por ex., 38,5 anos em 2010) é extremamente importante porque reduz o numero de anos da penalização anterior quando da aposentação antecipada. Actualmente, depois das alterações introduzidas pela Lei 60/2005, pela Lei 52/2007, e pela Lei 11/2008, o Estatuto de Aposentação dispõe, no seu artº 37-A, que até 31 de Dezembro de 2014,

Como se calculará a pensão de aposentação se a Proposta de Lei do OE2010 for aprovada Pág. 4 o numero de anos de antecipação a considerar para a determinação da taxa global de pensão atribuída aos subscritores é reduzida de uma ano por cada período de três ou, em alternativa, de seis meses por cada ano que o tempo de serviço exceda a carreira completa em vigor no momento da aposentação que, em 2010, é de 38,5 anos, e que aumenta meio ano em cada ano até atingir 40 anos em 2013. A proposta de Lei de OE2010 pretende alterar radicalmente esta norma legal que se devia manter até ao fim de 2014. De acordo com a Proposta de Lei do OE2010, só serão considerados os anos de serviço que exceda os 30 anos quando o trabalhador tem 55 anos de idade, e por cada conjunto completo de três anos é descontado um ano na idade legal de aposentação. Alguns exemplos para tornar isto mais claro. Se o trabalhador tem 32 anos de contribuições quando tem 55 anos de idade, não tem direito a qualquer redução na idade de aposentação, porque não tem um conjunto completo de 3 anos para além dos 30 anos de contribuições para a CGA. Mas se tiver 33 já tem direito a um ano de redução na idade legal de aposentação quando se aposentar mais tarde. Se tiver 6 anos a mais de descontos para além dos 30 anos quando tinha 55 anos de idade tem direito a descontar dois anos na idade legal de aposentação. Se tiver 7 ou 8 anos para além dos 30 continua a ter direito apenas à redução de dois anos na idade legal de aposentação, porque apenas tem dois conjuntos completos de 3 anos para além dos 30 anos de contribuições. Repetindo, têm que ser períodos completos de 3 anos para além dos 30 com a idade de 55 anos para determinar a redução na idade legal de aposentação. Assim, é fácil a cada trabalhador calcular quantos anos de contribuições para a CGA tinha a mais para além de 30 anos quando tinha ou tiver 55 anos, depois divide esse valor por três, e o numero completo que obtiver é a redução em anos na idade legal de aposentação quando se aposentar. Portanto, contrariamente ao que actualmente sucede, o que interessa, de acordo com a proposta de Lei do OE2010, não é o numero de anos que exceda o tempo de serviço legal na data de aposentação, mas sim o numero de anos de contribuições que exceda 30 anos quando tinha 55 anos de idade. 4- PERGUNTA: Antevendo que a proposta de lei não vai sofrer qualquer alteração aquando da sua discussão e aprovação, significa que deixa de haver até 31-12-2014 o aumento progressivo da idade de aposentação de referência em meio ano, por cada ano civil? Neste caso, a antecipação passa de imediato a ser feita com referência aos 65 anos de idade e não, por exemplo, aos 62,5 anos previsto pelo sistema ainda em vigor. A proposta de Lei do OE2010 só altera o que se acabou de analisar, ou seja,: (1) O valor do salário que é utilizado no cálculo da pensão de aposentação correspondente ao tempo de serviço até 31.12.2005; (2) A penalização na aposentação antecipada pelo facto do trabalhador ter idade inferior à idade legal de aposentação que é, em 2010, de 62,5 anos e que continuará a aumentar todos os anos meio ano até atingir os 65 anos; (3) A bonificação das carreiras longas, ou seja, a redução da idade de aposentação por ter muitos anos de serviço. Tudo o resto mantém-se inalterável, nomeadamente, o aumento anual de meio ano na idade legal de aposentação até atingir 65 anos (Anexo I da Lei 60/2005), e aumento de meio ano no tempo legal de serviço em cada ano até atingir 40 anos de serviço (Anexo II da Lei 60/2005). 5- PERGUNTA: Admitindo que a proposta será publicada em meados de Março (por exemplo, 15 de Março), os requerimentos de antecipação de reforma metidos entre hoje, dia 28 de Janeiro, e 14 de Março e com despacho final após 15 de Março, qual o sistema que se aplica: o novo ou o anterior De acordo com o artº 43 do Estatuto da Aposentação, alínea a) do nº1 do artº 43 do Estatuto da Aposentação, que foi alterado pela Lei 52/2007, o regime da aposentação fixa-se com base na

Como se calculará a pensão de aposentação se a Proposta de Lei do OE2010 for aprovada Pág. 5 lei em vigor e na situação existente à data em que: (a) Seja recebida pela CGA o pedido de aposentação voluntária que não dependa da verificação de incapacidade. Portanto, a resposta a esta pergunta é clara e é dada directamente pela lei que citamos. Esta data só pode ser modificada por indicação do subscritor conforme consta do artº 39 do Estatuto da Aposentação que se transcreve no fim deste estudo no ANEXO. 6- PERGUNTA: Quando entrará em vigor as alterações ao Estatuto da Aposentação, ou seja, apesar de constar da Proposta de Lei do OE2010, que só entrará em vigor após a publicação da Lei, a aplicação desta medida não poderá ser retroactiva a 1.1.2010? A estabilidade das leis, ou seja, o principio da segurança jurídica é um principio fundamental em qualquer sociedade democrática, pois só assim é que é possível garantir a estabilidade social, já que só assim é que os cidadãos poderão organizar a sua vida. Já vimos que para este governo e, nomeadamente para Sócrates e para o seu ministro das Finanças, a segurança jurídica é um conceito que não faz parte nem da sua cultura e muito menos dos seus princípios. A entrada em vigor das leis só após a sua publicação, é um principio fundamental do direito que tem sido respeitado em Portugal. Só me lembro de uma única excepção, no tempo da Manuela Ferreira Leite, em que uma lei relativa, penso também à aposentação (estou a citar de memória), foi publicada no fim da 1ª quinzena de Janeiro com retroactividade a 1 de Janeiro. No entanto, é minha convicção que isso não sucederá em relação a esta lei até porque é o próprio governo, na própria proposta que apresentou na Assembleia da República, que dispõe que todas estas alterações só se aplicam às aposentações requeridas ou tornadas obrigatórias após a entrada em vigor da presente lei (nº 5 do artº 37-A, pág. 36 da Proposta, e nº 2 do artº 29, pág. 37 da Proposta de Lei do Oe2010). Mas esperemos que o PS não mude de posição e os partidos de esquerda certamente se oporão não só a estas alterações como a qualquer retroactividade da lei. Eugénio Rosa Economista edr2@netcabo.pt ANEXO

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