Chapecó. 1. Secretaria de Estado da Saúde Secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional de



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Transcrição:

Perfil epidemiológico dos clientes com AIDS cadastrados no Sistema de Controle Logístico de Medicamentos no Hospital Dia Aids no município de Chapecó-SC no ano de 2007. Otilia Cristina Coelho Rodrigues 1 Vera Blank 2 1. Secretaria de Estado da Saúde Secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional de Chapecó 2 Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC/Centro de Ciências da Saúde/Departamento de Saúde Pública Endereço para correspondência Otilia Cristina Coelho Rodrigues Endereço: Rua Clovis Locatelli nº 100 D, Bairro: Presidente Médice Chapecó-SC, Brasil.CEP: 89801-260. Telefone: 0XX 49 3328-3506 / 84043448. E-mail: otiliacoelho@yahoo.com.br, otilia@cco.sdr.sc.gov.br Resumo O objetivo do presente estudo foi identificar o perfil dos usuários adultos de medicamentos antiretrovirais, cadastrados junto ao Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM), no município de Chapecó/SC no ano 2007. Este é um estudo epidemiológico transversal descritivo, realizado com base nos dados de cadastro de clientes adultos junto ao SICLOM, no ano de 2007, totalizando 28 cadastros. A faixa etária mais acometida para homens e mulheres foi entre 30 e 59 anos; a maioria dos clientes é de cor branca; 46% das clientes do sexo feminino possuem o primeiro grau incompleto; 38% dos clientes do sexo masculino são casados. Categoria sexual com comportamento heterossexual foi predominante nas mulheres (92%); houve maior indicação de doenças oportunistas entre os homens do que entre as mulheres; 46% dos clientes apresentaram resultados de CD4 menor que 350 células por mm 3, no momento da notificação no SINAN ou cadastro junto ao SICLOM. Palavras Chave: Perfil Epidemiológico, AIDS, HIV. Introdução Os primeiros casos de Aids descritos ocorreram nos EUA no inicio da década de 80, nesta época não havia um completo conhecimento quanto a causa da doença, acreditava-se ser uma enfermidade relacionada a imunidade celular comprometida, e ao contato sexual vinculado a homens que fazem sexo com outros homens(hsh) 1. O Brasil teve seu primeiro caso registrado em 1982, na cidade de São Paulo. As regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro foram as principais atingidas, caracterizando uma população com alto nível socioeconômico, sexo masculino, predominantemente homossexuais e bissexuais. Em Santa Catarina o primeiro caso notificado de Aids, foi na cidade de Chapecó, no ano de 1984 2. Inicialmente a Aids esteve relacionada ao comportamento homossexual e bissexual, uso de drogas injetáveis, devido ao compartilhamento de seringas, em transfusão de sangue e hemoderivados. Com o passar dos anos, observa-se uma mudança no perfil epidemiológico da doença, caracterizando a feminilização, heterossexualização e pauperização da epidemia 3. 1

Segundo dados do Ministério da Saúde de 1980 a junho de 2007, foram notificados 474.273 casos de Aids no Brasil, totalizando 192.709 óbitos até o ano de 2006 4. O Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde, juntamente com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, vem desenvolvendo importante papel na elaboração e implementação de políticas públicas relacionadas ao HIV/Aids, através de atitudes éticas, efetivas e democráticas, sendo o Brasil, o primeiro país da América Latina a proporcionar a distribuição universal de medicamentos antiretrovirais (ARV), inicialmente no Estado de São Paulo, no ano de 1996 5. A distribuição de medicamentos antiretrovirais atualmente atinge cerca de 170 mil portadores de HIV/Aids em todo o País. Entre os anos de 1996 a 2005, foi observada redução da mortalidade na casa dos 30% e aproximadamente 20% de redução na morbidade, por doenças relacionadas ao HIV/Aids, o que corresponde a aproximadamente 90 mil óbitos evitados 5. Para o Estado de Santa Catarina, segundo dados Gerencia de Vigilância das DST/Aids entre os anos de 1997 e 2007 foi totalizado 19.757 casos notificados de Aids, destes 335 notificados no município de Chapecó 6. O Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM) foi criado com o intuito do Ministério da Saúde foi manter um adequado controle da logística de distribuição dos ARV 7. Apesar dos inúmeros avanços relacionados ao reconhecimento, prevenção e tratamento do HIV/Aids, muito ainda se têm para evoluir com relação à Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. O presente estudo tem por objetivo identificar o perfil dos usuários adultos, de medicamentos antiretrovirais, cadastrados junto ao Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM), no município de Chapecó/SC no ano 2007. Metodologia Chapecó esta situado na região oeste do Estado de Santa Catarina, estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística indicam população em torno de 170 mil habitantes, representa o pólo da agroindústria no Estado, apresentando um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,84 8. Por ser a maior cidade da Região Oeste de SC, é referência em inúmeras especialidades médicas, assim como para exames e demais rotinas de atendimento especializado. O Hospital Dia é a unidade regional de atendimento especializado a portadores de HIV/Aids na região, sendo referenciado para 37 municípios e muitos pacientes residentes em outros estados, pois o município faz divisa com o Estado do Rio Grande do Sul. Este é um estudo epidemiológico transversal descritivo 9, realizado com base nos dados de cadastro de clientes adultos junto ao SICLOM (Sistema de Controle Logístico de Medicamentos), no Hospital Dia, no município de Chapecó/SC, no ano de 2007. O SICLOM em Chapecó teve seu primeiro cadastro de paciente no ano de 1998, totalizando 403 cadastros até dezembro de 2007. Para o presente estudo foram incluídos somente os clientes cadastrados no SICLOM no ano de 2007, totalizando 28 cadastros. Recorreu-se ao banco de dados do SINAN (Sistema Nacional de Agravos de Notificação), disponível na Gerência de Saúde de Chapecó, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional de Santa Catarina, para completude dos dados sociodemográficos, assim como para a correlação das informações. Inicialmente foi realizada a identificação dos usuários junto ao SICLOM, selecionando por ano de cadastro, do total dois registros foram excluídos dos cadastros por 2

se tratar de duplicidade e Aids criança, respectivamente. Os dados foram analisados segundo as variáveis: A) sexo, masculino e feminino; B)idade: menor de 20 anos, de 20 a 29, de 30 a 39, 40 a 49, 50 a 59, 60 ou mais; C)raça:branco, preto e pardo; D)escolaridades:sem escolaridade, primeiro grau incompleto, primeiro grau completo, segundo grau, superior ignorado; E)categoria de exposição: heterossexual, heterossexual usuário de drogas, heterossexual com parceiro de riso, homossexual e ignorado; F)doenças oportunistas; G)valores de CD4; e H) tempo entre a notificação e o cadastro no SICLOM. Os dados foram analisados utilizando o programa Microsoft Excel 2003. Resultados Foram cadastrados no SICLOM no período de 1998 a 2007, 403 clientes, sendo 52,59 do sexo feminino, 4% menores de 13 anos e 8 % gestantes. No mesmo período foram registrados 98 óbitos. Dos 28 cadastros de clientes para o ano de 2007, 26% encontram-se notificados no SINAN Windows e os demais no SINAN Net, destes dois registros foram excluídos por se tratar de duplicidade e Aids criança, respectivamente. Para o período do estudo houve equiparação entre os sexos masculino e feminino, a faixa etária mais acometida está entre os 40 e 59 anos para as mulheres e entre os 30 e 59 anos para os homens, conforme dados da Tabela I. Houve predomínio de residentes no município de Chapecó/SC, perfazendo 46% dos clientes cadastrados para ambos os sexos. Na tabela II, relacionada às características sociais, observa-se que a maioria dos clientes são de cor branca. A classificação por escolaridade demonstra que 46% dos clientes do sexo feminino possuem o primeiro grau incompleto, enquanto que para o sexo masculino foi observado a mesma situação para 38% dos clientes. Considerando os clientes com grau de instrução ignorado obtivemos 23% dos casos para ambos os sexos. Quanto ao estado civil 38% dos clientes do sexo masculino são casados, e apenas 8% das clientes do sexo feminino verificou-se a mesma situação. As características relacionadas a categoria de exposição 92% das clientes do sexo feminino foram classificados como heterossexual, enquanto que 31% dos clientes dos sexo masculino heterossexual com parceiro de risco. Na tabela III obtivemos 17 indicações de doenças oportunistas entre as clientes do sexo feminino, frente a 24 indicações para o sexo masculino; a astenia foi indicada em 18% do total para as clientes do sexo feminino, enquanto que para os clientes do sexo masculino a maior ocorrência foi de linfodenopatia. Houve equiparação entre os valores de CD4 tanto para clientes do sexo masculino quanto feminino, onde 46% apresentavam valores acima de 350 células por mm 3, sendo a média dos valores 298 células pó mm 3. O tempo médio que antecede os cadastros dos clientes no SICLOM quando comparados ao SINAN é de 6 meses; sendo que 26% dos clientes foram cadastrados primeiro no SICLOM e posteriormente no SINAN. Através do Gráfico I, verificamos que 8% dos clientes permaneceram mais de um ano cadastrados no SICLOM para então serem incluídos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Discussão O presente estudo analisou os dados relacionados ao perfil epidemiológico dos clientes cadastrados no SICLOM do Hospital Dia de Chapecó no ano de 2007, atendidos no Hospital Dia de um município do Oeste Catarinense. Foram analisados apenas 28 cadastros, correspondendo a 100% dos registros para o ano em questão. Na população de estudo foi observado uma equiparação entre os sexos masculino e feminino, demonstrando 3

que a epidemia mudou de cara, os valores da razão de sexo que em 1985 chegavam a casa de 25 homens para cada mulher, vem mantendo uma ordem de 2 homens para cada mulher desde 1997 10, 11. Desde o início da epidemia a faixa etária mais atingida tem sido entre os 20 e 30 anos, no entanto este perfil esta sendo revisto sendo que o grupo de homossexuais do sexo masculino é mais idoso ao passo que os usuários de drogas injetáveis e os casos de transmissão heterossexual são mais jovens. Estimativas para o ano de 1998 indicavam que 536.920 pessoas entre 15 e 49 anos estariam infectadas pelo HIV 10. Na presente análise contatamos que 76% das clientes do sexo feminino e 61% dos clientes do sexo masculino então na faixa etária dos 40 aos 59 anos, reafirmando que a epidemia esta caminhando para uma população com idade mais avançada, justificando a implementações de ações direcionadas a grupos específicos da população 12. Estudos indicam aglomerados populacionais nos grandes centros urbanos, possivelmente em decorrência de melhores condições de vida, acesso ao trabalho e saúde 8, no presente estudo 69% da população tem como local de residência o município sede, reafirmando a tendência evidenciada nos demais estudos. Dados reportam para um aumento no número de casos de Aids entre pretos e pardos para ambos os sexos, enquanto que entre os brancos dados apontam para uma redução proporcional 13. Entre a população em questão não foi verificados este perfil, sendo que 84% dos clientes eram de cor branca. Pesquisas de caráter comportamental apontam para um maior conhecimento da população branca quanto às formas de transmissão e prevenção da Aids 13, no entanto na região em questão a população predominante é de cor branca 8. A escolaridade tem sido utilizada para avaliar o perfil socioeconômico de determinada população utiliza-se a escolaridade. Desta forma tem sido verificado o fenômeno de pauperização da epidemia, decorrente do aumento da proporção de casos de Aids em indivíduos com baixa escolaridade. No início da epidemia a totalidade dos casos diagnosticados apresentava nível superior ou médio de escolaridade, com o passar dos anos houve tendência de queda para este grupo e subseqüente aumento de casos entre analfabetos ou que haviam completado o ensino fundamental 13. Confirmando a tendência de pauperização da epidemia observamos que 46% das clientes do sexo feminino e 38% dos clientes do sexo masculino possuem o 1º grau incompleto. Apesar das mudanças na epidemia da Aids no decorrer dos últimos 20 anos, ainda existe o estigma dos grupos de risco, gerando certo desconforto para determinadas categorias da população, implicando muitas vezes em violação de direitos humanos. Dados de relatórios da UNAIDS 2006 apontam que os mais altos índices de HIV ocorrem entre pessoas de grupos de géis/lésbicas, bi e transsexuais e GLBT/HSH, onde os casos de Aids reportados na América Latina, os GLBT/HSH representam entre 25% a 30% da população 14. A feminilização da epidemia de Aids tem se caracterizado pela forma de relação heterossexual, onde a incidência de casos entre os heterossexuais apresentou aumento, influenciando de forma decisiva a expansão da epidemia entre as mulheres 14. A presença de infecção oportunista é um dos critérios para definição de caso de Aids, sendo apontado destes 1982 pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos da América (EUA), para a primeira definição de caso de Aids no EUA. Em 1985 a Organização Mundial da Saúde endossa uma lista com 20 condições oportunistas relacionadas a definição de caso 15. Estudos realizado com base em registro de casos notificados ao Ministério da Saúde, no período de 1980 a 1999, relacionado às condições clínicas mais específicas, revelaram diminuição de quase todas as doenças oportunistas, revelando também que apesar da 4

redução global de incidência das condições associadas, a tuberculose apresentou maior incidência para os doentes com baixa escolaridade, enquanto que a pneumonia por Pnuemocystis carinii e o sarcoma de Kaposi tiveram índices maiores entre os doentes com maior escolaridade, considerando os declínios semelhantes 10. Em 1998 ocorreu a inclusão de um marcador laboratorial de imunossupressão, sendo considerado um avanço para aumentar a sensibilidade na definição de caso de Aids, baseado na contagem de linfócitos T CD4 ( menor do que 350 células por mm 3 ), sendo considerado a marca registrada de déficit imunológico associada a parâmetros clínicos 14,15. Parenti CF, et al, (2005), em seu estudo sobre o perfil de pacientes com Aids com serviço de assistência domiciliar terapêutica, descrevem que pacientes em admissão no serviço apresentam valores de contagem de CD4 na casa das 110 células por mm 3. Existem evidencias de que o tratamento anti-retroviral tenha alterado a história natural de doenças e condições clínicas imunológicas associadas a Aids, sendo que apesar da disponibilidade do anti-retrovirais não há estudos em indivíduos infectados pelo HIV para definir o comportamento e fatores associadas 10. Algumas limitações do presente estudo cabem ser pontuadas, como forma de aprimorar o desenvolvimento dos bancos de dados para estudos em saúde. O SICLOM é um sistema de informação relativamente novo, tendo uma caminhada de aproximadamente 10 anos, destinado ao controle da logística de distribuição de medicamentos para validação do Sistema de Controle de Exames Laboratoriais (SISCEL) 16. Apesar da disponibilidade de coleta de informações de usuários através da contagem de CD4 no SISCEL, para a delimitação do perfil epidemiológico do cliente usuário de ARV faz-se necessário o link entre o SICLOM e o SINAN, onde o algaritimo de identificação torna-se apenas o nome do cliente, gerando por vezes um dilema ético. A completude dos dados tanto no SICLOM quanto no SINAN, também foi considerada ponto de limitação, sendo que 38% dos clientes não apresentam registro de valores de CD4 para ambos dos sexos nos sistemas de informação em questão. Para o presente estudo foram utilizadas as variáveis de identificação: nome do usuário, nome da mãe e data de nascimento, sendo analisadas em ambos os bancos, para composição da base de dados, dando confiabilidade as informações coletadas e proporcionando uma adequada avaliação do perfil epidemiológico dos usuários cadastrados no SICLOM no ano de 2007. Cabe registrar que 7,6% dos clientes estavam registrados somente no SICLOM, sendo coletados com base nas informações existentes no cadastro dos usuários. Bibliografia 1. Santos JSB, Tayra A, Silva SR, Buchalla CM, Laurenti R. A aids no Estado de São Paulo. As mudanças no perfil da epidemia e perspectivas na vigilância epidemiológica. Revista Brasileira de Epidemiologia 2002;vol.5,Nº2. 2. Júnior ALR, Castilho EA. A epidemia de AIDS no Brasil, 1991-2000: descrição espaçotemporal. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 37:312-317, 2004. 3. Gruner MF, Silva RM. Perfil epidemiológico de pacientes com HIV/AIDS em um hospital de referência: análise comparativa entre os anos de 1997 e 2001. Arquivos Catarinense de Medicina vol.34, nº3, 2005. 4. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico AIDS DST, ano IV, nº1, 2007. 5. Ministério da Saúde/SVS/PN-DST e Aids. Recomendações para Terapia Anti-Retroviral em Adultos e Adolescentes Infectados pelo HIV. Brasília (DF), 2007 5

6. (Recomendações para terapia antiretroviral, Brasil,2007) Verificar!! 7. Estado de Santa Catarina/SES/DIVE. A Epidemia da Aids em Santa Catarina [acessado durante o ano de 2008] Disponível em http://www.dive.sc.gov.br/conteudos/gerencia_dst_aids/noticias/2008/situacao_da_aids_em_santa_ca tarina_tendencias.pdf 8. Ministério da Saúde. Sistema de Controle Logístico de Medicamentos [ acessado durante o ano de 2008, para maiores informações de 2007]. Brasil. Disponível em https://siclom.aids.gov.br 9. Brasil. Atlas de Desenvolvimento Humano [acessado durante o ano de 2008, para maiores informações IDH Chapecó, SC]. Brasil. Disponível em http://www.pnud.org.br/home 10. Medronho R, et al. Epidemiologia. São Paulo: Atheneu, 2006. 11. Brito AM, Castilho EA, Szwarcwald. AIDS e infecção pelo HIV no Brasil: uma epidemia multifacetada. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 34(2):207-217, marabr,2000. 12. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico AIDST, Ano I nº01, 2004. 13. Vasconcelos EMR, Alves FAP, Moura LML. Perfil Epidemiológico dos Clientes HIV/AIDS na terceira idade. Revista Brasileira de Enfermagem, 54(3):435-445, jun.-set. 2001. 14. Ministério da Saúde. Resposta Positiva. 2008. 15. Gabriel R, Barbosa DA, Vianna LAC. Perfil Epidemiológico dos Clientes com HIV/AIDS da Unidade Ambulatorial de Hospital Escola de Grande Porte Município de São Paulo. Revista Latino Americana de Enfermagem, 2005. 16. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico AIDS, Ano XVII nº1, 2003. 17. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico AIDS DST, ano IV nº1, 2007. Tabelas e Figuras Tabela I Características demográficas dos clientes com HIV/Aids cadastrados no SICLOM, Hospital Dia Chapecó, 2007 Sexo/Faixa Etária Fem % Masc % <20 0 0% 0 0% 20-29 2 15% 2 15% 30-39 1 8% 3 23% 40-49 5 38% 5 38% 50-59 5 38% 3 23% >59 0 0% 0 0% Município de Residência/Sexo Chapecó 8 62% 10 77% Demais Municípios Região 2 15% 2 15% Não Informado 3 23% 1 8% Fonte: Siclom, Secretaria Municipal de Saúde Chapecó/SC, 2008 / SINAN, Gerencia Regional de Saúde Chapecó/SC, 2008. 6

Tabela II Características sociais dos clientes com HIV/Aids cadastrados no SICLOM, Hospital Dia Chapecó, 2007 Raça/Cor X Sexo Fem % Masc % Branco 13 100% 9 69% Preto - 0% 1 8% Parda - 0% - 0% Em branco - 0% 3 23% Escolaridade Sem Escolaridade 3 23% 1 8% 1º Grau Incompleto 6 46% 5 38% 1º Grau Completo - 0% - 0% 2º Grau 1 8% 3 23% Superior - 0% 1 8% Ignorado 3 23% 3 23% Estado Civil Solteiro 2 15% 2 15% Casado 1 8% 5 38% Separado 1 8% 1 8% União Estável 3 23% 3 23% Viúvo 1 8% - 0% Ignorado 5 38% 2 15% Fonte: Siclom, Secretaria Municipal de Saúde Chapecó/SC, 2008 / SINAN, Gerencia Regional de Saúde Chapecó/SC, 2008. Tabela II Características relacionadas a infecção e tratamento dos clientes com HIV/Aids cadastrados no SICLOM, Hospital Dia Chapecó, 2007. Categoria de exposição Fem % Masc % Heterossexual Usuários de Drogas 1 8% 0% Homossexual 0% 1 8% Heterossexual com parceiro de risco 0% 4 31% Heterossexual 12 92% 6 46% Ignorado 0% 2 15% 13 100% 13 100% Doenças oportunistas Candidiase Oral ou Leucopenia 2 12% 2 8% Herpes Zostes 1 6% - 0% Disfunção de Sistema Nervoso Central 1 6% - 0% Diarréia igual ou maior a 1 mês 2 12% 2 8% Febre maior ou igual a 38º 1 6% 2 8% Caquexia 4 24% 2 8% Astenia 3 18% 2 8% Dermatite Persistente - 0% 1 4% Anemia ou Linfopenia 1 6% 2 8% Tosse Persistente - 0% 2 8% Linfodenopatia 1 6% 4 17% Candidiase de Esôfago, Traquéia, Brônquios e Pulmão - 0% 1 4% Citomegalovirose - 0% 1 4% Criptococose - 0% 1 4% Pneumonia por Pneumocystis carinii - 0% 1 4% Toxoplasmose Cerebral 1 6% 1 4% 17 100% 24 100% Contagem de células CD4 < 350 6 46% 6 46% CD4 >ou= 350 2 15% 2 15% Não registrado 5 38% 5 38% 13 100% 13 100% Fonte: Siclom, Secretaria Municipal de Saúde Chapecó/SC, 2008 / SINAN, Gerencia Regional de Saúde Chapecó/SC, 2008. 7

Gráfico I Tempo de cadastro dos usuários no SINAN ao serem inseridos no SICLOM, clientes com HIV/Aids cadastrados no SICLOM, Hospital Dia Chapecó, 2007. Tempo de Cadastro SICLOM X SINAN Percentagem 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0-5,0-10,0 1 a 5 meses No mesmo mês >1 a <4 anos 1 a 5 meses Mais de um ano Série1-15,0-20,0 Tempo Fonte: Siclom, Secretaria Municipal de Saúde Chapecó/SC, 2008 / SINAN, Gerencia Regional de Saúde Chapecó/SC, 2008. 8