Masterclass - Aprendendo a Trabalhar com os Dados do LHC/CERN

Documentos relacionados
ESTUDOS DO MODELO PADRÃO NO EXPERIMENTO LHCb. Murilo Rangel

Partículas e Campos. Panoramas da Física

Laboratório Física Geral

Interna'onal Masterclasses

Theory Portugues BR (Brazil) Por favor, leia as instruções gerais que se encontram no envelope separado antes de iniciar este problema.

Atividades de Divulgação Científica Masterclass - Rio de Janeiro ATLAS e CMS. M. Begalli UERJ

Visitas Virtuais ao experimento ATLAS. Denis Oliveira Damazio

Big Science e a formação do modelo de partículas elementares

Leandro de Paula. Comitê de Usuários da RNP 6 de dezembro de 2006

Partículas Elementares

Léptons e Quarks: os constituintes básicos de todo o Universo

Química Básica: Profa. Alessandra Barone




Theory Portuguese (Portugal) Por favor leia as instruções gerais no envelope separado antes de começar este problema.

Interação Radiação-Matéria p/ Física de Partículas. Thiago Tomei IFT-UNESP Março 2009

Física IV para Engenharia Elétrica. 2º Semestre de Instituto de Física - Universidade de São Paulo

Átomo nosso de cada dia: os átomos de núcleos estáveis e os de núcleos instáveis. Profa. Kátia Aquino

INTRODUÇÃO A FÍSCA DE PARTÍCULAS ELEMENTARES Autores: Michele Soares Silva 1 ; Edison Tadeu Franco 2 1

Teorias de Unificação

Química Básica: Átomo. Profa. Alessandra Barone

O Large Hadron Collider (LHC)

Estudo da Produção do Boson de Higgs no LHCb. Nina O Neill - UFRJ - Bolsista faperj Professor Orientador: Murilo Rangel

A Partícula Elementar. Ricardo D Elia Matheus

Técnicas experimentais em física de partículas elementares Segundo semestre de 2016

A teoria de quase tudo. Gláuber Carvalho Dorsch

Ronald Cintra Shellard CBPF

Questionário de Revisão do Capítulo 1

Instituto de Física USP. Física V - Aula 13. Professora: Mazé Bechara

Tabela 4.1: Resumo com as condições de rodada do LHC para 2010.

Relatório sobre o acordo Brasil-CERN Comissão de Física Nuclear e suas Aplicações

Programas de Professores no CERN inspiram a próxima geração de cientistas

Introdução Altas Energias

O Grande Colisor de Hádrons LHC (Large Hadron Collider) é o maior acelerador de partículas do mundo e está localizado no CERN, na fronteira da

Física de Partículas

Aula 14. Partículas, e o início do Universo...

Física Experimental C. Coeficiente de Atenuação dos Raios Gama

Partículas Elementares

LHC. O colosso criador e esmagador de matéria

ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS

Capítulo 38 Fótons e Ondas de Matéria Questões Múltipla escolha cap. 38 Fundamentos de Física Halliday Resnick Walker

Masterclass do LHCb: Medida da assimetria entre as partículas B e B + no LHC

Interações fundamentais da natureza

interação forte (no interior dos núcleos) não depende das massas nem das cargas elétricas

Assimetria Matéria-Antimatéria, Violação de CP e a participação brasileira no LHCb

QUESTÕES OBJETIVAS. Nesta bela e curiosa estrofe, os astros aparecem em versos sucessivos. Essa passagem revela que:

O experimento LHCb: Utilizando o LHC para entender a (falta de) antimatéria. Bruno Souza de Paula Tópicos de Física Geral I

Física de Partículas. Interações Fundamentais. Classificação das Partículas. Modelos Teóricos. Bósons de Higgs. Detectores de Partículas

Instituto de Física USP. Física V - Aula 16. Professora: Mazé Bechara

MASTERCLASSES UFABC/CERN/LHC: UMA RELEITURA FREIREANA DA PROPOSTA SOBRE FÍSICA DE PARTÍCULAS

O que veremos hoje. Introdução. O Large Hadron Collider e o ALICE Os Sinais do Quark- Gluon Plasma Conclusão

Tópicos Especiais de Física B IV: Introdução à análise de dados em FAE APRESENTAÇÃO DO CURSO

Uni-ANHANGUERA - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS CURSO DE QUÍMICA

FÍSICA MODERNA E CONTEMPORÂNEA NO ENSINO MÉDIO: ELABORAÇÃO

O que é um Buraco Negro?

Corrente Elétrica - ENEM - Fixação

Olhando além: em busca de dimensões extras

Laboratório Física Geral

Teoria atômica da matéria

Introdução às interações de partículas carregadas Parte 1. FÍSICA DAS RADIAÇÕES I Paulo R. Costa

Do que o Mundo é Feito? Por que tantas coisas neste mundo compartilham as mesmas características?

O COMEÇO DO UNIVERSO. O BIG-BANG Parte I

Física de Altas Energias: descobrindo o mundo sub-atômico

Métodos estatísticos em Física de Partículas

Partículas, Forças e Aceleradores

Masterclass do LHCb: Medida do tempo de vida do D 0 no LHC

NOBEL DE FÍSICA APRESENTARÁ NO RIO RESULTADOS INÉDITOS SOBRE A MISTERIOSA MATÉRIA ESCURA

O bóson de Higgs e a massa das coisas

ENRICO BERTUZZO (DFMA-IFUSP) UMA INTRODUÇÃO À FÍSICA DE PARTÍCULAS

Física Aplicada Aula 13

Detecção de um decaimento raro em CMS

Espectrometria de Ressonância Magnética Nuclear

Unidades SI. Existem dois tipos de unidades: Unidades fundamentais (ou básicas); Unidades derivadas. Existem 7 unidades básicas no sistema SI.

MÓDULO 1 FÍSICA, PARA QUE SERVE ISSO? PROF.EMERSON

Física de Partículas

O Efeito Fotoelétrico

ESTRUTURA ATÔMICA. Prof. Dr. Cristiano Torres Miranda Disciplina: Química Inorgânica I QM83A Turma Q33

O Bóson de Brout- Englert-Higgs

Física Moderna II Aula 01. Marcelo G Munhoz Pelletron, sala 245, ramal 6940

Matéria e Antimatéria

CARGA ESPECÍFICA DO ELÉTRON

Física Moderna II Aula 01. Marcelo G Munhoz Edifício HEPIC, sala 202, ramal

3 Chuveiros Extensivos de Ar

Corrente contínua e Campo de Indução Magnética: CCB

MODELOS NEURAIS PARA A CORREÇÃO DE ESTIMATIVAS DE EVENTOS RAROS EM UM EXPERIMENTO DE ALTAS ENERGIAS. Philipp do Nascimento Gaspar

Geração de Energia Elétrica

ACELERADOR DE PARTÍCULAS

Partículas, aceleradores e detectores

Aula 13 - Capítulo 38 Fótons e Ondas de Matéria

Física de Partículas 1: Os constituintes da matéria

Átomos. Retrospectiva do átomo de hidrogênio Estrutura eletrônica do átomo neutro Estrutura nuclear do átomo RMN

Dosimetria e Proteção Radiológica

Capítulo 5 - Aplicações das leis de Newton. Hoje reconhecemos 4 forças da natureza. São elas (em ordem crescente de

Mecânica Quântica Aplicada. Professor: Philippe W. Courteille. Átomos Exóticos: Muonio

O que é o desbalanço de Matéria e Anti-matéria no Universo? Ignacio Bediaga Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas

quinta-feira, 12 de julho de 12

Transcrição:

Masterclass Manaus - AM LISHEP 2015 Masterclass - Aprendendo a Trabalhar com os Dados do LHC/CERN Marcia Begalli & Vitor Oguri Isabella Ferreira, Mariana Soeiro João Pedro G. Pinheiro IF-UERJ

O Masterclass é um evento promovido pelo CERN para alunos do Ensino Médio e iniciantes do curso de Graduação, ou seja, em sua maioria adolescentes, bem como para seus professores. Dias especiais são dedicados aos Professores de Física (a pedido). Consiste em explicar aos interessados a Física de Altas Energias, de forma introdutória, levando-os a analisar eventos reais registrados pelos experimentos do LHC, no CERN.

A Organização Européia para a Pesquisa Nuclear, conhecida como CERN (antigo acrônimo para Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire) é o maior laboratório de física de partículas do mundo, localizado em Genebra, na fronteira Franco-Suíça. criado em 1954 Vinte e um Estados membros efetivo de aproximadamente 2400 funcionários em tempo integral 11000 cientistas e engenheiros, representando 580 universidades e centros de pesquisa de 80 nacionalidades. (dados de 2010)

Vista aérea do LHC, CERN Circunferência = 27,4 km CERN - Main Site

https://www.youtube.com/watch?v=pj2q8wuire0 https://www.youtube.com/watch?v=g4o3ciwhvd

LHC (Large Hadron Collider) Esquema da posição dos 4 experimentos no LHC: ALICE, ATLAS, CMS, LHCb

IPPOG : The International Particle Physics Outreach Group É uma rede de cientistas, professores de ciências e especialistas em comunicação, trabalhando em cooperação em várias partes do mundo em divulgação científica sobre Física de partículas. Masterclass: Coordenação Geral Estados Unidos Fermilab Dra. Uta Billow Prof. Kenneth Cecire

Um breve histórico No início dos anos 90, Erik Johanson, da universidade de Estocolmo, desenvolveu o Hands on CERN, um curso para a graduação em Física onde os alunos analisavam os eventos do DELPHI. Final dos anos 90, o Reino Unido iniciou atividades envolvendo Física de Altas Energias para alunos do último ano do 20 grau e seus professores, chamadas de UK Masterclasses. 2005, o Ano Internacional da Física, o CERN inicia o Masterclass como um evento de toda a Comunidade Européia sob a coordenação do EPPOG. EPPOG (European Particle Physics Outreach Group) foi o grupo criado, em 1997, para a divulgação de Física de Altas Energias nos países membros do CERN.

Um breve histórico 200 instituições de pesquisa participam do Masterclass atualmente; 2014: cerca de 10 000 alunos/participantes. Esse número cresce a cada ano. 2011: EPPOG se torna IPPOG, o Masterclass se torna mundial. Reúne CERN, DESY, Fermilab, entre seus membros. Brasil participa desde 2008: 2008, 2009, 2010*, 2011 (Rio: UERJ, São Paulo: IFT-UNESP) 2012 (Rio + Lavras: UERJ (+UFLA), São Paulo: IFT-UNESP) 2013, 2014 (Rio: UERJ, São Paulo: IFT-UNESP, Curitiba; UFPR) * + Manaus, UFAM, indiretamente, por telefone

Organização das Atividades No CERN : 1 dia inteiro de colóquios e atividade experimental Oferece almoço e coffee breaks. Ao final do dia, reunião com outros institutos participantes, de diversos países. Em São Paulo : meio-dia + meio-dia de atividades (colóquios e experimental) devido ao fuso horário em relação ao CERN. No Rio : reuniões semanais, duração de tempo livre. reunião com o CERN e os outros institutos usando video-conferência no dia estabelecido.

Organização das Atividades Minas Gerais : parte das atividades do Encontro Mineiro de Física (anual) 1 tarde inteira (até ~20:00h) : apresentação e explicação + 1 tarde inteira (até ~20:00h) : análise dos eventos Não quiseram participar da vídeo-conferencia com o CERN e outros participantes internacionais. Em Natal : 2,5 dias de atividades para 2 grupos, separadamente (devido ao número de participantes) perfazendo 1 semana. Reunião por vídeo-conferência com o CERN e outros participantes internacionais na segunda-feira seguinte participantes tiveram todo o fim de semana para analizar os eventos.

Atividades Palestras introdutórias sobre Física das Partículas Elementares. Perguntas, discussões e dúvidas sempre. antes, durante, depois, Internet indispensável. Palestras sobre os dados a serem utilizados, bem como sobre o experimento onde foram obtidos. Análise dos eventos e discussão dos resultados obtidos.

Organização O elemento principal do Masterclass é a reunião com videoconferência envolvendo o CERN, ou o Fermilab, e outros institutos participantes. Dado o grande número de universidades envolvidas, tal atividade é desenvolvida em vários dias. Em 2015, foi realizado no período 25.02.15-02.04.15. O número de institutos participantes por dia varia entre 5 e 8, que é o máximo de conexões que o Vydio (programa utilizado para video-conferência) suporta. Esse é o mesmo programa utilizado pelos experimentos do LHC. Essa reunião pode ser conjunta, alunos e professores, ou pode-se requisitar um dia especial para os professores.

Video-conferencia (Brasil) Rio de Janeiro, UERJ com o CERN: 1 de abril, ATLAS Z0 com o Fermilab, 27 de março, CMS. São Paulo, IFT-UNESP, UFABC com o CERN: 6 de março, CMS. 11 de março, CMS. 24 de março, CMS. São Paulo, USP com o CERN: 27 de março, ALICE. Natal, UFRN com o CERN: 23 de março, ATLAS. São João del Rei, UFSJ com o CERN: 25 de março, ATLAS. Calendário 2015

A Internet Toda informação sobre o Masterclass pode ser encontrada na internet. http://www.physicsmasterclasses.org/ https://quarknet.i2u2.org/ Várias informações sobre Física de Altas Energias podem ser encontradas nos links das páginas do Masterclass. Dado o carácter internacional do evento, essas informações são dadas em várias linguas. Não é necessário saber inglês para participar do Masterclass!

Tópicos que podem ser estudados no Masterclass ATLAS: Z0 + Higgs ATLAS: W (+ Higgs) CMS: Z0 + W +Higgs CMS: J/ψ ALICE: partículas estranhas LHCb: medida da vida média do méson D0 (UERJ) Escolhemos Z0: ATLAS Z0 + Higgs, CMS Z0+W + Higgs Os outros tópicos podem ser desenvolvidos ao longo do ano e discutidos na video-conferência do ano seguinte, se assim se desejar. O Masterclass é uma atividade que pode ser desenvolvida durante o ano todo dentro de cada instituição.

UERJ Porque 2 experimentos: Normalmente, cada instituição escolhe 1 experimento para analisar no Masterclass ATLAS foi o primeiro experimento do LHC a disponibilizar dados para o Masterclass (2011, antes analisávamos eventos do DELPHI, um dos experimentos do LEP, o acelerador anterior ao LHC) O grupo liderado pelo Prof. Alberto Santoro, na UERJ, participa do experimento CMS

ATLAS e CMS são experimentos de propósito geral, ou seja, estudam todos os tópicos de Física acessíveis na energia de centro de massa do LHC.

Comprimento: 28,7 m Altura: 15 m Peso: 14.000 toneladas Canais - eletrônica: ~100 milhões O experimento CMS Detectores de Traços Solenóide supercondutor Câmara de Múons Calorímetros na região frontal Calorímetro Eletromagnético Calorímetro Hadrônico

Pixels de silício Detectores de Traços Tiras de silício detectam partículas com carga elétrica, medem as suas posições em função do tempo. estão envolvidos por um campo magnético homogêneo as trajetórias são defletidas pela ação deste campo. a reconstrução da curvatura da trajetória permite calcular o momento linear da partícula e determinar a sua carga eléctrica. A interação entre as partículas produzidas na colisão e o material dos detectores de traços é muito pequena, assim as partículas depositam nestes detectores pouquíssima energia.

Calorímetro Eletromagnético PbWO4 tungstato de chumbo Esquema de um elétron interagindo dentro de um dos blocos do calorímetro Onde são detectadas as partículas e anti-partículas que interagem com a matéria maioritariamente através da interação eletromagnética fótons, elétrons e pósitrons praticamente toda a energia destas partículas e anti-partículas é absorvida pelo calorímetro eletromagnético e transformada num sinal eletrônico. a intensidade do sinal é uma medida da energia da partícula, que é totalmente absorvida no detector.

CMS Calorímetro eletromagnético sendo montado em uma das tampas na região frontal do detector

Calorímetro Hadrônico Esquema da interação de um hádron no calorímetro hadrônico Onde são detectadas as partículas que interagem majoritariamente através da interação forte, como as partículas constituídas por quarks e/ou antiquarks, por exemplo os prótons e nêutrons. praticamente toda a energia destas partículas e antipartículas é absorvida pelo calorímetro hadrônico e transformada num sinal eletrônico. (similar ao EM) a intensidade do sinal é uma medida da energia da partícula, que é totalmente absorvida no detector. (similar ao EM)

Magneto Curva a trajetória das partículas carregadas, permitindo medir seu momento (e energia); Envolve os calorímetros e o detector de trajetórias; As Câmaras de Múons estão sobre ele; É um solenóide supercondutor. Campo magnético de ~4 Tesla.

Câmara de Múons múons depositam uma pequena fração da sua energia nos calorímetros, são as únicas partículas que atravessam todas as camadas do Detector CMS. estão colocados na camada exterior do CMS, são constituídas por milhares de longos tubos cheios de gás, com um fio longitudinal no centro de cada tubo. quando um múon passa através do tubo, ioniza o gás libertando elétrons, criando íons positivos, que se deslocam para o fio e para a parede do tubo devido a uma grande diferença de potencial elétrico entre o tubo e o fio, criando assim um sinal elétrico mensurável.

As interações das partículas com diferentes partes do Detector CMS

Do conhecimento que temos atualmente, a matéria é formada por átomos, que possuem um núcleo (formado por prótons e neutrons) rodeado por elétrons. Esses prótons e neutrons são, por sua vez, formados por quarks. O que são o Z0 e o W?

O que são o Z0 e o W? Existem 6 quarks e 6 léptons, organizados em 3 famílias cada. Léptons podem ter carga elétrica ou serem neutros (neutrinos). Quarks possuem carga elétrica fracionária. A interação entre quarks, entre léptons e entre quarks e léptons se dá através de mediadores. O Z0 é um desses mediadores, neutro eletricamente. Outro mediador é o W, que possui carga elétrica, e participa do mesmo tipo de interações que o Z0.