PLANO DE IGUALDADE DE GÉNERO PME INVESTIMENTOS SOCIEDADE DE INVESTIMENTO, S.A.
I. Introdução A promoção da igualdade de género constitui uma tarefa a cargo do Estado Português, estando inscrita com lugar de relevo no elenco de valores fundamentais a defender pela comunidade previstos na Constituição da República Portuguesa, o que permite aquilatar desde logo da sua centralidade naquele âmbito, e resultando ainda de um conjunto alargado de instrumentos de Direito Internacional Público aos quais o Estado Português se vinculou, reforçando o seu compromisso para com a remoção das barreiras que ainda impedem a existência de uma efetiva igualdade de oportunidades entre mulheres e homens nos diferentes domínios da vida pública. Uma das áreas de intervenção prioritária para o efeito da prossecução dos objetivos acima referidos é a da promoção da igualdade de género no domínio profissional, quer através do conhecimento da realidade da situação profissional de homens e mulheres no ambiente de trabalho, mediante a análise estatística de dados respeitantes ao número de horas trabalhadas, capacidade de progressão na carreira e remuneração, quer através da proposta da adoção de boas práticas que permitam fazer face a diferenças injustificadas detetadas no âmbito da análise acima referida ou da prolação de normas legais que imponham regras de conduta tendentes ao mesmo fim ou proíbam comportamentos manifestamente ilegais, à luz do princípio da igualdade previsto na Constituição da República Portuguesa. Tendo em vista o cumprimento das obrigações para o mesmo emergentes das regras a que se encontra vinculado, o Estado Português adotou através das Resoluções do Conselho de Ministros número 103/2013, de 31 de Dezembro, e número 18/2014, de 7 de março, o V Plano Nacional para a Igualdade de Género, Cidadania e Não-Discriminação 2014-2017 e um conjunto específico de medidas destinadas a identificar situações de discriminação negativa entre géneros e a combater as desigualdades identificadas. No âmbito específico das desigualdades de género em matéria profissional no âmbito do setor público empresarial, no qual a PME Investimentos Sociedade de Investimento, S.A. ( PME Investimentos ) se integra, e em linha com o disposto no Regime Jurídico do Setor Público Empresarial, é de realçar a obrigação da elaboração de estudos intra-empresa destinados a identificar eventuais desvios entre homens e mulheres no que respeita às situações acima verificadas e consequente proposta de medidas tendentes a acabar com as desigualdades encontradas e a prevenir o surgimento de novas formas de discriminação profissional entre homens e mulheres. É para esse efeito que o presente Plano é elaborado, consistindo numa análise da situação verificada na PME Investimentos e na comparação da mesma com a situação verificada a nível nacional, sempre que dados comparativos se encontrem disponíveis.
II. Análise Estatística O primeiro indicador a analisar respeita à distribuição do emprego entre homens e mulheres. Neste sentido e pese embora a população Portuguesa compreender, no final de 2014, 4.924M de homens e 5.451M de mulheres (dados Pordata), correspondendo os homens a cerca de 47% e as mulheres a 53% da população, a verdade é que a distribuição de emprego entre géneros não reflete nem acompanha esta distribuição, conforme o seguinte gráfico permite assinalar: Distribuição Nacional de Emprego por Género População Masculina Empregada População Feminina Empregada Com efeito, verifica-se que, apesar de constituírem a maior parte da população portuguesa, as mulheres correspondem a apenas 49% da população empregada, correspondendo o género masculino a 51% de todos os trabalhadores no final de 2014, o que permite, quando não concluir, pelo menos interrogarmo-nos sobre a existência de uma distorção na contratação de profissionais que favorece o género masculino em detrimento do género feminino. Distribuição de Emprego por Género na PME Investimentos Homens Mulheres
Contrariamente e como se pode ver pelo quadro acima, na PME Investimentos, a distribuição de emprego favorece primariamente o género feminino, que constitui 58% da força de trabalho da sociedade, ao passo que os homens representam apenas 42%. Neste âmbito, verifica-se que a introdução de quaisquer medidas no sentido de promover maior igualdade efetiva no seio da PME Investimentos seria contraproducente no domínio macro, já que contribuiria para um reforço global do emprego masculino que, no panorama nacional e como acima referido, já é prevalecente sobre o emprego feminino. Passando à análise, a nível nacional, da distribuição das remunerações por género, verifica-se, com base nos últimos dados disponíveis (dados Pordata refletidos no quadro abaixo) que existe um intervalo de aproximadamente Euros 200,00 entre as remunerações médias dos trabalhadores do sexo masculino (que variaram entre Euros 984,20 em 2011 e Euros 993,20 em 2013) e as remunerações médias das trabalhadoras do sexo feminino (que auferiam em média Euros 807,50 em 2011 e progrediram para Euros 815,60 em 2013). 1200 Média Nacional de Remunerações por Género 1000 800 600 400 Género Masculino Género Feminino 200 0 Ano 2011 Ano 2012 Ano 2013 Daqui pode inferir-se que a discriminação negativa atualmente verificada entre homens e mulheres no mercado de trabalho não se limita ao acesso ao trabalho mas também tem reflexo nas remunerações auferidas pelos diferentes géneros, impondo-se por isso verificar qual a situação relativa dos trabalhadores da PME Investimentos face ao quadro nacional acima identificado. Conforme resulta do quadro abaixo, verificamos que na PME Investimentos a situação é diametralmente oposta à da verificada a nível nacional, na medida em que a média dos valores
auferidos pelas trabalhadoras (Euros 2.983,71) é superior em mais de Euros 500,00 à média das remunerações percebidas pelos trabalhadores do sexo masculino (Euros 2.453,81). por Género PME Investimentos 3500,00 3000,00 2500,00 2 000,00 1 500,00 1 000,00 Género Masculino Género Feminino 500,00 - Género Masculino Género Feminino Deve ser tido em consideração que estão compreendidos nos dados com base nos quais foi elaborada a tabela acima os dados referentes aos administradores da Sociedade (cargos atualmente exercidos exclusivamente por pessoas do sexo masculino), cujos cargos, por natureza, podem assumir uma transitoriedade que não tem paralelo na relação estabelecida entre a PME Investimentos e os seus trabalhadores, já que as relações laborais são, por natureza, mais perenes e não estão sujeitas a possibilidade de regressão remuneratória (sendo as remunerações dos cargos de administração fixadas de 3 em 3 anos pelos acionistas da sociedade e não estando as mesmas sujeitas a qualquer princípio de proibição do retrocesso). Assim, foi igualmente analisada a comparação entre as trabalhadoras do género feminino e os trabalhadores do género masculino, com exclusão dos membros do Conselho de Administração da PME Investimentos, no sentido de obter maior clarificação sobre a situação efetiva do ambiente profissional existente na PME Investimentos. Como nota adicional, deve ser tomado em consideração que os cargos da Administração da PME Investimentos são atualmente exclusivamente exercidos por homens, pelo que a retirada dos mesmos da análise estatística da distribuição de remunerações da PME Investimentos resultará, como se vê no quadro seguinte, no aumento do fosso entre as remunerações entre os trabalhadores dos dois géneros.
por Género PME Investimentos (excluindo Administração) 3500,00 3000,00 2500,00 2000,00 1500,00 1000,00 Género Masculino (sem Administração) Género Feminino (sem Administração) 500,00 - Género Masculino Género Feminino Como referido, ao remover da comparação as remunerações dos Administradores da PME Investimentos, verifica-se que o fosso efetivo entre trabalhadores dos diferentes sexos na sociedade é ligeiramente superior a Euros 800,00, um valor que não poderá ser negligenciado e que demonstra uma desproporção remuneratória que beneficia as trabalhadoras do sexo feminino. Deve, em todo o caso, ser notado, que existe uma justificação objetiva para a existência de uma discrepância salarial entre os trabalhadores dos dois géneros, na medida em que existe também uma diferença significativa em termos da idade média dos trabalhadores de ambos os sexos, sendo a idade média das trabalhadoras da PME Investimentos 44 anos, enquanto a média da idade dos trabalhadores é de apenas 35 anos, conforme o gráfico seguinte. 50 Média de Idades na PME Investimentos 40 30 20 10 Média de Idades 0 Trabalhadores do Género Feminino Trabalhadores do Género Masculino
Face ao exposto e considerando que a progressão na carreira está normalmente associada à idade do trabalhador e que essa progressão é acompanhada, regra geral, por uma progressão salarial, torna-se menos desprovida de sentido a existência de uma disparidade salarial tão grande como a verificada entre mulheres e homens na PME Investimentos. Em linha com esta questão, importa por fim abordar uma das matérias de maior relevo quando se analisa a questão da igualdade em meios profissionais e que corresponde à existência de igualdade de acesso a funções decisórias. Neste sentido, importa notar que, apesar de, como acima referido, a Administração da PME Investimentos ser composta exclusivamente por homens, todos os cargos de direção (4) na estrutura da PME Investimentos a cargo de trabalhadores são exercidos por mulheres, o que permite aferir da existência de igualdade no acesso a funções decisórias na sociedade, não se justificando por isso, qualquer abordagem que vise condicionar os processos de designação para os referidos cargos, já que se encontra assegurado um ambiente plural.
III. Conclusões e Recomendações Conforme resulta da análise acima efetuada, verifica-se que a situação da PME Investimentos em termos de potencial discriminação de género a nível profissional é positiva, na medida em que a mesma contraria a tendência nacional de discriminação das mulheres no acesso ao emprego e a remunerações paritárias relativamente aos trabalhadores do sexo masculino. Pese, embora, existir uma justificação objetiva para a discrepância remuneratória verificada a favor das mulheres na PME Investimentos, nomeadamente, a idade mais avançada das trabalhadoras que terá correspondência na detenção, pelas mesmas, de graus de carreira mais avançados, considera-se que a diferença remuneratória verificada poderá ser exagerada, justificando-se, quando tal for possível, a atualização suave e progressiva dos salários dos trabalhadores para valores mais próximos dos das trabalhadoras, ressalvando, claro está, que as funções exercidas sejam idênticas, isto é, agindo com enfoque na paridade e não numa igualdade absoluta que seja contrária às naturais diferenças existentes entre diferentes categorias profissionais e os diversos graus de carreira. Por fim, considerando que não existem indícios de qualquer cerceamento no acesso de ambos os géneros a funções decisórias na PME Investimentos, não se propõe a adoção de qualquer medida a este respeito.