2º EM Literatura Fransérgio Av. Mensal 10/09/14 INSTRUÇÕES PARA A REALIZAÇÃO DA PROVA LEIA COM MUITA ATENÇÃO 1. Verifique, no cabeçalho desta prova, se seu nome, número e turma estão corretos. 2. Esta prova contém 10 questões dissertativas. 3. Leia todas as questões com atenção. 4. A prova deverá ser feita com caneta esferográfica de tinta azul ou preta. 5. É vedada a utilização de qualquer material de consulta, eletrônico ou impresso. 6. É terminantemente proibido retirar-se do local da prova antes de ocorrido o tempo mínimo estipulado, qualquer que seja o motivo. 7. Tempo de duração da avaliação - Mínimo: 50min Máximo: 50min 8. Ao final, entregue a prova ao professor aplicador. BOA PROVA! Assinatura do Aluno: QUESTÕES Atenção: Procure escrever de maneira clara e objetiva. Lembre-se que comentar não é citar, portanto, desenvolva seu texto trazendo informações necessárias e importantes. 1. (1,0) Explique o fenômeno dos heterônimos na obra de Fernando Pessoa. Leia os poemas e responda: Sou um guardador de rebanhos. O rebanho é os meus pensamentos E os meus pensamentos são todos sensações. Penso com os olhos e com os ouvidos E com as mãos e os pés E com o nariz e a boca. Texto 1 1/6
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la E comer um fruto é saber-lhe o sentido. Por isso quando num dia de calor Me sinto triste de gozá-lo tanto, E me deito ao comprido na erva, E fecho os olhos quentes, Sinto todo o meu corpo deitado na realidade, Sei a verdade e sou feliz. Texto 2 À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica Tenho febre e escrevo. Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto, Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos. Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno! Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria! Em fúria fora e dentro de mim, Por todos os meus nervos dissecados fora, Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto! Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos, De vos ouvir demasiadamente de perto, E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso De expressão de todas as minhas sensações, Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas! (...) 2. (1,0) Qual dos poemas pertence ao heterônimo de Álvaro de Campos? Justifique sua resposta. 2/6
3. (Unirio 1998) (1,0) Leia os versos adiante e responda aos itens abaixo Faça um breve comentário sintático e semântico de "A visita na casa que a gente sentava no sofá". 4. (1,0) O Modernismo, em sua primeira fase, foi um movimento polêmico, destruidor. Justifique a afirmativa com uma característica encontrada no texto. (Ita 2003) Leia com atenção os textos abaixo. IRACEMA - CAPÍTULO II Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como o seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como o seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. (JOSÉ DE ALENCAR) 3/6
MACUNAÍMA - CAPÍTULO I No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto e retinto e filho do medo da noite. Houve momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uiracoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma. Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Se o incitavam a falar exclamava: - Ai! que preguiça... (MÁRIO DE ANDRADE) 5. (1,0) Romantismo e Modernismo são dois movimentos literários de fundo nacionalista. Com base nessa afirmação, indique pontos de contato entre as obras "Iracema" e "Macunaíma" que podem ser comprovados pelos excertos acima. 6. (1,0) Encontre nos textos, ao menos, uma diferença entre o estilo de Mário de Andrade e o de José de Alencar. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS QUESTÕES: VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA Vou-me embora pra Pasárgada Vem a ser contraparente Lá sou amigo do rei Da nora que nunca tive Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei Em Pasárgada tem tudo Vou-me embora pra Pasárgada É outra civilização Tem um processo seguro Vou-me embora pra Pasárgada De impedir a concepção Aqui eu não sou feliz Tem telefone automático Lá a existência é uma aventura Tem alcaloide à vontade De tal modo inconsequente Tem prostitutas bonitas Que Joana a Louca de Espanha Para a gente namorar Rainha e falsa demente 4/6
7. (Uff 2005) (1,0) Baseado na leitura dos Texto, explique com suas próprias palavras o sentido de Pasárgada para o eu-lírico no poema. 8. (Unicamp 2010- Adaptada) (1,0) O excerto a seguir, de Vidas Secas, trata da personagem sinha Vitória: Calçada naquilo, trôpega, mexia-se como um papagaio, era ridícula. Sinha Vitória ofendera-se gravemente com a comparação, e se não fosse o respeito que Fabiano lhe inspirava, teria despropositado. Efetivamente os sapatos apertavam-lhe os dedos, faziam-lhe calos. Equilibrava-se mal, tropeçava, manquejava, trepada nos saltos de meio palmo. Devia ser ridícula, mas a opinião de Fabiano entristecera-a muito. Desfeitas essas nuvens, curtidos os dissabores, a cama de novo lhe aparecera no horizonte acanhado. Agora pensava nela de mau humor. Julgava-a inatingível e misturava-a às obrigações da casa. (...) Um mormaço levantava se da terra queimada. Estremeceu lembrando-se da seca (...). Diligenciou afastar a recordação, temendo que ela virasse realidade. (...) Agachou-se, atiçou o fogo, apanhou uma brasa com a colher, acendeu o cachimbo, pôs-se a chupar o canudo de taquari cheio de sarro. Jogou longe uma cusparada, que passou por cima da janela e foi cair no terreiro. Preparou-se para cuspir novamente. Por uma extravagante associação, relacionou esse ato com a lembrança da cama. Se o cuspo alcançasse o terreiro, a cama seria comprada antes do fim do ano. Encheu a boca de saliva, inclinou-se e não conseguiu o que esperava. Fez várias tentativas, inutilmente. (...) Olhou de novo os pés espalmados. Efetivamente não se acostumava a calçar sapatos, mas o remoque de Fabiano molestara-a. Pés de papagaio. Isso mesmo, sem dúvida, matuto anda assim. Para que fazer vergonha à gente? Arreliava-se com a comparação. Pobre do papagaio. Viajara com ela, na gaiola que balançava em cima do baú de folha. Gaguejava: - "Meu louro." Era o que sabia dizer. Fora isso, aboiava arremedando Fabiano e latia como Baleia. Coitado. Sinha Vitória nem queria lembrar-se daquilo. (Graciliano Ramos, Vidas secas. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2007, p.41-43.) Tendo em vista a condição e a trajetória de sinha Vitória, justifique a ironia contida no nome da personagem. Que outra personagem referida no excerto acima também revela uma ironia no nome? 5/6
9. (Ufv 2000) (1,0) Em um estudo sobre o Modernismo brasileiro, o crítico João Luiz Lafetá assim definiu a produção literária do decênio de 30: A "politização" dos anos trinta descobre ângulos diferentes: preocupa-se mais diretamente com os problemas sociais e produz os ensaios históricos e sociológicos, o romance de denúncia, a poesia militante e de combate. (LAFETÁ, João Luiz. "1930: a crítica e o modernismo." São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1974. p.18) Reflita sobre o romance "Vidas Secas" e, de forma concisa, responda: Em que medida a narrativa de Graciliano Ramos está de acordo com as propostas contidas no fragmento acima? 10. (Unicamp 1998) (1,0) Em VIDAS SECAS, após ter vencido as dificuldades, postas no início da narrativa, Fabiano afirma: "Fabiano, você é um homem...". Corrige-se logo depois: "Você é um bicho, Fabiano". Em seguida, encontrando-se com a cadelinha, diz: "Você é um bicho, Baleia". Ao chamar a si mesmo e a Baleia de "bicho", Fabiano estabelece uma identificação com ela. Na leitura de VIDAS SECAS, podem-se perceber vários motivos para essa identificação. Cite dois desses motivos. 6/6