O cenário econômico internacional e o comércio exterior dos produtos transformados de plástico Agosto/2009 Associação Brasileira da Indústria do Plástico
A CRISE MUNDIAL O ano de 2008 foi marcado pelo agravamento da crise financeira mundial, iniciada em 2007 a partir de problemas enfrentados pelo sistema financeiro americano em seu mercado de hipotecas imobiliárias. Em meados de 2008 o colapso do sistema de crédito interbancário americano espalhou-se por todo o sistema financeiro internacional, desencadeando uma crise econômica internacional. Como conseqüência, várias economias mundiais entraram em recessão, com impactos profundos no nível de atividade econômica dos países exportadores. O processo recessivo mundial impactou de forma dramática as economias dos países desenvolvidos a partir do terceiro trimestre de 2008. Embora já ocorresse uma queda verificável na demanda interna nesses países desde 2007, foi pela repentina redução nas suas exportações de produtos industrializados de alto valor agregado que se conflagrou a contração de suas demandas internas. Economias especializadas na produção de bens de capital, aí inclusos Japão, China, Alemanha, Taiwan e Estados Unidos, foram as mais afetadas pela redução nos gastos com investimentos dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. O impacto no Produto Interno Bruto desses países foi traumático, projetando para 2009 reduções significativas nas economias da maior parte dos países desenvolvidos. O Banco Mundial projeta uma queda no PIB global de 2,9% em 2009, ante o crescimento de 1,9% 1 170 Exportações Mundiais Trimestrais - Crescimento Relativo 2005 a 2009 (WTO) ocorrido em 2008. Para os países desenvolvidos (OECD), a estimativa de queda é de 4,2% neste ano, enquanto para os países em desenvolvimento em geral espera-se um crescimento de 1,2%. Para o Brasil é estimada uma redução de 1,1% no PIB em 2009, frente ao crescimento de 5,1% experimentado em 2008, maior que a contração média das economias da América Latina e Caribe durante o ano de 2009, cuja previsão será atingir -2,2% do PIB da região. As conseqüências da crise atual são, entretanto, mais graves do que apenas aquelas refletidas através do declínio do PIB. Os preços das Commodities não-petrolíferas caíram mais de 30%, reordenando as posições mundiais em termos de comércio exterior, além de derrubar as inflações domésticas em todo mundo. Novas pressões fiscais afetam os governos, enquanto um número crescente de países vivencia déficit em sua balança de pagamentos. Em termos de comércio internacional, um estudo feito pela Organização Mundial de Comércio prevê para 2009 uma queda de 9% no volume global de exportações, a maior contração desde a Segunda Guerra Mundial. Para os países desenvolvidos a queda esperada deverá ser ainda maior, chegando a 10%. Dados da mesma fonte demonstram a velocidade da queda no nível de exportações mundiais, iniciado no terceiro trimestre de 2008 e agravado a partir de outubro daquele ano. Essa queda é mais acentuada do que as observadas em contrações economicas passadas, devido à conjunção de três fatores: a velocidade de disseminação da crise pelo mundo, a crescente participação dos processos de supply chain no total de comércio internacional e a repentina escassez de financiamentos. No caso do crescimento do supply chain, a cadeia de bens intermediários cruza diversas fronteiras antes de integrar o produto final, onde uma redução na demanda resulta num efeito multiplicado na medida das exportações consolidadas. Com relação à recuperação dos níveis de crédito, este foi o principal alvo das medidas imediatas tomadas pelos governos dos países desenvolvidos e instituições multilaterais.
1trim 2007 = 1 170 70 60 50 Variação Relativa das Exportações Mundiais - em US$ 2007-T1 2007-T2 2007-T3 2007-T4 2008-T1 2008-T2 2008-T3 2008-T4 2009-T1 Mundo 107 121 133 129 106 81 Estados Unidos 107 107 115 117 127 122 91 Alemanha 103 106 116 121 121 99 83 China 117 132 135 121 143 162 141 97 Itália 107 103 116 114 117 98 77 Japão 102 109 118 123 106 72 Nas exportações, os efeitos da crise global foram mais sérios para os países em desenvolvimento, com a interrupção brusca do processo de crescimento acelerado. No caso brasileiro, somam-se o menor volume exportado e a queda acentuada dos preços das commodities, em particular minérios e grãos, principais itens da exportação nacional. EXPORTAÇÕES MUNDIAIS DE PLÁSTICOS A evolução positiva nas exportações dos principais exportadores mundiais, mais Brasil e México, sofreu uma brusca reversão a partir do terceiro trimestre de 2008. Notadamente no caso do Brasil, vemos um movimento positivo acelerado até meados do ano, o que colaborou para ressaltar ainda mais a queda. Entre as razões para a drástica redução no volume de exportações no caso brasileiro, a mais relevante foi a redução absoluta na disponibilidade de crédito aos exportadores, como conseqüência da paralisia no sistema interbancário mundial que perdurou vários meses. PERSPECTIVAS A partir do segundo trimestre deste ano, alguns indicadores sinalizam o início do processo de recuperação econômica. A estabilização dos mercados de capitais, a modesta melhora nas exportações de diversos países e o aumento da demanda pelos consumidores, embora tímidos, são indícios de uma lenta retomada. Por outro lado, os níveis de desemprego continuam crescentes em muitos países, devendo permanecer assim ainda por algum tempo, por conta da adequação aos novos níveis de produção e pelo crescimento populacional. Pelas previsões do Banco Mundial, os países em desenvolvimento deverão se recuperar antes dos desenvolvidos, absorvendo uma parcela crescente dos investimentos estrangeiros, notadamente para Brasil, Índia, Rússia e China.
1 trim 2007 = Evolução Relativa das Exportações de Plásticos Manufaturados (HS39) - US$ 70 60 50 2007-T1 2007-T2 2007-T3 2007-T4 2008-T1 2008-T2 2008-T3 2008-T4 2009-T1 Alemanha 111 114 118 129 91 83 China 119 116 107 124 133 146 95 Estados Unidos 106 107 104 106 114 115 86 Itália 107 98 106 105 131 108 86 75 Japão 111 123 136 132 143 143 112 84 França 105 107 113 122 106 85 79 Bélgica 108 102 109 117 131 113 91 87 Reino Unido 113 101 101 103 112 101 78 69 Holanda 102 101 108 112 118 104 86 78 México 111 111 107 102 115 113 94 Mundo 109 112 115 128 99 83 BRASIL Nos seis primeiros meses de 2009, as exportações de transformados plásticos (classificados no capítulo 39 da NCM) totalizaram 93,2 milhões de toneladas e US$ 417.3 milhões, reduções de 23,3% e 10,8%, sobre 2008. Desse total, cresceram em valor apenas os itens: tubos e seus acessórios com 34,4%; artefatos para construção com 49,1%; e outros plásticos com 34,8%. No mesmo período as exportações totais tiveram redução de 22,8% em valor, resultando em aumento da participação relativa dos plásticos na pauta de exportações de 0,52% para 0,60%. Os principais países de destino durante o primeiro semestre de 2009, em valor, foram: Argentina (21,5%), Países Baixos (19,2%), EUA (9,6%), Chile (6,6%) e Paraguai (4,1%), representando no total 61% do total das exportações desse segmento, concentração superior à obtida no ano de 2008 (57,3%). A participação relativa da América Latina como destino das exportações caiu de 51,5% em 2008 para 44,5% neste semestre. A Argentina, principal mercado, teve participação decrescente. Quanto ao resto do mundo, destacam-se a queda da participação relativa dos Estados Unidos e o crescimento dos Países Baixos devido ao aumento do valor unitário das exportações para aquele país. As importações totais de mercadorias pelo Brasil no primeiro semestre de 2009 diminuíram 29,5% em valor (US$) e 25,9% em volume, queda superior à das exportações totais (-22,8% e -8,4%, respectivamente). Nesse período, as importações brasileiras de transformados plásticos totalizaram 169 milhões de toneladas e US$ 724,8 milhões, redução de 7,2%, e 13,0% respectivamente sobre o mesmo período de 2008. Das 12 categorias de produtos, dois tiveram aumento expressivo das importações: Artigos Sanitários (banheiras, pias, lavatórios, bidês, sanitários e semelhantes), e artigos de transporte ou de embalagem. O primeiro apresentou aumento de 42,2% em valor e 21,2% em volume; o segundo, 1,1% em valor e 20,4% em toneladas. Os principais países de origem das importações foram EUA, China, Argentina, Alemanha, e Uruguai, que juntos representaram 60,3% em valor e 68,5% em volume, sendo 77% desse total oriundo de apenas 10 países. Desses, apenas o Uruguai ampliou as exportações para o Brasil, com aumento em volume (32,3%) e em valor (8%) comparativamente ao primeiro semestre de 2008. As importações da Coréia embora tenham diminuído em volume tiveram aumento expressivo em valor importado (18,2%). Embora em menor percentual, o valor importado da China também aumentou (5,6%), embora o volume tenha diminuído em 11,57%. Dos 10 principais países exportadores de
transformados plásticos para o Brasil, apenas 3: EUA, Argentina e Uruguai são também importantes importadores dos produtos brasileiros. A Balança Comercial de Transformados plásticos foi deficitária no primeiro semestre de 2009, embora em menor montante que no mesmo período de 2008. O valor médio da tonelada exportada foi maior que o valor médio da tonelada importada, Dessa forma, apesar de o saldo negativo em volume exportado ter aumentado, o déficit em valor foi menor, em comparação com o mesmo período de 2008. Banco Mundial - junho de 2009 2007 2008 e 2009 p 2010 p 2011 p Indicadores Globais Volume de Comércio Mundial 7,5 3,7-9,7 3,8 6,9 Índices de Preços ao Consumidor países do G-7ª 1,7 2,9 0,5 0,8 1,3 Estados Unidos 2,6 3,8 0,3 1,2 2,0 Preços de Commodities (expressos em variação sobre o US$) Commodities exceto petróleo e 17,1 21,0-30,1-2,1 1,4 Derivados Preço do Petróleo (US$ por barril) 71,1 97,0 55,5 63,0 65,8 Preço do Petróleo (variação 10,6 36,4-42,7 13,4 4,6 percentual) Crescimento Real do PIB Mundial 3,8 1,9-2,9 2,0 3,2 Países Desenvolvidos 2,6 0,7-4,2 1,3 2,4 países do OECD 2,5 0,6-4,2 1,2 2,3 Zona do Euro 2,7 0,6-4,5 0,5 1,9 Japão 2,3-0,7-6,8 1,0 2,0 Estados Unidos 2,0 1,1-3,0 1,8 2,5 Países fora do OECD 5,6 2,4-4,8 2,2 4,6 Países em desenvolvimento 8,1 5,9 1,2 4,4 5,7 Leste da Ásia e Pacifico 11,4 8,0 5,0 6,6 7,8 China 13,0 9,0 6,5 7,5 8,5 Europa e Ásia Central 6,9 4,0-4,7 1,6 3,3 Rússia 8,1 5,6-7,5 2,5 3,0 América Latina e Caribe 5,8 4,2-2,2 2,0 3,3 Brasil 5,7 5,1-1,1 2,5 4,1 México 3,3 1,4-5,8 1,7 3,0 Argentina 8,7 6,8-1,5 1,9 2,1 Oriente Médio e Norte da África 5,4 6,0 3,1 3,8 4,6 Egito 7,1 7,2 3,8 4,2 5,0 Sul da Ásia 8,4 6,1 4,6 7,0 7,8 Índia 9,0 6,1 5,1 8,0 8,5 África Sub-Sahara 6,2 4,8 1,0 3,7 5,2 África do Sul 5,1 3,1-1,5 2,6 4,1 Países em Desenvolvimento Excluindo China e Índia 6,1 4,5-1,6 2,5 3,9 Fontes: Banco Mundial, Organização Mundial do Comércio, países, Sistema ALICE Dados do quadro referentes a 5 de junho de 2009. (a). Canada, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos. e. Estimado p. Projetado