CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES DE QUEIMA DE ARGILAS UTILIZADAS PARA FABRICAÇÃO DE TELHAS NO MUNICÍPIO DE ITABORAÍ-RJ

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Transcrição:

ARATERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES DE UEIMA DE ARGILAS UTILIZADAS PARA FABRIAÇÃO DE TELHAS NO MUNIÍPIO DE ITABORAÍ-RJ Vitorino. J.P.D. 1 *, Vieira..M.F. 1, Duailibi Filho. J. 2 1 UENF/T/Laboratório de Materiais Avançados *jhvitorino@hotmail.com 2 INT Instituto Nacional de Tecnologia. Resumo - O objetivo deste trabalho é o de apresentar resultados relativos à caracterização de argilas utilizadas na composição de massa cerâmica para telhas produzidas no município de Itaboraí. Foram utilizados quatro tipos de argilas denominadas de argila cinza, argila vermelha, argila tabatinga clara e argila tabatinga escura. As argilas foram submetidas a ensaios de caracterização física e mineralógica. orpos-de-prova foram preparados por prensagem uniaxial a 2 MPa para queima a 7, 95 e 15 º. As propriedades físicas e mecânicas avaliadas foram: densidade aparente a seco, densidade aparente de queima, retração linear, absorção de água e tensão de ruptura à flexão. Os resultados indicaram que é recomendável formular massa para telhas com duas das argilas investigadas. Palavras-chaves: Argilas; aracterização; Propriedades. Área do onhecimento: Engenharia de Materiais Introdução quantidades e características, torna-se possível a otimização do processo O Estado do Rio de Janeiro possui um produtivo. om estas informações sobre as importante mercado de cerâmica vermelha matérias-primas pode-se traçar um plano de distribuído basicamente entre três regiões: extração racional e utilizar ao máximo as ampos do Goytacazes no norte do estado, potencialidades de cada tipo de argila. Itaboraí e Rio Bonito nas proximidades da Desta forma, o objetivo deste trabalho é de capital e também cidades do Médio Vale do realizar a caracterização de quatro Paraíba. O Município de Itaboraí representa diferentes argilas utilizadas por cerâmicas grande parcela desta produção, dedicandose do município de Itaboraí para a produção de principalmente a artigos de cerâmica telhas e de blocos de vedação. estrutural como tijolos e telhas, além de artefatos vazados e peças decorativas. Materiais e Métodos Diferentemente das outras duas regiões, as jazidas de Itaboraí são de origem flúviomarinhas Para realização deste trabalho foram e fluviais (DRM/RJ, 1998). utilizadas quatro diferentes argilas Mesmo com um grande volume de comumente utilizadas pelas cerâmicas do produção, a indústria cerâmica de Itaboraí, município de Itaboraí. As argilas são assim como em todo estado, necessita de denominadas de: Argila Vermelha (AV), informações detalhadas sobre suas matérias Argila inza (A), Tabatinga lara (T) e primas básicas, ou seja, suas argilas. Tabatinga Escura (TE). Estas argilas são Através da determinação dos tipos de utilizadas em proporções iguais por uma argilas, bem como de suas respectivas cerâmica local para a fabricação de telhas. II ongresso Fluminense de Iniciação ientífica e Tecnológica

Inicialmente as argilas passaram por processo de beneficiamento que consistiu na secagem em estufa, desaglomeração com pilão manual e peneiramento em 2 mesh (,84 mm). As amostras, em forma de pó, foram submetidas a ensaio de difração de raios-x num difratômetro marca SHIMADZU, modelo XRD-7, operando com radiação de u-kα, e 2θ variando de 5 a 4. As interpretações qualitativas de espectro foram efetuadas por comparação com padrões contidos em banco de dados (PDF2, 26). As distribuições granulométricas das argilas foram determinadas por técnicas de peneiramento e sedimentação (ABNT. NBR 7181, 1984). A plasticidade das argilas foi determinada de acordo com normas da ABNT (ABNT. NBR 6459, 1984), (ABNT. NBR 718, 1984) para cálculo dos limites de Atterberg. Para avaliação das propriedades físicas e mecânicas foram confeccionados corposde-prova retangulares por prensagem uniaxial a 2 MPa em uma matriz metálica com medidas 114,5 x 25,5mm. Os corposde-prova foram secos até peso constante e queimados nas temperaturas de 75, 9 e 15 º. Foi utilizada uma taxa de aquecimento de 2º/minuto com tempo de permanência de 18 minutos na temperatura de patamar. O resfriamento foi realizado desligando-se o forno. A retração linear dos corpos-de-prova foi determinada de acordo com a norma (ABNT, MB 35, 1987) e a absorção de água segundo a norma ASTM (ASTM, 373-72, 1972). Para determinação da tensão de ruptura à flexão em três pontos foi seguida a norma ASTM (ASTM, 674-77, 1977), foi utilizada uma máquina EMI modelo DL 2 com afastamento de noventa milímetros entre os cutelos e uma velocidade de aplicação da carga de 5 mm/min. Resultados As Figuras 1 a 4 mostram os difratogramas de raios-x das argilas. Observa-se que as argilas apresentam a caulinita () como argilomineral predominante. Tanto o quartzo () quanto a gibsita (Gi), hidróxido de Al, com picos de baixa intensidade, estão presentes em todas as argilas. Foram identificados picos da goetita (Go), hidróxido de Fe, na argila AV, de mineral micáceo () nas argilas A, TE e da microclina (M), feldspato potássico, nas argilas A, TE e TB. A argila A ainda apresenta um pico característico de feldspato sódico, albita (A), pertencente à série dos plagioclásios. 7 6 5 4 3 2 1 Gi L L 5 1 15 2 25 3 35 4 Figura 1 - Difração de raios-x da argila Vermelha 7 6 5 4 3 2 1 Argila inza L Argila inza L Figura 2 - Difração de 2 raios-x da argila inza 2 5 1 15 2 25 3 35 4 Gi L L II ongresso Fluminense de Iniciação ientífica e Tecnológica

7 6 Tabatinga lara plasticidade, conforme será apresentado na Fig. 6. Figura 3 - Difração 2 de raios-x da argila Tabatinga lara 5 4 3 2 1 35 3 25 2 15 1 5 5 1 15 2 25 3 35 4 Tabatinga Escura Figura 4 - Difração de raios-x da argila Tabatinga Escura A Figura 5 apresenta o gráfico de distribuição de tamanho de partícula das argilas. A fração argila, tamanho de partícula <,2 mm, está associada com os minerais argilosos, principais responsáveis pela plasticidade dos materiais argilosos. De acordo com a Fig. 5, a argila T apresenta o maior percentual de fração argila, 56%. Por outro lado, a argila A apresenta o menor teor de fração argila, 26%. Já a argila TE possui mais de 8% de suas partículas com tamanho inferior a,2 mm, distribuída entre as frações argila e silte, o que confere um elevado limite de M 5 1 15 2 25 3 35 4 2 M Gi Gi L L Percentual Passante (%) 1 Argila 9 8 7 6 5 4 3 2 1,1 Silte Areia Tabatinga Escura Tabatinga lara Argila inza Argila Vermelha,1,1 Tamanho de Partícula (mm) Figura 5 - Distribuição e tamanho de partícula das argilas. A Figura 6 apresenta um prognóstico de extrusão das argilas pelos limites de Atterberg (9). Nota-se que a argila A apresenta-se abaixo da região de extrusão ótima com baixo valor de limite de plasticidade. Isto é devido à sua granulometria mais grosseira com menor teor de fração argila. Já as argilas AV e T localizam-se dentro de região de extrusão aceitável, mas relativamente próximas à região de extrusão ótima. Finalmente, a argila TE, localiza-se bem acima destas regiões apresentando um limite de plasticidade excessivamente elevado, ao redor de 38%. Embora esta argila não apresente o maior teor de fração argila, a elevada plasticidade pode ser atribuída ao elevado teor de fração silte, ao redor e 33%, ao menor teor de fração areia. Figura 6. Prognóstico de extrusão pelos Limites de Atterberg. 1 II ongresso Fluminense de Iniciação ientífica e Tecnológica

Figura 6 - Prognóstico de extrusão pelos Limites de Atterberg (MARSIGLI, 1997) A Tabela 1 apresenta os valores de densidade a seco e densidade de queima das argilas. Os valores de densidade a seco são bem variados, partindo de 1,75 para a argila TE e alcançando o valor de 2,4 g/cm3 para a argila A. Para as temperaturas de 75 e 9º houve redução nos valores de densidade para todas as argilas. Isto ocorre devido à eliminação de água e eventualmente de matéria orgânica e outros voláteis presentes nas argilas. Associado a isto, a sinterização das argilas por formação de fase líquida não é muito efetiva nesta faixa de temperatura. omo conseqüência, a densidade de queima é geralmente menor que a densidade de compactação após secagem. Por outro lado, na temperatura de 15 º, a densidade de queima torna-se maior que a densidade a seco devido à ausência de perda significativa de massa, bem como à maior formação de fase líquida. Tabela 1 - Densidade a seco e densidade de queima das argilas. Densidade (g/cm 3 ) Argilas T. ambiente 75 º 9 º 15 º Vermel 1.84 1.7 1.7 1.86 ha 5 7 inza 2.4 1.9 1.9 2.6 6 8 Tabatin 1.88 1.8 1.8 2.19 ga lara Tabatin ga Escura 1.75 1.6 2 1 1.6 4 2.9 A Figura 7 apresenta os valores de retração linear de queima das argilas para as três temperaturas utilizadas. Nota-se que com o aumento da temperatura, ocorre um aumento da retração linear para todas as argilas. Na verdade, a argila A apresentou uma expansão nas temperaturas de 75 e 9 º, devido ao teor relativamente elevado da fração areia. Por outro lado, a argila TE apresenta os maiores valores de retração. Na temperatura de 15 º, tanto a argila T quanto a argila TE apresentam valores bem elevados de retração linear devido à sinterização das partículas de pequeno tamanho, associados, sobretudo, aos argilominerais. Retração Linear(%) 12 1 8 6 4 2 75 º 9 º 15 º Figura 7 - Retração Linear das argilas queimada II ongresso Fluminense de Iniciação ientífica e Tecnológica -2 AV A T TE Argilas

Absorção de Água (% em peso) A Figura 8 apresenta a absorção de água das argilas em função da temperatura de queima. Nota-se que a argila AV apresenta um dos maiores valores de absorção de água, inferior somente que a argila TE nas temperaturas de 75 e 9º, que não ocorre variação nesta propriedade com o aumento da temperatura. Já a argila A apresenta uma pequena redução da absorção de água com a temperatura de queima. Observa-se ainda que esta argila possui os menores valores de absorção de água nas temperaturas típicas de cerâmica vermelha, 75 e 9º. A argila T apresenta valores similares de absorção de água nas temperaturas de 75 e 9º, que só são superiores aos da argila A. Já a 15º, a argila T apresenta o menor valor de absorção de água, relativamente próximo da argila TE. 2 18 16 14 12 1 8 6 AV A T TE Argilas Figura 8 - Absorção de Água da argilas queimadas A Figura 9 apresenta os valores de tensão de ruptura à flexão das argilas. A argila AV apresenta os mais baixos valores de resistência mecânica para todas as temperaturas investigadas. Em seguida vem a argila A. As argilas T e TE apresentam os maiores valores de resistência mecânica e relativamente parecidos. As argilas AV e A apresentam os maiores valores de fração areia, 3 e 54%, respectivamente. Este característica destas argilas é que conferem baixos valores de resistência mecânica. Embora o teor de fração areia da argila A seja superior ao da argila AV, sua resistência mecânica também é superior. A explicação para este comportamento pode ser a maior densidade a seco da argila A em comparação com a argila AV e também à presença de feldspatos em sua composição mineralógica, o que confere aporte de óxidos fundentes. 75 º 9 º 15 º AV A T TE Argilas Figura 9 - Tensão de Ruptura à Flexão das peças queimadas Discussão Os resultados mostram que as argilas, apesar de possuírem composições mineralógicas parecidas, apresentam propriedades tecnológicas bem diferenciadas. Através dos resultados é possível propor uma mistura destas argilas visando obtenção de uma massa cerâmica para confecção de telhas de elevada resistência e baixa absorção de água, seriam ideais para esta massa as argilas inza (A) e Tabatinga lara (T). A primeira seria indicada por apresentar baixa absorção de água e baixíssima retração linear, enquanto a segunda forneceria a plasticidade à massa. II ongresso Fluminense de Iniciação ientífica e Tecnológica Tensão de Ruptura (MPa) 17 16 15 14 13 12 11 1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 75 º 9 º 15 º

onclusões Os resultados indicaram que é possível formular massas de cerâmica vermelha, sobretudo telhas, interesse deste trabalho, com as argilas A e T. A argila A seria uma argila menos plástica que reduziria a absorção de água e a retração linear. Por outro lado, a argila T daria o aporte necessário de plasticidade e de resistência mecânica. As argilas AV e TE são dispensáveis para a formulação de massa. A argila TE é excessivamente plástica e apresenta ainda muita retração e elevada absorção de água. Já a argila AV, embora tenha plasticidade adequada, apresenta elevada absorção e baixos valores de resistência mecânica. A caracterização física e mineralógica das quatro argilas utilizadas por cerâmicas de Itaboraí-RJ para a fabricação de telhas, além da avaliação das propriedades físicas e mecânicas de queima nos levou as seguintes conclusões: Todas as argilas apresentaram predominância de caulinita e de quartzo em sua composição mineralógica. omo minerais acessórios foram identificados a gibsita, goetita, mineral micáceo, albita e a microclina. As argilas denominadas de A e de AV são as que apresentam os menores valores de fração argila e os maiores valores de fração areia. Já as argilas denominadas de Referências T e de TE apresentam o oposto, maiores valores de fração argila e menores valores de fração areia om relação à plasticidade, a argila TE é excessivamente plástica, as argilas AV e T apresenta valores intermediários e adequados de plasticidade para a cerâmica vermelha, enquanto que a argila A apresenta baixo valor de limite de plasticidade. Nas propriedades físicas e mecânicas de queima foi observado que a argila AV apresenta valores elevados de absorção de água, baixos valores de retração linear e baixíssimos valores de resistência mecânica. A argila TE apresenta valores muito elevados de absorção de água, bem como elevada retração linear e resistência mecânica. A argila T apresenta elevados valores de retração linear, baixos valores de absorção de água e elevados valores de resistência mecânica. Finalmente, a argila A apresenta retração nula, com leve expansão nas temperaturas típicas de cerâmica vermelha, os menores valores de absorção de água e por outro lado, baixos valores de resistência mecânica. Materials, 1977. II ongresso Fluminense de Iniciação ientífica e Tecnológica ABNT. MB 35: Associação Brasileira de Normas Técnicas - Argila, argamassas, concreto e cimento refratário Determinação da retração linear após secagem. Rio de Janeiro, 1987. ABNT. NBR 6459: Associação Brasileira de Normas Técnicas - Determinação do limite de plasticidade de solos, Rio de Janeiro, 1984. ABNT. NBR 7181: Associação Brasileira de Normas Técnicas Determinação da Análise Granulométrica de Solos, Rio de Janeiro, 1984. ABNT. NBR 718: Associação Brasileira de Normas Técnicas - Determinação do limite de liquidez de solos, Rio de Janeiro, 1984. ASTM, 373-72: American Society for Testing and Materials Water Absorption, Bulk Density, Apparent Porosity, and Apparent Specific Gravity of Fired Whiteware Products, 1972. ASTM, 674-77: American Society for Testing and Materials Flexural Properties of eramic Whiteware

DRM/RJ, Resumo da Geologia dos Depósitos de Argilas do Estado do Rio de Janeiro. Departamento de Recursos Minerais, 1998. MARSIGLI, M.; DONDI, M.; Plasticitá delle Argille Italiane per Laterizi e Previsione del Loro omportamento in Foggiatura L Industria dei Laterizi, v. 46, 1997, 214. PDF2, The International entre for Diffraction Data IDD, 26. II ongresso Fluminense de Iniciação ientífica e Tecnológica