INCORPORAÇÃO DA CAL NA MASSA DE CONFORMAÇÃO DE CERÂMICA VERMELHA.

Documentos relacionados
USO DE MASSAS CERÂMICAS DA REGIÃO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES PARA FINS ARTESANAIS.

PLANEJAMENTO FATORIAL 3 2 NO ESTUDO DE PEÇAS CERÂMICAS VERMELHAS LAMINADAS (0, 1 E 2 VEZES) PARA FABRICAÇÃO DE LAJOTAS CERÂMICAS.

MCC I Cal na Construção Civil

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO MORFOLÓGICO E TÉRMICO DE MINERIAS DO MUNICIPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES *

OBTENÇÃO DE PLACAS CERÂMICAS PELOS PROCESSOS DE PRENSAGEM E LAMINAÇÃO UTILIZANDO RESÍDUO DE GRANITO RESUMO

Desenvolvimento de Massa Cerâmica para Blocos Queimados e Prensados

ESTUDOS PRELIMINARES DO EFEITO DA ADIÇÃO DA CASCA DE OVO EM MASSA DE PORCELANA

UTILIZAÇÃO DO RESÍDUO PROVENIENTE DO ACABAMENTO DE MÁRMORES E GRANITOS COMO MATÉRIA PRIMA EM CERÂMICA VERMELHA.

CARACTERIZAÇÃO DO SOLO DO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA MADALENA

CARACTERIZAÇÃO DE UMA ARGILA CONTAMINADA COM CALCÁRIO: ESTUDO DA POTENCIABILIDADE DE APLICAÇÃO EM MASSA DE CERÂMICA DE REVESTIMENTO.

ESTUDO DA VIABILIDADE DE UTILIZAÇÃO DO RESÍDUO DE MÁRMORE EM PÓ EM SUBSTITUIÇÃO PARCIAL AO AGREGADO MIÚDO PARA PRODUÇÃO DE ARGAMASSA

ESTUDO COMPARATIVO DE MASSAS CERÂMICAS PARA TELHAS PARTE 2: PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS

5 Caracterizações Física, Química e Mineralógica.

ESTUDO DA INCORPORAÇÃO DE CALCÁRIO EM TIJOLOS CERÂMICOS *

ANÁLISE DA INCORPORAÇÃO DE LAMA DE GRANITO EM CERÂMICA ESTRUTURAL.

A Influência da Variação da Moagem dos Carbonatos e Tratamento Térmico no Material, nas Características Físicas do Produto Acabado

RESUMO. Palavras chave: aditivos químicos, limite de plasticidade, massas cerâmicas vermelhas.

ROCHA ARTIFICIAL PRODUZIDA COM PÓ DE ROCHA E AGLOMERANTE POLIMÉRICO AGUIAR, M. C., SILVA. A. G. P., GADIOLI, M. C. B

Influência do Teor de Calcário no Comportamento Físico, Mecânico e Microestrutural de Cerâmicas Estruturais

AVALIAÇÃO DA INCORPORAÇÃO DE RESÍDUO DE ROCHA NA FABRICAÇÃO DE TELHAS. Palavras-chaves: Cerâmica vermelha, resíduo, rocha ornamental.

AVALIAÇÃO DA POSSIBILIDADE DE APROVEITAMENTO DA LAMA PROVENIENTE DO PROCESSO DE BENEFICIAMENTO DE MÁRMORES COMO MATÉRIA-PRIMA EM CERÂMICA VERMELHA.

IUTILIZAÇÃO DE REJEITOS DA SERRAGEM DE GRANITOS EM MASSAS PARA GRÉS SANITÁRIO

cota.com.br Palavras chave: Revestimentos porosos, Calcário, Delineamento de Misturas, Massas Cerâmicas. 1. INTRODUÇÃO 1.1. REVESTIMENTO POROSO

DESENVOLVIMENTO DE NOVOS MATERIAIS CERÂMICOS A PARTIR DE RESÍDUOS DE LAPIDÁRIOS

4 Caracterização física, química e mineralógica dos solos

Introdução. Palavras-Chave: Reaproveitamento. Resíduos. Potencial. Natureza. 1 Graduando Eng. Civil:

FORMULAÇÃO DE MASSA CERÂMICA PARA FABRICAÇÃO DE TELHAS

Incorporação de Rocha Sedimentar em Pó em Massas para Telhas Cerâmicas: Efeitos nas Propriedades Físicas e Mecânicas

Efeito da Adição de Calcita Oriunda de Jazida de Argila em Massa de Cerâmica de Revestimento

Efeito do Processo de Calcinação na Atividade Pozolânica da Argila Calcinada

Argilas e processamento de massa cerâmica

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE QUEIMA EM ARTEFATOS DE CERAMICA VERMELHA*

Cerâmica 50 (2004) 75-80

CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES DE QUEIMA DE ARGILAS UTILIZADAS PARA FABRICAÇÃO DE TELHAS NO MUNICÍPIO DE ITABORAÍ-RJ

ESTUDO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DO CONCRETO PRODUZIDO COM AGREGADO RECICLADO

ENSAIOS TECNOLÓGICOS DE ARGILAS DA REGIÃO DE PRUDENTÓPOLIS-PR. Resumo: Introdução

Influência da Incorporação de Chamote nas Etapas de Pré-queima de Cerâmica Vermelha

UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE GRANITO NA INDÚSTRIA DE REVESTIMENTO CERÂMICO

Eixo Temático ET Educação Ambiental

ESTUDO DO EFEITO POZOLÂNICO DA CINZA VOLANTE NA PRODUÇÃO DE ARGAMASSAS MISTAS: CAL HIDRATADA, REJEITO DE CONSTRUÇÃO CIVIL E CIMENTO PORTLAND

Incorporação de pó de rocha sedimentar em massas para telhas cerâmicas - Parte 1: Efeitos nas propriedades físicas e mecânicas

PROSPECÇÃO E ANÁLISE TÉCNICA DA JAZIDA DE CALCÁRIO RENAUX COM O OBJETIVO DE DESENVOLVER CALCITA #200 PARA APLICAÇÃO EM MASSAS DE MONOPOROSA

EFEITO DA INCORPORAÇÃO DE RESÍDUO DA SERRAGEM DE GRANITO EM MASSA DE CERÂMICA VERMELHA

Estudo da Reutilização de Resíduos de Telha Cerâmica (Chamote) em Formulação de Massa para Blocos Cerâmicos

RESÍDUO CERÂMICO INCORPORADO AO SOLO-CAL

DIAGNÓSTICO E CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO DE GRANITO VISANDO O USO EM MASSAS CERÂMICAS

Reaproveitamento do Resíduo Sólido do Processo de Fabricação de Louça Sanitária no Desenvolvimento de Massa Cerâmica

INFLUÊNCIA DA IDADE DE CURA NO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE BLOCOS SOLO-CAL

Palavras chave: argila, cerâmica, resíduo, homogeneização, sinterização.

AVALIAÇÃO DA INCORPORAÇÃO DE RESÍDUO DE PAPEL EM TELHAS CERÂMICAS *

INFLUÊNCIA DE ADITIVOS NA PLASTICIDADE E EXTRUDABILIDADE DE ARGILAS PLÁSTICAS PARA USO NA CONFECÇÃO DE BLOCOS CERÂMICOS PARTE I

Anais do 50º Congresso Brasileiro de Cerâmica

ANÁLISE DA POSSIBILIDADE DE ADIÇÃO DE RESÍDUO PROVENIENTE DO CORTE E POLIMENTO DE ROCHAS BASÁLTICAS EM BLOCOS DE CERÂMICA VERMELHA

ESTUDO DAS PROPRIEDADES DE ARGAMASSAS DE CAL E POZOLANA: INFLUÊNCIA DO TIPO DE METACAULIM

ESTUDO DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE ARGILAS COLETADAS NA REGIÃO DE BATAYPORÃ/MS

ESTUDO DA INCORPORAÇÃO DE VIDRO DE EMBALAGEM NA FABRICAÇÃO DE CERÂMICA VERMELHA

RESÍDUOS DE GRANITO COMO MATÉRIA PRIMA ALTERNATIVA EM BARBOTINAS CERÂMICAS: INFLUÊNCIA DO TEOR DE FERRO (Fe 2 O 3 )

Caracterização dos Materiais Silto-Argilosos do Barreiro de Bustos

1. Introdução. Mendonça, A. M. G. D. a *, Santana, L. N. L. a, Neves, G. A. a, Chaves, A. C. a, Oliveira, D. N. S. a

COMPORTAMENTO DE QUEIMA DE UMA ARGILA VERMELHA USADA EM CERÂMICA ESTRUTURAL

INFLUÊNCIA DO TEOR DE SÍLICA LIVRE NAS PROPRIEDADES DO AGREGADO SINTÉTICO A PARTIR A SINTERIZAÇÃO DA LAMA VERMELHA

ANÁLISE DA ALTERAÇÃO DE PEÇAS CERÂMICAS INCORPORADAS COM RESÍDUO DE GRANITO

RESUMO. Palavras-Chave: argila, curvas de queima, retração linear, porosidade.

Estudo e Avaliação do Uso e Escória Granulada de Fundição na Produção de Cerâmicas Estruturais

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CAL

60º Congresso Brasileiro de Cerâmica 15 a 18 de maio de 2016, Águas de Lindóia, SP

COMPARAÇÃO ENTRE BLOCOS CERÂMICOS PRODUZIDOS EM FORNOS HOFFMAN E CAIEIRA *

Cerâmica 49 (2003) 6-10

CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO DE GRANITO VISANDO UTILIZAÇÃO COMO MATERIAL ALTERNATIVO

CARACTERIZAÇÃO DE ARGILAS UTILIZADAS NA INDÚSTRIA DE CERÂMICA VERMELHA NA REGIÃO DO CARIRI CEARÁ PARTE I

EFEITO DA VARIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE PRENSAGEM NA COR E PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS DE PEÇAS CERÂMICAS SEM RECOBRIMENTO

EFEITO DA ADIÇÃO DE VIDRO SOBRE PROPRIEDADES DE QUEIMA DE UMA ARGILA VERMELHA

ESCOPO DA ACREDITAÇÃO ABNT NBR ISO/IEC ENSAIO

INFLUÊNCIA DA PRESSÃO DE COMPACTAÇÃO SOBRE AS PROPRIEDADES DE MASSA DE REVESTIMENTO CERÂMICO POROSO

ADIÇÃO DE RESÍDUO PROVENIENTE DO CORTE E POLIMENTO DE ROCHAS BASÁLTICAS EM MATERIAIS DE CERÂMICA VERMELHA

(Effect of firing cycle on the technological properties of a red wall tile paste)

Efeito da utilização de areia no processamento e nas propriedades de cerâmica vermelha

TC-033 LABORATÓRIO DE MECÂNICA DOS SOLOS

AVALIAÇÃO DA DURABILIDADE DE CERÂMICOS ADITIVADOS COM RESIDUO DE GRANITO ATRAVÉS DE ENSAIO DE DESGASTE

BLOCOS SOLO-CAL INCOPORADOS COM RESÍDUOS DE ROCHAS ORNAMENTAIS

APROVEITAMENTO DA AREIA DE FUNDIÇÃO NA PRODUÇÃO DE TIJOLOS

ENGOBE PARA TELHAS CERÂMICAS

ESTUDO DA EXPANSÃO POR UMIDADE (EPU) DE BLOCOS CERÂMICOS ALTERNATIVOS UTILIZANDO REJEITOS DE GRANITO

NOBRE & ACCHAR (2010) APROVEITAMENTO DE REJEITOS DA MINERAÇÃO DE CAULIM EM CERÂMICA BRANCA

Solo-cimento UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL. SNP38D53 Técnicas de Melhoramento de Solos

DANTAS et al. (2010) UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE ROCHAS ORNAMENTAIS NA PRODUÇÃO DE CERÂMICA BRANCA

RECICLAGEM DE RESÍDUO DE MÁRMORE E GRANITO EM MATRIZES POLIMÉRICAS

CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES CERÂMICAS DE ARGILA UTILIZADA EM CERÂMICA ESTRUTURAL

ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E MECÂNICAS DE BLOCOS CERÂMICOS COM DIFERENTES CORES E TONALIDADES

Adição de Metais Tóxicos a Massas Cerâmicas e Avaliação de sua Estabilidade Frente a Agente Lixiviante. Parte 1: Avaliação das Características Físicas

20º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 04 a 08 de Novembro de 2012, Joinville, SC, Brasil

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

ESTUDO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS DE BLOCOS DE CERÂMICAS DO ESTADO DE GOIÁS. Raphael Silva Aranha** e Adolfo Franco Júnior*

ANÁLISE ESTATÍSITICA DA RESISTÊNCIA MECÂNICA DE CORPOS CERÂMICOS CONTENDO RESÍDUO MUNICIPAL

CARACTERIZAÇÃO DE UMA MISTURA DE ARGILAS RESIDUAIS NA EXTRAÇÃO DE GIPSITA DA REGIÃO DE ARARIPINA PE E SUA UTILIZAÇÃO EM CERÂMICA VERMELHA.

RESUMO. Palavras-chave: aditivos, propriedades físico-mecânicas, massa cerâmica

ARGAMASSAS E CONCRETOS RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

Moagem Fina à Seco e Granulação vs. Moagem à Umido e Atomização na Preparação de Massas de Base Vermelha para Monoqueima Rápida de Pisos Vidrados

AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DO COAGULANTE CONTIDO NO LODO GERADO NA ETA EM CORPOS CERÂMICOS

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS FÍSICOS E QUÍMICOS PARA A PRODUÇÃO DE ARGAMASSAS UTILIZANDO CINZA VOLANTE E RESÍDUO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Transcrição:

28 de junho a 1º de julho de 24 Curitiba-PR 1 INCORPORAÇÃO DA CAL NA MASSA DE CONFORMAÇÃO DE CERÂMICA VERMELHA. Jonas Alexandre, Gustavo de Castro Xavier, André Luis Flor Manhães, Carlos Maurício F. Vieira. Laboratório de Engenharia Civil LECIV Universidade Estadual do Norte Fluminense Av. Alberto Lamego, 2, Horto, Campos dos Goytacazes RJ Brasil, CEP: 2813-6, Fone: (xx22) 2726-1515 gcxavier@uenf.br; jonas@uenf.br; RESUMO O presente trabalho estuda a utilização da cal incorporada na massa cerâmica utilizada na confecção de tijolos e telhas da região de Campos dos Goytacazes-RJ. Com a incorporação da cal em %, 5%, 1% e 15% na massa cerâmica, e queima nas temperaturas de 75 ºC, 85ºC, 95 ºC e 15ºC, esperava-se ser possível obter uma absorção de água menor em todos os casos, o que não ocorreu, ou seja, não houve formação perceptível de fase vítrea (fundente). Os resultados mostraram uma redução na massa específica aparente e também um aumento da tensão de ruptura à flexão com 5% de cal na massa argilosa utilizada, queimada a 95ºC. Palavras-chaves: Cal, cerâmica vermelha e temperatura de queima.

28 de junho a 1º de julho de 24 Curitiba-PR 2 INTRODUÇÃO As indústrias cerâmicas da região de Campos dos Goytacazes-RJ tendem a evitar a utilização de carbonatos e resíduo de mármore (calcita e/ou dolomita) como aditivo para a massa cerâmica, pois pode ocorrer, no produto final, grãos isolados de carbonato na mesma, que na queima se transformam em óxidos de cálcio e magnésio e, com a presença de umidade podem sofrer hidratação, expandir e causas problemas na peça cerâmica. Calcários e argilas carbonáticas, entretanto, são largamente utilizados nos grandes centros produtores de cerâmica da Europa, não causando danos às peças e, pelo contrário, possibilitando maior controle dimensional das mesmas durante a produção (1). Segundo Xavier (2), Goulat et al (3), Oliveira et al (4) e Daeweesh (5) é possível, sob baixos teores, a incorporação de carbonatos na massa de conformação de cerâmica vermelha e também em revestimento cerâmico tipo semi gres. Neste trabalho foram estudadas as propriedades físico-mecânicas dos corpos de prova cerâmicos incorporados com a cal para se verificar a influência desse tipo de material, dando mais um passo para a obtenção de informações sobre o assunto aqui abordado. MATERIAIS E MÉTODOS Materiais Cal Utilizou-se a cal tipo CH III adquirida no comércio local. Argila Utilizou-se uma amostra de massa argilosa para uso em cerâmica vermelha, proveniente da empresa A.C.Cerâmica Indústria e Comércio Ltda., localizada no Km 15 da Rodovia Campos Farol de São Tomé, município de Campos dos Goytacazes/RJ.

28 de junho a 1º de julho de 24 Curitiba-PR 3 Métodos Ensaios de Caracterização Análise Granulométrica da Cal e da Massa Argilosa Os ensaios realizados determinaram as distribuições granulométricas dos resíduos e também da massa argilosa utilizada, via úmido por peneiramento e sedimentação, no Laboratório de Mecânica dos Solos do LECIV/CCT/UENF, segundo a NBR 7181 (6) (1984). Análise Química Semi Quantitativa Estes ensaios foram realizados, segundo metodologia estabelecida no LECIV/CCT/UENF executados através de análises por energia dispersiva de raios-x (EDX). Análises Térmicas Diferencial e Termogravimétrica Este método foi realizado para identificar as temperaturas onde ocorrem as principais transformações térmicas dos minerais presentes nas amostras, através de seu comportamento térmico indicado pelas curvas deste ensaio. Ensaios Tecnológicos Preparação das Amostras e Moldagem dos Corpos de Prova As amostras foram preparadas com mistura de massa argilosa e teores da cal passados na peneira nº 2 (,85mm) de, 5, 1 e 15%. As misturas foram feitas após 24 horas em estufa a 11ºC e umedecidas segundo critério adotado pelo LECIV/CCT/UENF, onde se definem umidades de extrusão para as misturas através LL da equação Wext. = % 2 + 2. Após isso, as amostras foram levadas ao laminador (Verdés modelo 8) e posteriormente a extrusora (Verdés modelo 51). Os corpos de prova foram moldados na forma de prismas com dimensões de 11,x2,7x1,7cm. Os processos de secagem e queima dos corpos de prova foram realizados nas temperaturas de 11ºC (estufa), 75ºC, 85ºC, 95ºC e 15ºC, em forno mufla eletrônico, com velocidade constante de elevação de temperatura de 5ºC/min., com patamar de queima de 3 horas. O resfriamento ocorreu naturalmente durante a noite até temperatura ambiente.

28 de junho a 1º de julho de 24 Curitiba-PR 4 Propriedades Físico-Mecânicas Após calcinação nas temperaturas mencionadas anteriormente, os corpos de prova foram submetidos aos ensaios de: absorção de água, massa específica aparente, porosidade aparente; variação linear e tensão de ruptura à flexão. Os resultados obtidos representam a média de cinco determinações. RESULTADOS E DISCUSSÃO Ensaios de Caracterização Análise Granulométrica da Cal e da Massa Argilosa A seguir, apresentam-se nas Figuras 1 e 2 as curvas dos ensaios realizados via úmido por peneiramento e sedimentação no Laboratório de Mecânica dos Solos do LECIV/CCT/UENF, segundo a NBR 7181 (6) (1984). Figuras 1 e 2 Curvas de distribuição granulométricas da cal e da massa argilosa. Verifica-se nas composições granulométricas apresentadas que a massa argilosa é similar a caracterizada por Souza Santos (7), pois a mesma possui compatibilidade para uso em cerâmica vermelha, ou seja, 51% de fração argila, 35% de fração silte e uma pequena fração de areia fina de aproximadamente 14%. Analisando a composição granulométrica da cal, verifica-se que a fração argila fica em 5%, fração silte em 79% e a fração areia em 16%, isto é, tem forma de pó (fina granulometria) e ainda uniforme (fração silte). Análise Química Semi Quantitativa Estes ensaios forma realizados, segundo metodologia estabelecida no LECIV/CCT/UENF, executados através de análises por energia dispersiva de raios-x (EDX). Apresenta-se no Quadro 1 as composições químicas das massas argilosas e da cal:

28 de junho a 1º de julho de 24 Curitiba-PR 5 Matérias P.F. SiO 2 Al 2 O 3 Fe 2 O 3 CaO SO 3 MgO Na 2 O K 2 O Eq.Alc. Primas (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) Na 2 O Argila 11,88 56,4 22,39 6,38,51-1,32,33 1,2 1,19 Cal 18,15 1,35 -,18 96,24 1,4 -,24,95 - Quadro 1 Componentes químicos da massa argilosa e da cal. Quando comparados os resultados obtidos das análises químicas realizadas do Quadro 1 para as amostras de argila com as análises químicas de argilas para cerâmica vermelha estudadas por Souza Santos (7), Neves et al (8), Neves et al (9) e Mothé Filho et al (1), observa-se que as composições químicas são similares, onde o teor de SiO 2 superior a 55%, teor de Al 2 O 3 de 22% e o teor de Fe 2 O 3 acima de 6%, sendo um indicativo da compatibilidade dessas massas argilosas em cerâmica vermelha. Nota-se na análise química realizada para a cal, que o teor de óxido de cálcio é superior a 96%, teores de SiO 2 de 1,35%, de Na 2 O de,24%, de K 2 O de,95% e de Fe 2 O 3 de,18% caracterizando uma material oriundo de uma calcita (predominância de CaCO 3 e relação a CaMg((CO 3 ) 2 ) dolomita). Os óxidos de sódio e de potássio presentes em pequenas porcentagens são agentes fundentes. Análises Térmicas Diferencial e Termogravimétrica Este método foi realizado para identificar as transformações térmicas dos minerais indicados pelas curvas deste ensaio. As Figuras de 3 e 4 mostram as curvas relativas a estes ensaios: argila. Figura 3 - Curvas das Análises Térmicas Diferenciais e Termogravimétricas da

28 de junho a 1º de julho de 24 Curitiba-PR 6 Analisando a curva de ATD da Figura 3, verifica-se que a fração argila apresenta: pico endotérmico de média intensidade a 261,12ºC, devido à reação de desidroxilação dos hidróxidos de alumínio e ferro podendo ser em virtude da presença de gibsita e goetita; pico endotérmico de média intensidade a 487,66ºC devido à reação de perda de hidroxilas da caulinita dando origem à fase amorfa da caulinita, denominada metacaulinita. Observando as curvas de ATG da Figura 3, ocorreu a 246,6ºC uma perda de massa correspondente a desidroxilação de hidróxidos de alumínio e ferro (devido a gibsita e goetita). Houve uma perda de massa a 416,68ºC correspondente à perda de hidroxilas da caulinita transformando-se em metacaulinita. A Figura 5 mostra as curvas de ATD e ATG da cal: Figura 4 Curva das Análises Térmica Diferencial e Termogravimétrica da cal. Analisando as curvas de ATD e ATG da Figura 4, verifica-se para a cal, um pico endotérmico de grande intensidade a 436,71ºC devido a desidroxilação da cal hidratada em óxido de cálcio (dando origem à cal virgem) presente na amostra com uma perda de massa de 18,9%. Pico exotérmico a 73,56ºC devido provavelmente à perda de carbonatos presentes na amostra, liberando CO 2 e ficando óxido de cálcio com uma perda de massa de 7,6%.

28 de junho a 1º de julho de 24 Curitiba-PR 7 Propriedades Físico-Mecânicas Após a queima nas temperaturas de 75ºC, 85ºC, 95ºC e 15ºC, foram realizados os ensaios físico-mecânicos para as misturas de, 5, 1 e 15% da cal e os resultados estão mostrados a seguir. 45 4 35 6 5 A.A.(%) 3 25 2 15 1 5 5 1 15 % da Cal (a) 75ºC 85ºC 95ºC 15º P.A.(%) 4 3 2 1 5 1 15 % da Cal (b) 75ºC 85ºC 95ºC 15ºC 12 2 1 2 2 V.L.(%) 8 6 4 2 5 1 15 75ºC 85ºC 95ºC 15ºC 11ºC M.E.A.(g/m3) 1 1 1 1 1 5 1 15 75ºC 85ºC 95ºC 15ºC % da Cal (c) % da Cal (d) T.R.F.(MPa) 14 12 1 8 6 4 75ºC 85ºC 95ºC 15ºC 2 5 1 15 % da Cal (e) Figura 5 (de (a) a (e)) Resultados dos ensaios físico-mecânicos peças cerâmicas adicionadas com cal conformadas por extrusão.

28 de junho a 1º de julho de 24 Curitiba-PR 8 Analisando os resultados da Figura 5(a), verifica-se que os menores resultados ficaram entre 18,3% e 9% de absorção de água para as composições de argila com % da cal a 95ºC e 15ºC respectivamente, porém, é possível utilizar 5% da cal na massa argilosa, pois a absorção de água ficou entre 19,2% e 13,9% para as temperaturas de queima de 95ºC e 15ºC respectivamente. Observa-se na Figura 5(b), que as composições de massas cerâmicas com e 5% da cal entre 95ºC e 15ºC, apresentam os menores valores de porosidade aparente. Para a variação das dimensões lineares (Figura 5(c)), os valores aumentaram na medida que se acrescentava à cal. Esperava-se uma estabilidade maior, o que não ocorreu. A massa específica aparente (Figura 5(d)), apresentou-se com menores valores (entre 1,38 e 1,35 g/cm 3 ) para as composições das massas cerâmicas de argila com 1 e 15% da cal com temperatura de queima de 85ºC. Para a tensão de ruptura à flexão (Figura 5(e)), os valores chegaram a 11,89MPa com 5% da cal incorporado na massa cerâmica a 95ºC. CONCLUSÕES Foi estudada a amostra de massa cerâmica proveniente da jazida de uma indústria cerâmica de Campos dos Goytacazes-RJ, e ainda, foi também estudada uma amostra da cal adquirida no comércio local, chegando-se as seguintes conclusões: - A massa cerâmica e a cal apresentam fina granulometria, uniforme, adequada ao uso de formulações cerâmicas; - Segundo a análise química semiquantitativa e a ATD/ATG, nota-se que a cal tem composição mineralógica típica de rochas metamórfica ou sedimentar do tipo calcita; - As peças cerâmicas com incorporação da cal na proporção de 5% a 95ºC, apresentaram melhores resultados de resistência à flexão, cabendo análise deste caso na intenção avaliar essa influência; - Na medida que se acrescentou à cal na formulação da massa cerâmica, houve um acréscimo na absorção de água, provavelmente devido a liberação de gases na queima, como pode ser observado na análise

28 de junho a 1º de julho de 24 Curitiba-PR 9 térmica diferencial, provocando micro fissuras. Deve-se então, estudar com mais detalhes a composição em proporções menores do que 5% da cal na massa cerâmica a 95ºC; - Apesar da restrição ao uso da cal na incorporação da massa cerâmica está no custo e no seu manuseio, porém, sob certas condições, é possível utilizá-la no ganho da resistência e na obtenção de uma peça cerâmica mais clara. REFERÊNCIAS (1) Rebmann, M.S., Salvetti, A.R. Efeito da adição de carbonatos em corpos cerâmicos Defeitos devido à formação de fases não estáveis. Anais do 43º Congresso Brasileiro de Cerâmica. (2) Xavier, G.C., Utilização de Resíduos da Serragem do Mármore e Granito na Confecção de Peças Cerâmicas Vermelhas. Dissertação de Mestrado em Geotecnia, Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, RJ, 21. (3) Goulart, E. P., Ribeiro, E.P., Portela, J.C.S. Efeitos da adição de carbonatos à massa para cerâmica de revestimento de queima vermelha. Anais do 45º Congresso Brasileiro de Cerâmica. Florianópolis-SC, 21. (4) Oliveira, H.A., Rabelo, E.C.J. Análise microestrutural de revestimento cerâmico tipo semi gres com diferentes teores de CaCO 3. Anais do 44º Congresso Brasileiro de Cerâmica. São Pedro-SP, 2. (5) Darweesh, H. H. M. Building Materials from Siliceous Clay and Low Grade Dolomite Rocks. Ceramics International (Elsevier). Cairo Egito. 8p. (2). (6) ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, Determinação da Análise Granulométrica dos Solos, NBR 7181, 1984. (7) Souza Santos, P., Ciência e Tecnologia das Argilas. 2ª Edição. São Paulo: Editora Edgard Blucher Ltda, Vol.1, 499p., 1989. (8) Neves, G.A.; Patrício, S.M.R.; Ferreira, H.C.; Silva, M.C., Utilização de Resíduos da Serragem de Granitos para Confecção de Tijolos Cerâmicos. Anais do 43º Congresso Brasileiro de Cerâmica, Florianópolis-SC, 1999. (9) Neves, G.A.; Ferreira, H.C.; Silva, M.C., Potencial de Utilização de Resíduo da Serragem de Granito na Fabricação de Revestimentos Cerâmicos - Parte 1. Anais do 44º Congresso Brasileiro de Cerâmica, Florianópolis-SC, 2.

28 de junho a 1º de julho de 24 Curitiba-PR 1 (1) Mothé Filho, H. F.; Polivanov, H.; Mothé, C.G. Propriedades Térmica e Mecânica do Cerâmico Obtido do Rejeito da Indústria do Granito e do Mármore. Anais do 45º Congresso Brasileiro de Cerâmica. Florianópolis SC. 12p., 21. ABSTRACT The present work studies the use of the incorporate lime in the ceramic mass used in the making of bricks and tiles of the area of Campos of Goytacazes-RJ. With the incorporation of the lime in %, 5%, 1% and 15% in the ceramic mass, and it calcinations in the temperatures of 75 ºC, 85ºC, 95 ºC and 15ºC, hoped to be possible to obtain an water absorption of smaller in all the cases, what didn't happen, in other words, there was not perceptible formation of vitreous phase. The results showed a reduction in the apparent specific mass and also an increase of the rupture tension to the flexure with 5% of lime in the used clay mass, burned to 95ºC.