Nona Câmara Cível Apelação Cível nº Desembargador GILBERTO DUTRA MOREIRA

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Transcrição:

1 Apelação Cível. Ação de Rescisão de promessa de compra e venda c/c Indenizatória. Compra de imóvel com pagamento de arras. Promitentes compradores que receberam as chaves no momento do pagamento do sinal. Vendedores que desistiram do negócio um ano após. Rescisão aceita pelos autores. Devolução em dobro das arras. Obrigação que, inclusive, fora reiterada em cláusula contratual. Reintegração dos proprietários no imóvel que decorre da rescisão do contrato, devendo os autores devolver o bem, em perfeitas condições, no prazo de 30 (trinta) dias. Benfeitorias voluptuárias. Despesas apontadas na inicial que se restringem a móveis, luminárias, plantas e assemelhados. Meros elementos decorativos que não se incorporam nem se mostram necessários para o uso do imóvel. Ausência de obrigação de indenizar. Impostos e cotas condominiais vencidos durante a ocupação. Obrigação dos autores que utilizaram o bem no período. Rescisão do contrato com a devolução em dobro das arras. Retorno ao status quo ante. Taxa de ocupação devida. Falta de pagamento que implicaria no enriquecimento ilícito dos autores. Fixação no percentual de 1% (um por cento) do valor de venda do imóvel. Danos morais não configurados de ambas as partes, tratando-se de mero inadimplemento contratual. Autores que receberão de volta o valor pago e poderão, se assim entenderem, adquirir outro imóvel. Réus que se valeram do direito de desistir do negócio e, assim, devem cumprir o contrato firmado. Provimento do segundo recurso, para julgar procedente em parte a reconvenção, para condenar os autores ao pagamento de taxa de ocupação e para determinar a reintegração dos proprietários na posse do bem, mantida, no mais a sentença, desprovido o primeiro apelo.

2 Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº 0040410-65.2010.8.19.0028, em que são apelantes Leonardo Malheiros Serrano de Cerqueira Leite e Regiane Maria Gonçalves de Amorim e Cerqueira Leite e Ricardo José Moura da Silva e Maria Helena Moreira da Silva, e apelados os mesmos. ACORDAM os Desembargadores da 9ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por unanimidade de votos, em dar provimento ao segundo recurso, para julgar procedente em parte a reconvenção, para condenar os autores ao pagamento de taxa de ocupação e para determinar a reintegração dos proprietários na posse do bem, mantida, no mais a sentença, desprovido o primeiro apelo. Trata-se de ação indenizatória, pelo rito ordinário, ajuizada por Leonardo Malheiros Serrano de Cerqueira Leite e Regiane Maria Gonçalves de Amorim em face de Ricardo José Moura da Silva e Maria Helena Moreira da Silva, que, em inicial aditada às fls. 223/226, alegaram que, tencionando comprar um imóvel dos réus, no valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), pagaram sinal de R$ 10.000,00 (dez mil reais) em 25/06/2009, recebendo as chaves da casa; que o valor restante seria pago com o uso do FGTS e financiamento do Banco do Brasil; que apresentaram todos os documentos ao banco, restando a pendência, somente, dos documentos dos vendedores; que estes somente lhe entregaram documentos em 14 de junho de 2010 e, mesmo assim, não na totalidade; que após muitas idas e vindas, em 26 de outubro de 2010, os vendedores afirmaram não mais tencionar vender o imóvel; que fizeram benfeitorias, no valor de R$ 26.811,91, conforme o aditamento. Pretendem a rescisão do contrato, e a condenação dos réus a devolver o sinal em dobro, a ressarcir o valor das benfeitorias realizadas, além do pagamento de indenização por danos morais em valor a ser arbitrado pelo Juízo. Contestando o feito (fls. 381/394), os réus concordaram com a rescisão contratual, não havendo que se falar em danos morais, até porque o contrato preliminar havia estabelecido cláusula de desistência em favor dos vendedores e cláusula penal de devolução em dobro do sinal; que os autores sabiam que a certidão conjunta da SRF/PGFN da segunda ré era positiva; que não houve inadimplemento dos vendedores, posto que a execução fiscal por ela sofrida está garantida por penhora de outro bem imóvel; que as benfeitorias reclamadas pelos autores são voluptuárias, para mero deleite ou recreio e, assim, não são indenizáveis.

3 Também apresentaram reconvenção, às fls. 425/428, para que os autores sejam condenados ao pagamento de perdas e danos consistentes nas cotas condominiais e IPTU do imóvel vez que, se este estivesse alugado ou vendido a terceiros, tais valores teriam sido arcados pelo locatário ou comprador, e, ainda, taxa de ocupação pelo uso do imóvel, posto que desde 2009 nada auferem por esta propriedade. Ao contestar a reconvenção, os reconvindos afirmaram (fls. 425/428) que o contrato não prevê o pagamento de taxa de ocupação; que pagaram o IPTU no período, posto que acreditavam na compra do imóvel, impugnando, ainda, o pagamento de cotas condominiais ordinárias e extraordinárias e o pedido de reintegração liminar dos reconvintes na posse do imóvel. Na sentença de fls. 434/441, o douto Juiz a quo julgou procedente em parte o pedido, para condenar os réus a devolver em dobro as arras, aplicando-se sobre R$ 20.000,00 (vinte mil reais) juros desde a citação e correção monetária a partir do desembolso do valor, considerando rescindido o contrato, e improcedente o pedido reconvencional, considerando a sucumbência recíproca. Os autores apelaram, às fls. 446/453, requerendo a reforma da sentença, para que a condenação inclua os danos materiais e morais. Também apelaram os réus (fls. 455/472), pela improcedência do pedido autoral e pela procedência do pedido reconvencional com sua reintegração na posse do imóvel, fixação de taxa de ocupação, condenação dos apelados em perdas e danos, além dos ônus sucumbenciais. Em contra-razões, as partes prestigiaram a sentença no que lhes era favorável (fls. 483/485 e 486/494). É o relatório. Com efeito, as partes concordam com a rescisão do contrato, restando a acertar, apenas, as questões decorrentes do desfazimento do negócio. Em primeiro lugar, a devolução em dobro das arras se impõe, não somente por ter sido claramente convencionada entre as partes mas, ainda, por decorrer do disposto no art. 420 do Código Civil:

4 Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar. Conseqüentemente, estando rescindido o negócio e devolvido o valor do sinal, não podem os promitentes compradores permanecer na posse do imóvel, cujas chaves receberam no momento da contratação, sendo cabível o pedido de reintegração dos proprietários na posse do imóvel, devendo os autores devolver o bem, em perfeitas condições, no prazo de 30 (trinta) dias. Já no que se refere às benfeitorias, como bem entendeu a sentença, não lograram os autores comprovar que as pequenas modificações introduzidas no bem pelos autores fossem imprescindíveis ou tenham o condão de valorizá-lo sensivelmente, posto que a substituição de fechaduras, instalação de móveis, plantas, luminárias, se configuram como meros elementos decorativos que afastam a alegada obrigação de indenizar. Por outro lado, o retorno ao status quo ante com a devolução do valor pago pelos autores, a ocupação do imóvel por eles desde 2009 até agora não poderia ocorrer de forma gratuita, o que impõe o pagamento de taxa de ocupação no valor mensal correspondente ao percentual de 1% (um por cento do valor de venda do imóvel), além dos impostos relativos ao imóvel e as cotas condominiais vencidos no período da ocupação, obrigação comumente transferida aos locatários, conforme permissão constante do art. 25 da Lei 8.245/91: Art. 25. Atribuída ao locatário a responsabilidade pelo pagamento dos tributos, encargos e despesas ordinárias de condomínio, o locador poderá cobrar tais verbas juntamente com o aluguel do mês a que se refiram. Ressalte-se, ainda, que tais valores podem ser compensados com aqueles referentes à devolução do sinal, apurando-se em liquidação de sentença a eventual existência de saldo e em favor de qual parte ele seja devido.

5 Finalmente, não há que se falar em danos morais sofridos por nenhuma das partes, por se tratar de questão meramente financeira, que não atingiu os bens da personalidade de nenhum deles, vez que os autores receberão de volta o valor pago e poderão, se assim entenderem, adquirir outro imóvel e os réus se valeram do direito de desistir do negócio e, assim, devem cumprir o contrato firmado. Por tais fundamentos, dá-se provimento ao segundo recurso, para julgar procedente em parte a reconvenção, para condenar os autores ao pagamento de taxa de ocupação e para determinar a reintegração dos proprietários na posse do bem, mantida, no mais a sentença e nega-se provimento o primeiro apelo. Rio de Janeiro, 26 de agosto de 2014. GILBERTO DUTRA MOREIRA Desembargador Relator