Aurélio Virgílio Veiga Rios Subprocurador-Geral da República

Documentos relacionados
Sucintamente relatados, decido.

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

: MIN. GILMAR MENDES

MEDIDA CAUTELAR INOMINADA Nº

T R I B U N A L D E J U S T I Ç A D É C I M A S É T I M A C Â M A R A C Í V E L

Superior Tribunal de Justiça

Prof. Darlan Barroso. Caso Prático 2ª Fase OAB abril 2018

Superior Tribunal de Justiça

Autos n.º Autor: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Ré: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL PEDIDO DE CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DE SENTENÇA

EXMO. SR. DR. RELATOR DESEMBARGADOR FEDERAL DA COLENDA ª TURMA ESPECIALIZADA DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO

JUSTIÇA ELEITORAL TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO GRANDE DO SUL

Aula 144. Os requisitos para atribuição de efeito suspensivo por decisão judicial são:

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Supremo Tribunal Federal

Aula 02 COMO INTERPOR AGRAVO DE INSTRUMENTO. O processamento do Agravo de Instrumento segundo as novas regras processuais é o seguinte:

07ª Vara Federal de Execução Fiscal do Rio de Janeiro ( ) E M E N T A

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) DESEMBARGADOR(A) FEDERAL PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA REGIÃO

II - AÇÃO RESCISÓRIA

Comprova, ao final, o preparo recursal.

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Poder Judiciário da União Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

PODER JUDICIÁRIO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Superior Tribunal de Justiça

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRO GRAU PCTT:

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

XLVII - MEDIDA CAUTELAR INOMINADA

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Reis Friede Relator. TRF2 Fls 356

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº Agravante : Agravados : Diretora geral da Faculdade de Artes do Paraná - FAP

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Supremo Tribunal Federal

Superior Tribunal de Justiça

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

D E C I S Ã O M O N O C R Á T I C A

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PEDIDO LIMINAR. DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO PACTUADO CONTRATUALMENTE. CONTRATO BANCÁRIO. LIMITE DE 30%.

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

MANUAL PRÁTICO DO MILITAR 3ª EDIÇÃO 2017 DR. DIÓGENES GOMES VIEIRA CAPÍTULO 9 MANDADO DE SEGURANÇA: UTILIZAÇÃO PELOS MILITARES

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Supremo Tribunal Federal

COMARCA DE PORTO ALEGRE 6ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA 2º JUIZADO Processo nº: 001/ Natureza: Autora:

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

11/09/2017 PRIMEIRA TURMA : MIN. ALEXANDRE DE MORAES PAULO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Superior Tribunal de Justiça

Apelação Cível n , de Videira Relator: Des. Joel Dias Figueira Júnior

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº ( ) DE ARUANÃ RELATÓRIO E VOTO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO VIGÉSIMA TERCEIRA CÂMARA CÍVEL/CONSUMIDOR AGRAVO DE INSTRUMENTO N.º

: MIN. DIAS TOFFOLI SÃO PAULO

Nº /001 <CABBCAADDABACCBACDBABCAADBCABCDDAAAAADDADAAAD>

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL E EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO E EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA

RECURSO EXTRAORDINÁRIO E RECURSO ESPECIAL I e II Nº

DESEMBARGORA AMÉLIA MARTINS DE ARAÚJO. Colenda Corte Especial Eminente Desembargador Relator,

ACÓRDÃO. São Paulo, 30 de abril de Roberto Mac Cracken Relator Assinatura Eletrônica

Superior Tribunal de Justiça

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE GOIÁS Gabinete do Desembargador Ney Teles de Paula

Superior Tribunal de Justiça

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

RELATÓRIO DE PROCESSOS TRIBUTÁRIOS - DEZEMBRO / 2014

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GOMES VARJÃO (Presidente), NESTOR DUARTE E ROSA MARIA DE ANDRADE NERY.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA... DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE CIDADE..., ESTADO...

A C Ó R D Ã O DO AGRAVO INTERNO.

Superior Tribunal de Justiça

:LUIS ALEXANDRE RASSI E OUTRO(A/S) :RELATOR DO HC Nº DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

: MIN. TEORI ZAVASCKI RECLTE.(S) :MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS FLORIANÓPOLIS SAÚDE E VIGILÂNCIA SANITÁRIA DE FLORIANÓPOLIS - AFLOVISA

Superior Tribunal de Justiça

Procuradoria de Justiça de Interesses Difusos de Coletivos

1. Preliminares. a) Ilicitude das provas; b) Litispendência; rejeição.

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ

RELATÓRIO PROCESSOS TRIBUTÁRIOS (DEZEMBRO/2016)

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5.ª REGIãO Gabinete da Desembargadora Federal Margarida Cantarelli

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Durval Salge Junior. Recursos.

D E C I S Ã O M O N O C R Á T I C A

Superior Tribunal de Justiça

A C Ó R D Ã O. Agravo de Instrumento nº

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO DESPACHO

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

RELATÓRIO PROCESSOS TRIBUTÁRIOS (MAIO/2017)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO RELATOR DA TURMA DO COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA RECURSO ESPECIAL N.

Superior Tribunal de Justiça

Transcrição:

Excelentíssimo Senhor Ministro Relator e demais Ministros da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça MC 10372/RJ (2005/0119916-3) Requerente: TV Globo Ltda Requerido: Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro Relator: Ministro Nancy Andrighi Terceira Turma Recurso n.º 863/2005/AR/SPGR O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pelo Subprocurador- Geral da República adiante assinado, nos autos da Medida Cautelar nº 10372/RJ, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com base nos art. 258 e 259 do RISTJ, interpor o presente AGRAVO REGIMENTAL para esta Eg. Turma, contra decisão monocrática que atribuiu efeito suspensivo a Recurso Especial. Requer o processamento do Agravo na forma regimental. Nestes termos, Pede e espera deferimento. Brasília, 13 de setembro de 2005. Aurélio Virgílio Veiga Rios Subprocurador-Geral da República

Egrégia Turma. I Dos Fatos. Trata-se, na origem, de medida cautelar, com pedido liminar, proposta pela TV Globo Ltda, tendo por finalidade a atribuição de efeito suspensivo a recurso especial interposto em sede de ação civil pública, o qual teve por objetivo a suspensão da exibição das cenas de sexo e violência da novela A Próxima Vítima no horário vespertino, bem como a sua condenação à reparação por danos morais na importância de R$5.000.000,00 (cinco milhões de reais) a ser distribuída a entidades governamentais que visam a recuperação de menores infratores. 2. O acórdão impugnado por via do Recurso Especial foi proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro ementado nos seguintes termos (fl.125): APELAÇÃO CÍVEL AÇÃO CIVIL PÚBLICA Divulgação de novela em horário vespertino com cenas de sexo e violência, impropriamente exibidas. Inexistência de cerceamento de defesa, tendo a Ré exercido o contraditório e atendido o devido processo legal, na hipótese. A liberdade de imprensa tem seu término quando atinge segmentos da sociedade que não estão preparados para assistir cenas de violência e de caráter sexual, em horário completamente inadequado. As condições foram estabelecidas de forma adequada diante da divulgação e as consequências dela advindas, tendo em vista também o interesse econômico da Emissora, justificando-se os valores concedidos na sentença. Rejeição da preliminar Recurso improvido. 3. Contra este acórdão a TV Globo Ltda manejou embargos de declaração, ao qual foi negado provimento (fls.138/139). 2

4. No recurso especial interposto (fls. 32/55), a empresa recorrente sustentou a violação ao artigo 535, II, do Código de Processo Civil uma vez que o Tribunal a quo teria rejeitado os embargos de declaração sem que fossem sanadas as omissões apontadas. 5. Aduziu ainda que teria havido violação ao artigo 159 do Código Civil e artigos 6º e 16 do Código de Processo Civil ante a suposta impossibilidade de condenação à indenização por danos morais quando se pretende a defesa de interesses difusos, bem como por considerar o Ministério Público parte ilegítima para propor ação civil pública com tal finalidade. 6. Por fim, sustentou infringência ao artigo 420, parágrafo único do Código de Processo Civil tendo em vista que o pedido de produção de prova pericial formulado foi indeferido, e o juiz teria concluído pela procedência do pedido amparado em laudo elaborado por profissionais sem habilitação técnica. 7. Para emprestar efeito suspensivo a este recurso, o requerente interpôs a presente medida cautelar onde alega a presença do fumus boni iuris consubstanciado na existência de dissídio jurisprudencial e na violação aos dispositivos legais supracitados. Por último, aponta a existência do perigo da demora no receio de dano irreparável ou de difícil reparação, assinalando os prejuízos que poderia vir a suportar com a execução provisória do julgado, uma vez que estaria passando por momento de dificuldade financeira e comercial. 8. Recebida a medida cautelar no STJ, a ilustre Ministra relatora indeferiu liminarmente a petição inicial, julgando extinto o processo sem julgamento de mérito, por entender inexistir o periculum in mora a ensejar a concessão da cautelar (fls. 177/179). 9. Inconformada, TV Globo Ltda interpôs pedido de reconsideração, o qual foi deferido para prestar efeito suspensivo ao recurso especial. II. Ausência do periculum in mora. 10. Com todo o respeito, não merece prosperar esta decisão, haja vista que não estão presentes os elementos aptos a ensejar o provimento 3

excepcionalíssimo requerido para a concessão de efeito suspensivo a recurso especial. 11. Consoante se observa, ainda que existisse a fumaça do bom direito nos autos, não se observa qualquer demonstração sobre o perigo da demora de modo a justificar a concessão de medida liminar para emprestar efeitos suspensivo a recurso especial. 12. Primeiramente, deve ser ressaltado que o efeito suspensivo ao Recurso Especial somente deve ser concedido em condições excepcionalíssimas, quando a parte estiver na iminência de sofrer dano irreparável ou de difícil reparação, de modo a tornar inócuo o eventual provimento do recurso, o que não é o caso dos autos, haja vista que, nessa hipótese, o retorno a situação anterior é perfeitamente possível. 13. As argumentações da agravada de que estaria passando por dificuldade comercial e financeira e que a execução provisória poderia representar prejuízos de impossível reparação não procedem pois são frutos de mera especulação, uma vez que não foi demonstrado nos autos a dificuldade pela qual estaria passando a empresa e, muito menos, foi provado o prejuízo de impossível reparação a qual seria submetida. 14. Assim, não encontra-se demonstrada a possibilidade de perigo que pudesse justificar o deferimento da medida cautelar, requisito essencial para o provimento da ação. 15. Vale lembrar que, consoante a própria Ministra relatora salientou, a agravada já havia ajuizado a Medida Cautelar nº 7844/RJ alegando os mesmos fundamentos apresentados nesta ação, tendo a ação sido julgada extinta, sem julgamento de mérito, verbis: Processo civil. Medida cautelar. Efeito suspensivo a recurso especial. Perigo na demora. Ausência. - O deferimento de pedido formulado em medida cautelar originária condiciona-se à presença do requisito do perigo na demora da prestação jurisdicional, inexistente na situação em análise. Petição inicial liminarmente indeferida. DECISÃO 4

Cuida-se da medida cautelar, com pedido liminar, proposta por TV GLOBO LTDA, tendo por objeto a atribuição de efeito suspensivo a recurso especial por ela interposto em ação civil pública. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ajuizou, em face da requerente, ação civil pública objetivando a suspensão liminar da exibição das cenas de violência e sexo da novela Próxima Vítima, exibida pela requerida no horário vespertino, bem como a sua condenação à reparação por danos morais, na importância de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais), a ser distribuída a entidades governamentais que visam a recuperação de menores infratores. (...) Relatado o processo, decido. A jurisprudência deste Tribunal tem admitido, apenas em hipóteses excepcionais, o manejo da medida cautelar originária para fins de se atribuir efeito suspensivo a recurso especial. No processo em análise, de fato, conforme relatado, foi negado seguimento ao recurso especial na origem, sobrevindo a interposição de agravo de instrumento ao qual, para melhor exame do recurso especial, dei provimento determinando a subida dos autos, atenta à importância da questão de fundo. Contudo, ainda que se constate a viabilidade do recurso especial, pela existência da aparência do bom direito, não se vislumbra a presença do requisito do perigo na demora. Não existe possibilidade de dano irreparável ou de difícil reparação à requerente, pois a execução provisória deve se realizar da maneira prevista no art. 588 do CPC. Dessa forma, deve correr por conta e responsabilidade do credor, que se obriga a reparar os prejuízos que o devedor venha a sofrer caso a sentença seja reformada, nos termos do inciso I do mencionado dispositivo legal. Ademais, a mera afirmação da requerente de que a execução provisória do julgado pode representar prejuízo de impossível reparação, sem comprovar de que forma se daria tal prejuízo, mostra-se insuficiente para a caracterização do perigo na demora. Portanto, mesmo que verificado o preenchimento dos requisitos da aparência do bom direito, não se evidencia hipótese caracterizadora do perigo na demora, pressuposto necessário à concessão da presente medida cautelar. Forte em tais razões, indefiro liminarmente a petição inicial (art. 34, inc. XVIII, do RISTJ) e, por conseqüência, JULGO EXTINTO o processo sem exame de mérito. Comunique-se. Publique-se. Intimem-se. (MC nº 7844/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 19/03/2004) 16. Se a situação fática continua a mesma, e tendo a empresa TV Globo Ltda ajuizado esta nova Medida Cautelar com os mesmos fundamentos da ação anterior, permanecendo sem demonstrar o perigo da demora, requisito indispensável para o conhecimento desta ação, o pedido deve ser indeferido para ratificar a decisão proferida na Medida Cautelar 7844/RJ, e afirmar a coerência dos pronunciamentos exarados por este Superior Tribunal de Justiça. 5

17. Deste modo, demonstra-se ausente o perigo da demora e a inexistência de excepcional urgência e relevância para a concessão de liminar ou da própria medida cautelar. III. Requerimento 18. Ante o exposto, o Ministério Público Federal requer, primeiramente, a reconsideração da decisão agravada, caso contrário, que o presente recurso seja submetido à Turma, para que seja dado provimento ao agravo regimental e assim cassada a decisão que concedeu efeito suspensivo ao recurso especial (fls.190/193). Brasília, 13 de setembro de 2005. Aurélio Virgílio Veiga Rios Subprocurador-Geral da República 6