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Transcrição:

MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO AUDITORIA INTERNA SECRETARIA DE ORIENTAÇÃO E AVALIAÇÃO PARECER SEORI/AUDIN-MPU Nº 1.801/2016 Referência : Ofício nº 249/DG/SEC/MPM. Protocolo AUDIN-MPU nº 1163/2016. Assunto : Pessoal. Abono de permanência. Aposentadoria Especial por insalubridade. Interessado : Diretoria-Geral. Ministério Público Militar Por intermédio do Ofício nº 249/DG/SEC/MPM, de 8 de setembro de 2016, o Senhor Diretor-Geral do Ministério Público Militar solicita orientação desta Auditoria Interna do MPU quanto à possibilidade de concessão de abono de permanência a servidor que preenche os requisitos para se aposentar com base nos critérios para aposentadoria especial por insalubridade. 2. No caso em questão, informa a Diretoria-Geral do MPM que, em 2012, o órgão indeferiu requerimento de servidora nesse sentido (DOC. 1), pois, apesar de a interessada haver completado os requisitos para aposentadoria especial, não preenchia os requisitos previstos no artigo 8º da Orientação Normativa SRH/MP nº 10/2010, que tratava, à época, da concessão do abono de permanência para os servidores que tinham direito à aposentadoria especial por insalubridade. 3. Ocorre, porém, que referida Orientação Normativa SRH/MP nº 10/2010, que fundamentou o indeferimento do requerimento, foi revogada pela Orientação Normativa SGP/MP nº 16/2013, que passou a regulamentar o assunto. O novo diploma infralegal, em seu artigo 23, prevê que os servidores beneficiados pela aposentadoria especial, com fundamento no artigo 57 da Lei nº 8.213/1991, nos estritos termos da Orientação Normativa, poderão fazer jus ao abono de permanência. 1/7

4. Diante da nova normatização sobre o assunto, a servidora ingressou com novo pedido administrativo, requerendo o benefício do abono de permanência. No entanto, o novo requerimento foi indeferido (DOC. 2), considerando que a servidora não apresentou novos fatos ou documentos que motivassem o deferimento do pleito. Além disso, constatou-se que a interessada havia judicializado a questão. 5. Sobre esse último ponto, entendeu a Diretoria-Geral do MPM que a discussão da matéria na esfera judicial afasta a sua reapreciação pela via administrativa. Ademais, verificou que, no caso concreto, a servidora teve seu pedido julgado improcedente pelo juízo de primeira instância, tendo apresentado recurso da decisão. 6. Diante dos fatos narrados, a Diretoria-Geral do MPM questiona: a) é possível conceder abono de permanência à servidora, por ela já preencher os requisitos para aposentadoria especial, com base no artigo 23 da Orientação Normativa SGP/MP nº 16, de 23/12/2013? b) em caso positivo à primeira pergunta, haveria necessidade de que a servidora solicitasse a desistência da ação judicial por ela proposta? 7. Em exame, cumpre observar, inicialmente, que a aposentadoria com requisitos e critérios especiais no caso de exercício de atividades insalubres foi prevista no artigo 40, 4º, III da Constituição Federal. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 Art. 40. ( ) 4º - É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, os casos de servidores: (...) III - cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. 2/7

8. Diante da inexistência de lei complementar que concretizasse o direito à aposentadoria especial, referido direito passou a ser concedido na esfera judicial, por meio de mandados de injunção. Com vistas a regulamentar a concessão de aposentadorias especiais nesses casos, foi editada a Orientação Normativa SRH/MP nº 10, de 5 de novembro de 2010. Seu artigo 8º estabelecia que só faziam jus ao abono de permanência os servidores que, além de preencherem os requisitos exigidos para a concessão da aposentadoria especial, preenchessem os seguintes requisitos: ORIENTAÇÃO NORMATIVA SRH/MP Nº 10/2010 Art. 8º Os servidores que atenderem aos requisitos para a aposentadoria especial de que trata esta Orientação Normativa farão jus ao pagamento do abono de permanência, desde que atendidas as seguintes condições: I - 19 do art. 40 da Constituição Federal de 1988, incluído pela Emenda Constitucional nº 41/2003: a) tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria; b) sessenta anos de idade e trinta e cinco anos de tempo de contribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta anos de contribuição, se mulher. II - 5º do art. 2º da Emenda Constitucional nº 41/2003: a) cinquenta e três anos de idade, se homem, e quarenta e oito anos de idade, se mulher; b) cinco anos de efetivo exercício no cargo em que se der a aposentadoria; c) tempo de contribuição mínima de trinta e cinco anos, se homem, e trinta anos, se mulher; e d) período adicional de contribuição equivalente a vinte por cento do tempo que, na data de publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998, que faltaria para atingir o limite de tempo constante da alínea "a" deste inciso. III - 1º do art. 3º da Emenda Constitucional nº 41/2003: a) atendimento aos requisitos para a aposentadoria com base nos critérios da legislação vigente até 31 de dezembro de 2003, data da publicação da Emenda Constitucional nº 41, de 2003; e b) tempo de contribuição mínima de vinte e cinco anos, se mulher, ou trinta anos, se homem. 9. No entanto, com a revogação da ON SRH/MP Nº 10/2010, e a publicação da Orientação Normativa SGP/MP nº 16, de 23 de dezembro de 2013, a regra para a concessão do abono de permanência nos casos de aposentadorias especiais por insalubridade passou a ter previsão no artigo 23 do novo ato normativo, in verbis: 3/7

ORIENTAÇÃO NORMATIVA SGP/MP Nº 16/2013 Art. 23. Os servidores beneficiados pela aposentadoria especial, com fundamento no art. 57 da Lei nº 8.213, de 1991, nos estritos termos desta Orientação Normativa, poderão fazer jus ao abono de permanência. 10. Assim, preenchidos os requisitos previstos para a concessão de aposentadoria especial por insalubridade, com fundamento no artigo 57 da Lei nº 8.213/1991 e nos termos da ON SGP/MP nº 16/2013, caso o servidor opte por permanecer em atividade, poderá fazer jus ao benefício do abono de permanência. Esse é o entendimento que se extrai da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal em casos análogos: REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 954.408-RS ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. SERVIDOR PÚBLICO EM ATIVIDADE APÓS O PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DE APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA ESPECIAL. CONCESSÃO DO ABONO DE PERMANÊNCIA. LEGITIMIDADE. 1. É legítimo o pagamento do abono de permanência previsto no art. 40, 19, da Constituição Federal ao servidor público que opte por permanecer em atividade após o preenchimento dos requisitos para a concessão da aposentadoria voluntária especial (art. 40, 4º, da Carta Magna). 2. Agravo conhecido para negar provimento ao recurso extraordinário, com o reconhecimento da repercussão geral do tema e a reafirmação da jurisprudência sobre a matéria. (Relator Min. TEORI ZAVASCKI, julgado em 14/04/2016) (Grifou-se) AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 782.834-RS AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. POLICIAL CIVIL. ABONO DE PERMANÊNCIA AOS ABRANGIDOS PELA APOSENTADORIA ESPECIAL. POSSIBILIDADE. LEI COMPLEMENTAR Nº 51/1985. RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de que o art. 1º, I, da Lei Complementar nº 51/1985 foi recepcionado pela Constituição, especialmente em face do disposto no art. 40, 4º, alterado pela Emenda Constitucional nº 20/1998 (RE 567.110-RG, Rel.ª Min.ª Cármen Lúcia). A Constituição Federal não restringe a concessão da vantagem apenas aos servidores que cumprirem os requisitos necessários para a aposentadoria voluntária comum, tampouco veda tal benefício aos que se aposentam com fundamento no art. 40, 4º, da CF. Agravo regimental a que se nega provimento. 4/7

(Relator Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 29/04/2014) (Grifou-se) 11. Observa-se, portanto, que, a partir da entrada em vigor da nova Orientação Normativa (ON SGP/MP nº 16/2013), há previsão legal para a concessão do abono de permanência, uma vez implementados os requisitos previstos para a concessão da aposentadoria especial por insalubridade. 12. Dessa forma, entende-se que, diante do novo requerimento da servidora, é possível a concessão do abono de permanência, caso a interessada já tenha preenchido os requisitos exigidos para a concessão da aposentadoria especial por insalubridade, tendo em vista o fato de que houve uma alteração na legislação que regulamenta a matéria. 13. Note-se, ainda, que essa alteração da norma infralegal é um fato novo, que estabelece nova condição fática, redefinindo a relação jurídica. Nesse caso, a judicialização da causa, com o julgamento pela improcedência do pedido, não é impedimento para que o órgão reconheça administrativamente o pleito da servidora, revendo, inclusive, se for o caso, seu posicionamento anterior. 14. Nesse sentido é o entendimento do decisum transcrito abaixo, no qual o Tribunal Regional Federal da 4ª Região entendeu que o INSS pode conceder benefício anteriormente indeferido mediante novo requerimento administrativo fundamentado em fatos novos, ainda que o requerimento anterior tenha tido seu provimento negado na esfera judicial. Vejamos: PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REMESSA OFICIAL. CONHECIMENTO. AGRAVAMENTO DAS MOLÉSTIAS. NOVO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. COISA JULGADA NÃO- EVIDENCIADA. INCAPACIDADE COMPROVADA. TERMO INICIAL. CANCELAMENTO ADMINISTRATIVO. TUTELA ESPECÍFICA. (...) II. Postulada a concessão de benefício por incapacidade motivada no agravamento do quadro do segurado e tendo por base requerimento administrativo diverso, não há, em princípio, que se falar em identidade de 5/7

pedidos e de causa de pedir, não se caracterizando a ofensa à coisa julgada. ( ) (TRF4, AC 0007028-55.2014.404.9999, Quinta Turma, Relator Rogerio Favreto, D.E. 25/07/2014) PREVIDENCIÁRIO. QUESTÃO DE ORDEM. COISA JULGADA INEXISTENTE. CONCESSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA. MARCO INICIAL. TUTELA ESPECÍFICA. 1. A improcedência do pedido de restabelecimento de auxílio-doença anteriormente formulado perante o Poder Judiciário não é óbice a formulação de novo pleito sob o argumento de coisa julgada desde que surgida nova condição fática que redefina a relação jurídica. ( ) (TRF4, APELREEX 0018233-18.2013.404.9999, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 10/07/2014) (Grifo nosso) 15. Registre-se, porém, que, da leitura da Sentença proferida nos autos do processo nº 0040496-71.2012.4.01.3400 que tramita na 24ª Vara do Juizado Especial Federal Cível da Seção Judiciária do Distrito Federal, o indeferimento do pedido da autora fundamentou-se no entendimento do juízo de primeira instância de que a interessada não havia comprovado o período necessário para a concessão da aposentadoria especial por insalubridade que, no seu caso, seria de 25 (vinte e cinco) anos: No mérito, cabe ressaltar que a concessão do benefício previdenciário de aposentadoria especial demanda, nos termos do art. 57, Lei nº 8.213/91, trabalho sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) e 25 (vinte e cinco) anos. No presente caso, a parte autora afirma que é ocupante do cargo de técnico de saúde, do quadro de pessoal do Ministério Público Militar. Conforme se depreende dos documentos juntados aos autos (documento 1 fls. 7), a parte autora ingressou no MPM em 02/12/1996, e, em 14/10/2011 (requerimento administrativo), perfazia 18 anos 2 meses e 13 dias no referido órgão público. Além do MPM, a parte autora laborou no Serviço Público Estadual e Municipal, conforme informações constantes de seu assento funcional, perfazendo um total de 29 anos 11 meses e 24 dias. No mais, constata-se uma declaração do Ministério Público do Trabalho (documento 3 fls. 8), informando que a servidora é requisitada pelo referido órgão e lotada no ambulatório da Seção de Assistência Integral à Saúde da Procuradoria Geral do Trabalho, recebendo adicional de insalubridade desde 11/10/2010, perfazendo, até 29/03/2012, 536 dias. Sustenta a parte autora que preenche os requisitos para concessão do abono de permanência, pois o benefício pleiteado no caso em análise é aposentadoria especial, sendo que o tempo de contribuição exigido para a concessão do aludido benefício, no caso da autora, é de 25 anos, tempo esse que a requerente completou em 23.10.2011, sendo que atualmente já se encontra com mais de 25 anos de contribuição, conforme demonstrado na exordial e na documentação em anexo (réplica). 6/7

Pois bem, a despeito das alegações, entendo que a parte autora não comprovou o labor em atividade especial por 25 anos, o que ensejaria direito a aposentadoria especial, e, com a permanência no serviço, o almejado abono de permanência. Senão, vejamos: Dos 29 anos de tempo de serviço, conforme documentos juntados aos autos, apenas 18 anos foi exercido no cargo de Técnico de Saúde. Desse tempo, foi comprovado o recebimento do adicional de insalubridade apenas durante 535 dias. Nesse contexto, mesmo considerando a atividade de técnico de saúde como especial, a autora não preencheu o tempo necessário de 25 anos. Em face do exposto, julgo improcedente o pedido e extingo o feito com julgamento do mérito. (Grifou-se) 16. Dessa forma, vale destacar que a interessada só fará jus ao abono de permanência caso tenha, efetivamente, implementado os requisitos previstos para a concessão da aposentadoria especial por insalubridade. 17. Ante o exposto, somos de parecer pela possibilidade de concessão do abono de permanência, com fundamento na Orientação Normativa SGP/MP nº 16, de 23 de dezembro de 2013, desde que implementados os requisitos previstos para a concessão da aposentadoria especial por insalubridade. É o Parecer que submetemos à consideração superior. Brasília, de outubro de 2016. MARILIA DE OLIVEIRA TELLES Chefe da DIAPE De acordo. À consideração do Senhor Auditor-Chefe. MICHEL ÂNGELO VIEIRA OCKÉ Coordenador da COGESP Aprovo. Restitua-se à DG/MPM. Em / 10 / 2016. MARA SANDRA DE OLIVEIRA Secretária de Orientação e Avaliação SEBASTIÃO GONÇALVES DE AMORIM Auditor-Chefe 7/7