Audiência Pública ANEEL nº 052/2014 Aprimoramento da definição de Interrupção em Situação de Emergência prevista na regulamentação de expurgos associados aos indicadores de continuidade.
2 Contribuição CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A. 01 DE NOVEMBRO DE 2014
3 1. Introdução A CELESC DISTRIBUIÇÃO, (CELESC DIS), apresenta suas análises e contribuições à proposta da ANEEL para o aprimoramento da definição de Interrupção em Situação de Emergência prevista na regulamentação de expurgos associados aos indicadores de continuidade. A ANEEL dentro de suas atribuições abre à sociedade a oportunidade de contribuir na Audiência Pública em tela, com o objetivo de aperfeiçoar na definição de Interrupção em Situação de Emergência ISE prevista nos expurgos associados aos indicadores de continuidade do serviço de distribuição de energia elétrica. Tal atitude demonstra da parte do Órgão Regulador o reconhecimento da necessidade de evoluirmos, minimizando as subjetividades observadas na regulamentação vigente. Dentre as principais alterações contidas na Nota Técnica nº 084/2014-SRD/ANEEL, (NT 084/2014), complementada pelo Relatório de Análise de Impacto Regulatório, Anexo I da mesma, destaca-se a exclusão na definição de Interrupção em Situação de Emergência ISE, dos conceitos de caso fortuito e força maior, com o intuito claro de descaracterizar a judicialização das penalidades resultantes de suas fiscalizações. Entretanto, é oportuno ressaltar que a Celesc Dis apóia a intenção do órgão regulador de reduzir a subjetividade na interpretação da metodologia atual de expurgos das Interrupções em Situação de Emergência ISE, por uma nova metodologia mais objetiva. Ainda que tenham sido propostos aprimoramentos que minimizem a subjetividade da regulamentação vigente, é fundamental que haja a efetiva aplicabilidade destes de forma a promover a melhoria contínua almejada pelo órgão regulador. Nesse sentido, o uso equilibrado do poder discricionário, para casos caracterizados como atípicos, e que mereçam comprobatoriamente este tratamento, pode ajudar na definição de metas condizentes com o real desafio das distribuidoras e anseios da sociedade.
4 2. Análise Geral Nesta Audiência Pública nº 052/2014, (AP 052/2014), a ANEEL apresenta sua proposta de aprimoramentos relativos à definição da Interrupção em Situação de Emergência - ISE prevista na regulamentação de expurgos associados aos indicadores de continuidade das distribuidoras de energia elétrica. Ao longo dos últimos anos, a ANEEL tem promovido diversas modificações na definição da ISE, que não lograram êxito em torná-la de fácil interpretação, gerando a cada alteração novas dificuldades que se traduziam em questões subjetivas e de difícil auditoria. Pelo simples fato de não ser possível abarcar todas as situações utilizando-se de um modelo matemático, utilizaram-se dos conceitos de caso fortuito e força maior, de forma a atender as mais variadas situações de ISE. No entanto, estes conceitos sempre se voltavam contra o objetivo unanime quanto à necessidade de simplificar a análise dos casos de ISE. No próximo item, será apresentada a contribuição referente à obtenção da definição de ISE para as distribuidoras de energia elétrica, balizados pelos estudos constantes na Nota Técnica 084/2014-SRD e anexos. 3. Contribuição 3.1 A inaplicabilidade do expediente nos moldes propostos pela ANEEL Após análise de diversas simulações a Celesc Dis concluiu pela inaplicabilidade dos itens ii e iii, pois com os valores que se apresentam irão se sobrepor ao item i ou mesmo ao Dia Crítico, de tal forma que somente com teremos como possibilidade real de expurgo de situação de emergência o expediente do Decreto conforme descrito no item i. De maneira a ilustrar a afirmação anterior apresentamos o gráfico, abaixo:
5 Expurgados: Dispersão CI x Duração 14000 Clientes Interrompidos (CI) 12000 10000 8000 6000 4000 CI Considerado Ref. CHI 600.000 Ref. CHI 300.000 Ref. CHI 200.000 2000 0 0 57,5 115 172,5 230 287,5 345 402,5 460 517,5 575 Duração das Interrupções (horas) - TMA Ref. CHI 85.000 Como podemos verificar a primeira dificuldade em relação ao proposto na NT 084/2014 foi agruparmos os dados na forma de evento, pois as distribuidoras têm seus dados armazenados por ocorrência e não por evento. A falta de definições claras quanto à envoltória do evento não nos permitiu o agrupamento dos dados na forma de evento, no curto espaço de tempo da audiência. No entanto, fica claro
6 que necessitaríamos da soma de um número muito elevado de ocorrências para nos aproximarmos da curva de 600.000 (consumidor*hora interrompido). No trecho do parágrafo transcrito a seguir constatamos que esta dificuldade era esperada pelo órgão regulador, sendo apontada diversas vezes no Relatório de AIR, conforme segue:... Porém, verificou-se, de forma geral, que a abrangência de uma interrupção não é parâmetro para justificar um expurgo. Na verdade, o importante é a análise do evento que ocasionou as interrupções. Mas as informações existentes nos bancos da fiscalização não possibilitam a agregação precisa das interrupções em eventos, dificultando a análise. A mesma dificuldade foi encontrada para identificar um critério para a severidade. (página 16) Neste sentido, releva-se a importância de que a ANEEL promova uma etapa para a validação e uniformização das informações contidas nos bancos de dados das distribuidoras, sem a qual, a anterior definição de valores apresenta-se como mera especulação. No gráfico Dispersão CI x Duração: CELESC DIS. temos um zoom do gráfico anterior acrescido de ocorrências não expurgadas, que no entender da Celesc Dis poderiam ser expurgadas, mas não o foram, bem como curvas de 1, 5 e 10% da totalidade de ocorrências plotadas com seus respectivos valores de corte. Acima da curva de 1% temos apenas 1% das ocorrências plotadas, com o valor de corte de 14.331 (CHI), abaixo estão 99% restantes. Podemos observar a dificuldade de alcançarmos um valor matemático sem a compatibilidade dos dados, de maneira a permitir uma análise objetiva do modelo proposto.
7 Dispersão CI x Duração: CELESC DIS. 6000 Expurgados 5000 Não Expurgados Clientes Interrompidos (CI) 4000 3000 2000 Ref. CHI 600.000 Ref. CHI 300.000 Ref. CHI 200.000 Ref. CHI 85.000 1000 1% - CHI 14.337,4 0 0 10 20 30 40 50 60 Duração das Interrupções (horas) - TMA 5% - CHI 3.172,05 10% - CHI 1.434,57
8 4. Conclusões Diante do exposto, a CELESC DIS inicialmente parabeniza essa respeitável agência reguladora pela iniciativa constante em buscar o aprimoramento das regras atinentes a um tema de grande repercução para o setor elétrico como é a adequada caracterização dos expurgos por Interrupção em Situação de Emergência - ISE, de acordo com as realidades atinentes a cada distribuidora deste país continental, que possui inúmeros enfrentamentos das mais variadas naturezas e tipicidades. No intuito de contribuir com este processo construtivo, a CELESC DIS propõe o apronfudamento das discuções, seja por Audiências Públicas ou mesmo por meio de P&D, de um novo modelo objetivo para a definição de Interrupção em Situação de Emergência. Esta proposição oferece benefícios de se evitar as soluções rápidas, que nos levaram a atual situação de transbordamento das decisões setoriais da esfera administrativa para a judicial. Com esta contribuição, acredita-se estar avançando no aprimoramento da difícil missão de construir uma definição de Interrupção em Situação de Emergência - ISE que alinhe critérios desejadamente cada vez mais objetivos e com uma base de dados consistente, às inúmeras variáveis enfrentadas por cada distribuidoras de todo o país. Florianópolis, 01 de novembro de 2014. Celesc Distribuição S.A.