Fahrenheit 11 de Setembro e a Guerra no Iraque



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Transcrição:

Fahrenheit 11 de Setembro e a Guerra no Iraque Resumo Dérik Ribeiro de Souza, Eliza de Arruda Ramos, Fábio Aparecido da Rosa, Gilmar Fialho de Freitas, Leandro Gerônimo da Silva Estudantes do curso de Geografia Departamento de Artes e Humanidades - UFV O filme Fahrenheit 11 de Setembro aborda questões referentes ao ataque terrorista ao World Trade Center em 2001, e as transações políticas por trás do acontecimento. O documentário tem por objetivo fazer uma crítica ao governo Bush e mostrar que o seu mandato se fortaleceu às custas dos ataques terroristas. Palavras-chaves Terrorismo, Georg Bush, Osama Bin Laden, EUA 1

Direção, roteiro e produção. Michael Moore nasceu em Flint, Michigan, EUA, em 23 de abril de 1954 e é um cineasta documentarista muito popular no país. Ele é conhecido por seu apoio a postura social democrata e sua crítica ácida sobre as políticas do governo de George W. Bush. Entre os seus filmes, destacam-se: ROGER E EU (1989) - conta a história de sua tentativa de confronto com o presidente da General Motors, Roger Smith, sobre os efeitos devastadores do enxugamento de funcionários da empresa na cidade de Flint. Este documentário ganhou inúmeros prêmios, entre eles o prêmio de melhor documentário da associação dos críticos de Nova Iorque. TIROS EM COLUMBINE (2002) dirigido, produzido e roteirizado por Michael Moore, este filme lhe valeu o Oscar de melhor documentário de longa-metragem. FAHRENHEIT-11 DE SETEMBRO (2004) A idéia de se produzir este filme ocorreu em um discurso inflamado contra o presidente Bush, na cerimônia de entrega do Oscar do seu filme anterior. Contextualização Documentário é uma corrente cinematográfica que se caracteriza pelo compromisso com a verdade. Contudo, não se pode afirmar que ele a represente fielmente já que toda verdade é multifacetada e pode ser enxergada de ângulos muito diversos. O documentário, assim como o cinema de ficção, é uma representação parcial e subjetiva da realidade. Atualmente, há uma série de estudos cujos esforços se dirigem no sentido de mostrar que há uma indefinição de fronteiras entre documentário e cinema de ficção. O filme Fahrenheit, 11 de setembro é um documentário que tem por finalidade analisar a sociedade americana e o período conturbado que estava vivendo. Pode se dizer também que se trata de um documentário de leitura crítica, baseada em entrevistas, pesquisas, e na visão da realidade norte-americana. 2

Os ataques terroristas de 11 de setembro, aliados à insatisfação da população americana com o governo Bush e o uso da guerra para suprir seus interesses, foi o embrião para o desenvolvimento do documentário de Michael Moore. Estréia e repercussão A estréia do filme nos EUA ocorreu em um ambiente de muita expectativa e apreensão já que o país estava aterrorizado pelos acontecimentos recentes. O ex-governador de Nova Iorque, o democrata Mário Cuomo, resumiu em suas palavras o sentimento de apreensão que o documentário causou ao ser lançado: Este filme tem algo realmente interessante, ou tantas pessoas não estariam tentando vetálo. O lançamento do filme Fahrenheit, 11 de setembro foi marcado por uma restrição que gerou muita polêmica: a sua exibição foi proibida para menores de 13 anos e adolescentes até 17 anos deveriam estar acompanhados dos pais para assisti-lo. Michael Moore protestou contra essa medida: É uma pena que garotos de 15 e 16 anos que podem ser recrutados para guerras futuras, não possam ver o filme. Apesar de toda expectativa, de todo temor e de todas as restrições, a estréia do filme foi um sucesso. Cerca de 23.9 milhões de dólares foram faturados somente na estréia, ficando em primeiro lugar nas bilheterias. A estréia pelo mundo também foi um sucesso na Europa e na América do Sul, sobretudo na Argentina e no Brasil. Alguns personagens: - George W. Bush A história de George W. Bush como presidente dos EUA começou a partir das eleições do ano 2000, quando através de fraudes ele conseguiu ser eleito, dando uma pequena prévia de que tipo de presidente ele seria. Empossado na Casa Branca, graças a uma decisão de 5 a 4 na Suprema 3

corte, Bush passou os primeiros nove meses de seu governo como um chefe de estado morno que não tinha popularidade dentro de casa e provocava piadas mundo afora. Contudo, aproveitando-se da situação difícil que o seu país passava devido ao atentado de 11 de setembro, em um discurso histórico no dia 20 de setembro de 2001, Bush afirmou que a nossa guerra não vai terminar até todo grupo terrorista global ter sido encontrado, parado e derrotado e, com isso, passou a receber apoio popular. Na verdade, o governo Bush pode ser resumido vergonhosamente em poucas frases: eleito através de uma fraude, promovido em cima do pior atentado já visto no mundo e capaz de produzir uma guerra em cima de uma mentira, matando milhares de civis inocentes. - Família Bin Laden Osama Bin Laden é o 17º dos 54 filhos de Mohamed Bin Laden, rei da construção civil na Arábia Saudita. Ele é responsável, entre outras coisas, pela concessão e manutenção das áreas da grande mesquita de Meca, o lugar mais sagrado do islã. Além disso, é construtor de todas as estradas que levam a Meca. A fortuna de Osama começou a ser formada quando, o seu pai morreu em um acidente de avião em 1968, deixando uma fortuna em torno de US$11 bilhões. Como eram muitos filhos, Osama herdou cerca de US$300 milhões. Bin Laden é de origem saudita e foi aramado pela CIA durante a guerra fria, para combater as tropas da antiga URSS durante a invasão ao Afeganistão. Tornou-se chefe da Al-Qaeda, uma organização alegadamente envolvida em diversos atentados terroristas como os listados abaixo: 26 de fevereiro de 1993 Explosão na garagem do World Trade Center, em Nova York, onde morreram seis pessoas e mais de mil ficaram feridas. 25 de julho de 1996 Ataque com caminhão-bomba num acampamento em Dahram, na Arábia Saudita, onde morreram 19 soldados americanos. 7 de agosto de 1998 Carros-bomba explodem nas embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia. Resultado: mais de 250 mortos. 12 de outubro de 2000 Barco-bomba lançado contra o destróier americano, no ûmen, mata 17 pessoas. 4

E, por último, o 11 de setembro onde morreram aproximadamente cinco mil pessoas. Acredita-se que Bin Laden esteja escondido em algum lugar da fronteira montanhosa entre o Afeganistão e o Paquistão, mas segundo publicação no site de um jornal francês do dia 23 de setembro de 2006, Bin Laden teria morrido de tifo no mês de agosto. Segue em anexo um texto de Frei Betto que analisa criticamente esse personagem e a sua imagem na mídia. Bin laden, o pauteiro (por Frei Betto). Talvez o leitor não saiba que, num veículo de mídia, o pauteiro é quem prescreve a agenda de fatos e situações a serem priorizados pelos repórteres, pois merecem virar notícia. O pauteiro considera, por exemplo, que é de interesse jornalístico o desabamento de um prédio ou a prisão de um banqueiro, mas descarta a palestra de um ecologista na universidade ou a prisão de um assaltante de banco. Enfim, o pauteiro forma e informa a opinião pública. Determina o conteúdo do veículo de comunicação. Bin Laden é, hoje, o pauteiro do Ocidente. Desde que derrubou as torres gêmeas de Nova York, em 11 de setembro de 2001, ele comanda a agenda política dos países metropolitanos, em especial os EUA e o Reino Unido. É incrível que um único homem, escondido em algum recanto do planeta, possa ter tanto poder sem dispor de uma máquina estatal, equipamentos militares e veículos de comunicação. Isso só acontecia com os heróis de histórias em quadrinhos que fantasiaram a minha infância, todos eles criados pelos norte-americanos: Batman, Superman, Homem Aranha etc. Bin Laden é a sombra. Aterroriza não pelo que faz, mas pelo que projeta. Tira o sono do presidente dos EUA e do primeiro-ministro do Reino Unido. Como é invisível, dá-se o luxo de prever com muita cautela suas próximas investidas. Esperou três anos para, em 11 de março passado, promover atentados terroristas em Madri, nas estações ferroviárias. Ninguém sabe quando, onde e como ele fará o próximo ataque. Mas todos sabemos que está vivo e não tem mais outra razão de viver senão importunar o grande império do Ocidente. Isso não tem precedente na história. Um único homem ser tão poderoso e temido, e ainda protegido pela invisibilidade. Talvez ele habite a caverna de uma montanha. Porém, suas impressões digitais estão impressas no noticiário cotidiano, nas facas de plástico dos aviões (exceção para a Lufthansa), nas revistas rigorosas nos aeroportos, na redução do turismo mundial, no maior volume de recursos para a indústria bélica. 5

Todas essas precauções, que vão da apreensão de canivetes a deportações ilegais, são inúteis. O terror é imprevisível. E continuará a sê-lo enquanto os donos do mundo não se convencerem de que somos uma única família humana, embora uns sejam árabes e outros ianomâmis, aqueles judeus e esses chineses, e não nos resta outro futuro senão considerar a pobreza um grave delito contra os direitos humanos e exaltar o respeito à singularidade de cada um como dever sagrado. Em 2003, o mundo gastou em armamentos 956 bilhões de dólares (quase o dobro do PIB brasileiro), um aumento de 11 por cento em relação ao ano anterior. É como se cada habitante do planeta tivesse despendido, em um ano, 152 dólares com armas. Os EUA, que já se acostumaram a vitaminar sua economia com os períodos de guerra, responderam por quase a metade (47 por cento) dos gastos. Três quartos foram feitos por países ricos que abrigam apenas 16 por cento da população mundial. Esse orçamento militar é maior que a soma das dívidas externas de todos os países pobres, e dez vezes mais que todos os recursos destinados a causas humanitárias. Os investimentos da ONU com a Aids equivalem a apenas um por cento do que consomem as armas. (Fonte: Sipri Instituto Internacional de Pesquisa da Paz, Estocolmo, junho de 2004.). Se, desde agora, o horror à guerra e o amor à justiça não forem incutidos em crianças e jovens, através da família, da escola e da mídia, nosso futuro não será igual ao presente. Será muito pior. - Sociedade Americana. Com o fim da guerra do Afeganistão e Bin Laden esquecido, o alvo de Bush agora era a sociedade americana. Através do discurso de guerra contra o terror, ele procurou manter o povo em constante estado de alerta para um outro possível ataque. Enquanto a cantora Britney Spears se mostrava a favor do presidente George Bush, soldados americanos atacavam Bagdá matando milhares de inocentes, revelando a alienação que a sociedade americana vinha sofrendo. Além do mais, aqueles que se manifestavam contra o governo poderiam acordar com o FBI batendo a sua porta. - Soldados. Os soldados recrutados para guerra no Iraque não estavam preparados para esta situação, pois a maioria nem mesmo sabia porque estava ali. Esses soldados vinham de regiões pobres dos 6

EUA e o exército era tido como a única opção para eles melhorarem de vida. Geralmente esses soldados tinham entre 17 e 20 anos de idade, mostrando total descontrole para lidar com essa guerra chegando a compará-la com jogos de vídeo game, onde atiravam em tudo que se movia: geralmente civis que não tinham nada a ver com o exército iraquiano. Os soldados que ficaram feridos na guerra e conseguiam voltar para os EUA, não tinha nenhum tipo de apoio, ficando clara a ilusão que era passada sobre o exército. - Michael Moore Todo o trabalho de Moore, desde os seus livros aos filmes, é profundamente interventivo e crítico de algum setor da sociedade norte-americana. Em Fahrenheit 11 de setembro, Moore procurou não só fazer críticas a Bush, mas mostrar que tipo de pessoa realmente era o atual presidente dos EUA. Esse filme foi lançado em 2003 antes da eleição para presidente, na tentativa de conscientizar o povo americano e evitar a reeleição de Bush. Além de diretor, Michael Moore fez o papel de repórter nesse filme, mostrando todo o envolvimento do presidente americano - desde a fraude nas eleições do ano 2000 até o seu real interesse na guerra do Iraque. O 11 de setembro no documentário O filme começa mostrando o desespero e o pânico da população de New York. Civis, militares, agentes e bombeiros chocados com as torres pegando fogo. Por ironia, o presidente Bush estava indo a uma escola primária e, no caminho, ele fica sabendo que um avião bateu numa das torres, mas decide continuar. Já na sala de aula ele é avisado que o país estava sob ataque e fica alguns minutos calado sem tomar uma atitude política. Expõe-se também que Bush recebeu um relatório que abordava que Bin Laden estava determinado a atacar os Estados Unidos, mas ignorou-o. Os tumultos nos aeroportos e os vôos cancelados: todos os aeroportos fecham são ironizados no filme quando se mostra que até Rick Martin não pode voar. O 11 de setembro foi usado como motor de lucro, pois com ele a produção bélica foi aumentada. Isso nos leva a refletir de como esse fato foi tratado, com hipocrisia, pois enquanto se criava memoriais para as vítimas numa outra circunstância havia comemoração por parte das empresas. 7

O relatório da investigação sobre o atentado teve algumas páginas censuradas e isso, o filme relata, leva a se questionar a veracidade dos fatos que deram margem ao atentado. Estava-se com medo de expor o que ou quem? É essa pergunta que esse ato de censurar nos leva a pensar. O filme na verdade, pelo que se pode analisar, dá uma visão geral do 11 de setembro, pois os seus desdobramentos é que são aprofundados e mais relatados. Algumas colocações sobre o 11 de setembro O dia 11 de setembro de 2001, para quem teve a oportunidade de presenciar conscientemente, não passou despercebido. Nesse dia os Estados Unidos da América foi vítima de um atentado que foi seguido de milhares de mortes. Rotulado, por grande parte dos meios de comunicação, como o maior atentado terrorista que a humanidade já sofreu repercutiu durante um período considerado longo na mídia. O que mais se falava e o grande foco de reportagens era a respeito dos Estados Unidos e os alvos atingidos (o World Trade Center e o Pentágono) pelos então terroristas islâmicos. O estereotipo de maior atentado nos leva a pensar o que significa essa colocação e quais as condições que foram tomadas para que esse ato seja considerado algo gigantesco. Não queremos aqui de maneira alguma reduzir o tema ou excluir o fato de sua classificação como atentado. O que visamos é a comparação com outros acontecimentos históricos para que possamos ampliar nosso leque de crítica. José Arbex Jr. diz: <Ninguém esclareceu qual critério, exatamente, fez do atentado 11 de setembro algo pior ou pelo menos mais grandioso do que, por exemplo, a destruição das cidades japonesas de Hiroxima e Nagasáqui, em agosto de 1945; ou do que o ataque a instalações civis do Sudão, ordenado por Bill Clinton, em 24 de agosto de 1998 (por mera coincidência, o ataque aconteceu justamente às vésperas do depoimento de Clinton à justiça sobre o seu envolvimento sexual com a estagiária da Casa Branca Mônica Lewinsky); ou, ainda, do que os bombardeios maciços dos Estados Unidos sobre as populações do Laos, Vietnã e Camboja, nos anos 60 e 70, quando morreram pelo menos 3 milhões de civis.> Percebemos com essa comparação e colocação, a grande influência da mídia acerca da sensibilização do público. Ora, muito pouco se discutiu e se relembrou de outros atentados, onde podemos assim pressupor que o objetivo principal era usar o atentado como fator explicativo da futura invasão ao Iraque. Alguns meios de comunicação defenderam ardentemente que o 11 de setembro foi um ataque físico e moral ao que se produz de mais justo no planeta. Sim os Estados Unidos realmente 8

possuem níveis de desenvolvimento ótimos, mas em algumas regiões e cidades ainda permanecem o descaso do Estado e os problemas sociais. No filme Fahrenheit essa relação é exemplificada quando o diretor vai para a sua cidade natal, onde existe desemprego alto e as condições de vida da população não são tão altas. Analisemos melhor esse contexto lendo o seguinte trecho: O verdadeiro alvo visado pelos terroristas que atacaram Nova York e Washington na semana passada não foram as torres gêmeas do sul de Manhattan nem o edifício do Pentágono. O atentado foi cometido contra um sistema social e econômico que, mesmo longe da perfeição, é o mais justo e livre que a humanidade conseguiu fazer funcionar ininterruptamente até hoje. (...) Foi uma agressão perpetrada contra os mais caros e mais frágeis valores ocidentais: a democracia e a economia de mercado. (...) [o que os radicais não toleram] é a existência de uma sociedade em que os justos podem viver sem ser incomodados e os pobres têm possibilidades reais de atingir a prosperidade com o fruto de seu trabalho. Essa análise toma nota parcial pois sabemos que nos Estados Unidos, assim como em muitos países, existem áreas mais desenvolvidas e menos desenvolvidas. Até hoje permanecem discussões a respeito do 11 de setembro e algumas de suas vertentes. Esse pequeno texto serve só para podermos pensar melhor e tomarmos prudência ao incorporar um discurso jogado pela mídia como verdade intacta. Uma prévia da história do terrorismo Disseminar o terror na população com fins diversos é muito antigo. Os imperadores romanos e os padres da Igreja Católica romana são bem conhecidos pelas suas atrocidades. A primeira vez que essa denominação surgiu foi no contexto da Revolução Francesa. O período do terror foi quando o governo ditatorial matou milhares de pessoas. O terrorismo de Estado emerge. Já na segunda metade do século XIX o terrorismo passou a ser praticado por pequenos grupos. O anarquismo na Europa ocidental, populistas na Rússia e central nos EUA. 9

O primeiro de maio é baseado num atentado em 1886 em Chicago, EUA, quando um comício de trabalhadores foi interrompido por policiais, onde oito foram mortos e oito anarquistas foram condenados à morte. Os EUA são o único país que não comemora o 1º de maio. Após a revolução de 1917 surgiu novamente o terrorismo de Estado, com o terror vermelho nas áreas comunistas e o terror branco nas czaristas. Durante a 2ª guerra mundial, o Estado Alemão agiu como terrorista ao criar campos de extermínio. Depois da 2ª guerra, o terrorismo passou a ser uma via aos movimentos de libertação e de independência. Com o fim do colonialismo os atentados e seqüestros ganham força, nas ditaduras que impunham o terror de Estado em varias partes do mundo. Na mídia a grande relação que se faz do terror é que ele seria de origem islâmica. Ora nos paises islâmicos estão concentradas as maiores reservas de petróleo do planeta. Coincidência? Acredita-se que não. A Assembléia Geral da ONU tem discutido a definição do termo. Ela expõe que atos criminosos com o objetivo de provocar um estado de terror no publico com propósitos políticos. Mas o conceito de criminoso é relativo, ou seja, um ato criminoso pode ser um ato de defesa. O Governo Bush e a Sociedade Americana O sistema democrático que vigora nos Estados Unidos é o presidencialismo. Há apenas dois partidos: o Republicano e o Democrata. O atual presidente George W. Bush é do partido republicano e após os atentados de 11 de setembro o governo propôs, e o legislativo aprovou, um conjunto de restrições aos cidadãos do país. Denominado como Decreto Patriota, esse cedia ao governo livre acesso a informações confidenciais de qualquer pessoa, uma forma clara de violação numa democracia vista como modelo. A implantação dessas medidas foi possível uma vez que o povo americano estava e ainda vive uma permanente situação de pânico e alerta, que já se tornou um trauma. Ao contrario do que a maior parte da população mundial pensa, nos Estados Unidos não há somente riqueza e progresso. Existem regiões no país em que as comunidades vivem em situações de miséria e sem perspectivas se um futuro promissor. Para esses locais não são destinados grandes cifras da economia norte-americana, e são também nessas regiões que garotos são recrutados maciçamente para servir ao exército. Com o confronto no Iraque, e as constantes baixas sofridas pelas tropas, cada vez mais alistam-se jovens para o serviço militar. A maioria deles é proveniente 10

de famílias pobres e vêem no exército a única opção de conseguir dinheiro para cursar uma universidade, pois a maioria das universidades americanas apesar de serem públicas é paga. Um grande agravante de todos esses problemas seria o ufanismo de alguns cidadãos, que os deixa cegos perante os outros lados dos fatos, a imagem americana consolidada, de Estado forte e imponente, superior aos demais e predestinado ao sucesso, prejudica o julgamento de uma sociedade facilmente manipulada pelo seu governo e suas elites. Referências Bibliográficas ARBEX JÚNIOR, José. O jornalismo canalha: a promíscua relação entre mídia e poder. São Paulo: Editora Casa Amarela, 2003. 11