MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO Secretaria de Gestão Pública Departamento de Normas e Procedimentos Judiciais de Pessoal Coordenação-Geral de Elaboração, Orientação e Consolidação das Normas NOTA TÉCNICA Nº 300/2012/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP Assunto: Concessão de adicional e insalubridade a servidor requisitado para a Defensoria Pública da União. SUMÁRIO EXECUTIVO 1. Trata-se de consulta da Defensoria Pública da União no Piauí - DPU/PI quanto à legalidade da suspensão do pagamento do adicional de insalubridade ao servidor XXXXXXXXXXXXX, ocupante do cargo de perito médico do Instituto Nacional da Seguridade Social, requisitado pela Defensoria Pública da União. 2. Conclui-se que o pagamento do adicional de insalubridade só é devido enquanto o servidor estiver exposto à situações comprovadamente insalubres, e somente enquanto nelas permanecer, devendo ser suspenso em caso de afastamento das atividades ou extinto quando cessarem as condições ou riscos que deram causa à sua concessão, em observância ao que determina o art. 68 da Lei nº 8.112, de 1990, e a Orientação Normativa nº 02, de 2010. 3. Desta feita, o servidor que esteja afastado do local ou atividade que deu origem à concessão do adicional de insalubridade não fará jus a sua percepção, independente do órgão para o qual tenha ocorrido a sua movimentação. ANÁLISE 4. Inicialmente, convém ressaltar que dos autos não se constata manifestação da Coordenação-Geral de Recursos Humanos do Ministério da Justiça, órgão setorial do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal SIPEC, condição necessária para pronunciamento desta Secretaria de Gestão Pública, na condição de órgão central do SIPEC. NT - 300-2012 - Adicional de insalubridade (DPU - PI)
5. Contudo, esta Coordenação-Geral de Elaboração, Orientação e Consolidação das Normas CGNOR, em caráter excepcional, discorrerá acerca da matéria em comento, mesmo ausente a análise do órgão setorial competente para tanto. Requisição 6. Inicialmente é pertinente transcrever o art. 4º da Lei nº 9.020, de 30 de março de 1995, que dispõe acerca do tratamento dispensando aos servidores requisitados para a Defensoria Pública da União, in verbis: Art. 4º O Defensor Público-Geral da União poderá requisitar servidores de órgãos e entidades da Administração Federal, assegurados ao requisitado todos os direitos e vantagens a que faz jus no órgão de origem, inclusive promoção. Parágrafo único. A requisição de que trata este artigo é irrecusável e cessará até noventa dias após a constituição do Quadro Permanente de Pessoal de apoio da Defensoria Pública da União. 7. No que se refere à manutenção dos direitos e vantagens do servidor requisitado, é pertinente colacionar o conceito de requisição disposto no inciso I do art. 1º do Decreto nº 4.050, de 2001, que regulamenta o art. 93 da Lei nº 8.112, de 1990, in verbis: Art. 1º Para fins deste Decreto considera-se: I - requisição: ato irrecusável, que implica a transferência do exercício do servidor ou empregado, sem alteração da lotação no órgão de origem e sem prejuízo da remuneração ou salário permanentes, inclusive encargos sociais, abono pecuniário, gratificação natalina, férias e adicional de um terço; (destacamos) 8. Observe-se que ao dispor sobre os direitos e vantagens garantidos ao servidor em razão da natureza irrecusável da requisição, a lei é clara ao assegurar a remuneração ou salário permanentes, ou seja, aquelas que compõem as vantagens do cargo efetivo. 9. De acordo com o art. 41, da Lei nº 8.112, de 1990, remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei, vejamos: NT - Concessão de adicional e insalubridade a servidor requisitado (DPU) 2
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. (grifos nossos) 1º A remuneração do servidor investido em função ou cargo em comissão será paga na forma prevista no art. 62. 2º O servidor investido em cargo em comissão de órgão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a remuneração de acordo com o estabelecido no 1º do art. 93. 10. No que se refere à estrutura remuneratória dos servidores titulares dos cargos da Carreira de Perito Médico Previdenciário, cabe dispor o que estabelece o art. 32 da Lei nº 11.907, de 02 de fevereiro de 2009: Art. 32. A estrutura remuneratória dos cargos da Carreira de Perito Médico Previdenciário e da Carreira de Supervisor Médico-Pericial terá a seguinte composição: I - Vencimento Básico; e II - Gratificação de Desempenho de Atividade de Perícia Médica Previdenciária - GDAPMP. 11. Assim, em regra, o servidor ocupante do cargo de Perito Médico Previdenciário quando requisitado para a Defensoria Pública da União terá assegurado da sua remuneração o seu vencimento básico e a Gratificação de Desempenho de Atividade de Perícia Médica Previdenciária - GDAPMP. Adicional de Insalubridade 12. Sobre o pagamento do adicional de insalubridade cumpre-nos observar o que dispõe o art. 68 da Lei nº 8.112, de 1990: Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade em locais insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um adicional sobre o vencimento do cargo efetivo. (...) 2 o O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que deram causa a sua concessão. (grifos nossos) NT - Concessão de adicional e insalubridade a servidor requisitado (DPU) 3
13. Nesse sentido é o disposto na Orientação Normativa nº 02, de 19 de fevereiro 2010, que ao estabelecer orientação para a concessão dos adicionais ocupacionais assim dispôs, in verbis: Art. 2º A caracterização da insalubridade e/ou periculosidade nos locais de trabalho, respeitará as normas estabelecidas para os trabalhadores em geral, de acordo com as instruções contidas nesta Orientação Normativa. Art. 5 A concessão dos adicionais de insalubridade, periculosidade e irradiação ionizante, bem como a gratificação por trabalhos com Raios-X ou substâncias radioativas, estabelecidos na legislação vigente, são formas de remuneração do risco à saúde dos trabalhadores e tem caráter transitório, enquanto durar a exposição. (...) Art. 6º Para fins de concessão do adicional de insalubridade em decorrência de exposição permanente ou habitual a agentes biológicos, devem ser verificadas a realização das atividades e as condições estabelecidas no Anexo I, bem como observados os Anexos II e III. (...) Art. 10. O pagamento dos adicionais e da gratificação de que trata esta Orientação Normativa é suspenso quando cessar o risco ou o servidor for afastado do local ou atividade que deu origem à concessão. (grifos nossos) Parágrafo único: Cabe à unidade de recursos humanos do órgão realizar a atualização permanente dos servidores que fazem jus aos adicionais no respectivo módulo do SIAPENet, conforme movimentação de pessoal, sendo, também, de sua responsabilidade, proceder a suspensão do pagamento, mediante comunicação oficial ao servidor interessado. Anexo II Atividades não caracterizadoras para efeito de pagamento de adicionais ocupacionais: I aquelas do exercício de suas atribuições, em que o servidor fique exposto aos agentes nocivos à saúde apenas em caráter esporádico ou ocasional; II situações ocorridas longe do local de trabalho ou em que o servidor deixe de exercer o tipo de trabalho que deu origem ao pagamento do adicional; III Aquelas em que o servidor ocupe função de chefia ou direção, com atribuição de comando administrativo; IV Aquelas em que o servidor somente mantenha contato com pacientes em área de convivência e circulação, ainda que o servidor permaneça nesses locais; V Aquelas que são realizadas em local impróprio, em virtude do gerenciamento inadequado ou problemas organizacionais de outra ordem; VI Aquelas consideradas como atividades-meio ou de suporte, em que não há obrigatoriedade e habitualidade do contato; e VII Aquelas em que o servidor manuseia objetos que não se enquadram como veiculadores de secreções do paciente, ainda que sejam prontuários, receitas, vidros de remédio, recipientes fechados para exame de laboratório e documentos em geral. (destacamos) NT - Concessão de adicional e insalubridade a servidor requisitado (DPU) 4
14. Isto posto, o adicional de insalubridade é uma vantagem concedida aos servidores que trabalhem com habitualidade em locais insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida. 15. Dessa forma, entende-se que o adicional de insalubridade não se afigura como parcela integrante da remuneração, tampouco como uma vantagem pecuniária permanente estabelecida em lei, que compõem a estrutura remuneratória do cargo de Perito Médico Previdenciário, uma vez que tal adicional possui caráter transitório, e a sua concessão encontra-se condicionada ao servidor que trabalhe com habitualidade em local insalubre, e em razão do risco à saúde do servidor, bem como enquanto durar essa exposição. 16. O pagamento do adicional de insalubridade é suspenso quando cessar o risco ou o servidor for afastado do local ou atividade que deu origem à sua concessão, bem como não será devido nas situações ocorridas longe do local de trabalho do servidor ou quando este deixar de exercer o tipo de trabalho que gerou o direito à percepção do referido adicional. 17. Ressalte-se, por oportuno, que quando de seu retorno à atividade no seu órgão de origem, o servidor somente voltará a perceber o adicional de insalubridade se reassumidas as mesmas atividades e condições que ensejaram o pagamento da referida vantagem, conforme disposto nos normativos que regem a matéria. CONCLUSÃO 18. Por todo o exposto, o pagamento do adicional de insalubridade só é devido enquanto o servidor estiver exposto à situações comprovadamente insalubres, e somente enquanto nelas permanecer, devendo ser suspenso em caso de afastamento das atividades ou extinto quando cessarem as condições ou riscos que deram causa à sua concessão, em observância ao que determina o art. 68 da Lei nº 8.112, de 1990, e a Orientação Normativa nº 02, de 2010. 19. Desta feita, o servidor que esteja afastado do local ou atividade que deu origem à concessão do adicional de insalubridade não fará jus a sua percepção, independente do órgão para o qual tenha ocorrido a sua movimentação. NT - Concessão de adicional e insalubridade a servidor requisitado (DPU) 5
20. Com tais esclarecimentos, sugere-se o envio dos autos à Coordenação-Geral de Recursos Humanos do Ministério da Justiça, órgão setorial da consulente, para conhecimento, manifestação e posterior encaminhamento à Defensoria Pública da União no Piauí - DPU/PI, com os esclarecimentos requeridos. À consideração superior. Brasília, 13 de setembro de 2012. MÁRCIA ALVES DE ASSIS Chefe de Divisão De acordo. Á consideração superior. Brasília, 14 de setembro de 2012. ANA CRISTINA SÁ TELES D ÁVILA Coordenadora-Geral de Elaboração, Orientação e Consolidação das Normas Aprovo. Encaminhe-se à Coordenação-Geral de Recursos Humanos do Ministério da Justiça, na forma proposta. Brasília, 14 de setembro de 2012. ROGÉRIO XAVIER ROCHA Diretor do Departamento de Normas e Procedimentos Judiciais de Pessoal - Substituto NT - Concessão de adicional e insalubridade a servidor requisitado (DPU) 6