REMOÇÃO DO ÓLEO DA ÁGUA PRODUZIDA SINTÉTICA UTILIZANDO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR COMO ADSORVENTE

Documentos relacionados
UTILIZAÇÃO DO BAGAÇO DA CANA DE AÇÚCAR COMO ADSORVENTE PARA REMOÇÃO DO ÓLEO DA ÁGUA PRODUZIDA

ESTUDO DA ADSORÇÃO DE CHUMBO UTILIZANDO COMO ADSORVENTE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR ATIVADO

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A DIATOMITA E VERMICULITA NO PROCESSO DE ADSORÇÃO VISANDO APLICAÇÃO NO TRATAMENTO DE ÁGUAS PRODUZIDAS

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DO CARVÃO VEGETAL NA ADSORÇÃO DE PETRÓLEO EM TOLUENO

Utilização de lama vermelha tratada com peróxido de BLUE 19

AVALIAÇÃO DO PODER ADSORTIVO DA PALMA FORRAGEIRA (Opuntia tuna Mill) SEM CASCA PARA USO NA REMOÇÃO DE GASOLINA COMUM EM CORPOS D'ÁGUA

2 o CONGRESSO BRASILEIRO DE P&D EM PETRÓLEO & GÁS

DESSULFURIZAÇÃO ADSORTIVA DO CONDENSADO ORIUNDO DA PIRÓLISE DE PNEUS INSERVÍVEIS

ESTUDO DE ADSORÇÃO DE COBRE II UTILIZANDO CASCA DE ABACAXI COMO BIOMASSA ADSORVENTE

Resumo. Luciana de Jesus Barros; Layne Sousa dos Santos. Orientadores: Elba Gomes dos Santos, Luiz Antônio Magalhães Pontes

EFEITO DA TEMPERATURA DE GASEIFICAÇÃO DE BIOMASSA NA ADSORÇÃO DE CORANTE REATIVO

Uso de vermiculita revestida com quitosana como agente adsorvente dos íons sintéticos de chumbo (Pb ++ )

USO DE RESÍDUOS TRATADOS PARA ADSORÇÃO DO CORANTE AZUL BRILHANTE REMAZOL EM EFLUENTE SINTÉTICO

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1Comprimento de onda do corante Telon Violet

AVALIAÇÃO DO USO DE BIOMASSA COMO ADSORVENTE PARA A SEPARAÇÃO DE CONTAMINANTES ORGÂNICOS EM EFLUENTES LÍQUIDOS

6º CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM PETRÓLEO E GÁS

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO BAGAÇO DE CANA-DEAÇÚCAR

REMOÇÃO DE COR DE SOLUÇÃO AQUOSA POR ADSORÇÃO UTILIZANDO PÓ DE SERRAGEM DE PINUS sp.

ESTUDO DA ADSORÇÃO DO CORANTE BÁSICO AZUL DE METILENO POR CASCAS DE Eucalyptus grandis LIXIVIADAS

Risco de trabalhos realizados com água produzida real

USO DE PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL NA OTIMIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS DO PROCESSO DE ADSORÇÃO COM TURFA PARA REMOÇÃO DA TURBIDEZ DE EFLUENTE OLEOSO

ESTUDO DA ADSORÇÃO DO CORANTE AZUL DE METILENO POR PALHA DE AZEVÉM (Lolium multiflorum Lam.) TRATADA COM NaOH

ESTUDO TERMODINÂMICO DA REMOÇÃO DO CORANTE AZUL 5G POR ARGILA BENTONITA SÓDICA NATURAL

ESTUDOS DA ÁGUA PRODUZIDA ATRAVÉS DOS PARAMETROS TOG, CONDUTIVIDADE, PH, TURBIDEZ E SALINIDADE

Uso de Vermiculita Revestida com Quitosana como Agente Adsorvente dos Íons Sintéticos de Chumbo (Pb ++ )

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO DE FENÓIS TOTAIS E SURFACTANTES EM ÁGUA PRODUZIDA POR MEIO DE CARVÃO ATIVADO

ESTUDO DO PROCESSO DE PURIFICAÇÃO DE BIODIESEL DE CANOLA POR ADSORÇÃO EM CARVÃO ATIVADO

Estudo cinético para adsorção das parafinas C 11, C 12 e C 13 em zeólita 5A.

PQI-2321 Tópicos de Química para Engenharia Ambiental I

Ribeiro Lima. Aluna de Iniciação Científica PIVIC/UEPB, discente do curso de Química Industrial

Adsorção do corante Rodamina B de soluções aquosas por zeólita sintética de cinzas pesadas de carvão

ESTUDO COMPARATIVO DE ADSORÇÃO DE PETRÓLEO A PARTIR DE AREIA DE PRAIA, PARAFINA GRANULADA E GRAFITE EM PÓ.

SÍNTESE DE CARVÃO ATIVADO FISICAMENTE COM VAPOR DE ÁGUA VISANDO TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS PARA FINS DE REÚSO

II CAPACIDADE DE ADSORÇÃO DO CORANTE REATIVO AZUL 5G EM CASCA DE ARROZ E CASCA DE SOJA COMO BIOSSORVENTES

APLICAÇÃO DE BIOADSORVENTE DE CASCA DE COCO VERDE PARA O TRATAMENTO DE EFLUENTES OLEOSOS

INFLUÊNCIA DO DIÂMETRO DE ENTRADA TANGENCIAL NA EFICIÊNCIA DE SEPARAÇÃO EM HIDROCICLONES.

ESTUDO CINÉTICO PARA ADSORÇÃO DO SISTEMA UNDECANO/ISODODECANO EM ZEÓLITA 5 A

REMEDIAÇÃO DE CASCALHO DE PERFURAÇÃO ATRAVÉS DE TENSOATIVOS: REMOÇÃO DE NACL

Adsorção de Azul de Metileno em Fibras de Algodão

ESTUDO DA CINÉTICA E DAS ISOTERMAS DE ADSORÇÃO DE U PELO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR

Avaliação da casca de banana como potencial biossorvente natural na remoção de cobre da água (1).

TRATAMENTO DE ÁGUA DA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO COM MATERIAIS ADSORVENTES.

AVALIAÇÃO DA BIOSSORÇÃO EM ÁGUA PRODUZIDA A PARTIR DA FIBRA DE CANA-DE-AÇÚCAR. Apresentação: Pôster

PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL APLICADO NO PROCESSO DE FLOTAÇÃO NA SEPARAÇÃO PETRÓLEO-ÁGUA

DESCONTAMINAÇÃO DE CORPOS D ÁGUA UTILIZANDO MESOCARPO DE COCO EM SISTEMA DE LEITO DIFERENCIAL, VISANDO A REMOÇÃO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO

TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS CONTENDO METAIS PESADOS

ANÁLISE DE UM MEIO ADSORVENTE, UTILIZANDO A MORINGA OLEÍFERA LAM, PARA APLICAÇÃO EM PETRÓLEO

ESTUDO DA DESSORÇÃO DO CORANTE TÊXTIL REATIVO AZUL 5G ADSORVIDO EM BAGAÇO DE MALTE

BIOSSORÇÃO DE CORANTE CATIÔNICO UTILIZANDO O BAGAÇO DE MALTE

UTILIZAÇÃO DA FULIGEM DE BAGAÇO DE CANA-DE- AÇÚCAR COMO ADSORVENTE DE POLUENTES ORGÂNICOS

DETERMINAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DA GASOLINA COMUM UTILIZADA NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE - PB

4. Materiais e métodos

ÓLEO DE COCO E QUEROSENE DE AVIAÇÃO: TRATAMENTO ALTERNATIVO PARA ÁGUA PRODUZIDA

INFLUÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO DE SAL NA ADSORÇÃO DE TENSOATIVOS IÔNICOS EM ARENITOS

UTILIZAÇÃO DA FARINHA DA CASCA DE LARANJA COMO BIOADSORVENTE EM EFLUENTES TÊXTEIS

Palavras-chave: Tratamento de águas produzidas, Carvão ativo, Adsorção, Extração Líquido-Líquido

MECANISMO DE ADSORÇÃO DE PARACETAMOL EM CARVÕES DE ORIGEM NACIONAL

TRATAMENTO DE EFLUENTE DE INDÚSTRIAS DE LATICÍNIOS ATRAVÉS DOS PROCESSOS ADSORTIVOS COM ARGILAS SÓDICAS

Investigação dos parâmetros que influenciam na metodologia de extração de óleos e graxas através de um planejamento fatorial 2 3.

1. OBJETIVO DO TRABALHO

VIABILIDADE DO USO DA CASCA DE BANANA COMO ADSORVENTE DE ÍONS DE URÂNIO

REMOÇÃO DE GASOLINA PRESENTE EM CORPOS D ÁGUA UTILIZANDO PALHA DO MILHO COMO ADSORVENTE EM LEITO DIFERENCIAL

O EFEITO DA ADIÇÃO DE CLORETO DE SÓDIO NO COMPORTAMENTO DAS ISOTERMAS DE ADSORÇÃO DE CORANTE AZUL REATIVO BF-5G EM CARVÃO ATIVADO DE OSSO

UTILIZAÇÃO DE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR COMO ADSORVENTE DE HIDROCARBONETOS EM ÁGUA PRODUZIDA SINTÉTICA

BIOSSORÇÃO EM EFLUENTES TÊXTEIS UTILIZANDO-SE CASCAS DE MARACUJÁ MODIFICADAS EMPREGANDO PLANEJAMENTO FATORIAL

ANÁLISE DE QUALIDADE DA ÁGUA PRODUZIDA DESCARTADA A PARTIR DE PLATAFORMAS PRODUTORAS DE PETRÓLEO

UTILIZAÇÃO DE RESÍDUO DE INDÚSTRIA DE CUIA COMO UM ADSORVENTE PARA A REMOÇÃO DE CORANTE ORGÂNICO EM SOLUÇÃO AQUOSA

ANÁLISE DE ADSORVENTES NATURAIS EMPREGADOS NA REMOÇÃO DE METAIS PESADOS PARA O TRATAMENTO DE EFLUENTES

ANÁLISE ESTATÍSTICA E CURVA DE SUPERFÍCIE DOS RENDIMENTOS DA EXTRAÇÃO POR SOLVENTE DO ÓLEO DE PINHÃO MANSO

POTENCIAL DE APLICAÇÃO DO BAGAÇO DA CANA-DE-AÇÚCAR E DO ARROZ NA REMOÇÃO DE CONTAMINANTES PRESENTES NA ÁGUA PRODUZIDA DE PETRÓLEO

DESSULFURIZAÇÃO DE ÁGUAS PRODUZIDAS DA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO UTILIZANDO AMINAS COMERCIAIS.

AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DO ETANOL NA ADSORÇÃO DE HIDROCARBONETOS EM BAGAÇO DE CANA

REMOÇÃO DE DICLOFENACO DE POTÁSSIO USANDO CARVÃO ATIVADO COMERCIAL COM ALTA ÁREA DE SUPERFÍCIE

INTERFACE SÓLIDO - LÍQUIDO

ESTUDO DO PODER ADSORTIVO DO RESÍDUO GERADO NA PRODUÇÃO DE CERVEJA

UTILIZAÇÃO DO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR COMO MATERIAL ADSORVENTE DO METAL NÍQUEL

EXTRAÇÃO DE CLORETOS EM CASCALHO DE PETRÓLEO UTILIZANDO MICROEMULSÕES

UTILIZAÇÃO DA LAMA VERMELHA PARA TRATAMENTO DE EFLUENTES TÊXTEIS COM ELEVADA CARGA DE CORANTE REATIVO

EFEITO DA FRAÇÃO MOLAR NA CINÉTICA DE ADSORÇÃO BICOMPOSTO DE ÍONS PRATA E COBRE EM ARGILA BENTONÍTICA

ESTUDO DA REMOÇÃO DE CORANTES REATIVOS PELO PROCESSO DE ADSORÇÃO USANDO ARGILA CHOCOBOFE IN NATURA

USO DA SEMENTE DE MORINGA OLEIFERA NO TRATAMENTO DE EFLUENTES DE OFICINAS MECÂNICAS.

ESTUDO DA EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO DE PETRÓLEO DA ÁGUA PRODUZIDA (PETROBRAS RN/CE) UTILIZANDO MATERIAIS ADSORVENTES

INFLUÊNCIA DA PRESENÇA DE SAIS NA ADSORÇÃO DO CORANTE VERMELHO PROCION UTILIZANDO ALUMINA ATIVADA

AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FILTRANTE DOS CONSTITUINTES DA MORINGA OLEÍFERA LAM PARA TRATAMENTO DE ÁGUA PRODUZIDA

CORANTE REATIVO VERMELHO REMAZOL RGB EM CARVÃO ATIVADO COMERCIAL E LODO GASEIFICADO PROVENIENTE DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTE TÊXTIL

EXPERIMENTO 3 ADSORÇÃO Determinação da Isoterma de adsorção do azul de metileno em fibra de algodão

TRATAMENTO DE EFLUENTE UTILIZANDO ELETROFLOTAÇÃO: ESTUDO DE CASO PARA REUTILIZAÇÃO DE ÁGUA EM VIVEIRO DE EUCALIPTO.

USO DE SISTEMAS MICROEMULSIONADOS PARA REMOÇÃO DE PETRÓLEO DE AREIA PRODUZIDA. Aluna: Lorraine Greco Orientadora: Marcia Khalil Novembro 2010

ADSORÇÃO DE CORANTE ALIMENTÍCIO ARTIFICIAL AMARANTO POR FARELO DE SOJA.

ADSORÇÃO DE AZUL DE METILENO SOBRE CARVÃO ATIVO

AVALIAÇÃO DE FLUIDOS DA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO - ESTUDOS PRELIMINARES DO PROCESSO DE ADSORÇÃO EM ÁGUAS DE PRODUÇÃO CONTAMINADAS COM PETRÓLEO

AULA PRÁTICA Nº / Março / 2016 Profª Solange Brazaca DETERMINAÇÃO DE TANINOS

ANÁLISE ESTATÍSTICA E CURVA DE SUPERFÍCIE DOS RENDIMENTOS DA EXTRAÇÃO POR SOLVENTE DO ÓLEO DE PINHÃO MANSO

SOLUBILIDADE DE SÓLIDOS EM LÍQUIDOS

ESTUDO AVALIATIVO DA CAPACIDADE DE ADSORÇÃO DO METAL PESADO CHUMBO (II) EM VERMICULITA REVESTIDA COM QUITOSANA

4006 Síntese do éster etílico do ácido 2-(3-oxobutil) ciclopentanona-2-carboxílico

AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE ADSORTIVA DA SÍLICA DERIVADA DA CASCA DE ARROZ UTILIZANDO O CORANTE AZUL DE METILENO

6º CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM PETRÓLEO E GÁS

Patricia Cunico, Carina P. Magdalena, Terezinha E. M. de Carvalho,

INVESTIGAÇÃO DOS POSSÍVEIS SÍTIOS DE ADSORÇÃO DE Cd +2 E Hg +2 EM SOLUÇÃO AQUOSA

Transcrição:

REMOÇÃO DO ÓLEO DA ÁGUA PRODUZIDA SINTÉTICA UTILIZANDO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR COMO ADSORVENTE E. M. de PAIVA, R. R. MAGALHÃES, E. P. dos SANTOS, A. I. C. GARNICA e F. D. da SILVA CURBELO Universidade Federal da Paraíba, Departamento de Engenharia Química E-mail para contato: evanice.medeiros@hotmail.com RESUMO Na produção de um poço de petróleo, não apenas óleo e gás são produzidos, mas também a água. Gotículas de óleo encontram-se dispersas na água produzida sob as formas livre, dissolvida e emulsionada, o que inviabiliza o seu descarte, reuso e injeção. Por este motivo a busca crescente por tratamentos alternativos desse efluente tem estimulado diversas áreas de pesquisa. O processo de adsorção tem aparecido como uma técnica de grande potencial para o tratamento de efluentes industriais, devido ao emprego de resíduos como adsorvente. A disponibilidade, o baixo custo e a não agressão ao meio ambiente torna a biomassa um adsorvente emergente. O bagaço da cana-de-açúcar foi empregado como adsorvente para remoção de óleo emulsionado na água produzida sintética. Neste estudo avaliou-se a capacidade adsortiva, através de ensaios onde variava-se as concentrações de óleo em água produzida, mantendo massas fixas de adsorvente. Os resultados mostraram que os dados experimentais foram bem representados pelos modelos de Adsorção de Langmuir e Freundlich. Entretanto, o primeiro modelo mostrou-se um pouco mais significativo nas análises estatísticas, caracterizando a adsorção em monocamada. 1. INTRODUÇÃO O aumento de resíduos resultantes dos processos industriais tem agravado os impactos negativos ao meio ambiente. Dessa forma, a preocupação com a manutenção do ecossistema juntamente com as legislações vigentes tem exigido das empresas maiores investimentos quanto ao gerenciamento dos seus efluentes. A indústria petrolífera apresenta uma grande importância no cenário econômico mundial, entretanto, suas atividades de produção e exploração geram resíduos e efluentes. O petróleo e o gás natural são misturas de hidrocarbonetos resultantes de processos físicoquímicos sofridos pela matéria orgânica durante a formação de bacias sedimentares, há milhões de anos (Curbelo, 2002). Na etapa de exploração de um poço de petróleo, além da elevação do petróleo e gás, a água presente nas formações também é trazida à superfície. As alternativas usualmente adotadas para o destino da água produzida são o descarte, a injeção e o reuso. Em todos os casos, há necessidade de tratamento específico a fim de atender as demandas ambientais, operacionais ou da atividade produtiva que a utilizará como insumo. Um dos objetivos do

tratamento é a remoção de óleo, que pode estar presente na água sob as formas livre, em emulsão (ou emulsionada) e dissolvido (Motta, 2013). No caso do descarte em corpos receptores o limite é de até 20 mg/l de teor de óleo e graxas (TOG) na água produzida, segundo a Resolução 357/2005 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). Para o descarte em plataformas marítimas de petróleo, aplica-se a Resolução 393/2007 do CONAMA, que estabelece a média aritmética simples mensal de teor de óleos e graxas de até 29 mg/l, com valor máximo diário de 42 mg/l (CONAMA, 2014). Para injeção em poços de petróleo água deverá ter no máximo 5mg/L de TOG (Gomes, 2009). Nos últimos anos, o processo de adsorção tem aparecido como uma técnica de grande potencial para o tratamento de efluentes industriais, principalmente devido à utilização de adsorventes naturais onde alguns são obtidos de subprodutos da indústria e da agricultura. Como é o caso do bagaço da cana, resíduo sólido que remanesce da moagem da cana-deaçúcar nas usinas sucroalcooleiras. Diversos países, inclusive o Brasil, realizam pesquisas sobre a reciclagem desse resíduo como matéria-prima alternativa nos diversos setores industriais, tendo em vista a preservação do meio ambiente (Souza et al., 2009). Este trabalho estudou a utilização do bagaço de cana-de-açúcar, como adsorvente, na remoção do óleo presente nas soluções que reproduzem a concentração de águas produzidas nas indústrias petrolíferas. Os resultados gerados serviram para avaliar a viabilidade deste processo. 2. METODOLOGIA 2.1 Preparação do Adsorvente O bagaço de cana-de-açúcar foi lavado em água corrente para remoção de possíveis materiais indesejáveis, como: pedaço de palha, areia ou madeira que poderiam causar interferências nos resultados experimentais. O material foi colocado em estufa SL 102 com circulação e renovação de ar à 60ºC por, aproximadamente, 40 h para remoção de umidade. Para um diâmetro médio de partículas entre 0,5 e 2 mm, o bagaço foi moído utilizando-se um moinho de facas SL - 31e peneirado utilizando-se uma sequência de peneiras da série de Tyler de malhas -9+28#. 2.2 Sintetização da Água Produzida Para cada litro de água destilada, foram adicionados 35 g de NaCl e aproximadamente, 2,0 g de óleo. Neste caso, a fase oleosa foi o querosene. As emulsões óleo/água sintéticas foram geradas empregando-se o Dispersor Extratur Quimis Q252 28, a uma rotação de 12.000 rpm em um período de 15 minutos. A partir desta solução, diluições foram realizadas a fim de se obter diferentes concentrações para água produzida. 2.3 Ensaio em Banho Finito

Foram realizados dois ensaios à temperatura ambiente (aproximadamente 30ºC) utilizando massas de adsorventes de 0,5 e 2,5 g, e um volume de 120 ml de água produzida no Banho Metabólico Dubnoff a 37,5 rpm. O tempo de equilíbrio estipulado foi de 6 h. 2.4 Separação e Determinação do Teor de Óleo: Método do clorofórmio O método do clorofórmio foi empregado para separação do óleo não adsorvido. Curbelo (2002) propôs o seguinte: coletar 100 ml de amostra; adicionar 10 ml de solvente (clorofórmio); agitar por 5 minutos; coletar a fase solvente após separação de fases; centrifugar a fase solvente durante 2 minutos; ler a absorbância em 260 nm no espectrofotômetro; determinar a concentração do óleo através da curva de calibração. 2.5 Ajuste dos Dados de Equilíbrio aos Modelos de Adsorção (Langmuir e Freundlich) Através do balanço de massa (Equação 1), calculou-se a massa de óleo adsorvida no bagaço da cana. V C q iniciall m C final mg de óleo g de bagaço Em que, V é o volume da solução, C inicial e C final são, respectivamente, as concentrações inicial e final do óleo na solução, m é a massa de adsorvente e q representa os miligramas de óleo adsorvido por grama de bagaço. O ajuste dos dados experimentais ao modelo de Langmuir foi feito pela Equação 2. (1) q bq C m e (2) 1 bc e Em que, q é a quantidade de soluto adsorvida por unidade de massa de adsorvente; q m a quantidade máxima de soluto que pode ser adsorvida; b a constante relacionada com a energia de adsorção soluto-superfície adsorvente; e Cea concentração de equilíbrio. A isoterma do modelo de Freundlich, é dada pela Equação 3. q KC e 1/ n (3) Em que, K é a constante de Freundlich referente à capacidade da adsorção; e n é o expoente de Freundlich referente a eficiência do processo de adsorção. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Figura 1 apresenta os dados experimentais de adsorção do óleo no bagaço da cana-deaçúcar. Observa-se que a isoterma de adsorção, quando a massa de adsorvente utilizada foi de 0,5g (menor quantidade de adsorvente), apresentou resultados melhores na adsorção do óleo. Este comportamento pode ser explicado devido ao fato que foi observado que uma massa maior de adsorvente produzia uma interação menor com solução a ser tratada, pois uma quantidade considerável do adsorvente ficava sobrenadando na superfície da solução, dificultando o contato entre as fases e consequentemente influenciando o rendimento no processo de adsorção. Provavelmente um sistema de agitação mais eficiente poderia solucionar este problema. Figura 1 - Isotermas de adsorção. 10 q (mg de óleo/g de adsorvente) 8 6 4 2 Massa de 0,5 g de Adsorvente Massa de 2,5 g de Adsorvente 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Ce (mg de óleo/g de água produzida) Os dados foram tratados utilizando o método da regressão não linear, e foram determinados os parâmetros dos modelos de Langmuir e Freundlich (Tabela 1). Tabela 1 Parâmetros das isotermas de Langmuir e Freundlich Isoterma Langmuir Freundlich Parâmetros Massa de 0,5 g de Massa de 2,5 g de adsorvente adsorvente b 0,10423 0,00927 q m 38,80832 18,9247 R² 0,996 0,999 K 3,624951 0,178774 1/n 0,87 0,96 R² 0,993 0,999 Os dados da tabela 1 mostram como a adsorção para uma massa menor de adsorvente foi melhor em ambos os modelos. Isto pode ser observado para o modelo de Langmuir através do parâmetro q m que indica a adsorção máxima e no modelo de Freundlich através do parâmetro 1/n que indica a facilidade com que o processo de adsorção se verifica. Comparando os dos modelos o de Langmuir se ajustou melhor aos dados experimentais já que

no modelo de Freundlich o parâmetro 1/n ficou entre 0,5<1/n<1, que neste caso conduz a uma adsorção razoável (Samiey e Dargahi, 2010). As Figuras 2 e 3 mostram o ajuste do modelo de Langmuir para as duas massas de adsorvente utilizadas. Nestas podem-se verificar a adequação favorável do modelo de Langmuir aos dados experimentais. Figura 2 - Modelo de Langmuir para a massa de adsorvente de 0,5 g. Figura 3 - Modelo de Langmuir para a massa de adsorvente de 2,5 g. 4. CONCLUSÃO

O estudo mostra que o bagaço de cana de açúcar, in natura, é um bom adsorvente na remoção de óleo da água produzida sintética. O modelo de Langmuir se ajustou mais adequadamente aos dados experimentais, caracterizando uma adsorção em monocamada. 5. REFERÊNCIAS CAVALCANTE Jr., C. L., Separação de misturas por adsorção: dos fundamentos ao processo em escala comercial. Tese submetida ao concurso público para professor titular, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza: DEQ, 1998. CONAMA, disponível em: www.mma.gov.br/port/conama/legipesq. Consultado em 15/11/2014. CURBELO, Fabíola Dias da SILVA Estudo da remoção de óleo em águas produzidas na indústria de petróleo, por adsorção em coluna utilizando a vermiculita expandida e hidrofobizada. Dissertação de Mestrado, UFRN, Programa de Pós-graduação em Engenharia Química, Natal RN, Brasil. GOMES, E. A. Tratamento combina da água produzida do petróleo por eletroflotação e processo Fenton. Dissertação de Mestrado, UNIT, PEP, 2009. MOTTA, A. R. P.; BORGES, C. P.; KIPERSTOK, A.; ESQUERRE, K. P.; ARAUJO, P. M.; BRANCO, L. P. N.; Tratamento de água produzida de petróleo para remoção de óleo por processos de separação por membranas: revisão. Eng Sanit Ambient, Salvador, v.18, n.1, p.15-26, 2013. SAMIEY, B e DARGAHI, M, Kinets and Thermodynamics of adsorption of Congo red on cellulose, Central Eur. J. Chem. 8 (2010) 906-912. SOUZA, R. S.; SANTOS, T. C.; LIMA, L, R. Reuso do Bagaço da Cana-de-açúcar em Tratamento de Efluentes Industriais através da Adsorção. I Congresso Paraibano de Gestão do Lixo, Educação Ambiental e Sustentabilidade. Campina Grande PB. 2009.