0010069-18.2014.5.04.0761 RO Fl. 1 DESEMBARGADORA MARIA CRISTINA SCHAAN FERREIRA Órgão Julgador: 6ª Turma Recorrente: Recorrido: Origem: Prolator da Sentença: PAVSOLO CONSTRUTORA LTDA. - Adv. Rosângela Almeida JORGE AURI DOS SANTOS - Adv. Itomar Espíndola Doria Vara do Trabalho de Triunfo JUIZ FERNANDO REICHENBACH E M E N T A ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. A prova pericial, não infirmada por qualquer outro elemento probatório, demonstra a prestação laboral sob condições insalubres em graus médio (exposição ao ruído), sendo devido, assim, o adicional de insalubridade. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos. ACORDAM os Magistrados integrantes da 6ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 04ª Região: por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. Intime-se. Porto Alegre, 16 de setembro de 2015 (quarta-feira).
0010069-18.2014.5.04.0761 RO Fl. 2 R E L A T Ó R I O Inconformada com parte da sentença das fls. 237-243, a reclamada interpõe recurso ordinário às fls. 250v-253. Recorre em relação ao adicional de insalubridade para o agente ruído e honorários periciais. Não há contrarrazões. Sobem os autos a este Tribunal para análise. É o relatório. V O T O DESEMBARGADORA MARIA CRISTINA SCHAAN FERREIRA (RELATORA): ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. AGENTE RUÍDO. O Juízo de origem acolheu as conclusões periciais e condenou a reclamada ao pagamento de adicional de insalubridade em grau médio, durante todo o contrato de trabalho, calculado sobre o salário mínimo, à exceção de um mês, no qual é devido o adicional, em grau máximo. A recorrente não concorda com a decisão de primeiro grau em relação ao adicional de insalubridade em grau médio proveniente do agente ruído. Alega que o autor recebeu os EPIs corretos na quantidade e momento necessários a ilidir qualquer agente insalubre. Colaciona entendimento jurisprudencial. Salienta que o nível de ruído, necessário para aferição da existência de insalubridade não teve sua medição realizada no local e nas condições de trabalho exercidas pelo reclamante. Sustenta que a conclusão pericial foi determinada exclusivamente pelas informações prestadas pelo
0010069-18.2014.5.04.0761 RO Fl. 3 reclamante, as quais foram impugnadas. Em caso de manutenção da condenação, defende que a base de calculo deve ser aquela prevista no salário mínimo nacional, nos termos da Sumula Vinculante nº 4 do STF. Protesta sem razão. De acordo com o laudo pericial (fls. 203-207), o reclamante, desempenhando a função de Operador de Rolo, trabalhou na obra de duplicação da BR 386 no trecho com 34 km entre Tabaí e Estrela, onde operava um rolo compactador em atividades de terraplenagem e preparação para a pavimentação da via. Ao contrário do que quer fazer crer a recorrente, a inspeção técnica realizada observou as informações prestadas pelas partes, lembrando que estiveram presentes no momento da perícia os representantes da reclamada Jorge Paulo Petry (diretor) e Sidney J. Goedert (técnico de segurança do trabalho). Consta expressamente no laudo que "Os representantes da reclamada confirmaram a execução das atividades conforme descrito pelo reclamante." Outrossim, cumpre salientar que "No horário determinado para realização da inspeção pericial as atividades estavam paralisadas devido ao mau tempo" (fl. 205), o que evidencia a impossibilidade de medição do ruído no ambiente de trabalho. Mesmo assim, não há elementos que relativizem o trabalho pericial, o qual foi realizado por profissional qualificado e de confiança do Juízo, que assim esclareceu: Examinando os Autos encontramos o PPP - Perfil Profissiográfico Profissional fornecido pela reclamada ao reclamante JORGE AURI DOS SANTOS onde está registrado
0010069-18.2014.5.04.0761 RO Fl. 4 que, no período entre 13/01/2011 a 19/02/2014, conforme avaliação por dosimetria o reclamante trabalhava exposto a ruído 91,50 db(a). O nível registrado é superior ao limite de tolerância estabelecido na NR 15 anexo n 1 para exposição ao ruído contínuo ou intermitente. Ainda, elucidou o expert em laudo complementar que "A avaliação por dosimetria considera todas as variações do ruído ocorridas durante um ciclo de trabalho. Assim, se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois ou mais períodos de exposição a ruído de diferentes níveis, a dosimetria considera os seus efeitos combinados" (fl. 221 verso). Quanto aos equipamentos de proteção individual, consignou o perito que: Conforme as fichas de registros de entregas de EPI apresentadas pela reclamada (fls. 47 a 51), o reclamante JORGE AURI DOS SANTOS recebeu apenas um protetor auricular (CA 8.092) na mesma data da admissão e não teve substituição. Os protetores auriculares de inserção tem durabilidade estimada de três meses. Assim, resta comprovada a versão do reclamante que disse que não tinha protetores auriculares. No caso, o laudo pericial, elaborado por perito de confiança do juízo, é enfático quanto à existência de condições insalubres no trabalho desenvolvido pelo reclamante, destacando que os protetores auriculares utilizados são insuficientes a elidir a insalubridade decorrente do agente ruído, tendo em vista que concedidos em apenas uma oportunidade durante
0010069-18.2014.5.04.0761 RO Fl. 5 toda a contratualidade. Ou seja, o simples fato de o empregado ter acesso a protetores auriculares e até mesmo utilizá-los não é indicativo da elisão da insalubridade proveniente de ruído, pois é necessário averiguar se tais EPIs são adequados e eficazes, considerando as atividades desenvolvidas e o ruído a que o autor estava exposto. Ausente essa comprovação, a sentença merece ser mantida, no tópico, por seus próprios fundamentos. Ressalte-se que a sentença já fixou o salário mínimo como base de cálculo do adicional, nada devendo ser reparado no aspecto. Nega-se provimento ao recurso. HONORÁRIOS PERICIAIS. Postula a reclamada seja afastada a condenação referente aos honorários periciais ou, sucessivamente, sejam reduzidos os valores. Examina-se. Sucumbente na pretensão objeto da perícia, deve a reclamada responder pelos honorários periciais, nos termos do artigo 790-B, da CLT. Quanto ao valor arbitrado (R$ 1.200,00), encontra-se consentâneo com o usualmente arbitrado, nesta Justiça Especial, para perícias semelhantes à realizada nos presentes autos, com a confecção, inclusive, de laudo complementar. Recurso a que se nega provimento. PREQUESTIONAMENTO. Quanto ao prequestionamento, tem-se como prequestionados os dispositivos legais invocados pelas partes, adotando-se a Orientação
0010069-18.2014.5.04.0761 RO Fl. 6 Jurisprudencial nº 118 da SBDI-1 do TST, segundo a qual: PREQUESTIONAMENTO. TESE EXPLÍCITA. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA N 297. Inserida em 20.11.97. Havendo tese explícita sobre a matéria, na decisão recorrida, desnecessário contenha nela referência expressa do dispositivo legal para terse como prequestionado este. PARTICIPARAM DO JULGAMENTO: DESEMBARGADORA MARIA CRISTINA SCHAAN FERREIRA (RELATORA) JUIZ CONVOCADO ROBERTO ANTONIO CARVALHO ZONTA DESEMBARGADOR RAUL ZORATTO SANVICENTE