A economia do conhecimento. A importância do ambiente institucional, organizacional e regulatório



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Transcrição:

registo de patentes em Espanha, Portugal e Grécia foi de % da média da UE em 1998, contra 1% em 1989 (Mapa 13). Em suma, os sectores científico e tecnológico nos países da coesão caracterizam-se por uma baixa intensidade de IDT, uma sobrerepresentação do sector público, um baixo nível de envolvimento do sector privado, baixos níveis de ligação com as empresas, e ainda por baixos níveis de transferência de tecnologia. Tais diferenças dão origem a problemas relativamente à disponibilidade de apoios, uma vez que as injecções de capital serviriam apenas para promover o sistema vigente, perpetuando assim, ou mesmo reforçando, os problemas estruturais do próprio sistema. Consequentemente as políticas de desenvolvimento regional dever-se-ão centrar no reforço do ambiente no qual as empresas operam e, particularmente, na ligação entre os sectores científico e empresarial. Capacidade tecnológica muito concentrada a nivel regional... A distribuição regional da capacidade de inovação na UE reflecte a estrutura dos sistemas científico e tecnológico nacionais, mas as diferenças regionais dentro dos Estados-Membros fazem aumentar ainda mais as disparidades. Há uma forte concentração de IDT e de inovação nas regiões mais desenvolvidas da UE, sendo as dez primeiras regiões (na Alemanha, Reino Unido, França e Finlândia) responsáveis por cerca de um terço de toda a despesa na União. Por outro lado, 17 das 25 regiões com a mais baixa intensidade de IDT (menos que 25% da média da UE) são regiões Objectivo 1. Verificam-se disparidades semelhantes nas despesas das empresas, nos recursos humanos e nos pedidos de registo de patentes. As diferenças regionais são particularmente vincadas nos países da coesão. Na Grécia, por exemplo, mais de metade da despesa em IDT é feita em Attiki (a região de Atenas), que é também responsável por dois terços dos pedidos de registo de patentes. Em Espanha, mais de três quartos da IDT das empresas está localizada em apenas três regiões (3% só em Madrid). o que afecta a capacidade inovadora da actividade económica A elevada intensidade de IDT no sector privado e as ligações eficazes entre os sectores científico e empresarial são elementos-chave para a inovação e, consequentemente, para o crescimento económico. A intensidade de IDT é também relativamente elevada em quase todas as primeiras 25 regiões em termos de número de empregados nos sectores da alta tecnologia (mais de 12% do total). Ao invés, nas 25 regiões com menor intensidade de IDT, o número de empregados nos sectores da alta tecnologia é muito baixo (4% ou menos do total). De acordo com os resultados preliminares do segundo Inquerito Comunitário à Inovação, o primeiro grupo de regiões são aquelas que registam mais elevada intensidade de inovação na indústria transformadora, maior número de empresas com actividades inovadoras e maior volume de negócios em produtos inovadores. Por outro lado, a maior parte das regiões da Grécia, Espanha e Portugal situam-se no extremo oposto (ver Mapa A.14). A importância do ambiente institucional, organizacional e regulatório Estas diferenças estruturais nas áreas da ciência e tecnologia não explicam, por si só, a debilidade da estrutura da actividade económica nas regiões menos desenvolvidas. É cada vez mais consensual que, nas regiões em apreço, a incapacidade de inovação das empresas não se fica apenas a dever a problemas científicos ou tecnológicos, mas também a limitações de ordem regulatória, organizacional e institucional do ambiente em que as empresas operam. Nas regiões menos favorecidas, este ambiente é muitas vezes caracterizado por uma combinação de debilidades estruturais, tais como a falta de dinamismo do sector dos serviços às empresas; sistemas financeiros deficientemente desenvolvidos; fracas ligações entre os sectores público e privado; especialização sectorial em indústrias tradicionais com pouca tendência para a inovação; baixos níveis de apoio público à inovação; e esquemas de apoio mal adaptados às necessidades das PME locais. Assim sendo, um objectivo primeiro da política regional deverá ser o de ajudar a desenvolver novas formas de organização e cooperação institucional, melhorar a competitividade estrutural das empresas sediadas em regiões menos desenvolvidas e promover a reorientação dos recursos para áreas inovadoras e mais dinâmicas da actividade económica. A economia do conhecimento A tecnologia da informação e comunicação (TIC) está na base da economia do conhecimento. É ela que permite armazenar, processar, e fazer circular, rapidamente e a baixo custo, um número de dados cada vez maior, sendo uma fonte cada vez mais importante de ganhos de produtividade.

Canarias (E) Guadeloupe Martinique Réunion (F) (F) Guyane (F) (F) Açores (P) Madeira (P) SIG16 13 Pedido de registo de patentes na Europa, média 1997 a 1999 Número por milhão de habitantes < 3 3-9 9-15 15-21 21 sem dados UE15 = 119,4 Desvio-padrão = 116,3 D (Sachsen): NUTS1 Fonte: Eurostat 1 5 km EuroGeographics Association para as fronteiras administrativas 61

A transição para a sociedade da informação, contudo, não é apenas uma questão de tecnologia. As mudanças que implica são potencialmente as de maior impacto desde a Revolução Industrial, e afectam profundamente a organização tanto da economia como da sociedade. A gestão destas mudanças representa, hoje, um dos maiores desafios para a União. Assim, a iniciatíva da Comissão e-europa Uma sociedade de informação para todos, subscrita pelo Conselho Europeu de Lisboa em Março de, tem por objectivo aumentar a taxa de utilização das tecnologias digitais e garantir que todos tenham as competências necessárias para as utilizar. Estima-se que os países da UE gastem, em média, 6% do PIB em TIC (ver Gráfico A.23). As indústrias da informação e da comunicação estão a crescer, em termos reais, a um ritmo 5 pontos percentuais mais rápido do que os outros sectores, servindo de motor ao crescimento da economia na UE 23.Asindústrias de TIC foram, em 1997, responsáveis, por cerca de 4% do emprego na UE 24, estimando-se que um em cada quatro novos empregos é criado em TIC ou sectores afins 25. Se se incluir os chamados sectores baseados no conhecimento, verifica-se que, em termos globais, estes representaram cerca de um quarto do emprego e a maioria dos novos postos de trabalho criados em anos recentes 26 A liberalização do mercado combinada com a inovação tecnológica cada vez mais rápida favorece a concorrência no fornecimento das telecomunicações, diminuindo os custos e aumentando a escolha e a qualidade dos serviços na maior parte da UE: Os preços de acesso à Internet diminuiram drasticamente nos últimos anos, muito embora continuem a constituir uma barreira a uma utilização mais alargada em alguns países. O potencial é enorme O comércio electrónico (e-comércio) está a expandir-se rapidamente, obrigando as empresas a repensar os seus processos comerciais e, ao mesmo tempo, a criar novas formas de organização, incluindo novos tipos de mercado e diferentes formas de relação comercial. O comércio electrónico business to business (B2B) via Internet o seu principal segmento, que se estima represente hoje 8% do total está a desenvolver-se rapidamente, prevendo-se que venha a crescer mais de 9% ao ano durante o período 1999-3 27. A utilização das tecnologias do e-comércio nas relações B2B pode aumentar a eficiência através da redução e racionalização dos processos comerciais. Os seus efeitos são já evidentes na concepção de produtos (diminuindo o processo de concepção e aumentando as possibilidades de personalização e a padronização de peças), bem como na produção e na logística (custos de inventário mais baixos, produção mais rápida, menores custos de fornecimento). Estima-se que a disseminação das relações B2B nos EUA permita uma redução potencial dos custos comerciais entre 13% e 23% 28. Muito embora o mercado do e-comércio esteja menos desenvolvido na UE, prevê-se uma reduçãomédia de 18% das despesas correntes e de 15% dos custos das vendas (ver Gráfico A.24). Adopção e domínio das TIC pelas regiões é essencial para o seu desempenho económico O nível de penetração das TIC, definido como a quota das despesas em TIC 29 no PIB, é uma medida importante da transição de um país para a Sociedade de Informação, bem como da sua capacidade de inovação ede competitividade. Em termos desta medida, a diferença entre os países da coesão e os outros Estados-Membros da UE é pequena e com tendência a diminuir a taxa mais elevada de aumento desta despesa durante o período 1991 a 1999 verificou-se na Grécia, bem como na Itália. Contudo, em termos absolutos, e dado o seu baixo nível de PIB, os países da coesão terão futuramente que investir montantes relativamente elevados em TIC por forma a chegar ao nível dos outros. Muito embora o melhoramento das infra-estruturas de comunicação e informação seja um elemento determinante para a capacidade de participar na Sociedade de Informação, existem igualmente outros factores que desempenham um papel cada vez mais importante, tais como a sensibilização de pessoas e entidades, os níveis de escolaridade, o papel do sector público na promoção da Sociedade de Informação e a capacidade de organização e de investimento das empresas. As discrepâncias nas infra-estruturas de telecomunicações estão a diminuir Nos últimos anos as diferenças entre Estados-Membros nos acessos a um telefone de rede fixa diminuiram significativamente (Gráfico 14). Na maioria dos países da União, a proporção de agregados familiares com linha telefónica é de cerca de 92% da média da UE, mas, em Portugal, situa-se ainda nos 69%, contra 97% na Suécia 3.Na Finlândia, o valor é de apenas 78%, embora isso seja largamente compensado pela elevada proporção de agregados que dispõem de telefone móvel e de telefone sem rede fixa (18%, quase cinco vezes superior à média da UE). Fenómeno idêntico regista-se também, embora em menor escala, em Portugal (12%) e na Irlanda (onde apenas 84% dos agregados dispõem de telefone de rede fixa); um quinto dos agregados portugueses e um décimo dos irlandeses, porém, não têm sequer telefone em casa, 62

contra uma média europeia de apenas 4%. Verificam-se, contudo, diferenças consideráveis entre regiões de mais de 15 pontos percentuais na proporção de agregados com rede fixa na Alemanha, França e Itália. Nos países candidatos o número total de linhas telefónicas por 1 habitantes é de menos de metade da média da UE, embora tanto na Eslovénia como, em menor escala, na Estónia, esse número seja superior. 31. Telefones móveis e cabo podem ser alternativa para acesso à Internet... Muito embora haja variações no grau de penetração dos telefones móveis na União, as diferenças não reflectem necessariamente os níveis relativos de prosperidade. Todos os Países Nórdicos têm uma taxa de penetração relativamente elevada, tal como a Itália, mas na Grécia, Espanha e Portugal a taxa está também próxima, ou mesmo acima, da da UE. Note-se, porém, que a maior parte dos países (incluindo os países da coesão) que têm uma taxa relativamente baixa de possuidores de computadores pessoais e/ou um acesso limitado à Internet, registam, por outro lado, níveis elevados de utilização de telefone, o que aumenta a possibilidade de utilização dos telefones móveis para aceder à Internet. É evidente que a elevada taxa de utilização de telefones móveis nos Países Nórdicos se fica em parte a dever às suas características geográficas e à dispersão da população. Nos Estados-Membros do sul, pelo contrário, o rápido crescimento da sua utilização reflecte a baixa qualidade, ou mesmo a falta, de linhas fixas (ver Gráfico A.25). Talvez um tanto surpreendente seja o facto de os telefones móveis serem um pouco menos utilizados nas zonas rurais (3% dos agregados) do que nas áreas urbanas (45%). agregados familiares, a sua disponibilidade será essencial.... mas o acesso à Sociedade de Informação mantem-se desequilibrado Verificam-se, na União, diferenças significativas na utilização dos computadores pessoais em casa e no acesso à Internet (Gráfico 15). Exceptuando a França, parece haver uma clara separação Norte-Sul nas taxas de ligação à Internet. Na Grécia, Espanha, Portugal e Itália, bem como na Irlanda, a taxa é de metade dos 12% da média da UE, enquanto que nos Países Nórdicos está bem acima dos % (51% na Suécia). A taxa dos possuidores de computador pessoal é igualmente baixa na Grécia, Portugal e Irlanda. O número de computadores pessoais por cada 1 pessoas tem vindo a aumentar gradualmente nos países candidatos. Podem distinguir-se três grupos de países: a Eslovénia, com uma taxa próxima da média da UE; a Polónia e a República Checa, entre outros, com taxas semelhantes às dos países da coesão; e a Roménia e a Bulgária, com taxas entre os 1% e os 25% da média da UE. Na UE verifica-se ainda uma divisão clara em termos sociais, com os agregados familiares com rendimentos mais elevados a terem seis vezes mais probabilidades de estarem ligados à Internet do que os com os menos elevados. Além disso, nas áreas urbanas há uma maior proporção de agregados (13%-15%) com ligação à Internet do que nas zonas rurais (8%). Estas diferenças, contudo, parecem advir mais da falta de sensibilização sobre as possibilidades oferecidas pela Internet, do que do custo (45% dos agregados sem ligação disseram não estar 14 Linhas de telefone e penetração de telemóveis, 1998/99 A taxa de penetração dos telefones móveis nos países candidatos, em finais dos anos 9, era apenas de cerca de um quarto da média da UE, muito embora esteja a crescer rapidamente (18% ao ano, entre 1996 e 1999). 1 1 1 Número total de linhas por 1 pessoas (eixo esquerdo) Telemóveis em % do total de linhas (eixo direito) 5 8 A tecnologia nesta área está a desenvolver-se a um ritmo acelerado, oferecendo novos meios de acesso à Internet através da terceira geração de serviços móveis com maior largura de banda, bem como as ISDN, xdsl, o cabo e as ligações a TV digital. Uma vez que é provável que, no futuro, o nível de acesso de banda larga se torne mais importante para a utilização da Internet nas empresas e nos S FIN L DK I F UK SL NL A E15 EL P D IRL B EE E CZ HU LV LT BG CEC PL RO 3 1 63

interessados, 9% nem sequer sabiam o que era, e 11% referiram o custo como a razão da não ligação). capacidade das empresas, instituições e indíviduos para utilizarem as TIC eficazmente. A utilização da Internet nas empresas é relativamente elevada em vários Estados-Membros, principalmente nos Países Nórdicos, muito embora haja ainda variações consideráveis na UE. Por exemplo, 76% das PME na Suécia estão ligadas à Internet, mas este número baixa para 16% em Portugal 32. Um inquérito recente revelou que as PME estão moderadamente bem informadas sobre o potencial oferecido pela Internet, mas, em contrapartida, um terço delas disse não ter acesso. Nos países da coesão,onúmero de PME sem acesso é mais elevado do que nas outras partes da União, o que vem na linha da análise da Comissão que indica que a pouca sensibilização para os potenciais benefícios e oportunidades e a escassez de competências em TIC, bem assim como o conteúdo muitas vezes fraco do actual software, são as principais barreiras ao desenvolvimento da Sociedade de Informação. 15 Acesso a equipamento PC e Internet, 1999 7 5 3 1 % da população PC mas não Internet Internet 7 5 3 1 Assim, uma política estrutural nesta área deverá centrar-se no reforço do lado da procura e, em particular, da S DK NL L B FIN UK F D A E I P IRL EL UE15 1 Comissão Europeia () The Competitiveness of European Industry. Ver também Comissão Europeia (1999) Sexto Relatório Periódico relativo à situação das regiões (Parte 2 sobre a competitividade); OECD (1996) Industrial Competitiveness, Oxford Review of Economic Policy (1996) International Competitiveness Vol. 12, no.3. 2 Valor relativo à UE dos 13, até o Reino Unido e Irlanda apresentarem as respectivas estatísticas. As do Reino Unido deverão ser apresentadas nos próximos meses. As da Irlanda poderão não ser apresentadas (a apresentação destes dados é opcional e não um requisito regulamentar). 3 Nos serviços não-mercantis, o valor relativo à produtividade deverá ser cautelosamente interpretado, uma vez que o sector público não gera lucros e, por isso, o valor acrescentado consiste inteiramente nos salários e ordenados. 4 Ver, por exemplo, Midelfart-Knarvik, Overman, Redding and Venables (1999) The location of European industry. 5 Estas projecções não têm em conta os futuros membros da UE, que podem afectar as tendências subjacentes, principalmente da imigração, muito embora seja provável que a maior parte deste movimento migratório ocorra entre estes países e os actuais Estados-Membros da UE, mas também, a mais longo prazo, as taxas de natalidade e de mortalidade. 6 Note-se que estas taxas servem apenas de indicadores demográficos. Embora elas reflictam os problemas relacionados com os sistemas de bem-estar social e de tributação, existem outros factores igualmente importantes que devem ser tidos em conta, principalmente o número de pessoas em idade activa que estão de facto empregadas e a pagar impostos e contribuições sociais. 7 Baseado nos últimos cenários para a força do trabalho regional da Eurostat, compilados em 1998, que são combinados com as projecções da população produzidas em 1997. Os cenários cobrem 4 regiões NUTS nível 2 na UE, durante o período de 1995 a 25. O cenário de referência que é referido no texto parte do pressuposto que as tendências actuais se continuarão a verificar, embora com alguma redução nos desequilibrios regionais. 8 European Integration Consortium (DIW/CEPR/FIEF/IAS/IGIER), The Impact of Eastern Enlargement on employment and labour markets in the EU Member States; estudo efectuado para a DG do Emprego e Assuntos Sociais da Comissão Europeia; Berlin/Milan. 9 Bauer, T. and Zimmermann, K.(1999): Assessment of possible migration pressure and its labour market impact following EU enlargement to Central and Eastern Europe, Study for the UK Department of Education and Employment, IZA and CEPR, Bonn/London, Germany/UK. 1 Formação de capital fixo bruto é a rede de investimentos de disponíveis. Bruto refere-se ao facto de ele não ter em conta a depreciação ou consumo de capital. Fixo significa que apenas é considerado o investimento que é utilizado por mais de um ano. 11 O stoque bruto de capital é calculado através da acumulação do investimento anterior deduzindo o valor cumulado do investimento que foi retirado. O stoque líquido de capital inclui a depreciação e é, por isso, provavelmente a melhor medida. 12 Por exemplo, Abramovitz (1989) Thinking about growth. 13 A densidade é medida através de umíndice composto que indica a dotação de uma determinada região em relação à média da UE. Especificamente, é uma média aritmética do número de quilómetros de auto-estrada em relação à sua área territorial e população. 14 Medida da mesma forma que para as estradas, através de um índice composto da extensão de caminho-de-ferro numa região, em relação à sua área territorial e população, comparada com a média da UE. 64

15 Ver o estudo sobre The impact of eastern enlargement on employment and the labour market in the EU Member States (part B Strategic Report, chapter 3.3). 16 Eurostat, Inquérito sobre as Forças do Trabalho de 1998. 17 Ver OECD: Education at a glance, p.195ss. 18 Ver OECD: Education policy analysis 1999, p.49ss. O estudo apenas fornece dados de 1997/98 para os 1 seguintes Estados-Membros: Bélgica (Comunidade Flamenga), Dinamarca, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Países Baixos, Portugal, Suécia e Reino Unido. 19 CEC (1995), Livro Verde sobre a Inovação, Comissão Europeia, Luxemburgo. COM()567 de de Setembro de. 21 Innovation policy in a knowledge-driven economy COM () 567 of September. 22 Impact of the enlargement of the EU towards the associated Central and Eastern European countries on RTD-innovation and structural policies, European Communities 1999. 23 Job opportunities in the Information Society, CEC 1998, p. 4. 24 Measuring the ICT Sector, OECD (). O sector de TIC é definido com base em 11 classes ISIC. Para a indústria transformadora, os produtos de uma indústria TIC têm que ter por objectivo preencher a função de processamento e comunicação da informação, incluindo a transmissão e mostra ou têm que utilizar processamento electrónico para detectar, medir e/ou registar fenómenos físicos ou controlar um processo físico. Para os serviços, a indústria tem que ter por objectivo permitir a função de processamento e comunicação de informação por meios electrónicos 25 As indústrias da Sociedade de Informação incluem as indústrias de conteúdos (por exemplo, publicação, audio-visuais, publicidade) e as indústrias ligadas a TIC (por exemplo, computadores e software, serviços informáticos, equipamento e serviços de telecomunicações). 26 Ver Emprego na Europa,, Chapter 3. 27 Baseado em dados da International Data Corporation (IDC), Internet Commerce Market Model, 1999. 28 Goldman Sachs US (1999), B2B: 2B or not 2B, e-commerce/internet Goldman Sachs Investment Research. 29 As despesas em TIC incluem hardware, software e services TI, e equipamentos e serviços de telecomunicações a preços de mercado. 3 Gallup Residential Survey (). 31 European Survey of Information Society (ESIS) in Central and Eastern European countries, CEC 1999. 32 The Gallup survey of small and medium-sized enterprises (SMEs) (). 65