Estudo de Caso: Automação Residencial através do Celular (Domótica)



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Transcrição:

Estudo de Caso: Automação Residencial através do Celular (Domótica) Esta Série Especial de Tutoriais apresenta os trabalhos premiados no II Concurso Teleco de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) 2006. O conteúdo deste tutorial foi obtido do artigo classificado em quarto lugar no concurso, de autoria do Cássio da Cunha Castro Scherer. O objetivo do tutorial é apresentar um protótipo de sistema para automação residencial através do controle de dispositivos pelo telefone celular, baseado em hardware e software específicos para este fim, que utilizam a porta USB de um computador. Cássio da Cunha Castro Scherer É graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Luterana do Brasil (Campus Canoas, RS 2006). Atuou como Digitador na Plansul Planejamento e Consultoria (São Sepé, RS), como Auxiliar de Processamento na Avasp Serviços (São Sepé, RS), desenvolvendo sistemas em Visual Basic, e como Caixa Executivo na Cooperativa de Crédito Rural Sepeense Sicredi (Vila Nova do Sul, RS), sendo responsável pelas atividades afins de caixa e pelo desenvolvimento e testes do sistema para o controle do IPTU. Atualmente trabalha como Programador na Confederação das Cooperativas Interligadas ao Sicredi Confederação Sicredi (Porto Alegre, RS). Cássio foi o quarto colocado no II Concurso Teleco de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) 2006. Email: cassio@plugnet.psi.br Categoria: Telefonia Celular Nível: Introdutório Enfoque: Técnico Duração: 15 minutos Publicado em: 25/06/2007 1

Domótica: Introdução A casa inteligente é um sonho cultivado há gerações, onde a automação é a palavra-chave, e tudo é realizado buscando simplificar a vida dos usuários, através de uma melhor utilização dos equipamentos eletrônicos e tornando-a muito mais funcional e segura. A sua maior vantagem é poder controlar os dispositivos eletrônicos existentes, desde a iluminação, portões, alarmes até eletrodomésticos como cafeteira, climatizadores ou mesmo um rádio, através de um dispositivo móvel. Mas a função da automação não se restringe somente em fornecer ao usuário maior praticidade, também potencializa um aumento da eficiência dos recursos, da funcionalidade, do conforto e também da qualidade de vida, pois está diretamente ligado ao uso eficaz da energia e dos demais recursos, oferecendo segurança e economia de custos. Dentre as preocupações da automação residencial, estão incluídas a prevenção de acidentes domésticos, os sistemas de alarme, a gestão da energia, o controle de equipamentos ou eletrodomésticos e as comunicações interiores e exteriores. Este tutorial apresenta um protótipo de sistema de automação residencial abordando os seguintes aspectos: A sua fundamentação teórica; Discute, apresentação e a descreve o sistema; Apresenta os resultados obtidos e as conclusões do projeto. 2

Domótica: Conceitos Para o desenvolvimento de protótipos envolvendo hardware e software, a bibliografia disponível e escassa. Os sistemas desenvolvidos para a área de automação residencial limitam-se a plataformas ou sistemas operacionais específicos (como o próprio Windows CE). Verifica-se também apenas a utilização das portas paralela ou serial do computador para interação com dispositivos, e não se tem conhecimento de nenhum sistema para este fim que utilize a porta USB do computador para comunicação com o hardware de controle. Na proposta apresentada por Ventura (2005), consta a descrição de uma implementação de hardware e software para domótica, buscando demonstrar a funcionalidade de seu sistema. O hardware criado por Ventura (2005) em seu trabalho (figura 1), é composto por led s que são acesos ou apagados conforme a opção do menu escolhida pelo usuário, através da interação com o sistema. Este dispositivo é ligado diretamente à porta paralela do computador, e funciona através da simples manipulação dos pinos desta porta, que fornecem uma tensão de até 5 V, representando a ação de ativar ou desativar algum dispositivo. Isto já demonstra uma limitação deste dispositivo, que apresenta unicamente a possibilidade de controlar no máximo oito dispositivos, já que esta porta utiliza somente os pinos de 02 a 09 para transmissão de dados. Outro ponto a ser destacado no dispositivo de Ventura (2005), é a ausência de uma fonte externa de energia, pois utiliza somente a alimentação fornecida pela porta paralela. Isto ocasiona transtornos se houver um travamento do computador, pois os dispositivos ligados ao sistema seriam todos resetados juntos com o computador. Figura 1: Esquema e foto do hardware desenvolvido por Ventura (2005). Como pontos fracos apresentados no trabalho de Ventura (2005), destacam-se: uma maior demora no primeiro acesso ao webservice do que os acessos posteriores; utilização de um webservice sem segurança implementada para acesso e controle do sistema, o que possibilitaria o acesso ao sistema por outros usuários; ter sido desenvolvido pra uma gama muito pequena de dispositivos móveis que utilizam um sistema operacional específico. Domótica O termo domótica resulta da junção da palavra latina domus, que significa casa com a informática, sendo também designada através de sinônimos como automação residencial ou casa inteligente, e enfoca a utilização de um conjunto de tecnologias e sistemas independentes, mas que funcionam de forma integrada, 3

permitindo um controle e uma gestão automática dos diferentes recursos de uma residência ou escritório. Dentre as suas áreas de atuação, estão relacionados o conforto, a segurança de pessoas e bens, vigilâncias e detecção de intrusos, economia de recursos, entretenimento ou mesmo apoio a pessoas idosas ou com deficiências. Possuindo vantagens como segurança, flexibilidade, acesso remoto, escalabilidade e modularidade, além de agregar valorização do imóvel, economia de recursos e conforto, esta tecnologia está sendo amplamente difundida em países mais ricos. Apresentando um maior custo de investimento, sua instalação, configuração e manutenção devem ser realizadas por técnicos especializados, o risco da dependência de uma marca ou fabricante de uma tecnologia proprietária e possuindo várias tecnologias incompatíveis entre si, são algumas das desvantagens que contribuem para a não popularização desta tecnologia em muitos lugares. A área de domótica está bastante defasada no Brasil, se comparada aos países Europeus, que estão bastante focados no uso desta tecnologia, e um dos maiores problemas disto deve-se também ao alto custo de um sistema para domótica, pois no Brasil, a renda baixa da maior parte da população não permite adquirir este tipo de sistema, restringindo sua utilização a uma minoria de maior poder aquisitivo. No Brasil, segundo a Aureside (2006), estima-se um potencial de 2 milhões de residências apenas para o estado de São Paulo e faturamento de US$ 100 milhões em 2008. Mesmo assim, a maior importância dada pelos profissionais da área existente no país atualmente, refere-se apenas à divulgação e a comercialização de produtos importados prontos, que apresentam uma tecnologia fechada e são de pouca flexibilidade. Também se destaca nesta área a quase inexistência de qualquer preocupação, apoio, suporte, estudo ou mesmo desenvolvimento de protocolos desta natureza aqui no Brasil. Dos protocolos utilizados hoje na área de automação residencial, o mais utilizado é o sistema X-10 PLC (Power Line Carrier - Transmissão sob linhas de Energia Elétrica), desenvolvido nos anos 70, que interliga os dispositivos utilizando os cabos de energia elétrica já existentes na casa, através de uma tomada especial que substitui as tomadas convencionais ou um módulo externo que é plugado às tomadas (no caso de abajures, por exemplo), e recebem um endereço digital que será utilizado pelos controladores para identificá-los quando for emitido um sinal destinado a controlá-los. Apresentando uma linguagem que permite a comunicação de dados entre equipamentos elétricos através do cabeamento já existente, fornece até 256 endereços (um para cada equipamento), e com uma gama enorme de produtos X-10 fabricados atualmente, foram fatores que tornaram esta uma tecnologia amplamente difundida no mercado mundial. O principal problema deste protocolo é possuir uma taxa de transferência muito pequena, tornando esta tecnologia apenas viável para alguns procedimentos em automação residenciais, tais como: controle de iluminação, ligar e desligar aparelhos de TV, DVD, portas, portões, janelas e cortinas, como alguns exemplos, não permitindo a transmissão de áudio ou vídeo, porque um arquivo de poucos minutos levaria dias para ser transferido. USB O USB (Universal Serial Bus) surgiu em 1995, derivado de uma parceria entre várias empresas de alta tecnologia, como Compaq, Hewlett-Packard, Intel, Lucent, Microsoft, NEC e Philips, e com ele pode-se conectar até 127 dispositivos em uma única porta, utilizando HUBs conectados em cascata. Normalmente 4

cada HUB USB dispõe de 4 a 8 portas, onde podem ser plugados mais HUBs ou dispositivos. Todos os sinais de dados enviados e recebidos pelo USB apresentam uma codificação chamada NRZI (No Return to Zero Inverted), ou seja, o bit 1 é codificado através de uma transição que ocorre da maior voltagem para a menor, ou também o inverso, da menor voltagem para a maior, e o bit 0 é codificado sem haver transição, mantendo sua voltagem com um valor constante. O bus USB pode fornecer no máximo 5 Volts de tensão e 500mA (miliampéres) de corrente elétrica, isto para cada porta do Root Hub do host. A quantidade de corrente fornecida também pode ser configurada via software. Diferentemente da Porta Serial ou Paralela, onde é possível se comunicar com um dispositivo diretamente, através do controle dos sinais elétricos dos pinos da porta e um programa básico, no USB isto somente é possível se o próprio dispositivo carregar o protocolo USB num chipset ou mesmo dentro de um microcontrolador (no sistema desenvolvido, foi utilizado um chip FT232BM). Assim, uma parte essencial do sistema USB é o seu protocolo, porque sem ele não há troca de informação entre os dispositivos. Todos os dispositivos USB têm uma hierarquia de descritores que informam ao computador o que o dispositivo é, quer dizer, sua "personalidade", suas características de funcionamento, identificação do fabricante, tipo do dispositivo (impressora, scanner, modem, mouse, etc), número de configurações, tipo de transferência, tipo de interface, etc. No sistema USB o processo de enumeração se refere à conexão, detecção, leitura das características dos dispositivos e desconexão. É uma atividade ininterrupta, e isso tudo é gerenciado em tempo real pelo controlador e pelo software do sistema. Para o usuário, o processo de enumeração é transparente, desde que se tenha antes instalado no sistema operacional os drivers (arquivos de configuração) necessários fornecidos geralmente pelo fabricante do dispositivo. Após isso, o carregamento dos drivers é realizado automaticamente quando um dispositivo é conectado ao computador. 5

Domótica: Sistema No sistema desenvolvido, foi implementado um protótipo de um hardware e de software para um sistema de domótica. Este é utilizado da seguinte forma: o usuário acessa o sistema através de qualquer telefone celular, como uma simples página WAP (Wireless Application Protocol), escolhe os dispositivos e as ações que deseja realizar, confirma as operações, que são enviadas a um banco de dados em um servidor. No computador da casa, um sistema varre constantemente as informações contidas neste banco de dados. Se existir alguma tarefa para realizar, este sistema manda executá-la, enviando pela porta USB os comandos necessários. A placa controladora recebe os sinais enviados pela porta USB do computador, interpreta para qual porta o comando deve ser usado, e ativa ou desativa algum dispositivo ligado a ela, através do controle de um relê que é responsável pelo controle do fornecimento de energia ao dispositivo. O sistema desenvolvido possui vários módulos, cada qual com suas funções específicas, mas o funcionamento do sistema pode ser descrito da seguinte forma: primeiramente, deve-se instalar no computador do usuário o módulo administrador, onde serão cadastrados no sistema os usuários e os dispositivos que serão controlados. Em um servidor web, deve ser instalado o módulo WAP. Para utilização, o usuário acessa o sistema, através de seu telefone celular (pelo módulo WAP) ou de seu computador (através do módulo administrador), onde digita o seu login e sua senha. Depois de autenticado no sistema, aparece o menu principal, onde estarão disponíveis as opções para interação com os dispositivos, como ativar, desativar, programar uma atividade, consulta do estado atual de um dispositivo, entre outras. Ao acessar as opções e interagir com o sistema, o usuário, via sistema, gera eventos, que o sistema interpretará e irá gravar logs e os comandos solicitados pelo usuário. Estas solicitações serão recebidas pelo módulo monitor, via consulta ao banco de dados, gerando uma string de comando que será enviada para a placa controladora através da porta USB do computador, por exemplo, será enviada pelo módulo monitor a string >CMD#01#ON* para ativar o dispositivo 01 e >CMD#01#OFF* para desativar. Nesta string, os caracteres >CMD representam o início do comando, o valor que estiver entre dois sustenidos # serve para indicar que porta será acionada, o ON indica que será ligado o dispositivo e o último caractere, que é um asterisco (*) é usado para indicar o final do comando. A placa interpretará este comando, que foi recebido do cabo por um chip FT232BM e o transformará em um sinal de saída igual ao de uma porta serial, que seguirá para outro chip e será decodificado através de um software desenvolvido em C e Assembly incorporado internamente em um micro-controlador (um PIC 16F877A, da Microchip), e através da string output_high(pin_b0) ativará ou output_low(pin_b0) desativará o dispositivo correspondente conectado ao pino 1, através do controle de relês que fornecem a energia elétrica necessária ao seu funcionamento. Este controle, em vez do dispositivo, foi focado na energia elétrica que será fornecida a este, pois eletrodomésticos como torradeiras ou cafeteiras que possam ser ligadas diretamente ao computador, além de possuir custos de produção muito altos, teriam também um preço de venda muito acima do normal, dificultando o acesso a pessoas de menor disponibilidade de recursos. Os dispositivos, do mais antigo ao topo de linha tecnológico, necessitam de eletricidade para funcionar, 6

independente de marca, tipo de equipamento ou modelo, então optou-se por estar com o controle na tomada e não no equipamento. Desta forma, pode-se viabilizar ao usuário que não mude todos os seus eletrodomésticos para a utilização do sistema, e que uma alteração de dispositivo pode ser feita de forma simples e rápida, bastando ligar na mesma tomada do dispositivo anterior o novo, sem exigir configurações complicadas ou mesmo custos, bastando manter atualizado o cadastro dos dispositivos conectados ao sistema através do módulo administrador para que a informação sobre os dispositivos apresentada pelo sistema ao usuário se mantenha correta. Um exemplo seria quando o usuário, que possui um rádio ligado ao equipamento, quer controlar uma cafeteira. Para isto, ele somente retira o fio elétrico do rádio da tomada e liga o da cafeteira, deixando ela com o botão de liga/desliga na posição ligado e altera no módulo administrador o cadastro que era do rádio para a cafeteira. Com isto, ele já pode controlá-la pelo celular, sem necessidade nenhuma de grandes alterações e de forma rápida e muito simples. Foi implementada também no sistema a possibilidade de efetuar o agendamento de uma atividade, tendo como referência a hora de início e término, além da data e do dispositivo que será utilizado, podendo-se realizar também o cancelamento de alguma programação feita anteriormente, funcionalidade esta que também não foi encontrada em sistemas similares. Alguns apenas apresentam um modo férias, onde o sistema interage com os dispositivos da casa em tempos aleatórios, para demonstrar a presença de pessoas na casa e afastar possíveis ameaças. Requisitos do Sistema Os requisitos do sistema foram definidos através dos objetivos, requisitos de hardware e software, onde foi necessário a criação de uma placa controladora USB, que têm a função de ativar ou desativar os dispositivos ligados a ela, de acordo com o usuário. Esta placa estará ligada à porta USB do computador onde estará rodando o módulo monitor, que será o responsável pelo envio de comandos à placa, para ativar ou desativar os dispositivos. Esta placa, inicialmente controlará 8 dispositivos, mas pode-se facilmente expandir para 16, 32, 64, 128 e 256, bastando para isto implementar dois microchips controladores adicionais a ela e suas respectivas estruturas para controle. 7

Domótica: Implementação As implementações feitas foram desenvolvidas na forma de software e hardware, sendo apresentadas a seguir de forma mais detalhada. Software O sistema desenvolvido é composto pelos módulos apresentados a seguir. Módulo Administrador Apresentado na figura 2, foi desenvolvido em Delphi 7 para apresentar maior portabilidade (podendo ser utilizado na maioria dos computadores domésticos atuais) e também por apresentar melhor desempenho em máquinas mais antigas, é o responsável pelo cadastro e manutenção de usuários, controle de dispositivos e geração dos relatórios do sistema. Para ter acesso a este módulo, o usuário deve ter o perfil de administrador ou permisão concedida, via sistema, por alguém com nível de administrador. Módulo WAP Figura 2: Tela de cadastro de tarefas do módulo administrador. Apresentado na figura 3, foi desenvolvido em VB.Net e Asp.Net, e é acessado pelos usuários através de telefones celulares, que realizam as tarefas de controle de dispositivos, agendamento de tarefas para os dispositivos, consulta do estado dos dispositivos, além de ser o responsável pela geração de logs no banco de dados. 8

Módulo Monitor Figura 3: Telas do módulo WAP sendo executadas através de um telefone celular. Apresentado na figura 4, foi desenvolvido em Delphi 7 pelos mesmos motivos do módulo administrador, roda em segundo plano pelo Windows no computador do usuário, monitorando as tarefas cadastradas no banco de dados e executando-as na ordem que forem solicitadas, obedecendo critérios como horário de início e data. Figura 4: Tela do módulo monitor. Para desenvolver a programação do software que foi incorporado ao microcontrolador, desenvolvido usando a linguagem C, foi preciso observar muitos valores, obtidos nas peças do hardware montado. Um bom exemplo disto é a freqüência do cristal de quartzo utilizado na montagem, pois este valor deve ser informado dentro do software que será gravado no PIC para que seu programa tenha o mesmo "clock" do hardware, podendo assim trabalhar de forma sincronizada. Hardware Para prover o controle de dispositivos eletrônicos utilizando a porta USB do computador foi necessário o desenvolvimento de um hardware específico. A solução foi a criação de uma placa controladora (figura 5), buscando principalmente aspectos como ser simples e de baixo custo, com uma maior facilidade de manutenção e operação, mas que não apresentasse um desempenho inferior se comparado a outros dispositivos similares. Esta placa têm como principais componentes um chip e um microcontrolador. 9

O chip, um FT232BM, que é o responsável pela comunicação de dispositivos com o computador através de uma conexão através da porta USB, pois possui o protocolo necessário incorporado internamente, sendo compatível com dispositivos tanto das versões 1.1 como 2.0 desta tecnologia. Ele trabalha como um conversor USB para serial, convertendo internamente os sinais do protocolo USB recebidos em sinais do padrão RS232, utilizado pela porta serial do computador. Este chip também apresenta a vantagem de poder ser incorporada uma memória EPROM (Erasable Programmable Read-Only Memory) para personalizar o produto, onde podem ser armazenados seus descritores, como PID (Product ID), VID (Vendor ID), versão, número de série e nome do fabricante. Na placa desenvolvida, foi utilizada uma célula EEPROM (Electrically-Erasable Programmable Read-Only Memory, memória eletricamente apagável programável somente de leitura) modelo 93C66, que pode armazenar até 4096 bits. Figura 5: Placa controladora em visão superior e frontal. O microcontrolador, um PIC 16F877, possui dentre suas características, 33 pinos de entrada/saída, 8KB de memória de programa FLASH, 368 Bytes de memória RAM, 256 bytes de memória EEPROM, velocidade máxima de trabalho de 20 Mhz, 3 timers, comunicação síncrona e assíncrona, entre outras. Este microcontrolador pode ser programado conforme a necessidade do usuário, bastando que o software incorporado que o controla seja desenvolvido usando as linguagens C e Assembly, e que utilize um gravador para microcontroladores que seja compatível com o modelo utilizado. Esta placa utiliza uma configuração de alimentação de energia elétrica do tipo Self-powered, onde dispositivos desta natureza não têm seu estado alterado involuntariamente quando o computador que o controla é ligado ou desligado, mantendo o funcionamento do circuito independentemente do estado do computador, porque são alimentados através de uma fonte externa de energia totalmente independente da alimentação do computador, como, por exemplo, uma bateria ou no-break. Esta configuração foi considerada a melhor opção de fornecimento de energia para utilização em 10

dispositivos de controle e alarmes, pois nenhuma pessoa gostaria de ter sua casa desprotegida e com a porta com controle eletrônico destrancada por causa de uma simples falta de luz. Ela também apresenta características como: um consumo muito baixo de energia, pois consome apenas 12 Volts; fácil manutenção, pois é montada com peças encontradas em praticamente qualquer loja de eletrônica; possibilidade de expansão de seus serviços por software, bastando acrescentar novos módulos ao sistema já existente; controle e leitura do estado dos dispositivos ligados a ela; baixo custo; totalmente compatível com a maioria dos computadores utilizados atualmente; simplicidade de montagem e utilização. 11

Domótica: Resultados Obtidos O sistema desenvolvido cumpriu seu objetivo de controlar vários dispositivos através de um telefone celular, apresentando um custo inferior ao de sistemas similares existentes atualmente no mercado. Tal fato pode ser comprovado pela Tabela 1, que apresenta os valores gastos no desenvolvimento do protótipo do sistema em questão. Tabela 1: Relação total de custo do desenvolvimento do protótipo. Componente Valor Qtd Valor Total Placa RS232 110,00 1 110,00 Frete placa - Sedex 18,00 1 18,00 Tomadas elétricas 5,80 2 11,60 Ferro solda 12,00 1 12,00 Peças eletrônicas 14,60 1 7,10 Fios / Cabos 3,75 2 7,50 ProtoBoard 20,00 1 20,00 Fonte 12V 19,50 1 19,50 Estanho p/ solda 1,00 1 1,00 Caixa 9,00 1 9,00 Total Geral em R$ 215,70 Esta característica pode tornar muito mais acessível este tipo de sistema para a maioria da população, que possuem necessidades especiais ou até mesmo a pessoas comuns que gostariam de usufruir dos benefícios desta tecnologia. Pois um sistema que poderia custar mais de R$100 mil foi implementado a um custo de R$ 215,70, sendo equivalente a apenas 0,22%, aproximadamente, do valor cobrado por um sistema similar do mercado. Foi utilizado também um tipo de conexão diferente dos usuais para o controle dos dispositivos, sendo utilizado a porta USB do computador ao invés da porta paralela ou a serial. A possibilidade de agendamento de atividades, onde o usuário pode cadastrar uma atividade a ser executada futuramente pelo sistema também não é muito comum em sistemas domóticos, que apenas se restringem a executar ações somente na hora em que o usuário interage com o sistema. Com tudo isto feito, foi possível controlar dispositivos através de um telefone celular, independentemente de sua marca ou modelo, apresentando um protótipo onde os custos foram muito inferiores aos encontrados no mercado. 12

Domótica: Considerações Finais Controlar dispositivos à distância, de qualquer lugar e a qualquer hora já não é mais um sonho ou provilégio de poucos, pois sistemas de automação residencial estão sendo amplamente utilizados em países mais desenvolvidos. Através da popularização desta tecnologia e dos seus equipamentos, juntamente com a evolução de técnicas e materiais, sistemas deste tipo apresentarão custos menores e se tornarão mais acessíveis a grande parte da população. Neste trabalho, qualidades como baixo custo, capacidade de utilização por praticamente qualquer aparelho celular em utilização atualmente, independentemente de modelo ou marca ou o modo de conexão por USB são características que podem facilitar a popularização desta tecnologia. Dentre as limitações apresentadas pelo sistema desenvolvido, estão a dependência da disponibilidade de sinal telefônico digital para que se possa acessar a Internet pelo telefone celular, o servidor onde está hospedado o módulo WAP deve estar no ar e possuir a configuração necessária para este tipo de aplicação, e na ausência de comunicação entre o computador e a placa controladora, o estado dos dispositivos mantém-se o mesmo, mas se algum dispositivo for acionado manualmente, quando a comunicação for restabelecida, o dispositivo volta ao estado anterior em que se encontrava quando ocorreu o problema. Este trabalho gera muitas possibilidades para trabalhos futuros, pois a gama de dispositivos que podem interagir com o computador se expande a cada dia. Poderão ser desenvolvidos para este tipo de sistema opções, como, por exemplo, a implantação de uma câmera, com envio das imagens por e-mail ou mesmo streaming de vídeo, podendo ser monitorados pelo usuário de qualquer lugar, interação do sistema com alarmes residenciais, criação de uma página web para interagir com estes dispositivos, e a criação de um hardware conectado por wireless (sem fio), tanto ao computador quanto aos dispositivos. Com este trabalho espera-se despertar o interesse por novos desafios, como este certamente foi, que envolveram áreas além da informática como a engenharia elétrica e a eletrônica, proporcionando uma generosa troca de conhecimentos, experiências e idéias, que podem tirar do papel e dar vida a muitas grandes idéias. Referências AURESIDE. Associação Brasileira de Automação Residencial. Disponível em: http://www.aureside.org.br Acesso em: 16.ABR.2006. CASA Inteligente. Disponível em: http://www.casainteligente.com.br Acesso em: 02.MAI.2006. DOMÓTICA Edifícios Inteligentes. Disponível em: http://www.din.uem.br/ia/intelige/domotica/index.htm Acesso em: 23.MAI.2006. FTDICHIP. Delphi Examples. Disponível em: http://www.ftdichip.com/projects/codeexamples/delphi.htm Acesso em: 14.AGO.2006. 13

FTDICHIP. D2XX Programmer's Guide. Disponível em: http://www.ftdichip.com/resources/utilities/mprog.pdf Acesso em: 06.AGO.2006. FTDICHIP. FT232BM. Disponível em: http://www.ftdichip.com/products/ft232bm.htm Acesso em: 02.JUN.2006. FTDICHIP. FT232BM USB UART IC Data Sheet. 2006. Disponível em: http://www.ftdichip.com/documents/datasheets/ds232b18.pdf Acesso em: 11.AGO.2006. FTDICHIP. MProg 2 Manual. 2005. Disponível em: http://www.ftdichip.com/documents/programguides/d2xxpg33.pdf Acesso em: 06.AGO.2006. MOTHCI, Eva. Casas inteligentes podem economizar até 15% de energia. Disponível em: http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,,oi1172364-ei4801,00.html Acesso em: 03.OUT.2006. POWRIE, Don L. Developer friendly USB: a detailed look at how easily a USB-based device can be developed. 2003. Disponível em: http://www.dlpdesign.com/images/devfriendlyusb.pdf Acesso em: 02.SET.2006. Projeto Casa Autônoma. Disponível em: http://www.casaautonoma.com.br Acesso em: 16.JUN.2006. SUFRAMA MINAPIM. Disponível em: http://www.suframa.gov.br/minapim/news/visartigo.cfm?ident=195&lang=br Acesso em: 22.ABR.2006. USB.ORG. Universal Serial Bus. Disponível em: http://www.usb.org Acesso em: 20.AGO.2006. VENTURINI, Eli. Protótipo de um Sistema para Controle e Monitoração Residencial. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciência da Computação) - Universidade Regional de Blumenau, 2005. Disponível em: http://www.inf.furb.br/~pericas/orientacoes/ctrlresidencial2005.pdf Acesso em: 02.MAI.2006. 14

Domótica: Teste seu Entendimento 1. Qual o significado do termo Domótica? O termo domótica resulta da junção da palavra latina domus (casa) com o termo ótica, e tem como sinônimo o termo banda larga residencial por fibra óptica. O termo domótica resulta da junção da palavra latina domus (casa) com o termo informática, e tem como sinônimos os termos automação residencial ou casa inteligente. O termo domótica resulta da junção da palavra dom com o termo informática, e tem como sinônimo o termo domínio de redes corporativas. Todas as anteriores. 2. Qual é a finalidade da Domótica Utilizar um conjunto de tecnologias e sistemas independentes, que funcionam de forma integrada, para permitir o controle e a gestão automática dos diferentes recursos de uma residência ou escritório. Utilizar um conjunto de tecnologias e sistemas independentes, que funcionam de forma integrada, para definir domínios de redes locais para uma residência ou escritório. Utilizar um conjunto de tecnologias e sistemas independentes, que funcionam de forma integrada, para implementar um produto e serviço de banda larga para uma residência ou escritório. Todas as anteriores. 3. No estudo de caso apresentado, quais foram as principais diferenças dos sistemas comerciais existentes? Todas as alternativas a seguir. O uso de um computador e um acesso banda larga via rede óptica para acionar um sistema que permite controlar diversos dispositivos elétricos e eletrônicas, através do fornecimento ou não de energia elétrica. O uso de um computador e uma rede LAN para acionar um sistema que permite controlar diversos dispositivos elétricos e eletrônicas, através do fornecimento ou não de energia elétrica. O uso de um telefone celular e uma comunicação WAP para acionar um sistema à distância que permite controlar diversos dispositivos elétricos e eletrônicas, através do fornecimento ou não de energia elétrica. 15